Ré pela morte por envenenamento do pai e da avó do ex-namorado e tentativa de homicídio contra o tio e o avô do homem, Amanda Partata teve audiência de instrução na tarde de ontem, terça-feira, 25. Presa preventivamente após a Justiça acatar denúncia do Ministério Público, Partata ficou em silêncio durante o depoimento e a defesa da mulher tenta novamente trabalhar com a possibilidade de insanidade.
No processo criminal, explica o advogado de acusação Luis Gustavo Nicoli, após a fase de investigação da Polícia Civil, o Ministério Público oferece denúncia de crime, que é apurada para a Justiça que determina como será o julgamento do caso. “O julgamento para esse tipo de crime, homicídio, é feito pelo Tribunal do Júri”, diz.
O objetivo das audiência como a que ocorreu ontem é reunir provas para o processo, ouvir testemunhas de defesa e acusação, além de interrogar a ré “para que o juiz decida se o caso deve ser encaminhado para o Tribunal do Júri ou não”, explica.
Se a decisão for encaminhar o caso para o Tribunal do Júri, será designada uma nova sessão para o júri. Lá, vamos defender a acusação de homicídio duplamente qualificado, com duas pessoas mortas e tentativa de homicídio para outras duas, enquanto a defesa tentará demonstrar que ela não tem condições de responder por seus atos.
Luis Gustavo Nicoli
Audiência
Havia um total de 35 testemunhas para serem ouvidas: 10 da acusação e 25 da defesa. A acusação ouviu 8 testemunhas, incluindo aquelas que estavam no momento do fato, os familiares, o motorista do Uber que a levou ao condomínio, e o motorista que trouxe o veneno que ela adquiriu pela internet.
“Não há dúvidas de que ela comprou o veneno pela internet, que foi entregue na casa dela em Itumbiara. Ela contratou um motorista de aplicativo para trazer o veneno de Itumbiara para Goiânia. Também foram ouvidas pessoas do hotel onde ela estava hospedada na semana do crime”, relata o advogado.
Durante a audiência, os advogados de defesa optaram por não apresentar testemunhas e o interrogatório seguiu para ouvir Amanda. Ela, no entanto, usou o direito constitucional e permaneceu em silêncio. Além disso, a defesa ainda trabalha com a possibilidade de enquadrar a ré ou não como imputável ao crime.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa da advogada e o espaço segue aberto para manifestação.
Em abril deste ano, um exame de insanidade mental realizado a pedido da defesa da advogada Amanda Partata Mortoza, apontou que a ré tinha total consciência do que estava fazendo quando ofereceu alimentos contaminados às vítimas.
“Nosso entendimento é que a periciada (Amanda) era plenamente capaz de se determinar sobre seus atos. (…) Em seus atos, claramente, podemos observar características de planejamento, premeditação e os cuidados para que sua intenção de cometer o ato ilícito não fosse descoberto”, diz trecho do documento assinado no dia 5 de abril pelo diretor da Junta Médica Oficial do Poder Judiciário, Gelson José do Carmo.
Relembre o caso
De acordo com a denúncia, oferecida pelo promotor de Justiça Spiridon Anyfantis, a acusada, alegando rejeição por parte do ex-namorado, adquiriu, no dia 8 de dezembro, pela internet, uma substância tóxica, que foi entregue em sua residência, na cidade de Itumbiara, no Sul de Goiás.
No dia 16 de dezembro, por meio de um aplicativo de entrega, a denunciada pediu que o produto fosse levado a ela no hotel onde estava hospedada, em Goiânia. As investigações apontaram que a advogada realizou pesquisas em seu celular a fim de obter informações sobre as consequências mortais da substância em caso de consumo humano.
Também no dia 8 de dezembro, conforme os autos, a advogada enviou uma mensagem a Leonardo Filho perguntando seu maior medo: morrer ou perder alguém da família. O médico respondeu que seria perder os familiares.
De acordo com o inquérito, a denunciada utilizava uma falsa gravidez como pretexto para se aproximar e manter contato com a família da vítima. Em 17 de dezembro, Partata comprou cinco bolos de pote e quatro bolos gelados em um estabelecimento comercial, os envenenou com a substância adquirida e, em seguida, foi até a casa das vítimas a pretexto de fazer uma visita.
Os produtos envenenados foram servidos e consumidos por Leonardo Pereira Alves e a mãe, Tereza Alves. Os doces também foram oferecidos a Agostinhos e João Alves, que recusaram as guloseimas.
A denúncia aponta ainda que a advogada permaneceu na residência até o momento em que as vítimas começam a passar mal. Nesse momento, ela foi embora e, na sequência, pegou uma carona para Itumbiara.
Com o agravamento do quadro de saúde dos dois envenenados, ambos foram levados ao hospital, onde foram internados e acabaram morrendo. Com o início das investigações policiais sobre o caso, as comidas ofertadas no café da manhã passaram por perícia, sendo detectado no bolo de pote o veneno.