A Marinha dos Estados Unidos (EUA) realizou exercícios militares em Porto Rico na sexta-feira (5) em meio à tensão com a Venezuela. Fuzileiros navais e marinheiros dos EUA também realizam treinamento anfíbio e operações de voo no sul de Porto Rico.
Os Estados Unidos ordenaram o envio de 10 caças F-35 para um aeródromo em Porto Rico para conduzir operações contra cartéis de drogas, informaram duas fontes, em uma medida que provavelmente agravará ainda mais as tensões na região.
Os caças avançados se somarão à já intensa presença militar americana no sul do Caribe, enquanto o presidente Donald Trump cumpre a promessa de campanha de reprimir grupos que ele acusa de traficar drogas para os EUA.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou nesta sexta-feira (5) que aeronaves militares venezuelanas serão abatidas se colocarem os americanos em uma “posição perigosa”.
A declaração foi feita após dois aviões do país latino voarem perto de um navio da Marinha dos EUA em águas internacionais na quinta-feira (4). Trump se recusou a dizer a que distância os aviões chegaram dos navios americanos.
Centenas de imigrantes sem documentos foram detidos durante uma ampla operação de imigração em uma instalação industrial da Hyundai na Geórgia na quinta-feira (4), marcando o que parece ser uma das maiores operações do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA) em um único local nos 22 anos de história da agência.
Quase 500 pessoas foram detidas quando várias agências policiais chegaram ao local da Hyundai Metaplant em Ellabell, cerca de 40 quilômetros a oeste de Savannah, informaram as autoridades, no mais recente exemplo da repressão à imigração em locais de trabalho em todo o país pela administração Trump.
Segundo as autoridades, todas as 475 pessoas detidas estavam nos EUA ilegalmente, algumas tendo ultrapassado a validade de seus vistos.
No mesmo dia, a centenas de quilômetros de distância, no norte do estado de Nova York, dezenas de trabalhadores de uma fábrica familiar que produz barras nutricionais também foram detidos durante uma operação do ICE, disseram as autoridades, provocando a ira da governadora Kathy Hochul.
As operações ocorrem enquanto líderes de Chicago se preparam para uma possível mobilização da Guarda Nacional em conjunto com uma esperada operação de fiscalização de imigração na cidade.
No local da Geórgia, agentes mascarados e armados davam ordens aos trabalhadores da construção que usavam capacetes e coletes de segurança enquanto eles se alinhavam durante a operação na instalação, mostrou um vídeo obtido pela CNN.
O ICE e as Investigações de Segurança Interna foram acompanhados pela Patrulha Estadual da Geórgia, FBI, DEA, ATF e outras agências na execução de um mandado de busca como parte de uma investigação criminal em andamento sobre “alegações de práticas trabalhistas ilegais e outros crimes federais graves”, disse o Departamento de Segurança Interna em um comunicado.
“Juntos, estamos enviando uma mensagem clara e inequívoca: aqueles que exploram nossa força de trabalho, prejudicam nossa economia e violam as leis federais serão responsabilizados”, acrescentou.
A Hyundai está cooperando com as autoridades policiais e está “comprometida em cumprir todas as regulamentações trabalhistas e de imigração”, disse o porta-voz Michael Stewart.
Dezenas de detidos em operação em Nova York
Em Nova York, na manhã de quinta-feira (4), agentes federais chegaram à fábrica Nutrition Bar Confectioners em Cato e questionaram “praticamente toda a força de trabalho”, de acordo com o Rural & Migrant Ministry, cujos funcionários testemunharam a operação.
O grupo postou um vídeo em sua página no Facebook mostrando agentes da lei conduzindo pessoas para uma van identificada como “Patrulha de Fronteira”. Durante a operação, os trabalhadores foram levados para a área da cozinha da fábrica e “interrogados um por um ao longo de muitas horas”, disse o grupo na postagem.
O grupo estima que “mais de 70 funcionários” foram questionados e “quase todos” foram então presos e levados para o Centro de Detenção de Oswego nas proximidades. Um porta-voz do grupo disse à CNN que ainda estão aguardando informações das autoridades sobre exatamente quantos foram detidos.
“Estou indignada com as operações do ICE desta manhã em Cato e Fulton, onde mais de 40 adultos foram apreendidos — incluindo pais de pelo menos uma dúzia de crianças que corriam o risco de voltar da escola para uma casa vazia”, disse Hochul em um comunicado.
Hochul disse que tais operações “não tornarão Nova York mais segura” e “destruirão famílias trabalhadoras que estão simplesmente tentando construir uma vida aqui.”
O ICE confirmou à afiliada da CNN, WSTM, que realizou uma “ação de fiscalização autorizada judicialmente” em Cato. Funcionários disseram à WSTM que cerca de 60 trabalhadores foram detidos. A CNN entrou em contato com a agência para obter mais detalhes.
Mark Schmidt, proprietário da Nutrition Bar Confectioners, disse ao New York Times que todos os seus trabalhadores tinham documentação legal para trabalhar nos EUA. “Fizemos tudo o que podíamos para verificar as pessoas que contratamos”, disse ele.
Schmidt descreveu a operação do ICE como “exagerada”. Seu filho Lenny Schmidt, vice-presidente da empresa, disse ao Times que a cena era “quase teatral”, descrevendo cães policiais e veículos todo-terreno envolvidos na operação.
“Isso poderia ter sido tratado de forma muito mais humana e decente”, disse ele. “Este tipo de operação, você sente como se fosse uma apreensão de drogas ou uma situação de tráfico humano.”
O Banco Central anunciou novas medidas de reforço à segurança do Sistema Financeiro Nacional nesta sexta-feira (5) em relação ao PIX. As medidas valem apenas para algumas instituições com o intuito de evitar lavagem de dinheiro pelo crime organizado.
De acordo com a autoridade, a decisão foi tomada à luz do envolvimento do crime organizado nos recentes ataques a instituições financeiras e de pagamentos. Confira o que mudou.
Limite para TED e Pix
Às instituições de pagamento não autorizadas no sistema que se conectam a ele por meio dos chamados PSTI — Prestadores de Serviços de Tecnologia da Informação, que são empresas autorizada pelo BC a prestar serviços de processamento de dados — foi definido um limite de R$ 15 mil para transferências via TED e Pix.
Segundo a autoridade monetária, a limitação poderá ser removida caso a instituição e o respectivo PSTI atendam aos novos processos de segurança do governo.
O prazo de adoção são três meses: caso o interessado atestar a adoção destes controles antes disso, poderá ser dispensado da limitação.
A medida entra em vigor a partir desta sexta.
Controle e credenciamento dos PSTI
Falando neles, o Banco Central também aumentou os requisitos e controles para o credenciamento destes prestadores de serviço.
Segundo o comunicado, o capital mínimo destas empresas deverá ser de R$ 15 milhões. Os requerimentos de governança e gestão de risco também foram ampliados.
O descumprimento das regras levará à aplicação de medidas cautelares ou descredenciamento do SFN.
Os PSTI têm quatro meses para se adequarem à regra, que também entra em vigor imediatamente.
Autorização para operar
Além disso, nenhuma instituição de pagamento poderá operar sem prévia autorização do BC.
Anteriormente, o prazo para que estas instituições solicitassem autorização para funcionar pelo BC era dezembro de 2029 — agora, este prazo foi antecipado para maio de 2026.
Controles adicionais
Somente integrantes do segmento S1, S2, S3 e S4 (que não sejam cooperativas de crédito) poderão atuar como responsáveis pelo Pix de instituições de pagamento não autorizadas.
Trocando em miúdos: os “S” dizem respeito à segmentação das instituições e conglomerados financeiros brasileiros. A divisão do BC é feita da seguinte forma:
S1: bancos com porte maior ou igual a 10% do PIB ou com atividade internacional relevante. Bradesco, Banco do Brasil, BTG, Caixa, Itaú e Santander entram aqui;
S2: instituições e conglomerados com porte de 1% a 10% do PIB. XP, Citibank, Banrisul, Safra, BNDES, Votorantim são exemplos da categoria;
S3: instituições e conglomerados com porte de 0,1% a 1% do PIB; Banco Master, Nubank, Inter e C6 Bank entram aqui, por exemplo;
S4: instituições e conglomerados com porte inferior a 0,1% do PIB. É a segmentação com a maior lista de cooperativas de crédito, que não são válidas para a regra do BC.
Os contratos vigentes deverão ser adequados em até 180 dias.
Certificação obrigatória
Por fim, o Banco Central poderá pedir uma certificação técnica ou avaliação emitida por uma empresa qualificada independente que ateste o cumprimento das normas da autoridade monetária.
Caso a instituição de pagamento reprove no teste, deverá encerrar suas atividades em até 30 dias.
ABIN implantará Centro de Inteligência, no dia 7 de setembro, para acompanhar as celebrações pela Independência do Brasil. O objetivo será identificar ameaças e incidentes com potencial para impactar o livre exercício de direitos fundamentais ou colocar em risco a segurança de autoridades e demais participantes.
O Centro-ABIN ficará instalado na sede da Agência, em Brasília/DF. Também haverá atuação de todas as superintendências estaduais do órgão. As unidades trabalharão no acompanhamento das celebrações em suas respectivas capitais e reportarão informações para o Centro de Inteligência. A atuação da Agência ocorre em parceria com outros órgãos do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin).
Em paralelo ao Centro-ABIN, equipes da Agência integrarão a Célula Integrada de Inteligência de Segurança Pública (CIISP), da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSPDF); e atuarão em conjunto com forças de segurança e proteção na Esplanada dos Ministérios.
O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo afirmou em entrevista exclusiva ao Terra que acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pegará uma “pena muito alta” no julgamento que começou nesta semana no STF (Supremo Tribunal Federal) e recomeçará na próxima terça-feira, 9. Bolsonaro e outros sete réus são acusados de tentativa de golpe de Estado.
Cardozo foi deputado federal por oito anos pelo PT, ministro da Justiça durante o primeiro governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e AGU (Advogado-geral da União) no segundo mandato da petista, tendo sido seu defensor no processo de impeachment. Na avaliação do advogado, as provas coletadas contra Bolsonaro são “irrefutáveis”, e o ex-presidente deverá ser condenado a cumprir pena em regime fechado.
“Há uma tentativa clara de golpe de Estado, há uma configuração probatória nítida de que se tentou derrubar o governo do presidente Lula. Isso num processo que vem ao longo do tempo. A descrição feita pela Procuradoria Geral da República a partir do relatório da Polícia Federal é perfeita, absolutamente perfeita.” – ex-ministro José Eduardo Cardozo
“A somatória dos crimes que estão configurados, ao meu ver, dará uma pena muito alta. E não é por decisão do Supremo que ele deve cumprir em regime fechado, mas pela dimensão da pena, porque é assim que funciona a legislação penal brasileira”, completou em entrevista ao Terra Agora.
O ex-ministro ainda comparou a situação de Bolsonaro com a condenação do presidente Lula (PT) em 2018 – posteriormente anulada pelo STF.
“O presidente Lula foi condenado por um juiz que selecionou as provas para colocar nos autos e, por isso, foi referendado pelas instâncias superiores até que se descobrisse a fraude”, afirmou. “Neste momento, temos uma situação muito diferente. É um julgamento feito pela Suprema Corte, a partir de uma tentativa óbvia de golpe de Estado. Não dá para apagar as provas que foram produzidas, porque elas são evidentes. E aí o Supremo Tribunal Federal vai ter que se posicionar sobre esse assunto para que cumpra com seu papel de guardião da Constituição e da democracia brasileira. Ele vai ter que aplicar a sua sanção.”
Leia abaixo trechos da entrevista.
Terra: Pela sua interpretação do que foi apresentado pela acusação e pelas defesas, o senhor acha que o ex-presidente Bolsonaro deveria ser condenado? E, se sim, deveria ir para prisão em regime fechado?
José Eduardo Martins Cardozo: Acho que as provas que foram coletadas são absolutamente irrefutáveis. Ou seja, há uma tentativa clara de golpe de Estado, há uma configuração probatória nítida de que se tentou derrubar o governo do presidente Lula. Isso num processo que vem ao longo do tempo. A descrição feita pela Procuradoria Geral da República a partir do relatório da Polícia Federal é perfeita, absolutamente perfeita. Não se trata de um discurso político que diz: “ah, não houve golpe”. Isso é um discurso político que tenta unir os defensores de Jair Bolsonaro em torno de fatos que efetivamente não procedem.
A somatória dos crimes que estão configurados, ao meu ver, dará uma pena muito alta. E não é por decisão do Supremo que ele deve cumprir em regime fechado, mas pela dimensão da pena, porque é assim que funciona a legislação penal brasileira. Então, a meu ver, a quantificação deverá ser alta. Não me arrisco a dizer quanto. Não vou chutar porque existe uma margem, mas dificilmente, a meu ver, é impossível que seja algo inferior àquele teto no qual ele não cumpra regime fechado.
O ex-presidente da República Jair Bolsonaro é réu no STF por tentativa de golpe de Estado. Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão
O fato de o ex-presidente ser idoso e ter problemas de saúde pode atenuar a pena de alguma maneira? Ou ele pode ir para o regime fechado e depois obter esse benefício da prisão domiciliar por essas questões?
Não a pena. Mas ao longo da execução, isso terá que ser avaliado. Claro, tivemos várias pessoas que foram condenadas e que cumpriram pena em regime fechado, apesar da idade avançada. Mas o estado de saúde é algo que deve ser considerado até por uma razão humana.
Então, se eventualmente for comprovado que Jair Bolsonaro terá dificuldades de tratamento ou sofre uma situação absolutamente que não recomenda o regime fechado, eu acho que nada impedirá que, ao longo da execução, ele possa, até como é o caso do presidente Collor, ter uma prisão domiciliar como forma de execução de pena. Mas isso, em si, não interfere na fixação da pena, pode interferir na execução da pena.
Na sua visão, a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid tem consistência? Ela pode ser alvo de questionamento nos recursos posteriores ao julgamento?
É importante deixar claro que uma delação em si não qualifica elemento probatório. Ela é, na verdade, um indicador de situações que devem ensejar a corroboração por parte do universo probatório. Ou seja, se fosse só a delação do senhor Cid, por si só, mesmo que não tivesse voltado atrás, não valeria nada.
O que é preciso verificar é o confronto do que ele fala com os fatos provados no processo. E não tenho a menor dúvida de que, embora tenha havido idas e vindas, todas elas explicadas pelo Cid e pelo seu advogado, está provado o que ele falou. É indiscutível. Se encaixa como uma luva a versão do Cid em todas as nuances que foram colocadas. Pode se considerar um ponto ou outro, uma situação ou outra que precise ser objeto de reflexão. Mas o grosso do que o Cid disse se harmoniza com o conjunto probatório. Isso, portanto, torna o conjunto das provas absolutamente suficiente para uma condenação.
Outro argumento das defesas: fala-se muito sobre um eventual ‘superpoder’ do ministro Alexandre de Moraes, porque ele é o relator do caso, um dos julgadores, mas também uma das vítimas do ‘Punhal Verde Amarelo’, um suposto plano de assassinato contra o ministro Moraes, o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Como o senhor vê esse argumento do ‘superpoder’ do ministro? Ele deveria ter se declarado impedido de seguir com esse processo?
Mais um ponto retoricamente insustentável no bom direito. Existe um princípio chamado juiz natural. É o juiz que naturalmente deve julgar e, a partir daí, ele que garante a idoneidade e a lisura do processo. O princípio do juiz natural exige que, se o juiz que preside o processo for ameaçado ao longo do processo, se for coagido, isso não deve qualificar como causa de suspeição. Por quê? Porque, senão, seria simples: se eu tenho um juiz que não me agrada, eu o ameaço, ele terá que se declarar suspeito e eu escolho outro. Você estaria criando condições para o réu escolher o juiz. Isso ofende o princípio do juiz natural.
O próprio Código de Processo Civil, que deve ser aplicado nesse caso, fala que fatos que acontecem a posteriori do início da função não podem servir como formas de qualificação de impedimento ou suspeição.
Quando Alexandre de Moraes assumiu a direção da investigação, de acordo com aquilo que estabelece o regimento do Supremo Tribunal Federal, houve uma discussão se era válido, se não era válido, mas o Tribunal decidiu que valia. A partir daí, começam ameaças. Ora, ele deve se afastar por causa disso? Não, em hipótese nenhuma. (…) Imagine se o juiz tivesse que sair do processo toda vez que fosse ameaçado? Não haveria juiz que permanecesse no processo para julgá-lo.
Ao meu ver, é de uma obviedade total. Então esse é o primeiro argumento.
O segundo argumento é: de fato, o tal do plano Punhal Verde Amarelo falava em assassinato de Lula, de Alckmin e de Alexandre de Moraes. Outras situações também existiram na tentativa de coagir Alexandre de Moraes. (…) O que nós estamos julgando neste caso? Violação do Estado de Direito, a existência de uma organização criminosa, a tentativa de derrubar um governo legitimamente eleito. Moraes não é vítima. Ele faz parte dos fatos. Fatos que surgiram depois que inicia o exercício da sua função.
Se estivesse julgando um caso de tentativa de homicídio, aí sim talvez se pudesse discutir se ele seria efetivamente suspeito ou não. (…) Neste [processo], os fatos aconteceram quando ele já era juiz. Ele não é a vítima, ele integra os fatos e, portanto, a menos que ele se sentisse, no seu interior, comprometido com a lisura do julgamento, não há nenhuma qualificação objetiva fática que diga: “Alexandre de Moraes não pode ser o juiz.”
Portanto, esse é um argumento, ao meu ver, absolutamente insustentável. Mas bons advogados precisam encontrar ou tentar transformar o insustentável em sustentável para poder tentar exercer a sua atividade.
Sete anos separam a condenação de Lula e o julgamento de Bolsonaro. Sabendo que os casos são diferentes – nos crimes pelos quais foram denunciados e nas instâncias pelas quais foram julgados -, como o senhor vê a diferença do Judiciário nesses dois casos?
As instituições brasileiras estão passando por um processo de fortalecimento, o que não significa que elas não vão cair.
O presidente Lula foi condenado por um juiz que selecionou as provas para colocar nos autos e, por isso, foi referendado pelas instâncias superiores até que se descobrisse a fraude, que se descobrisse o modus operandi da turma de Curitiba envolvendo o juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, junto com os que os apoiavam. Isso foi revelado. A democracia reagiu quando viu aquilo, que havia maturidade para anular o que precisava ser anulado.
Neste momento, temos uma situação muito diferente. É um julgamento feito pela Suprema Corte, a partir de uma tentativa óbvia de golpe de Estado. Não dá para apagar as provas que foram produzidas, porque elas são evidentes. E aí o Supremo Tribunal Federal vai ter que se posicionar sobre esse assunto para que cumpra com seu papel de guardião da Constituição e da democracia brasileira. Ele vai ter que aplicar a sua sanção.
A próxima sessão do julgamento será na terça-feira, 9, com a análise dos ministros da Primeira Turma. Votarão, na ordem: Alexandre de Moraes (relator do caso), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (presidente da Turma). A condenação ou a absolvição dos réus será decidida pelo voto da maioria.
Confira as datas e horários das próximas sessões:
9 de setembro (terça-feira): sessão extraordinária das 9h às 12h e das 14h às 19h;
10 de setembro (quarta-feira): sessão extraordinária das 9h às 12h;
12 de setembro (sexta-feira): sessão extraordinária das 9h às 12h e das 14h às 19h.
É possível acompanhar a transmissão pelos canais oficiais do STF — TV Justiça, Rádio Justiça, aplicativo Justiça+ e o canal do Supremo no YouTube. O Terra também transmite as sessões, assim como publica detalhes do julgamento e de seus bastidores.
O presidente Donald Trump disse que o líder do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, estava conspirando com os líderes da Rússia e da Coreia do Norte enquanto eles se reuniam para um desfile militar em Pequim, marcando o aniversário da derrota da China sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial.
Quando o desfile começou na quarta-feira, horário local, Trump perguntou em uma postagem no Truth Social se Xi “mencionaria o enorme apoio e o ‘sangue’ que os Estados Unidos da América deram à China para ajudá-la a garantir sua LIBERDADE de um invasor estrangeiro muito hostil”, referindo-se ao Império Japonês.
“Muitos americanos morreram na busca da China pela vitória e pela glória”, disse ele. “Espero que eles sejam devidamente honrados e lembrados por sua bravura e sacrifício!”.
Trump então desejou a Xi e “ao maravilhoso povo da China… um grande e duradouro dia de celebração”.
“Por favor, dê meus mais calorosos cumprimentos a Vladimir Putin e Kim Jong Un, enquanto vocês conspiram contra os Estados Unidos da América”, disse Trump.
O assessor de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, respondeu ao comentário, dizendo à televisão estatal russa: “Gostaria de dizer que ninguém está conspirando, ninguém está tramando nada, não há conspirações”.
Antes do desfile, o PCCh reforçou a segurança e restringiu a circulação dos cidadãos.
O evento marca o 80º aniversário da rendição do Japão, que os observadores da China notam que o Partido Comunista Chinês (PCCh) usa para promover uma falsa narrativa de que liderou a luta contra o Japão, em vez do governo da República da China, que na época governava a China antes de se retirar para Taiwan.
O Conselho de Assuntos Continentais de Taiwan criticou o PCCh por gastar mais de US$ 5 bilhões em exercícios militares, enquanto “negligencia as questões econômicas, trabalhistas e sociais da China”.
Enquanto Taiwan e a China continental comemoram a vitória da China sobre o Japão em 3 de setembro, o PCCh desfila com suas forças armadas, enquanto Taiwan, juntando-se a outras nações aliadas dos EUA, realiza exposições e concertos, entre outros eventos, em homenagem às vidas perdidas na batalha pela liberdade.
O presidente taiwanês Lai Ching-te criticou o desfile militar do PCCh em uma postagem na rede social na quarta-feira.
“O povo de Taiwan valoriza a paz, e Taiwan não comemora a paz com o cano de uma arma”, escreveu ele. “Em vez disso, lembra as lições da história, mantém a fé na liberdade e na democracia e acredita que o equipamento em mãos é usado para defender o país, não para invadir e expandir.”
O desfile marcou a primeira vez que os líderes da Coreia do Norte, Irã, Rússia e China se reuniram no mesmo evento. Foi também a primeira vez que um líder norte-coreano participou de um desfile militar chinês desde 1959, durante a Guerra Fria.
O presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, foram os convidados de honra de Xi. Xi tem apoiado a invasão da Ucrânia por Putin desde que eles firmaram uma parceria “sem limites” cerca de 20 dias antes da ofensiva russa em fevereiro de 2022.
Ao todo, 26 chefes de Estado estrangeiros participaram do evento, incluindo líderes da Ásia Central (Cazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Quirguistão e Turcomenistão); Sudeste Asiático (Mianmar, Camboja, Vietnã, Laos, Indonésia, Malásia, Paquistão, Nepal e Maldivas); Ásia Ocidental (Azerbaijão, Armênia e Irã); Europa (Bielorrússia e Sérvia); África (República do Congo e Zimbábue); e Cuba.
O líder venezuelano Nicolás Maduro estava ausente em meio ao aumento da atividade naval dos EUA no Caribe, que Trump disse ter como alvo os membros da gangue Tren de Aragua da Venezuela.
Esta participação foi inferior ao número de chefes de Estado que participaram do desfile do 70º aniversário de Xi em 2015, que incluiu alguns líderes ocidentais e ex-líderes internacionais, incluindo o primeiro-ministro indiano Narendra Modi.
Modi, no entanto, participou da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) em Tianjin, na China, dias antes, postando fotos em sua rede social de suas reuniões com Xi e Putin.
Modi está sob pressão em seu país depois que Trump impôs à Índia uma tarifa elevada de 50% sobre seus produtos exportados para os Estados Unidos, apenas 5% a menos do que a tarifa mais alta aplicada aos produtos chineses.
A SCO, liderada por Pequim e Moscou, tem como objetivo combater a influência ocidental percebida na Ásia Central. Após a reunião bilateral entre Xi e Putin na cúpula de 2 de setembro, a gigante energética de Moscou, Gazprom, anunciou um novo acordo para construir um importante gasoduto ligando os dois vizinhos que têm uma história complicada.
Em maio, um funcionário de nível médio do Ministério das Relações Exteriores da China desertou para a Rússia com um conjunto de documentos confidenciais que descreviam planos de contingência elaborados por Pequim no caso de uma derrota russa na Ucrânia, revelando uma falta de confiança na estabilidade do regime de Putin, de acordo com Yuan Hongbing, ex-professor de direito da Universidade de Pequim que agora vive exilado na Austrália.
Citando uma fonte de alto escalão dentro do Partido Comunista Chinês (PCCh), Yuan disse ao Epoch Times que os planos vazados envolviam o apoio do PCCh ao Partido Comunista da Rússia em uma era pós-Putin, o que se alinharia com os interesses ideológicos do PCCh, ou o apoio a uma “Federação Russa Oriental” separatista a leste dos Montes Urais, caso uma figura pró-Ocidente ganhasse poder em Moscou.
Alex Wu, Dorothy Li, Frank Fang e Olivia Li contribuíram para esta reportagem.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, disse que seu país “apoiará totalmente” o Exército da Rússia como um “dever fraterno”, e o presidente russo Vladimir Putin chamou os laços dos dois países de “especiais”, informou a mídia estatal KCNA nesta quinta-feira (4).
Kim e Putin tiveram uma reunião na quarta-feira (3) à margem das comemorações da China para marcar a rendição formal do Japão na Segunda Guerra Mundial em Pequim.
A dupla acompanhou o presidente chinês, Xi Jinping, em um grande desfile militar no primeiro encontro entre os líderes dos três países desde o início da Guerra Fria.
A viagem de Kim a Pequim ofereceu a ele a primeira chance de se encontrar com Putin e Xi juntos, além de se misturar com mais de duas dezenas de outros líderes nacionais que participaram dos eventos.
Analistas consideram o encontro sem precedentes com Xi e Putin como uma grande vitória de propaganda para o líder do Estado recluso.
As fotos da mídia estatal mostraram Kim de pé ou caminhando com Putin e Xi lado a lado com um sorriso, e a edição de quinta-feira do jornal estatal Rodong Sinmun destacou predominantemente a visita de Kim.
“Kim Jong Un e o presidente Putin trocaram opiniões sinceras sobre importantes questões internacionais e regionais”, informou a KCNA.
Putin “elogiou muito” os soldados norte-coreanos que lutam contra a Ucrânia e disse que as relações entre os dois países são “especiais de confiança, amizade e aliança”, acrescentou a estatal.
Apoio norte-coreano à Rússia na guerra
A Coreia do Norte enviou soldados, munição de artilharia e mísseis para a Rússia para apoiar Moscou na guerra contra a Ucrânia.
A agência de inteligência da Coreia do Sul estimou esta semana que cerca de 2 mil soldados norte-coreanos enviados para lutar pela Rússia foram mortos.
Kim e Putin discutiram em detalhes os planos de longo prazo para a parceria e reafirmaram a “firme vontade” de elevar as relações bilaterais a um alto nível, conforme a KCNA.
Depois que os dois conversaram e saíram da sala, um funcionário de Kim foi visto limpando uma cadeira e uma mesa lateral tocada pelo líder, o que, segundo analistas, faz parte de um conjunto de medidas de segurança para impedir que outros países, mesmo os amigos, tentem obter informações sobre sua saúde.
No ano passado, os dois líderes assinaram um tratado de defesa mútua, que prevê que cada um dos lados ajude o outro em caso de ataque armado.
A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu a primeira semana de julgamento do núcleo 1 no processo que apura uma tentativa de golpe de Estado no país após as eleições de 2022. Diferentemente do que houve na fase de instrução do processo, o ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, adotou uma postura mais contida nesses primeiros dias.
Antes de ler o relatório, Moraes fez uma breve fala introdutória. Disse que a impunidade não deixa espaço para a pacificação; que a soberania nacional jamais será negociada; e que a imparcialidade do Supremo não será abalada por quaisquer tentativas de obstrução.
A declaração se dá em meio a pressões diversas, seja do grupo político de Bolsonaro ou do governo de Donald Trump para que o STF recue no julgamento.
Após a leitura do relatório, que rememorou todas as fases do processo e as provas colhidas nele, Moraes ficou em silêncio por quase todo o julgamento.
Ele e o ministro Cristiano Zanin, que preside a Primeira Turma, foram os únicos que não fizeram questionamentos ou interrupções durante as sustentações orais dos advogados.
Luiz Fux e Flávio Dino pediam esclarecimentos às defesas com frequência. Já Cármen Lúcia fez duas intervenções, uma delas para dar bronca em um dos advogados que utilizou como sinônimos os termos “voto impresso” e “voto auditável”. A ministra fez questão de interrompê-lo para esclarecer “para quem assiste” que o voto eletrônico é “amplamente auditável” no Brasil.
Em praticamente todo o tempo de julgamento, porém, via-se Alexandre de Moraes alternando a atenção entre as sustentações dos advogados e as anotações que fazia em uma pilha de papel na sua mesa.
A única intervenção do ministro durante uma sustentação de defesa foi em tom bem-humorado. O advogado de Paulo Sérgio Nogueira, Andrew Farias, afirmou lembrar de sua sogra enquanto dizia que “palavras são um punhal”. Moraes brincou: “Sua sogra diz isso ou as palavras dela que são um punhal?”.
A postura do ministro difere da adotada na fase de instrução do processo, em que discussões com advogados e testemunhas foram frequentes.A partir da próxima terça-feira (9), o julgamento será retomado já com o voto de Moraes, que deve ser extenso e pedir a condenação de Jair Bolsonaro (PL).
Diante de ditadores aliados e representantes de dezenas de governos estrangeiros, Xi Jinping transformou o desfile em um ato político — complementando a ofensiva diplomática recente que aproximou Pequim de países incomodados com a política de “América em primeiro lugar” do presidente Donald Trump.
A parada militar realizada nesta quarta-feira (3), diante da Cidade Proibida, em Pequim, foi cuidadosamente desenhada para enviar uma mensagem clara: a China quer ocupar o centro de uma nova ordem mundial.
Blindados modernos, tanques de última geração, drones com inteligência artificial, caças e mísseis hipersônicos desfilaram diante do líder chinês. Foi um lembrete de que o poderio militar agora acompanha o peso econômico e diplomático já conquistado por Pequim.
“Hoje, a humanidade se depara mais uma vez com escolhas cruciais: paz ou guerra? Diálogo ou confronto? Cooperação vantajosa para todos ou rivalidade de soma zero?”, declarou Xi.
“O povo chinês está firmemente do lado certo da história e do lado da civilização e do progresso humanos.” Embora não tenha citado Washington, o contraste com a retórica isolacionista de Trump ficou evidente.
O presidente russo Vladimir Putin e o ditador norte-coreano Kim Jong-un assistiram ao desfile ao lado de Xi, em posição de honra. A presença de Kim, que não visitava Pequim desde 2019, teve peso simbólico: foi a primeira vez que ele participou de uma cúpula multilateral desde que assumiu o poder, em 2011.
A cena reforçou a percepção de que regimes sob sanções ocidentais encontram em Pequim um eixo de sustentação.
Moscou, enfraquecida pela guerra na Ucrânia, depende cada vez mais da economia chinesa. Pyongyang continua vivendo à sombra da China, ainda que recentemente tenha intensificado a cooperação militar com a Rússia, enviando armas e soldados para o front – em troca de ajuda econômica e tecnológica.
O elo comum não é ideológico, mas estratégico: frear a hegemonia americana. E, nesse projeto, todos são obrigados a reconhecer a China como protagonista.
Líderes posam para foto de família em desfile militar na China • Reuters
Trump reagiu com sarcasmo nas redes sociais, acusando Xi, Putin e Kim de conspirar contra os EUA. O Kremlin tentou minimizar a situação, mas as imagens dos três autocratas lado a lado, diante de mísseis capazes de cruzar oceanos, falam por si.
O pano de fundo, que dá uma oportunidade de ouro para o avanço chinês, é a política isolacionista de Trump.
Ao insistir em colocar a “América em primeiro lugar”, o republicano aliena não só rivais mas também potenciais aliados, abrindo espaço para Pequim se oferecer como alternativa pragmática e com menos exigências políticas – inclusive com relação a valores democráticos, visto que o Partido Comunista da China continua controlando o país com mão de ferro.
Dias antes da parada militar, a Organização para a Cooperação de Xangai já havia reunido numa cúpula o próprio Xi Jinping, Putin e o premiê indiano Narendra Modi.
A presença de Modi, líder da maior democracia do mundo, sinaliza que até a Índia considera maior alinhamento com a China – um rival de décadas com os quais os indianos já travaram guerras – diante das tarifas e sanções impostas recentemente por Washington.
As imagens de Xi, Putin e Modi lado a lado reforçam ainda mais a leitura de que a estratégia isolacionista de Trump pode, paradoxalmente, acelerar o avanço chinês rumo a uma nova ordem mundial.
O advogado Celso Vilardi, que faz a defesa de Jair Bolsonaro (PL), disse nesta quarta-feira (3), que “não há uma única prova” contra o ex-presidente no inquérito que apura a existência de um plano de golpe de Estado a ser instituído no país após o resultado eleitoral de 2022.
” O presidente, que eu vou demonstrar cuidadosamente, tratando da questão da minuta, ele não atentou contra o Estado democrático de direita. (…) Não há uma única prova e como eu vou salientar aqui, com todo respeito”, afirmou Vilardi durante sustentação oral.
Quem são os réus do núcleo 1?
Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, o núcleo crucial do plano de golpe conta com outros sete réus:
Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
Almir Garnier, almirante de esquadra que comandou a Marinha no governo de Bolsonaro;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;
Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro;
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro;
Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Bolsonaro, candidato a vice-presidente em 2022.
Por quais crimes os réus estão sendo acusados?
Bolsonaro e outros réus respondem na Suprema Corte a cinco crimes. São eles:
Organização criminosa armada;
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
Golpe de Estado;
Dano qualificado pela violência e ameaça grave;
Deterioração de patrimônio tombado.
A exceção fica por conta de Ramagem. No início de maio, a Câmara dos Deputados aprovou um pedido de suspensão da ação penal contra o parlamentar. Com isso, ele responde somente aos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Cronograma do julgamento
Foram reservadas pelo ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma, cinco datas para o julgamento do núcleo crucial do plano de golpe. Veja:
2 de setembro, terça-feira: 9h às 12h (Extraordinária) e 14h às 19h (Ordinária)
3 de setembro, quarta-feira: 9h às 12h (Extraordinária)
9 de setembro, terça-feira: 9h às 12h (Extraordinária) e 14h às 19h (Ordinária)
10 de setembro, quarta-feira, 9h às 12h (Extraordinária)
12 de setembro, sexta-feira, 9h às 12h (Extraordinária) e 14h às 19h (Extraordinária)
Defesa de Bolsonaro diz que “não há uma única prova” contra o ex-presidente