A dívida mundial chegou a um nível insustentável e pode provocar uma crise sem precedentes na próxima década, segundo o economista Arthur Laffer, presidente da Laffer Tengler Investments.
Ele afirmou, em entrevista à CNBC, que a dívida dos países ricos e emergentes cresceu 100 trilhões de dólares em relação à década passada, representando 336% do produto interno bruto (PIB) global.
“Os próximos dez anos serão a década da dívida. A dívida global está no limite. Isso vai acabar mal”, disse Laffer.
De acordo com o relatório do Institute of International Finance, a relação dívida/PIB era, em média, de 110% para as economias avançadas e de 35% para as emergentes em 2012. No último trimestre de 2022, estava em 334%.
Laffer alertou que cerca de cem países terão que cortar gastos em áreas sociais vitais, como saúde, educação e proteção social, para honrar suas dívidas.
Ele disse que os países que conseguirem ajustar suas contas públicas poderão atrair mais recursos humanos, financeiros e produtivos, enquanto os que não conseguirem poderão perder competitividade, receita e até mesmo quebrar.
“Alguns dos maiores países que não enfrentam seus problemas de dívida vão definhar fiscalmente”, afirmou Laffer, acrescentando que algumas economias emergentes “podem falir”.
O economista ressaltou que o envelhecimento da população nos países desenvolvidos e a escassez de mão de obra tornarão o pagamento da dívida ainda mais difícil.
“Existem duas formas principais de resolver esse problema: aumentar a arrecadação ou fazer o PIB crescer mais do que a dívida”, ele concluiu.
A insustentabilidade da dívida dos EUA inevitavelmente afetará os mercados
Arthur Laffer não é o único expressando preocupações com a dívida nos Estados Unidos e em outros países.
Na segunda-feira, falando também à CNBC, o gestor de fundo de cobertura Paul Tudor Jones destacou que a robustez da economia americana está atrelada aos gastos governamentais, algo que ele considera insustentável a longo prazo.
Jones alertou que as consequências dos substanciais gastos deficitários inevitavelmente repercutirão nos mercados, questionando apenas o momento em que esses efeitos se tornarão evidentes, ao passo que ressalta a certeza de que o caminho atual é insustentável.
Ele prevê que a questão da dívida emergirá como um dos principais temas a moldar a economia nos anos vindouros, referindo-se a ela como uma “bomba de dívida” decorrente de uma negligência fiscal. No entanto, Jones admite que os impactos da dívida pública podem ser mitigados, em parte, pelos avanços em produtividade trazidos pela inteligência artificial, os quais podem ser surpreendentemente significativos no futuro.
De forma geral, a aceleração dos gastos públicos tem alarmado economistas, com a dívida total dos EUA atingindo 34 trilhões de dólares no começo deste ano. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, também expressou sua preocupação em uma entrevista ao programa “60 Minutes”, alertando que os Estados Unidos seguem por uma trajetória fiscal que não pode ser sustentada a longo prazo.
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