O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (8) que o Comitê de Política Monetária (COMPOM) não espera “ganhar prêmio de miss simpatia” diante da atual condução da política monetária, mas reforçou o compromisso da instituição com o cumprimento da meta de inflação de 3%.
“Eu tenho plena consciência de que, ao colocar a taxa de juros em 15%, dificilmente eu e os meus colegas do Copom vamos ganhar por meio de miss simpatia no ano de 2025. Mas eu durmo muito tranquilo, sabendo que o que eu estou fazendo é cumprir a meta, perseguir a meta”, declarou.
Em almoço oferecido pela Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE) e diante de críticas pelo patamar mais elevado da Selic, Galípolo explicou que o Banco Central segue um arcabouço legal e institucional que não permite interpretações subjetivas.
“Você tem a definição de uma meta de inflação. A meta é três. Eu não recebi uma sugestão ou um conselho. É um decreto que definiu que a meta é três”, frisou.
Ele destacou que o intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo serve apenas para absorver choques temporários, e não para justificar desvios estruturais.
De acordo com os dados oficiais medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 5,32% no acumulado em 12 meses terminados em maio. Os dados do primeiro semestre serão divulgados nos próximos dias.
Ao defender a elevação da Selic, o presidente do BC afirmou que a medida é necessária para cumprir o objetivo definido em lei.
“A meta não diz assim para mim: ‘seja a menor taxa de juros do mundo’. A meta é a taxa de juros num patamar restritivo o suficiente, pelo período necessário, para atingir a meta de 3%”, disse.
Ele também ressaltou que esse é o padrão adotado em outros países. “Toda vez que a inflação está subindo, você sobe a taxa de juros. Toda vez que a inflação está caindo, você reduz a taxa de juros. Esse é o mecanismo de transmissão da política monetária.”
Por fim, Galípolo reforçou a importância da estabilidade institucional do BC. “Desde o início, eu falei: do Banco Central essa bola não vai passar. Não é porque eu estou lá. É porque a instituição vai defender”, afirmou.
O presidente do BC foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e era visto como alguém que pudesse ter um posicionamento mais alinhado às ideias de esquerda e ser mais flexível com a taxa básica de juros, diferente do antecessor, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Roberto Campos Neto.
CNN