InícioBrasilAções da Petrobras (PETR3;PETR4) tombam após balanço e petroleira já perde R$...

Ações da Petrobras (PETR3;PETR4) tombam após balanço e petroleira já perde R$ 28,5 bilhões em valor de mercado

As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) afundam na Bolsa brasileira nesta sexta-feira (8) e pressionam o desempenho do Ibovespa, que cai 0,2%. Às 15h30 (de Brasília), os papéis ordinários (PETR3) tombam 7,13%, enquanto os preferenciais (PETR4) derretem 5,29%. Até o momento, a estatal já perdeu cerca de R$ 28,5 bilhões em valor de mercado. O movimento acontece após a empresa divulgar seus resultados do segundo trimestre e anunciar a distribuição de R$ 8,66 bilhões em dividendos.

Nos meses de abril a junho, a petroleira alcançou um lucro líquido de R$ 26,6 bilhões, revertendo o prejuízo de R$ 2,6 bilhões no mesmo período do ano passado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida, na sigla em inglês), que mede a capacidade da empresa em gerar caixa, foi R$ 52,2 bilhões, resultado 5,1% superior ao do segundo trimestre de 2024.

Embora os números, em geral, tenham sido interpretados como “sólidos” por bancos e corretoras – veja análises aqui –, a grande decepção veio dos dividendos anunciados, que equivalem ao valor de 0,67192409 por ação ordinária e preferencial. Os proventos devem ser pagos em duas parcelas nos meses de novembro e dezembro de 2025.

A Ativa Investimentos, que esperava uma distribuição de R$ 1 por ação, considera que a frustração com os dividendos da Petrobras adiciona pressão negativa sobre os papéis. “Assim como no primeiro trimestre, não houve anúncio de dividendos extraordinários, o que já era esperado. Tais discussões devem ser tomadas em conjuntos ao lançamento do novo plano estratégico, que ocorre na segunda metade do último trimestre do ano”, acrescenta a corretora, que tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 44.

O valor menor dos proventos decorre da queda anual de 39,6% no Fluxo de Caixa Livre (FCL), que atingiu R$ 19,2 bilhões no trimestre. De acordo com a política de remuneração aos acionistas da Petrobras, a empresa deve distribuir aos seus acionistas 45% do FCL, desde que o endividamento bruto seja igual ou inferior ao nível máximo definido no plano de negócios em vigor (atualmente US$ 75 bilhões).

Dois fatores ajudam a explicar a queda do FCL. O primeiro é o volume elevado de investimentos: o capex (despesas de capital) da petroleira atingiu US$ 4,4 bilhões no trimestre, acima das estimativas do mercado, que apontavam para um número em torno de US$ 3,8 bilhões.

“Eu esperava que, com o novo patamar do petróleo Brent, a companhia pudesse adotar uma postura mais conservadora nos investimentos, o que não aconteceu. Isso acabou pressionando significativamente o Fluxo de Caixa Livre (FCL), que caiu muito mais do que o esperado. Na minha visão, esse foi o aspecto negativo dos resultados”, afirma João Daronco, analista CNPI da Suno Research.

O outro ponto negativo foi o Fluxo de Caixa Operacional (CFO) mais fraco do que o esperado, de US$ 7,5 bilhões, contra US$ 8,2 bilhões do consenso. Na avaliação da XP Investimentos, o nível mais baixo no CFO pode ter como principais culpados itens como depósitos judiciais e  impostos sobre vendas. “Em nossa opinião, a conversão do Ebitda em CFO será um tema a ser observado nos resultados futuros”, destacou a casa que tem recomendação de compra para PETR4 com preço-alvo de R$ 46.

Como devem ficar os dividendos da Petrobras agora?

Para Daronco, da Suno, investidores que contavam com um fluxo de caixa mais robusto para garantir dividendos no curto prazo podem ter se decepcionado. “Olhando para frente, será fundamental acompanhar o nível de investimento da Petrobras em relação ao atual patamar do Brent. Caso a companhia mantenha esse ritmo de investimentos, pode haver uma redução na expectativa de distribuição de dividendos, especialmente no que diz respeito aos 45% do fluxo de caixa livre”, avalia.

Há quem, no entanto, ainda mantenha o otimismo com a Petrobras. A Ágora Investimentos e o Bradesco BBI seguem com recomendação de compra e preço-alvo de 40, com base em um dividend yield (rendimento de dividendos) justo de 12% ao ano para os próximos 5 anos. As casas ponderam, no entanto, que a proximidade de 2026 pode aumentar a volatilidade das ações da petroleira, em função do ano eleitoral.

O BTG Pactual, por sua vez, entende que a Petrobras pode aceitar temporariamente uma alavancagem maior no curto prazo para preservar os dividendos ordinários dentro da política atrelada ao Fluxo de Caixa Livre. No entanto, com o Brent abaixo de US$ 75 por barril, vê espaço limitado para pagamentos extraordinários no curto prazo.

O banco mantém recomendação de compra com preço-alvo de US$ 15 para as American Depositary Receipts (ADRs) da petroleira. “A Petrobras continua sendo negociada com um desconto relevante em relação aos pares da América Latina, uma desconexão que consideramos injustificada e que acreditamos que tende a se corrigir à medida que a execução do plano de negócios continue no rumo certo”, diz.

Estadao

RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments