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Grupo em Goiás cobrou propina de R$ 1 mi para diminuir imposto, diz MPGO

O Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou um grupo suspeito de promover um esquema de fraude (propina) relacionada ao Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD) -imposto estadual cobrado em processos de transmissão de bens por herança ou doações.

Cinco pessoas foram denunciadas. O esquema, diz o MP, tinha divisão de tarefas organizada para realizar os supostos golpes. Alguns dos denunciados eram funcionários públicos, enquanto outros se passavam por servidores para enganar as vítimas, mesmo não tendo relação com qualquer órgão da administração pública.

De acordo com a denúncia, a atividade criminosa era estruturada em “núcleos interdependentes e autônomos, com clara divisão de tarefas”.

O modo de agir consistia, inicialmente, na falsificação de Demonstrativos de Cálculo do ITCD, um documento que apresenta detalhes usados para calcular o valor do imposto devido pela transmissão do bem ou da doação.

Na sequência, com alteração fraudulenta das alíquotas devidas, emitiam guias de recolhimento com um código genérico, ao invés de utilizar um código específico do ITCD. Dessa forma, abriam espaço para o recolhimento de valores substancialmente menores que os efetivamente devidos ao erário estadual.

O esquema se valia do cargo público ocupado por alguns dos denunciados. Uma das integrantes era tabeliã interina do Cartório de Acreúna (GO), enquanto outro ocupava o posto de procurador da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).

Segundo consta na denúncia, depois da prospecção das possíveis vítimas, o grupo procedeu para conversas no intuito de tentar aplicar o golpe -prometendo um pagamento menor do imposto do que de fato deviam.

Prédio da Assembleia Legislativa de Goiás
Prédio da Assembleia Legislativa de Goiás

Propina de R$ 1 milhão

No documento acusatório, o Ministério Público trata do caso de um homem que foi até o Cartório de Registros de Acreúna (GO), em janeiro de 2024, para obter informações sobre o procedimento e documentos necessários para realizar a escritura pública de doação de bens pertencentes a seus pais.

No local, ao falar com a tabeliã (alvo da denúncia), ela indicou que falasse com outro integrante do grupo, dizendo que conhecia um “rapaz da Sefaz [Secretaria da Fazenda, responsável pela arrecadação de impostos]”, assegurando que ele “conseguia baixar essa taxa”.

Ao conversar com o suposto “rapaz da Sefaz”, que era um integrante do grupo, o homem foi informado que ele “conseguiria baixar aquela alíquota”.

Segundo a denúncia, a vítima ficou desconfiada e, em uma nova reunião, desta vez na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, integrantes do grupo informaram como seria realizada a fraude.

“Assim, os denunciados articularam uma estratégia mais elaborada para conferir aparência de legitimidade ao esquema fraudulento […] A logística da reunião foi meticulosamente planejada para impressionar a vítima e seus irmãos, para que eles aceitassem participar do esquema”, afirma o MP.

No dia da reunião, eles foram recebidos por um dos denunciados, que se apresentou como secretário, conduzindo-os desde a entrada principal até a sala de reuniões na Assembleia, “reforçando a encenação de que se tratava de um serviço oficial e legítimo”.

Mesmo após toda a suposta encenação, as vítimas não quiseram aderir ao esquema, preferindo pagar a alíquota correta – o que teria desagradado os integrantes do grupo, que passaram a pressioná-las, insistindo na “legalidade” do trâmite.

Diante da negativa da vítima, o grupo passou a cobrar uma propina de R$ 1 milhão para que fosse mantida a avaliação de R$ 300 mil por alqueire da terra que passaria pela doação. Caso contrário, o valor das propriedades rurais seria reavaliado para R$ 425 mil por alqueire, aumentando o valor do ITCD em cerca de R$ 3 milhões.

Segundo relatos que constam na denúncia, depois da ameaça, as vítimas cederam sob o ” temor de que o processo de doação fosse obstaculizado”, realizando, assim, o pagamento exigido pelo grupo. Depois de tratativas, o montante foi baixado para R$ 800 mil de propina.

Dessa forma, segundo a denúncia, a guia de pagamento de ITCD, no valor de R$ 7,8 milhões foi paga pela vítima no mesmo dia em que enviou o restante da propina exigida.

O MPGO afirma que, depois do depósito do dinheiro, o montante foi distribuído entre denunciados.

Em maio deste ano, quando a Polícia Civil prendeu cinco pessoas suspeitas de integrar o esquema, a defesa do procurador se pronunciou dizendo que seu cliente negava os fatos a ele atribuídos e que não conhecia as pessoas presas na ocasião.

À época, a Assembleia também se manifestou e disse que não tinha conhecimento sobre a operação da Polícia que investigada servidores da Casa. Ressaltou, ainda, que não se responsabiliza por qualquer ilícito cometido por servidores que não tenha relação com a administração legislativa.

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