Sean McLain é gerente de vendas de uma importadora de café no Colorado, nos Estados Unidos (EUA). Há alguns meses, o executivo ficou famoso na indústria cafeeira americana por ter ido à internet para alertar concorrentes sobre o roubo de cargas.
“Um caminhão nosso cheio de café foi roubado e quero compartilhar minha história para que você possa aprender com ela e proteger suas operações”, escreveu no site da empresa Desert Sun Coffee, ao detalhar o passo a passo dos ladrões.
O caso não é isolado.
Em março, a Associação Nacional do Café (NCA, na sigla em inglês) discutiu os roubos de caminhões na conferência anual do setor em Houston, no Texas. O setor cita “dezenas” de roubos nos últimos meses – algo inédito no país.
A empresa de gestão de risco logístico Overhaul estima que os roubos de carga de alimentos e bebidas cresceram 41% em um ano, sendo lideradas pelo café e bebidas energéticas. Um caminhão com 20 toneladas de café tem carga estimada em mais de US$ 180 mil – ou cerca de R$ 1 milhão.
Os EUA são líderes mundiais no consumo de café, mas a produção local praticamente não existe. Por isso, precisam importar quase 100% de tudo o que enche as xícaras e canecas.
O processo é quase sempre o mesmo: um navio vem dos grandes produtores – como Brasil, Colômbia ou Vietnã, descarrega em um porto e, então, caminhões levam os grãos a todo o país. É aí que ocorrem os roubos.
Esse fenômeno parece ter ganhado ainda mais força com a disparada dos preços em meio ao tarifaço de Donald Trump. A guerra comercial torna a carga ainda mais valiosa – um verdadeiro ouro negro em grãos.
Dados do Departamento de Estatísticas dos EUA mostram que o preço médio do café torrado e moído no varejo atingiu o recorde de US$ 8,872 a libra (453,6 gramas) em agosto.
Só no mês passado, o preço médio subiu 5,4% na comparação com julho. Em 12 meses, a disparada alcança 40,6%.