Com a chegada do fim do ano, as preocupações financeiras começam a aparecer. Além das preparações para datas comemorativas, viagens e presentes, outro gasto aperta o bolso dos pais — a compra de material escolar para os filhos. O Sindicato do Comércio Varejista de Material de Escritório, Papelaria e Livraria do Distrito Federal (Sindipel-DF) informa que os itens escolares devem ficar até 6% mais caros em 2026. Atualmente, existem cerca de 2,1 mil CNPJs de papelarias registradas no Distrito Federal, segundo a entidade.
Com dois filhos ainda na escola, Edna Gomes, 40, empregada doméstica, revela que o aumento dos preços de itens de papelaria compromete o orçamento da família. “Com tudo mais caro, preciso fazer várias pesquisas, optar por produtos mais baratos para conseguir comprar tudo o que é pedido na lista”, explica. Ela conta que costuma fazer as compras em papelarias das cidades satélites, onde os preços são mais acessíveis.
Segundo Edna, o que mais pesa no bolso são as mochilas e cadernos, pois o preço tem subido muito: “No caso desses itens, prefiro comprar mais simples e de marcas menos conhecidas”.
Segundo o Sindipel-DF, o reajuste, que pode variar de 4% a 6%, dependendo da categoria do produto, considera a recomposição de custos de produção ao longo de 2025. No caso dos materiais de fabricação nacional, a expectativa é de reajustes mais moderados, próximos do piso dessa faixa, uma vez que esses produtos sofrem menos influência direta da variação cambial. Entram nesse grupo itens, como cadernos, lápis, borrachas, cola, parte dos papéis e produtos de linha mais básica. Materiais importados, como mochilas, lancheiras, estojos e alguns artigos de marca ou licenciados, tendem a se aproximar do teto da faixa de reajuste, chegando aos 6%.
Listas extensas
Para Renata Martins, 43, servidora pública, alguns itens das listas pesam no bolso. “Não tem sentido colocar um livro de 2 mil reais para uma criança de cinco anos, é o valor de uma mensalidade de uma faculdade de medicina”, conta, indignada. A servidora costuma fazer as compras em janeiro junto com as filhas de seis e oito anos. “Busco escolher um lugar que tenha coisas mais baratas”.
O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) alerta que as escolas podem pedir apenas itens de uso pessoal do aluno. A exigência de materiais de uso coletivo ou a determinação de marcas dos produtos são proibidas, e os pais devem denunciar ao órgão. Para prevenir possíveis problemas, a instituição realizará fiscalização no período de volta às aulas para verificar as listas escolares e o plano de execução, pois normalmente, os itens escolares não estão disponíveis no momento da rematrícula.

A gerente da tradicional papelaria Casa do Colegial, localizada na 509 Sul, Socorro Mamede, 55, percebe um novo comportamento entre os pais consumidores: “Eles preferem enviar a lista, comprar on-line e vir buscar ou solicitar a entrega. Ninguém quer ir mais à papelaria lotada e se sentir desconfortável”. Outro fator que influencia nessa decisão é a dificuldade de ir às compras com os filhos. “Quando o responsável vem com a criança, ela insiste nos itens mais caros e ele acaba comprando”.
Aos que buscam economizar, Socorro dá algumas dicas: “O ideal é fazer a compra dos materiais em novembro, antes do reajuste. É mais barato e há menos tumulto na loja”.
Economia
Além dos gastos com materiais escolares, as famílias não podem esquecer de outros gastos que coincidem com o mesmo período do ano, como festas de fim de ano, férias, IPVA e IPTU.
O professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) revela os principais caminhos para não pagar caro em materiais escolares e correr o risco de endividamento. “A melhor estratégia é planejamento. Se possui algum dinheiro para já iniciar as pesquisas, comece a levantar os preços”, aponta. Além disso, a antecipação das compras também é uma boa saída: “As pessoas podem comparar melhor, aproveitar descontos especiais, como a Black Friday, e se programar para conseguir quitar as outras despesas com menor dificuldade”.
Suzimara Teixeira, 47, professora da rede pública de ensino, já tem o hábito de se organizar com antecedência para evitar gastos excessivos com o material das filhas. “Compramos uma parte em dezembro e outra em janeiro, então é um planejamento que fazemos antes”, diz a docente. Assim como Edna, ela também compra em papelarias fora do Plano Piloto, em Planaltina, onde encontra boas alternativas.
Em relação às marcas, Suzimara afirma que as mais caras nem sempre são a melhor opção: “Gostamos de analisar, pois às vezes, tem um item de uma marca renomada, porém existe uma marca mais simples, mas de boa qualidade. Nesse caso, fazemos a troca para economizar”.
O Correio fez uma comparação de itens das marcas mais baratas em três papelarias, uma do Plano Piloto, outra de Taguatinga e a terceira de Ceilândia. Confira as diferenças em alguns preços:
Itens Plano Piloto Taguatinga Ceilândia
Mochila infantil R$ 300,00 R$1 59,99 R$ 107,90
Caderno de10 matérias R$ 18,00 R$ 13,99 R$ 18,99
Fonte: Correio Braziliense
