Artista morreu nesta sexta-feira, em Goiânia. Como escritor, ele deixa um legado de pesquisas e mais de 50 livros escritos.
Waldomiro Bariani Ortêncio, um dos principais nomes da produção cultural de Goiás, faleceu na tarde desta sexta-feira (15), em Goiânia, aos 100 anos de idade. Ele era escritor e folclorista e havia completado um século de vida em julho deste ano. A informação foi confirmada pela família.
Bariani sofreu um AVC no carnaval de 2022. Desde então recebia visitas de amigos e familiares em casa. Com mais de 50 livros publicados, foi colunista do Jornal O Popular, além de ser pesquisador da cultura e do folclore de Goiás como nenhum outro. É autor, por exemplo, de A Cozinha Goiana (1967), Dicionário do Brasil Central (1983) e Medicina Popular do Centro-Oeste (1997).
Bariani foi o dono do Bazar Paulistinha e produtor musical, criando conexões entre a música de Goiás com o resto do Brasil, No futebol, foi goleiro do Atlético Clube Goianiense, O artista deixou seis filhos e uma centena de obras publicadas.
Ainda não há informações sobre velório e sepultamento.
Quem era Bariani Ortêncio
Bariani nasceu em Igarapava, cidadezinha margeada pelo Rio Grande, divisa entre São Paulo e Minas. Saiu aos 15 anos de lá com a família Ortencio para tentar a vida na então nova capital de Goiás. Veja bem: em 1938, Goiânia era vista – e vendida – por todo o País como uma cidade do futuro, moderna e de oportunidades, fruto do progresso, um eldorado no meio do sertão do Centro-Oeste.
A família chegou a tempo da partida de futebol entre Anápolis e Atlético, na Campininha das Flores. O prefeito da época, Venerando de Freitas Borges, que apitava o jogo, logo conclamou: “Chama o paulistinha pro gol!”. Começava ali uma carreira que passaria, ao longo de oito décadas, por goleiro, escritor, folclorista, pesquisador, produtor musical, compositor, empresário, tesoureiro, educador, presidente de entidades culturais e mais uma infinidade de trabalhos realizados por um homem de espírito inquieto.
Durante muitos anos, Hamilton Carneiro e Bariani, que eram melhores amigos, se encontravam semanalmente no programa Frutos da Terra, da TV Anhanguera. O escritor falava sobre o Cerrado, contava causos do passado, passava receitas culinárias. Pela televisão já era possível ver a amizade calorosa entre os dois. “Até nas discordâncias somos autênticos. É uma amizade que ficará para sempre lembrada na canção Melhor Amigo escrita por mim”, emociona Carneiro.
A tríade
A cultura popular do interior brasileiro é alvo recorrente na pesquisa folclórica de Waldomiro Bariani Ortencio. Dos mais de 50 livros publicados, três se destacam em sua estante literária: A Cozinha Goiana (1967), Dicionário do Brasil Central (1983) e Medicina Popular do Centro-Oeste (1997) . Juntas, as obras formam a tríade do “comer, falar e curar”. Em cada publicação, com pesquisas que duraram mais de 20 anos, o autor dá destaque aos patrimônios imateriais passados de geração em geração.
G1