O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) deve manter a taxa básica de juros dos Estados Unidos no patamar atual, entre 5,25% e 5,50%, ao fim da reunião de dois dias de política monetária nesta quarta-feira, 31 de julho, mas os investidores estarão atentos a possíveis sinalizações de um corte de juros, que o mercado precifica para setembro.
Apesar de economistas entenderem que o Fed deve seguir com juros inalterados, a comunicação pode trazer mais dicas de que os membros do colegiado começam a considerar uma alteração nesta política – possivelmente na próxima reunião, em setembro. Caso isso não ocorra agora, um indicativo poderia ocorrer no Simpósio de Jackson Hole, que reúne líderes dos Bancos Centrais de todo o mundo e que será realizado em agosto. Durante o evento, o Federal Reserve Bank de Kansas City recebe ainda economistas e formuladores de políticas em Jackson Hole, Wyoming.
Uma postura possivelmente mais equilibrada do Fed sobre os riscos para o mercado de trabalho e para a economia como um todo também serão monitorados de perto pelos analistas. Inflação com melhor comportamento, alta no desemprego e esfriamento nos gastos do consumidor seriam indicadores que corroboram com esta visão.
O Morgan Stanley (NYSE:MS) acredita que a comunicação pode abrir as portas para um corte nas taxas de juros em setembro, mencionando progressos no esfriamento da inflação, após entrevistas de membros do Fed que reforçaram que o Banco Central americano precisava de mais confiança de que o indicador estaria em direção à meta de 2% de forma sustentável. “Avanços na inflação dão margem para o Fed considerar cortes nas taxas de juros. Espera-se que o presidente Powell sublinhe a crescente confiança nessa direção”, aponta o Morgan em nota.
O ING entende da mesma forma e avalia que os últimos dados devem trazer mais confiança à autoridade monetária americana para que o ciclo de cortes inicie. As atenções devem ser voltadas a um “pouso suave” da economia, quando a desinflação ocorre sem que haja grandes prejuízos à atividade.
“A reunião do FOMC da próxima semana deve estabelecer as bases para um corte de taxa em setembro, à medida que a política começa a mudar de território restritivo para algo mais neutro”, destacaram em nota analistas do ING.
“Com dados econômicos favoráveis dando às autoridades maior confiança de que a inflação dos EUA está se movendo firmemente no caminho certo, achamos que a reunião do FOMC de quarta-feira deve oferecer uma indicação mais clara de que o próximo movimento do Federal Reserve será um corte na taxa de juros”, completou o ING.
O ING afirma que o crescimento deve se tornar a maior preocupação do Fed, que não quer causar uma recessão com uma política que pode ser demasiadamente restritiva. Por isso, o ING acredita que indicativos sobre mudanças nas projeções de atividade e inflação podem ocorrer em Jackson Hole, e as de desemprego na reunião de setembro.
“Acreditamos que isso abrirá caminho para três cortes nas taxas neste ano, em setembro, novembro e dezembro, e pelo menos mais três no ano que vem”, completa o ING.
O Bank of America (NYSE:BAC) enxerga um Fed demonstrando progresso no combate à inflação, mas sem sinalizações de um corte para setembro. “Esperamos que o Fed mantenha sua taxa de juros inalterada em julho, enquanto sinaliza que o progresso na redução da inflação foi retomado. O Fed está otimista de que os cortes são prováveis no curto prazo, mas não achamos que ele esteja disposto a sinalizar que setembro é um acordo fechado. Poderia acontecer, mas dependeria dos dados”.
De acordo com o BofA, os mercados estariam novamente otimistas em excesso a respeito do próximo corte – algo que o banco entende que deve ocorrer somente em dezembro, ainda que um corte em setembro tenha se tornado um pouco mais provável.
Investing.com