Nas eleições municipais de Goiânia em 2024, os partidos políticos enfrentam um cenário desafiador marcado pela queda expressiva no número de filiados. Dados comparativos revelam um declínio contínuo nas adesões, o que pode influenciar diretamente o desempenho das campanhas e a capacidade de mobilização dos candidatos.
Atualmente, Goiânia conta com 91.528 filiados a partidos políticos. O MDB lidera com 22.167 filiados, seguido pelo PT (12.119) e PSDB (11.039). Partidos como PL, PP e União Brasil apresentam números menores, refletindo a diversificação do cenário eleitoral. O perfil dos filiados aponta uma predominância de pessoas entre 45 e 59 anos, com uma distribuição equilibrada entre homens e mulheres (51% e 49%, respectivamente).
Em comparação com 2020, quando havia 97.768 filiados, os dados de 2024 representam uma queda significativa. Em 2016, eram 97.456, e em 2012, 92.423. O aumento entre 2012 e 2016 está associado às mobilizações sociais da época, que impulsionaram o engajamento político. Contudo, desde então, os partidos têm enfrentado dificuldades para renovar suas bases.
Comparação de filiados nas últimas eleições (Goiânia):
2024: 91.528 filiados
2020: 97.768 filiados
2016: 97.456 filiados
2012: 92.423 filiados
A redução de 6.240 filiados em quatro anos acende um alerta para as siglas, que lutam para se manter competitivas no cenário político da capital. A pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre crise de filiação partidária revela que, embora o número de filiados não tenha caído drasticamente, há pouca renovação nas siglas. Essa falta de renovação é um desafio, já que partidos sem novas ideias e lideranças perdem força eleitoral a longo prazo.
Além disso, a pesquisa destaca o papel crucial dos filiados nas campanhas eleitorais. Eles são responsáveis pela mobilização, divulgação das propostas e organização de eventos. Com menos filiados, os partidos têm menos recursos humanos para essas atividades, o que reduz o impacto das campanhas.
Outro aspecto importante é o financiamento das campanhas. Os filiados contribuem com doações e apoio financeiro, e a diminuição no número de filiações afeta essa fonte de receita, forçando os partidos a buscarem alternativas para arrecadação.
Comparativo de Filiados ao Longo dos Anos (Goiânia):
Comparação com eleições anteriores
Esse fenômeno não é novo. Em 2016, o número de filiados em Goiânia também estava praticamente estável em relação a 2020, com 97.456 pessoas vinculadas a partidos. Naquela época, houve um leve crescimento em relação a 2012, quando a cidade tinha 92.423 filiados. O aumento entre 2012 e 2016 pode ser atribuído ao período de manifestações populares que tomaram o Brasil, começando com os protestos contra o aumento das passagens de transporte público e ampliando-se para outras questões sociais e políticas.
Esse momento de ativismo trouxe mais pessoas para os partidos, que viam a política como uma forma de transformar a realidade social. Entretanto, após o auge dos protestos, o ritmo de filiações desacelerou, e os partidos enfrentaram dificuldades para manter esse movimento de renovação constante. Desde então, a estagnação tomou conta, e o número de filiados começou a cair, chegando ao patamar atual.
Desafios de renovação
Dados do Centro de Estudos de Opinião Pública (CESOP) – Unicamp indicam que a dificuldade de renovação partidária pode ser explicada por diversos fatores. A crise de confiança na política, exacerbada por escândalos de corrupção, pode ter afastado novos filiados. Além disso, a própria estrutura dos partidos, muitas vezes hierárquica e pouco aberta à participação ativa dos novos membros, também pode ser um obstáculo.
O CESOP realiza pesquisas de opinião para entender melhor o comportamento dos eleitores e a importância da filiação partidária nas suas decisões de voto. Eles investigam como o perfil dos filiados pode influenciar as campanhas, especialmente em termos de segmentação do eleitorado.
Segundo análise do CESOP, a falta de renovação dos quadros também afeta diretamente as candidaturas. Com um número menor de filiados, os partidos têm menos opções para escolher candidatos, o que pode prejudicar suas chances nas urnas. A presença de um “exército” de filiados engajados é importante, não apenas para as campanhas, mas também para a construção de um projeto político a longo prazo.
Impacto
Os filiados dos partidos desempenham um papel crucial durante a campanha eleitoral. Eles são a base de sustentação das candidaturas, atuando como multiplicadores das propostas e ideais dos candidatos. Com o cenário de filiação em declínio, como visto nas estatísticas de Goiânia, os partidos enfrentam o desafio de mobilizar um número reduzido de militantes para ações de campanha, o que pode impactar diretamente o alcance e a eficácia das suas estratégias eleitorais.
Além disso, os filiados são frequentemente responsáveis por atividades como distribuição de material de campanha, organização de eventos, e até mesmo participação em comícios. Eles representam uma conexão direta entre os candidatos e o eleitorado, sendo muitas vezes os responsáveis por levar as mensagens dos partidos para as ruas. A ausência de renovação nesse grupo pode limitar o impacto das campanhas, especialmente em tempos de concorrência acirrada e maior fragmentação política.
Outro ponto importante é que os filiados também desempenham um papel significativo no financiamento das campanhas. Muitos partidos contam com doações e apoio financeiro de seus membros para garantir recursos suficientes para impulsionar suas campanhas. Com a queda no número de filiados, essa fonte de financiamento pode ser afetada, obrigando os partidos a buscar outras formas de arrecadação, o que nem sempre é uma tarefa fácil.
Portanto, a diminuição na quantidade de filiados não apenas enfraquece a mobilização de base, mas também compromete o suporte financeiro e logístico das campanhas, forçando os partidos a repensarem suas estratégias para manterem a competitividade nas eleições.
A Redação