Mesmo sem o envio da mensagem formal com a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), articula sua sabatina e a votação do nome ainda em dezembro.
O plano de Alcolumbre, relatado à CNN por seus interlocutores, contraria a expectativa do governo de deixar a votação somente para 2026 — dando tempo a Messias de investir em conversas com senadores. Nesta segunda-feira (24), Alcolumbre divulgou nota divulgada afirmando que a sabatina do atual advogado-geral da União ao STF ocorrerá no “momento oportuno”, sem delimitar um prazo.
O governo esperava mais tempo para trabalhar o nome de Messias e minimizar o risco de rejeição.
Alcolumbre, porém, tem atuado nos bastidores para derrotar o AGU de Lula, em um corpo a corpo com senadores de centro e da oposição. Até mesmo entre governistas, o nome de Messias encontra resistências.
Pelos cálculos da cúpula do Congresso, atualmente, Messias teria apenas 25 dos 41 votos necessários para aprovação.
Além da campanha aberta contra a indicação, o presidente do Senado tem ameaçado expor essa divergência ao discursar, no dia da votação em plenário, contra Messias.
Para ele, o posicionamento seria um desagravo ao Senado, que fez campanha para viabilizar o ex-presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga.
A CNN apurou que o AGU havia pedido a interlocutores que viabilizassem um contato com o presidente do Congresso, nos últimos dias, mas o encontro foi rejeitado por Alcolumbre, que ainda reclama de ter sido informado pela imprensa sobre a escolha de Lula.
O presidente do Congresso reclamou a senadores que Messias telefonou ao presidente do Supremo, Edson Fachin, mas não o procurou.
O nome de Messias precisa passar pela sabatina da Comissão de Constituição e Justiça. À CNN, o senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que marcará a data após deliberação de Alcolumbre, mas sinaliza que vai acordar o momento com o indicado por Lula.
“Não tem prazo estipulado. Isso depende muito, inclusive, do candidato que vai aos gabinetes pedir votos, fazer o beija-mão. Eu sempre consulto: “você [candidato] está pronto? Já conversou?” Para não ter problema.”, disse.
CPMI
Outro elemento de pressão sobre Messias é a decisão da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), de pautar, na sessão de quinta-feira (27), o pedido de convocação do AGU para esclarecer suspeitas de uma suposta blindagem, em 2024, de pedidos de bloqueios judiciais do Sindnapi-FS (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical).
CNN
