Na reta final da disputa pela Prefeitura de Goiânia, os principais candidatos intensificam suas estratégias para conquistar os votos dos indecisos e combater a crescente apatia eleitoral. Com a possibilidade de um segundo turno, os quatro candidatos com maiores chances, segundo pesquisas de intenções de voto — Sandro Mabel (União Brasil), Adriana Accorsi (PT), Vanderlan Cardoso (PSD) e Fred Rodrigues (PL) — intensificam suas campanhas com promessas mais detalhadas e forte presença tanto nas redes sociais quanto nas ruas.
O foco principal é atrair a atenção dos eleitores que ainda não definiram seus votos, além de motivar os apáticos a comparecer às urnas. Especialistas avaliam o impacto dessas estratégias e os desafios enfrentados pelos candidatos nesse cenário de incerteza, destacando o papel decisivo das redes sociais e a busca por uma conexão mais direta com o eleitor.
A importância de conquistar o voto indeciso
Com quatro dos oito candidatos na disputa tendo reais chances de chegar ao segundo turno, o foco em conquistar o voto indeciso é crucial. O cenário é de uma eleição fragmentada, e esse grupo pode ser decisivo para determinar quais dois candidatos avançarão para a segunda fase.
A professora de Ciências Políticas, Mariana Gomes, ressalta que o perfil dos indecisos em Goiânia é diverso. “Há eleitores que ainda estão avaliando as propostas e há aqueles que se sentem desiludidos com a política, mas que podem ser convencidos a votar caso vejam algo que dialogue diretamente com suas necessidades diárias”, destaca.
Diversos eleitores ainda estão indecisos e aguardam o último momento para definir o voto, com a intensificação de debates, entrevistas dos candidatos e finalização dos programas eleitorais no rádio e na TV. Rodrigo Almeida, professor de Direito Eleitoral, destaca que o voto indeciso pode ser determinante para o futuro político da cidade. “O eleitor indeciso é muitas vezes aquele que busca um posicionamento mais firme ou espera propostas mais detalhadas. É um eleitor exigente, mas que precisa de estímulos para não cair no voto nulo ou na abstenção”, explica.
Por que eleitores ainda não decidiram seu voto?
Carla Oliveira, 34 anos, professora que mora no Setor Bueno, explica que ainda não decidiu em quem votar por falta de tempo para acompanhar as campanhas com profundidade. Entre as demandas do trabalho e da casa, ela admite que só consegue se inteirar superficialmente das propostas apresentadas pelos candidatos. “Eu sempre deixo para a última semana, quando consigo focar mais nas propostas. Antes disso, é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo”, comenta. Ela destaca que questões relacionadas à educação serão determinantes para sua escolha final.
Já João Pereira, 56 anos, comerciante do Centro, afirma que nenhum candidato conseguiu convencê-lo plenamente até agora. Embora acompanhe as campanhas, ele sente que falta clareza sobre como os políticos irão enfrentar a crise econômica que afeta o comércio local. “Todo mundo promete, mas preciso ver quem realmente tem condições de entregar resultados. Vou decidir na última semana, quando as propostas ficam mais detalhadas e objetivas”, revela.
Marta Silva, 28 anos, moradora do Jardim Curitiba e funcionária de uma empresa de telemarketing, ressalta que a desconfiança em relação às promessas dos candidatos é o que a faz adiar a decisão. “Escuto muitas promessas que parecem repetidas de eleições anteriores. Quero ver quem vai falar algo diferente e realista nos últimos debates”, afirma. Para Marta, o transporte público será um dos pontos centrais em sua decisão.
Roberto Nunes, 45 anos, técnico em eletrônica e residente no Setor Campinas, conta que a indecisão vem do receio de que os candidatos não cumpram o que estão prometendo. “Já vi muita promessa que não saiu do papel. Vou esperar até o fim para ver quem parece mais confiável, principalmente em relação às propostas para segurança pública, que é o que mais me preocupa”, destaca Roberto, que também está atento às entrevistas finais e ao comportamento dos candidatos.
Luciana Costa, 39 anos, que trabalha como vendedora em um shopping na Região Sul e mora no Setor Garavelo, relata que as redes sociais desempenham um papel importante em sua escolha. Ela ainda está observando como os candidatos se comportam online e espera até a última semana para ver como irão se posicionar sobre questões sociais, como a saúde pública. “Eu sigo os perfis dos candidatos, mas também vejo o que falam deles nos grupos de WhatsApp. Quero saber quem realmente tem propostas sólidas, mas prefiro decidir na reta final, quando eles estão mais pressionados e revelam mais detalhes”, explica.
Por fim, Daniel Alves, 24 anos, estudante de Direito e morador do Setor Universitário, diz que ainda não decidiu o voto por conta da quantidade de informações contraditórias que circulam, tanto nas campanhas quanto nas redes sociais. “É muita fake news, muita polarização. Prefiro esperar para ver quem vai sustentar um discurso mais coerente até o final. Só assim poderei tomar uma decisão mais consciente”, argumenta. Para ele, debates e entrevistas nas últimas semanas são essenciais para definir o voto.
Histórico de abstenção preocupa campanhas
Em 21 de setembro, o jornal A Redação, destacou que a apatia e a abstenção nas últimas eleições em Goiânia são preocupações recorrentes nas campanhas. De acordo com levantamento da reportagem, com base nos dados da Justiça Eleitoral, o índice de abstenção tem crescido de forma significativa ao longo dos anos:
Para Almeida, esse aumento é um reflexo da desilusão com a política e o sistema eleitoral, algo que preocupa os candidatos, principalmente em um cenário em que a disputa tende a ser decidida por uma pequena margem de votos.
Rodrigo Almeida explica que a abstenção e o voto nulo ou branco têm crescido, em parte, devido à desconfiança generalizada nas instituições políticas. “Há uma clara desilusão com a política. Muitos eleitores, especialmente os indecisos, correm o risco de migrar para o voto em branco, nulo ou até mesmo optar pela abstenção. Isso é particularmente preocupante, pois pode deslegitimar ainda mais o processo eleitoral e afastar uma parcela significativa da população das decisões políticas”, pontua Almeida.
Os esforços para engajar eleitores nas ruas e nas redes
Os coordenadores das campanhas têm intensificado os trabalhos nas ruas e nas redes sociais para garantir a participação dos indecisos. Sandro Mabel (União Brasil), por exemplo, tem apostado em visitas presenciais em bairros estratégicos, reforçando suas propostas sobre urbanização e revitalização econômica. Ele também aposta em cortes de vídeos dessas visitas, além de entrevistas, que são distribuídos em redes sociais e grupos de WhatsApp, buscando engajar o eleitor que ainda não definiu seu voto.
Da mesma forma, Fred Rodrigues (PL) utiliza as redes sociais de forma intensiva, fazendo cortes de momentos-chave de sua campanha, como a recente visita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na última semana, e divulgando esses conteúdos em plataformas como Instagram, Facebook, e, principalmente, grupos de WhatsApp. “Estamos com uma campanha muito ativa nas redes, com vídeos diários respondendo às perguntas dos eleitores. Nosso objetivo é reduzir a distância entre o candidato e o eleitor, especialmente com os indecisos”, revela um dos coordenadores.
As candidaturas têm aproveitado esses canais para comunicar diretamente com o público, cortando vídeos curtos e diretos sobre temas de interesse popular, como segurança pública e transporte. Essa estratégia visa alcançar especialmente os jovens e os eleitores mais conectados digitalmente, onde o índice de indecisão tende a ser maior.
O impacto das pesquisas e a definição do voto útil
As últimas pesquisas eleitorais indicam que o voto dos indecisos pode ser decisivo para definir os rumos da disputa em Goiânia, já que muitos eleitores ainda não definiram seu candidato a poucos dias do pleito. De acordo com levantamentos recentes, o percentual de indecisos varia entre 15% e 20%, dependendo da metodologia aplicada, o que pode definir não só quem irá para o segundo turno, mas também o voto útil entre os principais candidatos.
Rodrigo Almeida explica que, em eleições acirradas como a de Goiânia, o voto útil costuma ser direcionado ao candidato com maiores chances de vencer o pleito. “O indeciso muitas vezes opta por um candidato que considera com mais chances de avançar ou de derrotar seu principal opositor. Isso cria um movimento de definição nas últimas horas da campanha, especialmente nas regiões onde o eleitorado é mais crítico”, avalia Almeida.
A Redação
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