O Departamento de Educação dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira,14, o congelamento de US$ 2,2 bilhões (R$ 12,8 bilhões) em verbas para Harvard após a universidade, uma das mais prestigiadas do mundo, se recusar a acatar exigências do governo Donald Trump.
O governo exigiu, em carta enviada na sexta-feira, 11, que Harvard reduzisse o poder de alunos e professores sobre assuntos da universidade; denunciasse imediatamente estudantes estrangeiros que cometessem violações de conduta; e contratasse uma equipe externa para garantir que cada departamento acadêmico tenha “diversidade de pontos de vista”, entre outras medidas.
A universidade respondeu nesta segunda-feira dizendo que “nenhum governo, independentemente do partido no poder, deve ditar o que as universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir e contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir”.
Nessa sequência, o Departamento de Educação anunciou o congelamento de US$ 2,2 bilhões (R$ 12,8 bilhões) em subsídios, além de contratos plurianuais no valor de 60 milhões de dólares (R$ 350,5 milhões). “A interrupção do aprendizado que afetou os campi nos últimos anos é inaceitável. O assédio a estudantes judeus é intolerável”, afirma a nota.
Harvard, assim como outras instituições de ensino nos Estados Unidos, foi palco de protestos estudantis contra a guerra de Israel em Gaza. Ao anunciar, no mês passado, que considerava reter US$ 9 bilhões (R$52,7 bilhões) em subsídios, o governo sugeriu que a universidade não havia feito o suficiente para conter o antissemitismo no campus, sem deixar claro o que deveria ser feito.
Enquanto o governo pressionava a universidade para atender suas demandas, alunos e professores cobravam que Harvard reagisse com mais firmeza contra interferência no ensino superior. Na carta em que se recusava a cumprir as exigências, o reitor Alan Garber declarou que a instituição “não abrirá mão de sua independência nem dos direitos que lhe são garantidos pela Constituição”.
“A declaração de Harvard de hoje reforça a mentalidade preocupante que é endêmica nas universidades e faculdades mais prestigiadas de nossa nação: de que o investimento federal não vem acompanhado da responsabilidade de defender as leis dos direitos civis”, respondeu a Casa Branca.
A universidade, que já havia se manifestado contra a exigência do governo para que “auditasse” as opiniões de estudantes e professores, argumenta que as demandas do governo Donald Trump “contradizem a Primeira Emenda”, referindo-se ao dispositivo da Constituição americana que garante a liberdade de expressão.
Por razões semelhantes, o governo já cortou US$ 400 milhões (R$ 2,33 bilhões) em contribuições para a Universidade de Columbia, em Nova York, que, ao contrário de Harvard, se comprometeu a realizar reformas drásticas para tentar recuperar os recursos.
Os subsídios federais representam 11% das receitas de Harvard, que tem um orçamento anual de US$ 6,4 bilhões de dólares (R$ 37,4 bilhões), segundo dados divulgados pela universidade./COM AFP E NY TIMES