Familiares do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA) são os alvos de busca e apreensão na quinta fase da operação Overclean nesta quinta-feira (17), por suspeita de desvio de emendas.
Entre eles, estão Elmo Nascimento, irmão do deputado, e Francisco Nascimento, ex-vereador de Campo Formoso e primo de Elmar.
Ao todo, estão sendo cumpridos 18 mandados de busca e apreensão. O próprio deputado, entretanto, não conta na lista dos alvos desta fase da operação.
Francisco Nascimento é o mesmo que, segundo a PF, jogou dinheiro pela janela durante uma operação no ano passado. Seria uma tentativa de se livrar de provas. Agora, ele é alvo novamente por suspeita de intermediar contratos fraudulentos com a prefeitura local.
Outros alvos
O empresário Alex Parente também é alvo da operação. Ele foi preso na primeira fase e é alvo de bloqueio de bens. Ele é investigado nessa fase porque as empresas dele ganharam contratos em Campo Formoso.
Marcos Moura, conhecido como Rei do Lixo, também é alvo de bloqueio de bens. A PF não viu necessidade de pedir buscas contra ele novamente.
O ex-presidente da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – Codevasf) também é alvo de buscas. Havia afastamento do cargo contra ele, mas o investigado foi exonerado antes.
A CNN tenta contato com os citados, mas ainda não teve retorno.
A comitiva liderada pelo governador Ronaldo Caiado, em missão comercial no Japão, tem consolidado a posição do estado de Goiás como polo atrativo para empresas estrangeiras de diversos segmentos. Ao longo de três dias, o governo recebeu a sinalização de investimentos privados de R$ 2,7 bilhões, com projeção de aportes ainda maiores nos próximos anos.
“Esta proximidade entre o Japão e o Brasil chega hoje aos 130 anos de uma aliança consolidada, baseada em princípios de liberdade e democracia, que somos parceiros e simpáticos àquilo que é o avanço com o Japão”, afirmou Caiado. E acrescentou que o país é considerado um parceiro estratégico e que, por isso, Goiás está “de portas abertas” para fortalecer as relações bilaterais.
Logo na segunda-feira (15/07), o governador acompanhou a assinatura de um contrato que viabiliza a exportação de veículos produzidos na fábrica da HPE, subsidiária da Mitsubishi Motors localizada em Catalão, para países da América Latina.
Até então, a unidade só podia fabricar carros para o mercado brasileiro. Recentemente, a montadora havia anunciado um aporte de R$ 4 bilhões até 2032 para ampliar a atividade no estado.
O governo também conheceu a tecnologia utilizada pela startup japonesa Tsubame para a geração de amônia verde, matéria-prima para a produção de fertilizantes agrícolas. Segundo a empresa, será destinado um total de R$ 200 milhões para a implantação de uma fábrica em Mineiros, dentro de uma planta do grupo Atvos. A expectativa é de que a construção comece em 2026, com início da operação em 2027.
Fábrica da Mitsubishi em Catalão poderá exportar para América do Sul (Foto: Júnior Gumarães)
Terras raras
Além de garantir investimentos privados, o governador apresentou ao governo japonês as potencialidades de Goiás para a exploração de elementos de terras raras (ETRs). Isso porque o território goiano possui jazidas promissoras nas regiões Nordeste (Nova Roma, Monte Alegre, Cavalcante) e Oeste (Iporá). Além disso, já está em atividade uma grande mineradora em Minaçu, com foco exclusivo nesse tipo de produto.
Os ETRs são utilizados em veículos elétricos, baterias, equipamentos militares e data centers (estruturas físicas de processamento de dados), por exemplo.
O ministro da Economia, Comércio e Indústria do Japão, Ogushi Masaki, explicou que o país compra o produto majoritariamente da China e deseja diversificar a importação. Ele confirmou que há empresas interessadas em se instalar em Goiás e que uma comitiva virá ao estado na segunda quinzena de agosto.
Outras agendas no Japão
Uma reunião com lideranças do Banco Japonês para Cooperação Internacional (JBIC) tratou do início da operação da instituição em Goiás. O JBIC, que pertence ao governo japonês e atua no financiamento de projetos internacionais, tem relacionamento no Brasil desde 1958, mas nunca chegou ao território goiano. No encontro, houve uma manifestação de apoio aos projetos localizados no estado.
Caiado teve audiência ainda com a ministra dos Negócios Estrangeiros do Japão, Arfiya Eri, para dialogar sobre a abertura do mercado japonês à carne bovina goiana.
Ele destacou que o estado foi reconhecido, neste ano, como livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Em junho, o Brasil bateu um recorde no abate de carne bovina, com mais de 1 milhão de animais, e o estado ficou na 3ª posição no ranking nacional.
Etanol
Enquanto cumpria agendas no país asiático, o governador Ronaldo Caiado recebeu a confirmação positiva de uma negociação que estava em curso no Brasil, com a biorrefinaria Inpasa. Com apoio da Prefeitura de Rio Verde e do Estado, a maior fabricante de etanol de milho do Brasil vai instalar sua primeira unidade goiana nesse município.
O aporte será de R$ 2,5 bilhões para a construção de uma usina, com expectativa de geração de cerca de 3 mil empregos.
Dulcineia Luz, 47, saiu de Rondonópolis, Mato Grosso, e passou dois dias viajando de ônibus rumo a Ubá, em Minas Gerais, uma cidade que nunca havia visitado — e da qual, até poucas semanas antes, nunca sequer havia ouvido falar.
Foram vídeos no TikTok que a apresentaram, por acaso, à cidade de cerca de 100 mil habitantes que, nas redes sociais, se vende como a “capital das plásticas”.
“Minha irmã já tinha feito cirurgia e ficou maravilhosa. Eu não pensava em fazer também, mas quando vi no TikTok… Olhei para minha barriga caída e pensei: ‘Tô precisando’. Aí eu vim realizar esse sonho.”
O principal atrativo que faz com que vídeos de mulheres recém-operadas dançando, ainda com suas cintas e drenos pós-cirúrgicos, somem milhões de visualizações e atraiam pessoas como Dulcineia, é o preço acessível.
João da Mata/BBC News Brasil -Dulcineia Luz fotografada durante sua estadia na Casa das Irmãs Condé, local que oferece cuidados pós-operatórios para mulheres que vêm de outras cidades para realizar cirurgias em Ubá
Em Ubá, é possível encontrar, por exemplo, a famosa cirurgia “x-tudo” (que consiste em elevação dos seios, remoção de gordura das costas com retirada do excesso de pele e gordura da barriga e possível aumento dos glúteos) por um total de R$ 18 mil — um valor que, em muitas capitais brasileiras, corresponde apenas ao custo de internação em hospitais de alto padrão.
Também há ofertas de mastoplastia (cirurgia nas mamas) por menos de R$ 11 mil, incluindo custos de hospital e anestesista, e abdominoplastia (cirurgia no abdômen), por menos de R$ 9 mil — um preço mais de 50% abaixo da média em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
A depender do profissional escolhido, a única opção é pagar em dinheiro vivo.
Diariamente, mulheres de diferentes partes do Brasil — e até algumas brasileiras morando no exterior — chegam a Ubá atraídas pela chance de renovar a autoestima por um preço acessível.
Mas, para algumas pacientes, o que era um sonho se transformou em pesadelo, com resultados muito diferentes de suas expectativas, infecções e falta de assistência médica.
Hoje, pelo menos seis cirurgiões plásticos realizam procedimentos diariamente em Ubá. Dois deles — Maurino Grossi e Júlio Cesar Ferreira, considerados pioneiros da especialidade na cidade — acumulam, cada um, mais de 30 processos na Justiça.
Ao investigar o histórico de Júlio Cesar, a reportagem encontrou cerca de 40 ações contra ele. As acusações se concentram principalmente em supostos erros médicos, especialmente em mamoplastias. Dos 16 processos que já tiveram sentença, ele foi condenado em 7. Em outros 4 casos, o processo foi extinto — por acordo ou desistência do paciente — e 5 foram julgados improcedentes.
Já contra Maurino Grossi, a BBC News Brasil localizou cerca de 40 processos. Dos 28 já sentenciados, ele foi condenado em 5. Outros 2 foram considerados improcedentes. Nos 21 restantes, o processo foi extinto, seja por desistência dos pacientes ou por acordo entre as partes.
A BBC News Brasil procurou ambos e foi recebida por Maurino Grossi em seu consultório, em dezembro de 2024, como descreveremos ao decorrer do texto.
Júlio Cesar Ferreira não aceitou dar entrevista, mas foi contatado por mensagem com questionamentos sobre os casos relatados aqui e enviou uma nota por meio de seu advogado, descrita ao longo deste texto.
João da Mata/BBC News Brasil – O cirurgião Maurino Grossi com a paciente Claudineia Dias
‘Uma máfia que deu certo’
Pelas ruas de Ubá, nada indica que a cidade, mais famosa pela venda de móveis de madeira, esteja tão economicamente aquecida pela cirurgia plástica. Mas as redes sociais fizeram com que o engajamento nas redes se convertesse, de fato, em negócios.
A fama criada online impulsionou uma rede de novos trabalhos: motoristas especializados no transporte de pacientes, lojas de material hospitalar, casas de cuidado e até uma modalidade financeira voltada especialmente para quem deseja operar.
Lucilene Queiroz é a responsável pela Pag Crédito Ubá, que tem atraído clientes com um financiamento programado, pensado especificamente para cirurgias estéticas.
Ela recebeu a reportagem em um coworking e contou como as redes sociais têm feito com que ela receba mais de 80 mensagens de interessadas por dia e quais são as opções das clientes.
“Funciona basicamente como um consórcio: a cliente escolhe o plano, começa a pagar as parcelas e já sabe quando vai operar — sem lance e sem sorteio”, explica Lucilene.
João da Mata/BBC News Brasil – Lucilene Queiroz, responsável pela Pag Crédito Ubá
Segundo ela, é possível aderir ao programa mesmo com o nome negativado, com valores que variam entre R$ 5 mil e R$ 100 mil e parcelamento fixo que pode chegar a até 120 vezes.
“Muitas vêm só pela curiosidade, mas ainda assim o movimento é grande. Nos meses de férias, temos uma média de 40 mulheres operando por mês só pelo plano, fora as que vêm com recurso próprio.”
Lucilene relata que esse movimento começou há cerca de um ano e meio, quando as casas de cuidados pós-operatório e fisioterapeutas que oferecem esse serviço começaram a viralizar no Instagram e, principalmente, no TikTok, com posts sobre o quão baratas são as cirurgias na cidade.
“Não foram nem os médicos que apareceram primeiro — foram elas que puxaram todo mundo junto, e aí virou esse boom que até hoje impressiona.”
“Eu brinco que é uma máfia que deu certo, uma máfia ‘do bem’. A gente já consegue girar tudo em torno da cidade — do médico a essas casas que recebem as mulheres no pós-operatório, que é tão importante quanto a cirurgia em si.”
A Casa das Irmãs Condé
No Whatsapp, dezenas de grupos com os nomes dos cirurgiões — mas, usualmente, sem a presença deles — compartilham fotos de “antes e depois”, expectativas, indicações de serviços (como as casas de cuidados) e orçamentos.
Há também dicas de como levar o dinheiro vivo — no caso de médicos que não aceitam pix ou cartão.
Algumas mulheres colocam as notas em fraldas, pochetes, ou avisam o banco antecipadamente para conseguir sacar as quantias altas depois de chegar à cidade.
Grupos das casas de cuidados também são usados para divulgar seus serviços, e alguns compartilham arquivos em PDF com informações detalhadas sobre médicos.
“A gente não indica médico, tá? Hoje temos vários aqui em Ubá. O que eu faço é orientar: temos um grupo no WhatsApp onde as meninas postam fotos de antes e depois, comentam sobre as cirurgias, e cada uma escolhe com base nessas trocas. Sempre falo que é uma decisão muito pessoal. Para ajudar, até montei um guia com o trabalho de todos os médicos — assim, cada uma pode olhar e dizer: ‘é com esse que eu quero operar’”, diz Ana Paula Condé, uma das donas da casa de cuidados conhecida como Casa das Irmãs Condé.
Ela, enfermeira, e sua irmã gêmea, Juliana, que é fisioterapeuta, recebem mulheres de diferentes lugares e, em alguns meses, têm uma fila de espera.
Há outros estabelecimentos na cidade que parecem também receber muitas pacientes, como a Casa de Cuidados Shekinah e o Spa de Cuidados Fernanda Varella. As responsáveis pelas casas disseram “não ter interesse” em conversar com a reportagem.
Quando questionadas sobre por que a cirurgia em Ubá é tão mais barata, as irmãs Condé dizem que, para quem é da cidade, o preço não é barato, mas simplesmente o valor que se cobra usualmente.
“Eu falo pra vocês, gente: fiz minha cirurgia há 13 anos, abdômen e mama, e paguei R$ 3.600. Pra gente, aqui em Ubá, isso é um preço normal. Normal! Aí as meninas comentam: ‘Na minha cidade custa R$ 100 mil!’ Gente, como assim? Cem mil por uma plástica? Pra gente, isso não existe. Não sei se é pela cidade, pela economia local… mas esse é o valor aqui em Ubá”, diz Juliana.
Ana Paula conta que a demanda já cruzou o país — e até o oceano.
“A gente recebe pessoas do mundo inteiro. Tem gente de Londres, da Guiana, do Suriname — vem bastante gente de lá, muitas vezes com pepitas de ouro. E do Brasil todo: Paraná, Mato Grosso, Bahia, Acre, Belém, Tocantins, Belo Horizonte… Mato Grosso, então, tem vindo demais. É o Brasil inteiro e um pouquinho do mundo.”
Apesar das origens diferentes, na “pousada”, a reportagem encontrou algo em comum entre as dezenas de mulheres que se recuperavam das cirurgias e aceitaram conversar sobre suas experiências: a visão da cirurgia plástica como um sonho e como resgate da autoestima.
João da Mata/BBC News Brasil -Casa das irmãs Condé recebe mulheres de diferentes lugares e, em alguns meses, tem fila de espera
A reconstrução da autoestima
Talita, 25, natural de Niterói, no Rio de Janeiro, acompanhava o trabalho de uma cirurgiã que atua em Ubá há 4 anos, até que conseguiu ter dinheiro para realizar diferentes procedimentos de uma vez: mamoplastia com aumento, abdominoplastia e lipo com enxerto de glúteo.
“Bastante coisa, né? Meu sonho mesmo era só o abdômen, mas já que eu vinha, falei: ‘vou recauchutar tudo e nunca mais entro em centro de cirurgia’. Agora é atividade física e manter uma vida mais saudável.”
O total saiu por cerca de R$ 34 mil.
Para ela, a vontade de mudar o corpo surgiu depois do nascimento de suas duas filhas.
“Depois das gestações, fiquei com uma diástase enorme, o que abalou muito minha autoestima. Claro que foi por um bom motivo — minhas filhas são tudo para mim. Mas queria voltar a me sentir confortável usando um biquíni”, diz.
Claudineia Dias tem 33 anos e foi de Rondônia até Minas Gerais para conseguir realizar a cirurgia, um sonho que cultivava há dois anos.
“Eu queria muito fazer, mas queria fazer na minha cidade, no meu Estado — só que lá era muito caro, e eu não tinha o dinheiro. Aí engravidei, tive meu bebê, esperei um tempo… agora ele tá com um ano e dois meses. Foi quando conheci a casa das irmãs Condé, com os médicos e tudo mais, e pensei: agora eu consigo.”
Para fazer uma abdominoplastia e mamoplastia com o cirurgião Maurino Grossi, ela viajou por mais de um dia, entre avião e ônibus.
“Foi cansativo, mas valeu a pena. Nossa, como valeu a pena! Meu Deus! Eu faria tudo de novo. Tem mulheres que dizem: ‘Ah, eu fiz cirurgia plástica, mas nunca mais faria’. Eu não. Eu faria novamente, passaria por todo o processo outra vez, sem pensar duas vezes.”
‘O barato sai caro’
João da Mata/BBC News Brasil – Gelva Consuelo acusou médico de ter feito lipoaspiração ‘ultra superficial’ em suas costas
Já Gelva Consuelo, 56, diz que a cirurgia com o mesmo médico, feita em 2016, não valeu a pena. Ela acusou Maurino Grossi de ter feito uma lipoaspiração “ultra superficial” em suas costas.
“Decidi operar em Ubá depois de ouvir muitas propagandas sobre os cirurgiões de lá, que eram maravilhosos, e porque o preço estava mais acessível do que aqui em Belo Horizonte, onde moro. Mas, infelizmente, não deu certo.”
O médico ofereceu outra cirurgia, reparadora, e Gelva aceitou — mas continuou insatisfeita após o procedimento, que ocorreu no ano seguinte, em 2017.
Os prontuários hospitalares dos procedimentos mostram que o primeiro durou 15 minutos, e o segundo, 25 minutos.
“Eu sou esteticista há 20 anos, trabalho muito com drenagem pós-cirúrgica e eu mesma já tinha feito uma lipo de costas antes, então eu sei reconhecer quando uma cirurgia não foi bem feita. Eu percebi que a cânula só passou pela camada superficial.”
Gelva decidiu levar o caso à Justiça, e chegou a um acordo com o médico. Ele devolveu o dinheiro que ela investiu na cirurgia.
À reportagem, ela mostrou fotos de seu antes e depois como um indicativo de que não houve mudança.
“Se eu não tivesse essas fotos e não soubesse do assunto, eu seria só mais um caso perdido, como milhares de mulheres que esperam que a cirurgia seja a solução para tudo. E sabe o que ele diz para elas? ‘Foi o melhor que eu pude fazer por você, porque você estava muito ruim’.”
A reportagem questionou Maurino Grossi, cirurgião plástico especialista pelo Hospital Barata Ribeiro, no Rio de Janeiro, sobre o caso de Gelva. Ele disse que não se lembra especificamente da paciente, e que é impossível que uma lipo de costas tenha durado apenas 15 minutos.
“Não, isso não existe. Olha, deixa eu te falar — eu não sei exatamente do que estão falando, mas é o seguinte: às vezes, a paciente volta para fazer algum retoque, corrigir uma irregularidade, entende? Por exemplo, se for uma correção de lipo e a queixa for pequena, aí o tempo de cirurgia pode variar. Mas uma lipo nas costas em 15 minutos? Isso não existe.”
Quando questionado sobre os mais de 30 processos em seu nome, Grossi respondeu:
“Eu tenho 20 anos de profissão, devo ter feito quase 10 mil cirurgias. Você acha essa estatística tão alta assim? Hoje em dia, é muito fácil para uma paciente dizer ‘meu médico errou’ e levar o caso para a Justiça. Mas quem decide isso não é o paciente, nem o advogado — é o perito. É ele, um médico indicado, que vai avaliar se houve ou não erro médico. Só ele.”
Nos processos, também é possível ver que Grossi optou por acordo, como fez com Gelva, com várias das pacientes.
“Hoje, não faço mais. Porque quanto mais a gente faz acordo, mais eles acham que a culpa é do médico, que é fácil tirar algum dinheiro. Já cheguei a receber muitas ameaças de paciente, sabe? Agora eu não faço mais. Se quiser levar pra Justiça, pode levar. Porque senão vira chantagem — casos que seriam simples de resolver viram uma tentativa de conseguir o dinheiro de volta à força.”
Além de Gelva, a reportagem conversou com mais mulheres que ficaram insatisfeitas com o resultado das cirurgias performadas por Grossi. A maioria delas não quis levar o caso à Justiça. Muitas relatam que acreditam que o médico realizava várias cirurgias no mesmo dia, com duração curta, mas não apresentaram evidências.
A isso, Grossi responde que hoje faz uma ou duas cirurgias no dia — e que, no passado, fazia, no máximo, quatro.
“Quanto mais cirurgias você faz, mais cansativo é — e maior a chance de complicações. Então, foi uma escolha que eu fiz. Já são 20 anos operando, e agora eu quero menos complicações. Quero viver uma vida mais tranquila.”
A reportagem também encontrou casos mais graves de complicações por cirurgias realizadas na cidade.
Rosimar Cordeiro Messias, 53, foi atraída pelos preços baixos de Ubá antes da fama chegar às redes sociais.
Em 2015, circulava por Crucilândia, sua cidade natal, a cerca de cinco horas de Ubá, a notícia de cirurgias plásticas acessíveis — e com resultados considerados excelentes.
“Quando eu fiz 40 anos, já tinha passado por três gestações, e minha barriga ficou bem grande. Era um sonho meu ter uma barriga bonita. Com o tempo, fui juntando dinheiro pra fazer essa cirurgia lá em Ubá, com o doutor Júlio Cesar. Era o meu sonho, porque eu ia pra praia em janeiro, e operei no dia 2 de novembro — achei que até lá já estaria tudo bem. Achei que a cirurgia ia ser maravilhosa, só que não foi. Era um sonho meu ficar com o corpão bonito, sabe? Mas nada deu certo. Fiz também a retirada do excesso dos seios, e também deu errado, ficou torto.”
João da Mata/BBC News Brasil – Rosimar Cordeiro, fotografada em sua casa, em Crucilândia (MG), a cerca de cinco horas de carro de Ubá
Rosi, como é conhecida, sabia de duas vizinhas que já tinham passado pelo procedimento e, animada com os relatos, decidiu embarcar na jornada com outras duas amigas.
“Uma dessas vizinhas teve um problema e ficou sem jeito de me contar. Era uma coisa simples, uma inflamação, mas ela ligava lá e ninguém dava atenção. Meses depois, quando ela viu o que aconteceu comigo… Teve um dia que ela me ligou chorando, dizendo que ficou com muito remorso por não ter me contado.”
O que aconteceu com Rosi começou também, aparentemente, como uma inflamação simples. Mas se tornou um quadro sério que a deixou de cama durante sete meses.
As duas cirurgias escolhidas por ela, mamoplastia (para tirar excesso dos seios) e abdominoplastia (para diminuir a gordura e excesso de flacidez na região), custaram um total de R$ 6.400.
“Eu achei muito barato, mas só não sabia que esse barato ia ficar muito, muito caro no final.”
“Depois da cirurgia, senti dor a noite inteira. Quando foi no outro dia, na hora de tirar o curativo, minha barriga já estava vermelha. A enfermeira me deu alta e disse como eu precisava limpar, se não teria uma infecção. Eu respondi: ‘Mas eu não tô bem, como é que eu vou embora? Vou viajar assim?’. E ela disse: ‘Ué, você quer morar aqui?’. Ela era sempre grosseira. Eu fiquei sem reação.”
Dias após a abdominoplastia, a região operada começou a se abrir. Em pouco tempo, a incisão se transformou numa ferida profunda, com secreção amarelada e sinais claros de infecção. Rosi relata que sentia dor extrema, não conseguia trabalhar ou se alimentar.
Por e-mail, uma de suas filhas enviava imagens e pedia orientações ao consultório do cirurgião. As respostas, assinadas por uma secretária do médico, mostram indicação de limpar o local com gaze e soro, e recomendação de remédios para dor.
Procurado pela BBC News Brasil, o advogado do médico Júlio Cesar Ferreira argumentou que pontos se abrem em razão de a paciente não obedecer ao repouso absoluto orientado no momento da alta ou se a paciente não toma os devidos cuidados após voltar para casa.
Ele disse ainda que, para que ocorra o acompanhamento pós-cirúrgico, é necessário que a paciente retorne ao consultório nas datas pré-agendadas, mas que algumas pacientes que não moram na cidade se recusam a retornar.
Rosimar diz que voltou quatro vezes para consultas pós-operatórias e afirma que seguiu os cuidados indicados pela equipe do médico no pós-operatório.
Ao pesquisar o histórico do doutor Júlio Cesar, a reportagem descobriu que ele é alvo de dezenas de processos na Justiça.
Neles, ele é acusado principalmente de erros médicos, em especial em mamoplastias. Muitos ainda estão em andamento, mas dos 16 processos em que a sentença já foi proferida, ele foi condenado em sete. Em outros quatro casos, o processo foi extinto ou porque houve um acordo, ou porque os pacientes desistiram. E cinco processos foram considerados improcedentes, ou seja, não houve condenação.
A BBC News Brasil também questionou o médico sobre esses processos.
Na mesma nota, o advogado disse que “alguns já tiveram proferida a sentença de improcedência”.
João da Mata/BBC News Brasil – Rosimar Cordeiro mostra sua cicatriz pós-cirúrgica
“Foi só piorando. A gente mandava foto pro doutor todo dia. Quando comecei a chorar de tanta dor, a Carla tentou de novo o contato com o consultório, mas eles só diziam que era normal.”
Rosi conta que chegou a voltar a Ubá duas vezes para ser avaliada pessoalmente pelo médico, encarando novamente viagens de 10 horas de carro, ida e volta. Em uma das visitas, relata ter sido atendida apenas pela enfermeira, que chegou a cortar uma parte da gordura que saía da ferida, sem que o cirurgião a visse.
Durante esse período, a recuperação foi marcada por dor intensa, secreção com mau cheiro e tentativas de aliviar o sofrimento com medicamentos fortes e chás caseiros. “Quando fui ao clínico geral, ele olhou e disse: ‘Você devia processar esse médico. Não tem condição. Ele deveria ter te internado’. Eu viajei daquele jeito, com dor, e ele ainda mandou eu ir embora. Eu não aguentava nem fazer o curativo. Quando colocavam a gaze, ela entrava no buraco e a dor era insuportável. Tiveram que usar compressa aberta. Se colocasse gaze, ela ficava lá dentro.”
Após meses de tratamento, Rosi conseguiu fechar a ferida com sessões de laser, que ajudam a regenerar a pele e a estimular a cicatrização. Ela conta que precisou gastar grande parte de suas economias para arcar com os custos do procedimento e dos cuidados posteriores.
Quando estava melhor, Rosi procurou o médico Júlio Cesar pessoalmente. “Eu disse que queria o meu dinheiro de volta para poder consertar essa cicatriz. Aí ele falou que ele mesmo poderia fazer isso, mas eu jamais confiaria nele de novo”, diz.
Na saída do consultório, desabafou com outras mulheres que aguardavam atendimento.
“O lugar estava sempre lotado. Eu estava nervosa e gritei: ‘Vocês vão ter coragem de fazer cirurgia com esse médico? Ele não dá atenção. Se passar mal, se não der certo, ele não tá nem aí.’”
Rosi chegou a considerar uma ação judicial. “Eu falei que ia processar. Ele me desafiou a tentar, dizendo que tinha mais de cinco advogados. Aí eu desisti, fiquei desanimada. Mas ainda penso em tanta gente que continua fazendo cirurgia com ele…”
Em nota, o advogado de Júlio Cesar Ferreira afirma que o médico jamais disse que Rosimar não poderia entrar na Justiça porque ele teria “uma variedade de advogados à sua disposição”.
A cicatriz profunda na barriga não foi a única marca deixada pela experiência. Cerca de um mês após a cirurgia, Rosi parou de se alimentar e precisou de atendimento médico. Ela relata que desenvolveu depressão em decorrência do trauma.
“Tinha um mês, mais ou menos, que eu realmente não comia. Fui ao posto de saúde e tive que ficar no soro. Achei que ia morrer, porque já não tinha força física ou mental nem pra sair da ambulância e entrar no posto. Estava muito fraca, sabe? Foi uma fase em que eu pensei que não ia dar conta. Não mesmo.”
A reportagem também conversou com mulheres que ficaram satisfeitas com o resultado de cirurgias feitas pelo doutor Júlio Cesar. Uma delas é Daniela Vieira, de 45 anos, que foi de Primavera do Leste, no Mato Grosso, até Ubá, para ser operada pelo médico.
“Eu fiquei muito feliz com o resultado, foi exatamente o que eu esperava. Não tive nenhum problema na cirurgia, graças a Deus. Em 2023, eu fiz abdominoplastia, redução de mama com prótese e lipoaspiração — tudo com o doutor Júlio, que foi o médico que eu escolhi pra mim. A experiência foi excelente, fiquei realmente muito satisfeita.”
O que considerar antes de optar por uma cirurgia plástica
Tanto Rosi como Gelva recomendam que, antes de decidir pela cirurgia em Ubá ou em qualquer outra cidade, a pessoa interessada faça muita pesquisa e não se deixe atrair tanto pelo preço.
“É um barato que pode sair caro”, diz Gelva.
O médico Marcelo Sampaio, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, indica que há fatores importantes a se considerar na hora de escolher um procedimento cirúrgico.
“O primeiro passo para uma cirurgia segura é buscar indicações confiáveis. Quem te indicou? Conhece alguém que já operou com esse médico? Como foi a experiência no pré e no pós-operatório? Depois, é importante confirmar se o profissional é habilitado para o procedimento. Dá pra checar no site do CRM ou da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.”
Na consulta, diz Sampaio, o médico precisa te explicar os resultados possíveis e também os riscos.
“Se ele só mostra o lado bom, desconfie. Por fim, veja onde ele opera. É um hospital autorizado, com estrutura adequada e registrado na Anvisa? Tudo isso faz diferença na sua segurança.”
Consultado pela BBC News Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) disse que não há nenhum processo administrativo em curso contra os dois médicos citados na reportagem.
O CFM alerta que, por vezes, valores atrativos podem ocorrer às custas da supressão de condições mínimas de segurança para o paciente e precariedade da estrutura dos estabelecimentos assistenciais onde os procedimentos são realizados. E diz que tais práticas colocam em risco a vida, a saúde e a segurança das pessoas.
O governo dos Estados Unidos (EUA) abriu uma investigação contra o Brasil por supostas práticas comerciais desleais. A apuração, anunciada pelo representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, inclui críticas ao sistema de pagamentos Pix e ao combate à pirataria em território brasileiro.
A medida é baseada na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, que permite a imposição de sanções comerciais em casos de restrições consideradas abusivas. O inquérito também menciona tarifas sobre o etanol dos EUA, regras sobre a transferência internacional de dados e acusa o Brasil de favorecer economicamente parceiros como Índia e México, em prejuízo das exportações americanas.
O relatório aponta ainda que a Rua 25 de Março, em São Paulo, continua sendo “um dos maiores mercados de produtos falsificados” , apesar das operações de fiscalização.
A inclusão do Pix como ponto central da investigação causou reação no mercado financeiro e no setor de criptoativos. “A declaração de Trump revela uma contradição difícil de ignorar: ao mesmo tempo em que se posiciona como pró-cripto e defensor da liberdade econômica, ele ataca justamente o Pix, ferramenta essencial para a democratização do acesso aos criptoativos no Brasil” , disse Sarah Uska, analista do Bitybank.
Ela destacou ainda que “o Pix se tornou a principal ponte entre o real e o universo cripto, sendo responsável por mais de 90% dos depósitos em corretoras nacionais. Atacar o Pix é, na prática, fragilizar a infraestrutura que viabilizou a entrada de milhões de brasileiros no mercado de ativos digitais”.
Tarifa de 50% acirra tensão entre os países
A nova investigação acontece dias após o presidente Donald Trump impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, acirrou a tensão entre os dois países.
Na semana passada, Trump afirmou que o Brasil estaria tratando “de forma injusta” o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “honesto” e “bom negociador”. Lula, por outro lado, respondeu que “o Brasil é um país soberano” e que “não aceitará ser tutelado”.
Situações como a compra de um imóvel, a encomenda de um produto ou o pagamento por um serviço ainda geram desconfiança entre as partes no Brasil. Quem paga antes teme não receber. Quem entrega antes teme não ser pago. Para resolver esse impasse que paralisa negócios, gera litígios e aumenta o Custo Brasil, os Cartórios de Notas de Goiás passam a oferecer a Conta Notarial — uma nova solução pública, segura e digital que permite o depósito do valor em custódia e sua liberação apenas após a verificação do cumprimento contratual por um tabelião.
Prevista no Marco Legal das Garantias (Lei Federal nº 14.711/23) com o objetivo de melhorar o ambiente de negócios no país e inspirada em experiências internacionais de escrow account, a Conta Notarial acaba de ser regulamentada pelo Provimento nº 197/2025 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e já pode ser contratada diretamente junto a qualquer Cartório de Notas habilitado (contanotarial.org.br).
“A Conta Notarial representa uma revolução na forma de realizar negócios no Brasil, surgindo como uma ferramenta capaz de destravar negócios jurídicos complexos, sem abrir mão da segurança jurídica,” afirma o presidente do CNB/GO, Lucas Fernandes. “Além disso, nos casos de negócios jurídicos de transmissão da propriedade que contenham cláusulas resolutivas, a Conta Notarial pode funcionar como um instrumento de segurança jurídica, apto a facilitar e destravar diversos negócios jurídicos por todo o país”, completa.
A Conta Notarial atende a uma ampla gama de transações; desde as mais simples, com cláusulas condicionantes claras e objetivas, até as mais sofisticadas, com alto grau de complexidade, reduzindo o risco de inadimplência e aumentando a confiança mútua entre as partes em transações diversas como compra e venda de imóveis, acordos extrajudiciais, partilhas de bens, prestações de serviço e contratos, eventos com cláusulas de êxito e negociações futuras como safras agrícolas, entre outras.
O serviço também pode ser utilizado em operações de compra e venda de veículos, oferecendo mais segurança para transações que, frequentemente, geram incertezas quanto à entrega e ao pagamento. Com a Conta Notarial, o valor fica resguardado até que todas as etapas do acordo sejam cumpridas, protegendo as partes envolvidas e promovendo maior previsibilidade nas negociações.
A operação é simples: o valor fica temporariamente custodiado em instituição financeira conveniada ao Colégio Notarial do Brasil – entidade que reúne os Cartórios de Notas do país – e o tabelião só autoriza a liberação após verificar que a cláusula prevista foi cumprida, o que reduz a insegurança, evita fraudes e agiliza a realização de negócios.
Reduzindo a judicialização, a Conta Notarial deve gerar efeitos macroeconômicos positivos. Com garantias documentais e financeiras mais robustas, empresas terão menos risco na ponta e mais acesso a crédito com juros menores, podendo até antecipar recebíveis, o que impacta diretamente no chamado “Custo Brasil”, tornando o ambiente de negócios mais competitivo.
Aumento da segurança
Para o presidente do CNB/GO, a expectativa é que a Conta Notarial se consolide rapidamente como uma ferramenta de uso recorrente em diversos tipos de transações, inclusive aquelas mais complexas e de alto valor. Com a expansão da plataforma e-Notariado e a crescente digitalização dos serviços jurídicos, estima-se que milhares de operações possam ser formalizadas por ano com o uso deste modelo, reduzindo o tempo de tramitação de negócios e aumentando a segurança contratual no país.
O novo serviço se integra ao e-Notariado, plataforma digital oficial dos Cartórios de Notas, que já oferece escrituras, procurações, testamentos, autenticações e autorizações eletrônicas com validade nacional. Com a Conta Notarial, os Cartórios dão mais um passo na modernização das garantias privadas, colocando à disposição da sociedade uma solução pública, confiável e acessível, com base na fé pública notarial.
O uso do novo serviço pelo cidadão é prático e seguro. Para iniciar, basta entrar em contato com um Cartório de Notas habilitado e informar que deseja utilizar a Conta Notarial em uma negociação. O Cartório dará andamento ao processo diretamente pelo sistema do banco parceiro, onde o valor ficará guardado de forma segura.
Em seguida, o cidadão assina digitalmente pela plataforma e-Notariado um formulário autorizando a operação — a operação também pode ser feita presencialmente. Depois disso, o dinheiro fica em custódia e só será liberado quando o tabelião verificar que as condições do negócio pactuado foram integralmente cumpridas.
Na madrugada desta quarta-feira (16), um acidente com três veículos – um caminhão, um micro-ônibus e um ônibus – deixou cinco mortos e vários feridos no km 2 da BR-153 em Porangatu, no norte de Goiás.
Segundo informações preliminares da Polícia Rodoviária Federal (PRF), parte das vítimas estava em um comboio de quatro ônibus que ia da Universidade Federal do Pará (UFPA) para Goiânia. Os estudantes participariam do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que começa hoje na Universidade Federal de Goiás.
Vídeos gravados pelas autoridades de segurança no local mostram a gravidade do acidente.
Assista:
Dinâmica da colisão
Segundo a PRF, uma carreta invadiu a contramão e bateu no primeiro ônibus, que levava 25 alunos, dois motoristas e um orientador. O motorista e três jovens que estavam no coletivo morreram, assim como o motorista da carreta. O passageiro do caminhão foi socorrido com ferimentos graves.
O segundo coletivo do comboio também foi atingido, mas nenhum passageiro se feriu. Os outros dois veículos não se envolveram na colisão.
Ao iG, os bombeiros do 11º BBM informaram que algumas vítimas ficaram presas nas ferragens. Há pelo menos cinco pessoas em estado gravíssimo – uma delas está no hospital em Porangatu e as outras quatro foram transportadas ao Hospital de Alvorada, no Tocantins.
O resgate foi realizado com apoio do SAMU e da Ecovias do Araguaia. A Polícia Técnico-Científica também esteve no local para investigar as causas do acidente.
Segundo a Ecovias do Araguaia, a pista já foi liberada.
UNE lamenta acidente
Em nota enviada à imprensa, a União Nacional dos Estudantes afirmou que recebeu com “imensa tristeza” a notícia do acidente. Ainda, a organização afirmou que está em contato com os governos do Pará e do Goiás, assim como a UFPA, para prestar apoio às pessoas envolvidas.
“Colocamo-nos à disposição para colaborar com o que for possível nesse momento tão difícil” , diz a nota.
Lula presta condolências
O presidente Lula (PT) também lamentou o acidente. O mandatário tem presença confirmada no congresso da UNE amanhã.
Em post no X, o presidente escreveu que recebeu “com profunda tristeza” a notícia.
“Neste momento de dor, manifesto a solidariedade às famílias e amigos das vítimas e aos colegas, professores e a toda a comunidade universitária atingida. Que as famílias encontrem conforto e amparo para atravessar este momento tão difícil”, completou.
Governadores do Pará e de Goiás se manifestam
O governador em exercício de Goiás, Daniel Vilela, lamentou a tragédia. Em nota, ele manifestou solidariedade aos familiares e amigos das vítimas que, segundo ele, tiveram suas vidas “tragicamente interrompidas de forma tão precoce”.
“Reitero que o Governo de Goiás está à disposição das autoridades do Estado do Pará para prestar toda a assistência necessária. Nossas equipes de saúde, segurança e atendimento social foram acionadas desde as primeiras horas e seguem mobilizadas para garantir acolhimento, suporte e cuidados aos feridos e familiares”, continuou.
O governador do Pará, Helder Barbalho, também prestou condolências às famílias das vítimas.
“Recebi com profunda tristeza a notícia do acidente envolvendo estudantes da UFPA na BR-153, em Goiás. Jovens que saíram do Pará cheios de sonhos para participar do Congresso da UNE. Minha solidariedade às famílias das vítimas e orações por todos os feridos. Estamos em contato com as autoridades locais para acompanhar a situação e o estado do Pará está à disposição para colaborar no que for necessário”, escreveu no X.
Ainda não há informações sobre a identidade das vítimas. O iG entrou em contato com a UFPA e com a UNE para mais informações, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.
Em parceria com a Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) inicia, nesta quarta-feira (16/07), a divulgação do “Dia D” do Meu Pai Tem Nome em terminais e ônibus da Região Metropolitana de Goiânia. A ação disponibilizará informações sobre o evento nos displays eletrônicos dos terminais e em cartazes que serão colocados nos ônibus. O evento será realizado às 8 horas, no Terminal Isidória, no Setor Pedro Ludovico.
As inscrições para reconhecimento de paternidade ou maternidade por meio do Meu Pai Tem Nome estão abertas até o dia 08 de agosto. Em Goiânia, os cadastros são feitos presencialmente na Unidade Marista, localizada na Alameda Cel Joaquim de Bastos, número 282. O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 8h às 17 horas. As pessoas interessadas podem se inscrever pelo WhatsApp: (62) 98330-0095.
Serão realizados, de forma totalmente gratuita, reconhecimentos biológicos (com ou sem necessidade de DNA) e socioafetivos, inclusive para situações de pais, mães e filhos já falecidos.
Em 2025, o “Dia D” do Meu Pai Tem Nome será realizado em 16 de agosto em todas as unidades da Defensoria Pública. A ideia é que, nesta data, os inscritos possam receber os resultados de eventuais exames de DNA ou realizem as mediações necessárias. Por isso, é muito relevante que as famílias busquem a Defensoria o quanto antes.
Crianças com pai ausente
Em cinco anos, o município de Goiânia somou 117.187 nascimentos. Do total, 5.527 bebês foram registrados sem o nome do pai. Nesse mesmo período, a cidade teve 1.505 casos de reconhecimento de paternidade biológica identificados nos dados do Painel Registral, no Portal da Transparência de Registro Civil.
Entre junho de 2024 e 2025, nasceram 23.502 crianças. Dessas, 1.103 foram registradas com pai ausente.
O que é o Meu Pai Tem Nome
O programa Meu Pai Tem Nome tem a finalidade de garantir o direito ao reconhecimento de maternidade ou paternidade. Criado em 2019 pela DPE-GO, o objetivo central é assegurar que cada pessoa tenha seu pai ou sua mãe biológicos ou socioafetivos registrados em seus documentos civis. A iniciativa é reconhecida e realizada nacionalmente.
Endereço da Unidade Marista, em Goiânia
Alameda Cel Joaquim de Bastos, número 282, Setor Marista, em Goiânia.
Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou nessa segunda-feira (14) o Cadastro Nacional de Celulares com Restrição (CNCR), que passa a integrar em uma única base informações sobre celulares com registro de roubo, furto ou extravio.
A nova ferramenta consolida dados do programa Celular Seguro, permitindo que qualquer cidadão verifique, antes da compra, se o aparelho possui algum tipo de restrição, principalmente no caso de celular de segunda mão.
“O cidadão tem o direito de saber se o celular que está comprando é roubado ou não. O cadastro é uma garantia ao cidadão. Com ele, a ferramenta Celular Seguro segue oferecendo mais segurança aos brasileiros na hora de adquirir um bem tão essencial na vida cotidiana como é o telefone móvel nos dias de hoje”, afirmou o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Manoel Carlos de Almeida Neto.
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a ação fortalece a prevenção à receptação de celulares roubados e amplia o combate à criminalidade, além de contribuir para proteger o consumidor no momento da aquisição de um novo telefone.
O novo cadastro conta com o banco de dados do programa Celular Seguro, que já possui com mais de 2,6 milhões de usuários inscritos, e a base global da Anatel.
“Essa é uma ação que vai além da recuperação de um celular roubado ou furtado. É uma ação de prevenção que protege o cliente antes mesmo de ele adquirir o telefone”, destaca o presidente da Anatel, Carlos Baigorri.
Disponível no aplicativo Celular Seguro, para Android e iOS, o sistema exige apenas o número do IMEI (identificação única do aparelho) para consulta. A busca pode ser feita manualmente ou por leitura do código de barras diretamente na tela do celular.
Como consultar
Saiba como consultar se um celular possui alguma restrição:
-baixe o app Celular Seguro (disponível para Android e iOS);
-na tela inicial, selecione Celulares com Restrição;
-digite o número do IMEI (composto por 15 algarismo) ou use a câmera para ler o código de barras;
-para visualizar o IMEI no celular a ser consultado, digite *#06# no teclado de chamadas.
Se não houver nenhum impedimento, a tela confirmará que o aparelho está liberado para uso.
Atendendo a pedido do Ministério Público Federal (MPF) em ação cautelar, a Justiça Federal determinou a imediata suspensão da autorização concedida pelo estado de Goiás para atividades agropecuárias em área pertencente ao território quilombolaKalunga. De acordo com a ação do MPF, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) autorizou a utilização de 530 hectares da Fazenda Alagoas, localizada em Cavalcante (GO), sem ouvir a comunidade Kalunga. Com a decisão, a autorização fica suspensa até que seja demonstrado o cumprimento integral das normas legais e convencionais relativas à consulta prévia, livre e informada ao povo tradicional. “A Convenção nº 169 da OIT [Organização Internacional do Trabalho], com status supralegal, determina, em seu artigo 6º, que os povos interessados devem ser consultados por meio de seus representantes e em processos apropriados, sempre que se prevejam medidas administrativas que possam afetá-los diretamente. Essa consulta (…) deve ocorrer antes da adoção de quaisquer atos que afetem seus territórios”, pontua a decisão judicial. No documento, assinado na última sexta-feira (11), a Justiça Federal ainda determina que as empresas Trillium Empreendimentos e Apoena Agropecuária e Comércio deixem de realizar quaisquer atividades de natureza agrícola, pecuária ou de manejo ambiental na referida área, no prazo de 15 dias, sob pena de multa diária em caso de descumprimento. Prejuízos ao meio ambiente – A área localizada em Cavalcante (GO) já havia sido alvo de desmatamento ilegal, entre 2019 e 2020, pelas empresas Apoena Agropecuária e Comércio e Trillium Empreendimentos, que agora pretendem realizar agricultura de sequeiro (técnica agrícola para o cultivo de plantas em regiões com pouca chuva), agricultura irrigada, integração de lavoura/pecuária extensiva e semiextensiva/floresta no local. O MPF destaca que essas atividades continuaram sendo realizadas mesmo após autuações ambientais anteriores e compromissos assumidos em Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e em Acordo de Não Persecução Penal (ANPP). De acordo com a ação, os acordos foram utilizados indevidamente como justificativa para novas intervenções, o que caracteriza um risco à regeneração da vegetação e às nascentes da região, como o Rio Prata, fundamental para o abastecimento das comunidades locais. Kalunga – O território Kalunga abrange mais de 200 mil hectares no norte goiano e é habitado por descendentes de comunidades formadas por pessoas negras escravizadas que fugiram de fazendas nos séculos passados. Reconhecido como patrimônio cultural, o território enfrenta crescentes pressões por parte de empreendimentos econômicos que ameaçam o modo de vida tradicional e a sustentabilidade ambiental da região.
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deu um passo importante para reforçar sua atuação junto ao cidadão. A partir do dia 22 de julho, entra em vigor uma nova estrutura interna que vai melhorar a gestão do atendimento nas agências, na Central 135 e no Meu INSS, preparando o caminho para a ampliação do atendimento presencial com foco em acolhimento, agilidade e respeito ao segurado.
A mudança foi oficializada por uma portaria publicada nesta segunda-feira (14), com o objetivo de aperfeiçoar a gestão, o controle e a supervisão das atividades do Instituto.
Estamos mudando o caminho do INSS. O Instituto, que vinha com foco na tecnologia da informação e digitalização de documentos, agora assume uma nova direção: a humanização do nosso atendimento junto ao segurado”, afirmou o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior.
O que vai mudar para o cidadão?
Melhoria no atendimento presencial nas agências
A nova estrutura prepara a ampliação dos serviços que poderão ser resolvidos diretamente nas 1.587 Agências da Previdência Social (APS) espalhadas pelo país. A ideia é que, além dos serviços já ofertados hoje, novos atendimentos — especialmente relacionados à manutenção de benefícios — possam voltar a ser feitos presencialmente, respeitando a capacidade operacional de cada agência.
Reforço na Gestão dos Canais de Atendimento – Central 135 e Meu INSS mais integrados
A Central de Atendimento 135 e o aplicativo Meu INSS passam a integrar uma nova coordenação-geral dedicada exclusivamente à gestão dos canais de atendimento ao cidadão. Isso garante mais supervisão, respostas mais rápidas e um serviço mais eficiente.
Redução do tempo de espera para análise de benefícios
Uma nova área será responsável pela gestão das Centrais de Análise de Benefícios , com foco em reduzir o tempo de espera para quem solicita aposentadoria, pensão ou outros direitos. Essa medida ajuda a acelerar a concessão de benefícios.
Atendimento mais humano e próximo
O INSS quer garantir que nenhum segurado seja deixado para trás. Por isso, a nova estrutura quer fortalecer o atendimento para quem tem menos familiaridade com o mundo digital, como idosos e pessoas com dificuldade de acesso à internet. A ideia é criar um ambiente mais acolhedor e resolutivo nas agências.
Vai mudar algo agora?
Por enquanto, os serviços ao cidadão continuam os mesmos. Com essa portaria, o INSS está fortalecendo as áreas responsáveis para que elas tenham melhores condições de gestão e possam, em breve, oferecer um atendimento ainda mais eficiente e acolhedor ao segurado.
Ao longo dos próximos dias, o INSS vai anunciar, com clareza e antecedência, quais serviços voltarão a ser oferecidos nas agências. Tudo será feito com respeito à realidade de cada local e sempre com foco na qualidade do atendimento.