O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira que não vai telefonar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para negociar as tarifas de 50% impostas sobre produtos brasileiros por considerar que Trump não quer conversar, mas disse que irá telefonar para convidá-lo para a cúpula climática COP30 deste ano no Brasil.
Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado “Conselhão”, Lula disse ainda que o Brasil nunca saiu da mesa do diálogo e que o dia em que Trump assinou a medida impondo as tarifas ao Brasil passará para a história como o mais lastimável na relação entre os dois países.
A reeleição presidencial por tempo indeterminado aprovada em El Salvador parece dar razão a um aforismo frequentemente atribuído ao escritor americano Mark Twain: “a história não se repete, mas muitas vezes rima”.
Neste caso, a história é de um presidente popular que concentra poder e é autorizado, por meio de uma mudança constitucional, a se candidatar à reeleição quantas vezes quiser, em nome da soberania popular.
A reforma em El Salvador foi votada de forma acelerada na última quinta-feira (31/07) na Assembleia Legislativa, onde o presidente Nayib Bukele tem ampla maioria.
A mudança na Constituição, aprovada por 57 dos 60 legisladores, ainda ampliou o mandato presidencial de cinco para seis anos e eliminou o segundo turno das eleições.
Por mais drástica e inédita que essa reforma pareça para El Salvador, está longe de ser algo inusitado na América Latina, onde diferentes países permitiram a reeleição presidencial indefinida nos últimos anos.
E, segundo os especialistas, a evidência regional mostra que, permitir, sem limites, a continuidade dos mandatários em regimes presidencialistas, representa sérios riscos para a democracia.
“A reeleição por tempo indeterminado é sinônimo de autocratização”, afirma Mario Torrico, cientista político que tem estudado o fenômeno, à BBC Mundo — serviço em espanhol da BBC.
‘Um tecnicismo’
Bukele foi eleito inicialmente em 2019, reeleito no ano passado por ampla margem e com maioria absoluta de seu partido na Assembleia Legislativa — com base no apoio popular à sua política de segurança de linha dura.
Sob um estado de exceção, seu governo prendeu dezenas de milhares de pessoas acusadas de envolvimento com gangues, uma estratégia que, segundo organizações de direitos humanos, envolve abusos de poder.
Getty Images-apesar das denúncias de abuso de poder, o governo de Bukele tem altos índices aprovação por causa da sua política de segurança
O mandatário, de 44 anos, agora pode tentar permanecer no cargo sem um prazo de saída obrigatório.
Diante das críticas à reforma, Bukele respondeu que “90% dos países desenvolvidos permitem a reeleição por tempo indeterminado do seu chefe de governo, e ninguém se incomoda”.
“Mas, quando um país pequeno e pobre como El Salvador tenta fazer o mesmo, falam que é o fim da democracia”, disse o presidente em uma publicação na rede social X.
Bukele incluiu nesse comentário tanto os sistemas parlamentares de países desenvolvidos quanto os regimes presidencialistas da América Latina, e afirmou que distinguir entre eles é um “tecnicismo” e “um pretexto”.
Contudo, os especialistas acreditam que essa diferença é fundamental.
“Em um regime parlamentarista, a eleição do primeiro-ministro ou presidente acontece por meio de um acordo no Parlamento entre forças políticas diversas”, disse Agustín Grijalva, ex-juiz da Corte Constitucional do Equador.
“Em um regime presidencialista, há duas eleições separadas e independentes: a do Parlamento, por um lado, e a do presidente, por outro, que não depende da escolha parlamentar. E cada um tem um mandato fixo”, acrescenta.
“É outra estrutura institucional totalmente diferente, que exige o cumprimento desses mandatos fixos.”
Crédito,Getty Images
Legenda da foto,Hugo Chávez conseguiu fazer com que a reeleição presidencial indefinida fosse aprovada na Venezuela
Segundo Grijalva, que é professor na Universidade Andina e pesquisa o tema, “o argumento de Bukele seria crível se ele nos desse exemplos de países com regimes presidencialistas que têm reeleição indefinida: aí veríamos que são os autoritários, como a Venezuela e Nicarágua”.
De fato, esses dois países, assim como Equador e Bolívia, permitiram a reeleição por tempo indeterminado de seus presidentes neste século, anos antes de El Salvador.
A mudança permanece em vigor na Venezuela e na Nicarágua, cujos governos passaram a ser considerados autocráticos por boa parte da comunidade internacional, enquanto Equador e Bolívia voltaram atrás e limitaram a permanência no poder.
Um paradoxo é que esses quatro países autorizaram a reeleição sem limites sob governos de esquerda, supostamente com ideologias opostas a de Bukele, estrela da direita continental.
E a forma como isso foi feito também revela semelhanças que chamam atenção.
‘Vamos fazer isso rápido’
A reeleição por tempo indeterminado na América Latina sempre foi aprovada durante o governo de presidentes que já haviam cumprido mais de um mandato e se aproximavam do limite constitucional que os obrigava a deixar o poder.
Ou seja, foi feita com nome e sobrenome.
Esses presidentes contavam com maiorias no Legislativo, no Judiciário ou em ambos os poderes ao mesmo tempo, para mudar as regras do jogo.
Bukele e o nicaraguense Daniel Ortega são os primeiros a governar por dois mandatos consecutivos em seus países desde a década de 1980, com base em decisões judiciais que derrubaram a proibição de reeleição imediata prevista em suas constituições.
Depois, em ambos os casos — assim como no Equador, sob a presidência de Rafael Correa —, maiorias legislativas mudaram as constituições para permitir a reeleição ilimitada. Atualmente, Ortega governa a Nicarágua há mais de 18 anos.
Getty Images-Daniel Ortega foi o primeiro presidente da Nicarágua a ser reeleito para mandatos consecutivos desde 1980, algo que a Constituição do país antes proibia
Na Bolívia, o Tribunal Constitucional autorizou o então presidente Evo Morales a tentar a reeleição por tempo indeterminado quando ele terminava seu terceiro mandato consecutivo, ainda que a Constituição permitisse apenas uma reeleição — e mesmo após a população ter rejeitado a mudança em referendo.
A eleição daquele ano na Bolívia acabaram em uma crise maior, e Morales abandonou o país acusado de golpe.
Assim como El Salvador aprovou a reeleição indefinida por meio de um trâmite acelerado, a Venezuela também fez o mesmo às pressas quando o então presidente Hugo Chávez solicitou isso ao Legislativo no fim de 2008. “Se é para fazer, vamos fazer isso rápido”, declarou.
A proposta foi aprovada em menos de dois meses e ratificada em um referendo pouco mais de um ano depois de essa possibilidade ter sido rejeitada também pelo voto popular.
Chavez defendia que os eleitores é que deveriam determinar se um presidente deve ou não continuar no cargo, porque “o povo é o dono de um país”.
Argumento similar ao que tem sido usado por Bukele.
“O poder voltou ao único lugar a que pertence verdadeiramente…ao povo salvadorenho”, disse a vice-presidente do Congresso, Suecy Callejas, ao votar a emenda.
Getty Images-Bukele aumentou gradualmente seu poder em El Salvador até conseguir aprovar a reforma constitucional no Legislativo, onde tem maioria absoluta
Mas Grijalva também rejeita essa ideia.
“Não é que se esteja devolvendo um direito à maioria. A maioria se expressa na Constituição e nas leis para que haja um regime democrático. O que está acontecendo é que essa maioria está sendo invocada para se estabelecer um regime autoritário.”
Consequências
O alerta de que o El Salvador de Bukele está trilhando “o mesmo caminho” que a Venezuela de Chávez também foi feito por Juanita Goebertus, diretora para as Américas da organização Human Rights Watch.
“Começa com um líder que usa sua popularidade para concentrar poder e termina em ditadura”, escreveu Goebertus na rede social X, quando El Salvador aprovou a reeleição por tempo indeterminado.
Chavéz, por exemplo, presidiu a Venezuela por 14 anos consecutivos até sua morte, em 2013. Seu sucessor, Nicolás Maduro, segue no poder até hoje.
Os especialistas acreditam que aprovar uma reeleição indefinida em um país é mais fácil quando há flexibilidade para alterar a Constituição ou quando o Judiciário está subordinado ao Poder Executivo.
Como exemplo oposto, destacam o caso da Colômbia, quando a Corte Constitucional impediu, em 2010, que o então presidente Álvaro Uribe concorresse a um terceiro mandato.
“É importante que as instituições construam reputação e atuem com profissionalismo. A Corte Constitucional [colombiana] era assim e conseguiu frear Uribe”, afirma Torrico, que é pesquisador da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais no México.
Getty Images- Em 2010, a Corte Constitucional colombiana impediu que um referendo fosse convocado para decidir se o presidente Álvaro Uribe poderia se candidatar a um terceiro mandato
Ainda não sabemos até que ponto El Salvador vai se parecer, daqui para frente, com os países da região que autorizaram a reeleição por tempo indeterminado de seus presidentes.
Os casos da Bolívia e do Equador, que reverteram essa regra depois que Morales e Correa deixaram o poder, sugerem que também é possível voltar atrás.
Mas os especialistas veem motivos suficientes para se preocupar com os sinais vitais da democracia de El Salvador.
“A reeleição consecutiva já nos coloca em apuros, porque os presidentes, para se reelegerem, distorcem regras e acumulam poder”, diz Torrico.
“Mas, quando, além disso, se introduz uma reeleição indefinida, eles tentam controlar tudo. E o que se vive já é um regime autocrático.”
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse nesta terça-feira, 5, que o Itamaraty continua mobilizado contra o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil e que o governo está coordenando uma resposta a ser apresentada até o dia 18 de agosto. “Sobre a investida da Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana, que questiona o nosso PIX e outras práticas brasileiras absolutamente legítimas, gostaria de informar que o Itamaraty está coordenando a preparação da resposta a ser apresentada pelo governo brasileiro no próximo dia 18 de agosto”, afirmou, na abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, no Palácio Itamaraty.
E acrescentou: “O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social sustentável agrega talentos, experiência e articulação. Representa a independência, a força e o dinamismo do povo brasileiro. Será, não tenho dúvidas, instância estratégica no amplo esforço de defesa da economia nacional e do direito soberano do Brasil de definir o seu próprio destino.”
O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), disse nesta terça-feira (5) que, na primeira oportunidade que tiver de ocupar a presidência da Câmara, irá pautar o projeto de lei que anistia condenados por participação no 8 de Janeiro.
Como vice-presidente, uma das possibilidades para que Côrtes assuma plenamente o comando da Câmara seria em viagens internacionais do presidente Hugo Motta.
“Eu, como vice da Câmara e do Congresso, sempre busquei equilíbrio e diálogo. Sempre respeitei Motta, que tem a pauta na sua mão. Diante dos fatos, já comuniquei Motta que, no primeiro momento em que eu exercer a presidência plena da Câmara, quando Motta se ausentar do país, irei pautar a anistia”, afirmou a jornalistas.
Travado na Câmara dos Deputados desde o ano passado, o projeto beneficia os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Na prática, o texto não beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível até 2030, mas a intenção da oposição é que o perdão se estenda ao ex-chefe do Executivo, para que ele retome a elegibilidade e possa disputar as eleições no próximo ano.
Após ameaças de obstrução e diversas manifestações da direita pela anistia, o presidente da Câmara decidiu que não iria pautar o requerimento de urgência do projeto.
Hugo chegou a buscar diálogo com representantes dos Três Poderes para chegar a uma alternativa de consenso, já que o governo é contrário à proposta, mas não houve avanço prático.
A Polícia Civil deflagrou, nesta terça-feira (5), a Operação Ritual do Desvio, que apura o repasse irregular, até para bruxaria, de aproximadamente R$ 425 mil em recursos públicos da Prefeitura de Goiânia. Foram expedidos três mandados de prisão e cinco de busca e apreensão, para Goiás e Alagoas.
A principal investigada é uma servidora municipal que, na época dos fatos, teria realizado 14 pagamentos fraudulentos inserindo dados falsos no sistema contábil da administração. Os desvios foram identificados pela Controladoria Geral do Município.
Entre os beneficiários estão uma mulher que oferece serviços de bruxaria, uma associação desportiva, uma farmácia registrada em nome da cunhada da servidora e faturas de cartões de crédito de uso pessoal.
A Justiça também determinou o bloqueio de contas dos investigados e a suspensão da servidora de suas funções públicas.
Conforme divulgado pela polícia, apenas em 2025, ela fez 14 pagamentos fraudulentos, que contabilizaram um desvio de aproximadamente R$ 425 mil.
De acordo com a polícia, uma prestadora de serviços, uma associação desportiva e uma farmácia que pertence a uma cunhada da servidora estão entre os beneficiários do dinheiro desviado. Além disso, faturas de cartões de crédito da investigada também foram pagas com os valores.
A corporação determinou ainda outras medidas cautelares, além dos mandados de prisão e busca e apreensão, e bloqueou valores nas contas dos envolvidos.
Nota da Prefeitura de Goiânia
A atual gestão da Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz) esclarece que, assim que identificou irregularidades no uso de verbas públicas, afastou a servidora envolvida e encaminhou à Controladoria-Geral do Município (CGM) todos os elementos e indícios apurados.
Diante das irregularidades constatadas, a CGM e a Procuradoria-Geral do Município repassaram as informações à Polícia Civil, para que o órgão desse andamento à investigação, que resultou na operação deflagrada na manhã desta terça-feira (5/8).
A atual gestão da Prefeitura de Goiânia reforça seu compromisso com a transparência e o bem público, e segue à disposição para colaborar com as investigações.
Polícia Civil mandados de prisão e busca e apreensão em Goiás e Alagoas — Foto: Divulgação/Polícia Civil
Os cinco juízes da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concluíram na segunda-feira (22/07) a votação sobre as medidas restritivas propostas pelo ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente imponde-lhe tornozeleira e prisão domiciliar a Jair Bolsonaro (PL).
Pela decisão do ministro, que foi anunciada na sexta-feira passada (18/07), além de não poder usar suas redes sociais, Bolsonaro deve cumprir recolhimento domiciliar entre 19h e 6h de segunda a sexta-feira e em tempo integral nos fins de semana e feriados.
O ex-presidente também passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica e não pode manter contato com embaixadores, autoridades estrangeiras e nem se aproximar de sedes de embaixadas e consulados.
Na segunda-feira, Moraes emitiu um novo despacho em que dá mais detalhes sobre as restrições impostas a Bolsonaro.
Moraes determinou que o ex-presidente não pode aparecer em áudios, vídeos e entrevistas, seja na imprensa, seja em redes sociais suas ou de terceiros. Na noite de segunda-feira, o ministro do STF determinou que a defesa de Bolsonaro explique em até 24h, sob pena de prisão, por que o ex-presidente apareceu em um vídeo publicado horas antes nas redes sociais do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair.
Nas imagens, o ex-presidente aparece mostrando a tornozeleira eletrônica e chamando o equipamento de “símbolo da máxima humilhação”.
Na decisão sobre as restrições à Bolsonaro, em julgamento que começou na sexta-feira, votaram no STF em favor das medidas impostas por Moraes os ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia.
Apenas um ministro foi contra as medidas de Moraes sobre Bolsonaro: o ministro Luiz Fux — que citou problemas na decisão referentes à liberdade de expressão e proporcionalidade das restrições.
Fux disse que as medidas cautelares impostas por Moraes, que incluem “impedimento prévio […] de utilização de […] todas as redes sociais”, estão em confronto “com a cláusula pétrea da liberdade de expressão”.
O ministro disse ainda que:
“a amplitude das medidas impostas [pela decisão de Moraes] restringe desproporcionalmente direitos fundamentais, como a liberdade de ir e vir e a liberdade de expressão e comunicação”, sem que tenha havido a demonstração dos requisitos para medidas cautelares.
mesmo quando não há prisão, “é indispensável a demonstração concreta da necessidade da medida para a aplicação da lei penal”.
“não se vislumbra nesse momento a necessidade, em concreto, das medidas cautelares impostas.
“as medidas de coerção e de restrição devem obedecer ao princípio da proporcionalidade”.
A decisão de Moraes
Na sua decisão que impôs medidas restritivas a Bolsonaro, Alexandre de Moraes disse que enxerga “indícios suficientes e razoáveis” do crime previsto no artigo 344 do Código Penal, que criminaliza a tentativa de influenciar o resultado de um processo por meio de violência ou grave ameaça.
O magistrado cita o alinhamento de Bolsonaro com seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, para intimidar autoridades com a busca de sanções do governo dos Estados Unidos contra integrantes do STF, Procuradoria Geral da República e da Polícia Federal que atuam na investigação e julgamento da tentativa de golpe de Estado em 2022.
Moares cita publicações em redes sociais e entrevistas que incluem ameaças de punições pelos EUA, como a cassação de visto, bloqueio de bens e proibição de relações comerciai. Os EUA acabaram por anunciar a revogação do visto de Moraes.
Segundo Moraes, essas manifestações visam intimidar os agentes públicos, sob a alegação de perseguição política.
As publicações se dão, sobretudo, em postagens em redes sociais, que reverberam em outros canais de mídia, bem como em entrevistas diretas a veículos de imprensa, diz o magistrado, que inseriu um print de entrevista de Eduardo na CNN em que o deputado diz esperar sanções ao Brasil.
“Há um manifesto tom intimidatório para os que atuam como agentes públicos, de investigação e de acusação, bem como para os julgadores na Ação Penal, percebendo-se o propósito de providência imprópria contra o que o sr. Eduardo Bolsonaro parece crer ser uma provável condenação.”
O objetivo, diz Moraes, é “embaraçar o andamento do julgamento técnico” da investigação da tentativa de golpe de Estado e perturbar os trabalhos do inquérito das fake news, que apura a disseminação de notícias falsas, ameaças, calúnias e outros crimes contra a corte e seus membros.
Em sua argumentação, Moraes também cita a obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa, crime previsto na Lei 12.850/13.
Segundo o ministro, Bolsonaro e Eduardo têm buscado criar entraves econômicos nas relações comerciais entre os Estados Unidos e o Brasil para “obstar o prosseguimento da AP 2668”, que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022.
Moraes cita o Pix de R$ 2 milhões que Bolsonaro confessou ter enviado a Eduardo, no dia 13 de maio. O auxílio financeiro ocorreu quando Eduardo já estava no exterior, “em plena ação das atividades ilícitas” relacionadas à busca de sanções e pressões sobre o Brasil.
A “vultosa contribuição financeira” encaminhada a Eduardo é, segundo o magistrado, forte indício do alinhamento do réu com o seu filho, “com o claro objetivo de interferir na atividade judiciária e na função jurisdicional” do STF e “abalar a economia do país”.
Criminalistas ouvidos pela BBC News Brasil disseram que a decisão de Moraes de restringir a circulação do ex-presidente Bolsonaro foi considerada bem fundamentada, pois pode evitar que Bolsonaro busque asilo na embaixada americana em Brasília, o que dificultaria o andamento do processo contra ele e intensificaria a crise entre Brasil e Estados Unidos.
Em entrevista à imprensa, o ex-presidente disse ver motivação política na investigação que procovou a nova operação da PF. “Nunca pensei em sair do Brasil ou buscar refúgio em embaixada”, declarou.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apresentou nesta terça-feira (5/8) a ideia da oposição de propor um “pacote da paz” ao Congresso após a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Entre as medidas do pacote estarão a “anistia ampla geral e irrestrita” e o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo o senador, esse seria um “conjunto de medidas com solução para os problemas do Brasil”.
Entre as medidas do pacote estarão a “anistia ampla geral e irrestrita” e o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo o senador, esse seria um “conjunto de medidas com solução para os problemas do Brasil”.Entre as medidas do pacote estarão a “anistia ampla geral e irrestrita” e o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo o senador, esse seria um “conjunto de medidas com solução para os problemas do Brasil”.
O ministro Flávio Dino (STF) negou pedido de habeas corpus apresentado por aliados de Jair Bolsonaro que solicitava a anulação das medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes. O despacho foi publicado em 25 de julho, 10 dias antes de Moraes decretar a prisão domiciliar do ex-presidente.
O pedido foi assinado por um grupo de parlamentares estaduais, entre eles Cristiano Caporezzo (MG), Bruno Engler (MG), Leandro de Jesus (BA), Gilberto Cattani (MT) e Carmelo Neto (CE).
Na petição, os impetrantes alegaram “suspeição do Ministro Relator [Alexandre de Moraes] e da quebra da imparcialidade jurisdicional e afronta ao Estado Democrático de Direito”.
Também argumentaram que Bolsonaro estaria sofrendo “constrição ilegal de sua liberdade individual” e que as medidas cautelares se baseavam em “conteúdos de natureza opinativa, informal e desvinculados de conduta penal típica”.
Para além dos argumentos jurídicos que embasam a prisão domiciliar decretada contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, a decisão anunciada nesta segunda-feira (5) pelo ministro Alexandre de Moraes joga um novo ingrediente no embate entre Brasil e Estados Unidos sobre o tarifaço.
Seja no campo governista ou entre aliados de Bolsonaro, o entendimento é de que a missão do Brasil de avançar nas conversas para aliviar as tarifas de 50% impostas a vários setores ficou ainda mais complexa.
Nos últimos dias, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente Geraldo Alckmin vinham trabalhando com um objetivo: descolar ao máximo a negociação comercial com Trump do jogo político protagonizado pelo ex-presidente.
Falava-se, nos bastidores, em reservar as tratativas com a Casa Branca à dupla. E deixar a política prioritariamente nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Agora fica mais difícil seguir com o plano original, afinal, o time de Donald Trump não tardou para explicitar uma posição contrária à decisão do ministro Alexandre de Moraes, em tom que extrapola a abordagem comercial. “Deixem Bolsonaro falar!”, escreveu nas redes sociais o Escritório do Departamento de Estado americano para Assuntos do Hemisfério Ocidental.
Haddad terá a missão de evitar que o tema da prisão de Bolsonaro engula o diálogo com sua contraparte americana, o secretário do Tesouro, Scott Bessent. Na visão de seus aliados próximos, é do interesse dos Estados Unidos manter a política como ingrediente nas negociações. É um elemento adicional de pressão sobre o Brasil, afirmam.
Haddad passou semanas trabalhando para abrir essa janela com o Tesouro americano. E começou a semana contando com uma conversa direta ainda nos próximos dias. Ainda nesta segunda, em entrevista à BandnewsTV, Haddad prometia explicar ao colega o funcionamento do Judiciário brasileiro.
Mas o objetivo principal ainda tem de ser centrar esforços em um lugar: a negociação de um acordo comercial que alivie o tarifaço e seu peso sobre todos os setores da economia brasileira que serão impactados.
Operação atinge Eduardo Tagliaferro, investigado e ex-integrante do TSE, com bloqueios financeiros comunicados oficialmente ao ministro Moraes
O Banco Central realizou o bloqueio de contas bancárias, ativos financeiros, cartões e chaves Pix ligadas a Eduardo Tagliaferro, que atuou como assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A ação foi formalmente comunicada ao magistrado nesta segunda-feira, dia 4, conforme relatado pelo portal Metrópoles. Em documento oficial encaminhado à Corte, o BC destacou que a determinação de bloqueio foi encaminhada a todas as instituições financeiras.
“Confirmo que as chaves Pix vinculadas ao CPF do investigado, registradas no Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT), foram bloqueadas por esta autarquia em 31 de julho de 2025”, diz o ofício.
Tagliaferro denuncia perseguição e ataca Moraes
Durante uma videochamada com blogueiros bolsonaristas, realizada na quarta-feira, dia 30, Tagliaferro se disse alvo de perseguição:
“Sou um dos perseguidos também. Estou junto no inquérito com todos vocês. Ainda não fui denunciado, mas provavelmente a partir de hoje eu serei denunciado, e o azar é só deles, que quanto mais eles fazem, mais eu faço”, afirmou.
Fora do país, ele prometeu revelar fatos comprometedores sobre Moraes, a quem classificou como “tirano”.
“Tem algumas coisas fraudulentas que foram feitas. Ele vai me assistir, ele sabe do que eu estou falando”, afirmou.
Tagliaferro ainda criticou duramente a conduta do ministro:
“A forma dele agir é amedrontando, assustando e calando as pessoas”.
“E a mim ele não vai calar”, continuou.
Indiciamento da PF por vaza Toga
Em abril, a Polícia Federal (PF) indiciou Eduardo Tagliaferro por violação de sigilo funcional com dano à administração pública, no caso conhecido como Vaza Toga.
Segundo a PF, ele ocupava cargo de confiança na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE e teria praticado o crime de forma “consciente e voluntária”.
“Por todas as razões delineadas, com amparo nas informações trazidas as autos, com extensa realização de oitivas e amparo na quebra de sigilo telemática deferida, constata-se a materialidade”, declarou a corporação.
A PF revelou ainda que Tagliaferro teria confessado à esposa que repassou informações sigilosas ao jornal Folha de S.Paulo.
“O diálogo deixou evidente que Eduardo divulgou ao jornalista informações que foram obtidas enquanto ele trabalhava na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE. Estas informações deveriam ser mantidas em sigilo”, disse o documento.