Categoria: Destaque

  • Bolsonaro chega à sede da PF para depor sobre suposta importunação a baleia

    Bolsonaro chega à sede da PF para depor sobre suposta importunação a baleia

    Bolsonaro não deve ficar em silêncio na oitiva.

    O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou à sede da Polícia Federal (PF) para depor sobre uma suposta importunação intencional a uma baleia, em São Sebastião, em 2023. Bolsonaro não deve ficar em silêncio na oitiva.

    Este é o sétimo depoimento à PF que o ex-presidente presta desde que perdeu a reeleição. Seu advogado, Fabio Wajngarten, também será ouvido pela polícia.

    A investigação começou após um vídeo em que uma moto aquática com motor ligado chega a cerca de 15 metros do animal, que seria uma baleia jubarte, ser publicado nas redes sociais. Investigadores suspeitam que Bolsonaro pilotava o veículo.

    O HOJE

  • Gleisi diz que Milei faz molecagem ao compartilhar mensagens que associam Lula ao Hamas

    Gleisi diz que Milei faz molecagem ao compartilhar mensagens que associam Lula ao Hamas

     A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o presidente da Argentina, Javier Milei, fez uma “molecagem”, ao compartilhar mensagens sobre o ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na avenida Paulista neste domingo (25).

    “Javier Milei fez molecagem nas redes sociais, divulgando mentiras de bolsonaristas sobre @LulaOficial. Falar em ditadura no Brasil é total irresponsabilidade, mais grave ainda se é reproduzida pelo presidente de país vizinho, amigo e parceiro comercial”, afirmou.

    O argentino divulgou também postagens que associam o presidente brasileiro ao Hamas.

    “Milei devia cuidar primeiro de resolver os graves problemas do povo da Argentina. Foi eleito para isso, mas prefere ofender Lula e perseguir estudantes brasileiros em seu país”, declarou a petista.

    Folha de São Paulo

  • Por que covid-19 ainda mata tanta gente no Brasil

    Por que covid-19 ainda mata tanta gente no Brasil

    Há cerca de duas semanas, um homem de 79 anos deu entrada no pronto-socorro de um hospital particular de Matão, cidade no interior de São Paulo, com falta de ar e dores no corpo.

    Primeiro, especulou-se que ele poderia ter contraído dengue – já que o Brasil vive uma explosão de casos desde o fim do ano passado.

    Mas, como o protocolo de atendimento exige que, diante desses sintomas, os pacientes também façam o teste para covid-19, ele passou pelo exame já na triagem.

    Horas depois, enquanto se encaminhava para a internação, saiu o diagnóstico: ele estava, de fato, infectado pelo novo coronavírus.

    O homem ficou quatro dias na UTI e faleceu – foi o primeiro óbito registrado na cidade por covid-19 em meses.

    Segundo a Secretaria de Saúde local, o paciente havia tomado duas doses de vacina, mas seu quadro clínico foi agravado, entre outras coisas, pela obesidade.

    A notícia caiu como uma bomba em Matão: além de outros pacientes internados na mesma situação, o município viu o número de casos de covid-19 triplicar em pouco tempo.

    Em apenas 15 dias de fevereiro, 539 contaminações foram confirmadas pelas autoridades locais, sendo que, em janeiro inteiro, haviam sido 180.

    “A gente até consultou o CVE [Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo] para saber se existe alguma medida que podemos tomar para conter essa onda de contágio”, diz o secretário de saúde do município, Orivaldo Reguin, à BBC News Brasil.

    Essa mesma preocupação tem crescido em todo o país. No Rio de Janeiro, a média móvel foi de 66 casos no último dia de 2023 para 383 no fim de janeiro – alta de 480%, segundo os dados do Data Rio. Foram 14 óbitos no período.

    Há dois dias, a Secretaria de Saúde do Estado publicou relatório mostrando que a taxa de testes positivos hoje é de 30%, o triplo do registrado em janeiro (10%).

    Em São Paulo, o número de contaminados subiu de 892 na primeira semana do ano para 3.196 na semana entre 11 e 17 de fevereiro, um aumento de 258%.

    Na maior metrópole do Brasil, 25 pessoas morreram de covid-19 neste ano, sendo 10 só na semana epidemiológica de 4 a 10 de fevereiro, segundo dados da Secretária Municipal de Saúde.

    Em Salvador, na Bahia, as contaminações aumentaram 19% depois do Carnaval, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), e 95 óbitos foram contabilizados desde janeiro em todo o Estado, segundo dados do governo.

    Regiões como Norte e Nordeste também viram o volume de casos graves subir a partir da segunda metade de janeiro, segundo um boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

    Dados do Ministério da Saúde mostram ainda que a média móvel de casos de covid-19 do Brasil está em alta desde a segunda semana do ano.

    Passou de 19,9 mil registros para pouco mais de 38 mil, se mantendo neste patamar desde então.

    Em 2023, nessa mesma época, eram 21 mil casos – ou seja, a média é, atualmente, 80% maior do que há um ano.

    Na cidade de São Paulo, uma plataforma ligada ao Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), da Universidade de São Paulo (USP), segue atualizando os números da pandemia em tempo real e apontou que o número de pacientes subiu 140% no começo de fevereiro.

    Desde o início de 2024 até 17 de fevereiro, o Brasil já teve 1.325 mortes por covid-19, segundo o Conass.

    Para além da subnotificação, não entram nas contas sobre a covid-19 uma série de outros registros considerados apenas como suspeitos, ou seja, ainda não foi confirmado que a causa da morte foi covid-19.

    Ainda assim, o Brasil é o segundo país com mais óbitos pela doença no mundo neste ano.

    imagem de covas de cemitério
    O Brasil chegou a ter 21 mil mortes por covid-19 em uma única semana de abril de 2021

    Fica atrás apenas dos Estados Unidos, onde mais de 10,6 mil pessoas morreram infectadas pelo coronavírus nesse período, segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), agência que mensura as tendências da pandemia no país, e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

    Isso ocorre quatro anos depois de ser confirmado o primeiro caso de covid-19 no Brasil, em 25 de fevereiro de 2020.

    Um homem de 61 anos foi internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, dias depois de voltar de uma viagem à Itália.

    De lá para cá, 19% da população brasileira contraiu a doença e, dentro desse universo, quase 710 mil pessoas morreram em decorrência dela.

    No ápice da crise sanitária, em 2021, o Brasil teve 423,3 mil óbitos.

    Especialistas afirmam que a covid-19 caminha muito lentamente para se tornar uma doença semelhante à gripe, com baixíssima taxa de mortalidade, remédios acessíveis e maior conhecimento dos sintomas pela população.

    Enquanto isso não acontece, ela continuará a causar um número significativo de mortes, avaliam profissionais de saúde ouvidos pela reportagem.

    Somente na última semana epidemiológica já consolidada em âmbito nacional, entre 11 e 17 de fevereiro, 198 brasileiros perderam a vida por complicações da covid-19, de acordo com dados do Ministério da Saúde e do Conass.

    “São números bem preocupantes”, diz Ralcyon Teixeira, diretor da Divisão Médica do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo.

    Para se ter uma dimensão, esse número registrado em apenas uma única semana é maior do que as 184 pessoas que morreram devido à dengue em 2024, segundo o monitoramento de arboviroses mantido pelo Ministério da Saúde.

    A chikungunya, por sua vez, teve oito óbitos. Com base na média anual de registros, a Sociedade Brasileira de Cardiologia estima, por sua vez, que pouco mais de 57 mil brasileiros morreram por doenças cardiovasculares somente neste ano.

    No último boletim sobre doenças respiratórias da Fiocruz, apenas 5% dos óbitos registrados foram causados pelo vírus influenza A, da gripe.

    O SARS-CoV-2, que causa a covid-19, foi responsável por 88%.

    Em quantidade de casos, a situação atual se assemelha à do período entre abril e maio de 2020, quando a covid-19 começava a se espalhar pelo Brasil e tinha uma média móvel de 39 mil casos.

    É parecida também ao dos últimos meses de 2022, ano em que a doença voltou a se espalhar com mais força por causa da chegada da variante ômicron.

    As mortes, porém, estão em queda desde então: em 2023, pouco mais de 14,7 mil brasileiros perderam a vida por causa do vírus. Foi o ano menos letal desde o início da pandemia.

    Em nota, o Ministério da Saúde informou que “monitora e avalia permanentemente a situação epidemiológica da covid-19 no Brasil e no mundo”.

    “Os dados revelam que, apesar dos números de casos e óbitos por covid-19 serem menores em 2024 em comparação com anos anteriores, a doença continua causando a perda de muitas vidas na população brasileira, além de consequências graves como a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P)”, reconheceu a pasta.

    O ministério reforçou a importância de medidas não-farmacológicas (como uso de máscaras e redução da aglomeração) e da vacinação para prevenir a doença.

    A pasta afirmou ainda que está investindo no planejamento alinhado com autoridades locais, na divulgação de informações e transparência, além do combate a notícias falsas e desinformação.

    Quem ainda morre de covid?

    Entre especialistas que seguem na linha de frente do combate à doença, um dos consensos é que, no médio prazo, o Brasil seguirá com um volume de mortes por covid-19 parecido ao de agora, embora por motivos diferentes do período mais crítico.

    Ralcyon Teixeira, que está à frente de um dos principais centros de infectologia da América Latina, observa que os óbitos estão se concentrando em grupos clinicamente mais vulneráveis da população, assim como foi nos primeiros meses da pandemia.

    “É difícil que alguém contraia a covid-19 e morra puramente por causa dela hoje”, afirma Teixeira.

    “O que está acontecendo é uma descompensação de doenças crônicas que os pacientes já possuíam antes de serem infectados pelo vírus. Daí, o que ele faz é intensificar essa base, e as pessoas vão a óbito.”

    Entre essas complicações, estão a diabetes, que atinge 7% da população brasileira, e doenças cardiovasculares, que afetam cerca 14 milhões de pessoas pelo país, segundo dados recentes do Ministério da Saúde.

    O infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz no Rio de Janeiro, concorda e acrescenta: “Muitas vítimas são idosas também”.

    Pesquisas recentes identificaram que a pandemia conseguiu diminuir a faixa etária da mortalidade brasileira, movimentando o maior volume de óbitos para o intervalo entre 40 e 79 anos. Antes da pandemia, ele ficava na faixa após os 80 anos.

    Essas são grandes preocupações sobre os impactos da circulação atual do vírus no Brasil, na visão da infectologista Margareth Dalcolmo, que acabou de ser eleita para uma cadeira na Academia Nacional de Medicina.

    “Algumas comorbidades, como a hepatite C ou a hipertensão arterial, por exemplo, estão totalmente fora de controle no país. Isso significa que há mais gente vulnerável”, diz Dalcolmo, que também é pesquisadora da Fiocruz.

    Até o ano passado, imunossuprimidos, pessoas sem a imunização adequada ou idosos conformavam o perfil da mortalidade por covid-19 no país, segundo ela.

    Para Croda, a idade dos doentes colabora na explicação das desigualdades regionais.

    O Sul é um bom exemplo: embora tenha uma boa estrutura de saúde pública, além de uma ampla rede de atendimento, a região tem uma taxa de mortalidade relativamente alta (0,58 por 100 mil habitantes).

    Na região, 12,1% da população tem mais de 65 anos. É o segundo maior índice do país, de acordo com o Censo 2022, quase empatado com o Sudeste, que tem 12,2%.

    “Mas não é apenas a idade, é a comorbidade que pode estar atrelada a ela”, diz Croda.

    Um relatório de 2023 do Conass mostrou que o Brasil teve um excesso de 18% em mortes naturais no ano passado.

    O dado é calculado comparando os óbitos registrados desta forma e uma expectativa definida a partir de uma média histórica.

    Em números absolutos, foram 48 mil mortes a mais do que o esperado.

    Para o conselho, isso se explica principalmente pelas vítimas de covid-19, porque as taxas de mortalidade por outras doenças, como cardiovasculares, por exemplo, caíram no mesmo período.

    mulher de máscara

    CRÉDITO,GETTY IMAGES

    O microbiologista Átila Iamarino, que se tornou um dos principais porta-vozes da comunidade científica durante a pandemia, coloca mais uma camada nesse diagnóstico: a capacidade de circulação das variantes do SARS-CoV-2 e, especialmente, a ômicron, que hoje é a cepa dominante no território brasileiro.

    “Ela é extremamente transmissível e, quando infecta alguém, causa sintomas mais graves do que a gripe comum”, diz Iamarino.

    “Como existem ciclos contínuos da doença acontecendo, que se movimenta também mais do que as síndromes gripais já conhecidas, é de se esperar que ela mate mais gente ao longo desse processo.”

    Iamarino ressalta como a ômicron também é uma variante mais resistente do que suas anteriores – o que ajuda a entender sua prevalência.

    “Ela escapa muito bem da imunidade das pessoas, ao ponto de continuar sendo transmitida meses após ter causado um surto”, diz o microbiologista.

    “Isso significa que a ômicron tem capacidade de voltar a circular rapidamente e, assim, gerar novos casos.”

    Com o aumento relativo de óbitos nas últimas semanas, a taxa de mortalidade brasileira se movimentou nesse intervalo: era de 0,37 para cada 100 mil habitantes no início do ano e, agora, já é de 1 para 100 mil.

    Ainda assim, é um indicador muito longe do de 2021, quando chegou a ser de 201 para cada grupo de 100 mil pessoas.

    Por outro lado, a letalidade desses dois primeiros meses está igual à de todo o ano 2022 (0,5%), o que indica a manutenção do volume de pessoas que, uma vez contaminadas, estão morrendo por causa da covid-19.

    Tratamentos disponíveis

    Para Ralcyon Teixeira, do Emílio Ribas, outro motivo que ajuda a entender por que a covid-19 ainda vitima tanta gente é a desinformação – tanto da maioria da população quanto dos próprios profissionais de saúde.

    De um lado, na análise dele, falta conhecimento público sobre os medicamentos já disponíveis em farmácias ou até oferecidos gratuitamente em dispositivos do Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a doença.

    É o caso do Paxlovid, elaborado pela americana Pfizer e aprovado na metade de 2022 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para venda no país.

    De outro, ele vê que muitos médicos ainda não têm lançado mão dessas alternativas quando atendem pessoas infectadas.

    “Na verdade, é preciso repensar todo o acesso ao tratamento da covid no Brasil. O uso desses medicamentos ajudaria a reduzir significativamente o número de mortes”, analisa.

    Trata-se também de um medicamento caro: uma caixa com 30 comprimidos sai por cerca de R$ 4,5 mil.

    O governo federal comprou diversos lotes de Paxlovid desde que ele foi regulamentado e os distribuiu no SUS.

    Dalcolmo, da Fiocruz, lembra que a prescrição correta do Paxlovid é para casos moderados.

    “É uma indicação muito precisa. Quem tem sintomas leves precisa apenas de analgésico e de isolamento por cinco dias”, afirma a médica.

    “Casos graves necessitam de internação. Mas, para quem está em uma situação moderada, é um excelente medicamento.”

    pessoa sendo vacinada
    CRÉDITO,GETTY IMAGES-A vacinação é importante para frear novas infecções, segundo a OMS

    Vacinação insuficiente

    Outro consenso entre os especialistas são as brechas na vacinação.

    Hoje, o Brasil tem perto de 82% da população imunizada com as duas primeiras doses das vacinas monovalentes – um universo de 167 milhões de pessoas.

    Metade do país (53%) está totalmente coberta pelos reforços disponíveis.

    Mas a baixíssima adesão à vacina bivalente, que foi aplicada em cerca de 16% dos brasileiros (33,3 milhões de doses) é o ponto considerado mais alarmante.

    “Significa que pouquíssima gente está protegida contra as novas cepas circulantes, oriundas da ômicron, já que as vacinas monovalentes carregam apenas cepas antigas”, explica Dalcolmo.

    Há ainda um fenômeno social envolvido na cobertura vacinal brasileira, diz Átila Iamarino.

    Para ele, a percepção pública da gravidade da doença determina a adesão massiva à imunização.

    Foi assim que, quando as primeiras doses foram disponibilizadas no SUS, em janeiro de 2021, quando a média móvel de óbitos estava em 4 mil, quase a totalidade da população correu para os postos de saúde.

    “Naquele desespero todo, as pessoas sabiam que a proteção que a vacina oferecia era uma necessidade aguda”, afirma o microbiologista.

    “No entanto, conforme a campanha foi tendo efeito e o número de mortos foi caindo, elas passaram a não se preocupar com reforços, e isso se seguiu sucessivamente a cada nova dose que foi sendo disponibilizada”.

    Além disso, há uma crítica latente ao desenho da campanha vacinal feito pelo Ministério da Saúde em 2021 e, principalmente, à comunicação em torno dela. “Ficou tudo muito confuso”, avalia Ralcyon Teixeira.

    No seu cotidiano no Emílio Ribas, ele diz ainda encontrar muita gente que não entende que a vacina não foi elaborada para evitar totalmente a contaminação, mas para diminuir os efeitos da doença.

    Há muitas dúvidas também sobre a duração da imunidade fornecida em cada dose.

    “A população ficou muito atrapalhada sobre quando ir se vacinar, quais são os grupos prioritários, qual é a necessidade de seguir se imunizando, etc. As pessoas foram se cansando”, reflete.

    O último movimento dentro da campanha foi em janeiro, quando o Ministério da Saúde colocou três doses da vacina da Pfizer como parte do Programa Nacional de Imunização (PNI).

    Desde então, elas são obrigatórias dentro do ciclo vacinal de crianças entre 6 meses e menores de 5 anos.

    No caso de idosos e de pessoas imunossuprimidas, os reforços devem ser tomados semestralmente.

    “O problema é nossa cobertura para esse grupo está baixa. É por isso que ainda temos uma mortalidade bastante concentrada nele”, lamenta Julio Croda.

    Para o infectologista, a inserção das vacinas no PNI também foi uma reação à campanha do movimento antivacina contra a imunização de crianças, que teve bastante penetração no Brasil.

    Essa é, aliás, uma percepção corroborada entre todos os especialistas.

    “A diferença entre o risco percebido e o que existe de fato para as crianças fez com que muita gente não vacinasse pessoas nessa faixa etária”, comenta Iamarino.

    “De fato, elas têm menos chances de morrer, mas ainda assim não deveríamos assumir esse risco de forma alguma.”

    Ralcyon Teixeira diz que a desinformação envolvendo crianças potencializaram bastante a baixa adesão dessa parte da população à vacina.

    Ele aponta que mensagens circularam durante a pandemia relacionando a imunização a reações fatais piores do que a própria covid-19 ou a projetos supostamente políticos, como a implementação de rastreamento na população como forma de monitorá-las.

    “Esse é realmente um problema grave da vacinação no Brasil hoje”, diz Dalcolmo.

    Levando em conta o período desde o início da pandemia de covid-19, em 2020, o Brasil permanece como o segundo país onde o vírus mais matou no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que estão perto de registrar 1,8 milhão de óbitos nesses quatro anos. Índia (533 mil mortes), Rússia (402 mil) e México (334 mil) também possuem números altos.

    Pelos dados da OMS, 11,6 mil pessoas morreram de covid-19 no mundo em 2024: a maioria delas nos EUA.

    A Johns Hopkins, universidade norte-americana que serviu como banco global de informações sobre a covid-19, deixou de coletar números dos países em outubro do ano passado, mas manteve seus gráficos abertos.

    Neles, o Brasil ocupa o quarto lugar no índice de mortalidade, com 328 mortes ao longo da pandemia para cada 100 mil habitantes.

    À frente do país estão o Chile (336 para cada 100 mil), os Estados Unidos (341) e o Peru (665).

    BBC

  • Rússia proíbe exportações de gasolina por 6 meses a partir de 1º de março

    Rússia proíbe exportações de gasolina por 6 meses a partir de 1º de março

    A Rússia ordenou nesta terça-feira a proibição das exportações de gasolina por seis meses a partir de 1º de março para manter os preços estáveis em meio ao aumento da demanda dos consumidores e agricultores e para permitir a manutenção de refinarias no segundo maior exportador de petróleo do mundo.

    A proibição, noticiada primeiramente pela russa RBC, foi confirmada por uma porta-voz do vice-primeiro-ministro Alexander Novak, o homem de confiança do presidente Vladimir Putin para o setor de energia da Rússia.

    A RBC, citando uma fonte não identificada, disse que o primeiro-ministro Mikhail Mishustin havia aprovado a proibição depois que Novak a propôs em uma carta datada de 21 de fevereiro.

    “A fim de compensar a demanda excessiva por produtos petrolíferos, é necessário tomar medidas para ajudar a estabilizar os preços no mercado interno”, disse Novak na proposta, conforme reportado pela RBC.

    Os preços domésticos da gasolina são um fator sensível para motoristas e fazendeiros no maior exportador de trigo do mundo antes da eleição presidencial de 15 a 17 de março, enquanto algumas refinarias russas foram atingidas por ataques de drones ucranianos nos últimos meses.

    A Rússia e a Ucrânia têm atacado a infraestrutura de energia uma da outra em uma tentativa de interromper linhas de suprimento e a logística e desmoralizar seus oponentes, conforme buscam vantagem em um conflito de quase dois anos que não mostra sinais de acabar.

    Os principais produtores de gasolina na Rússia em 2023 foram a refinaria Omsk da Gazprom Neft, a refinaria de petróleo NORSI da Lukoil em Nizhny Novgorod e a refinaria Ryazan da Rosneft.

    Em 2023, a Rússia produziu 43,9 milhões de toneladas de gasolina e exportou cerca de 5,76 milhões de toneladas, ou cerca de 13% de sua produção. Os maiores importadores de gasolina russa são principalmente os países africanos, incluindo Nigéria, Líbia, Tunísia e também os Emirados Árabes Unidos.

    No mês passado, a Rússia reduziu as exportações de gasolina para países não pertencentes à Comunidade de Estados Independentes para compensar reparos não planejados em refinarias em meio a incêndios e ataques de drones em sua infraestrutura de energia.

    As interrupções incluem a paralisação de uma unidade na NORSI, a quarta maior refinaria do país, localizada perto da cidade de Nizhny Novgorod, cerca de 430 km a leste de Moscou, após o que se acredita ser um incidente técnico.

    No ano passado, a Rússia proibiu as exportações de gasolina entre setembro e novembro para combater os altos preços internos e a escassez.

    Desta vez, a proibição não se estenderá aos Estados membros da União Econômica Eurasiática, Mongólia, Uzbequistão e duas regiões separatistas da Geórgia apoiadas pela Rússia — Ossétia do Sul e Abkhazia.

    (Reportagem da Reuters)

  • Polícia Civil posta sobre ato de Bolsonaro e curte comentários

    Polícia Civil posta sobre ato de Bolsonaro e curte comentários

    A Polícia Civil do Estado de São Paulo fez uma publicação em seu perfil oficial no Instagram com imagens do trabalho realizado pela corporação durante o ato promovido neste domingo (25) pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na postagem, a corporação curtiu elogios pelos trabalhos realizados e também comentários políticos. Entre eles, um “Fora Lula”.

    Reações em perfil oficial da corporação. Uma das publicações curtidas pelo perfil da Polícia Civil foi um comentário “Fora @lulaoficial”, mencionando o perfil oficial do presidente Lula (PT) no Instagram. Segundo consulta da reportagem, o comentário foi realizado pelo perfil de um homem ainda no domingo (25), cerca de uma hora após a publicação do vídeo.Polícia Civil de SP posta sobre ato de Bolsonaro e curte comentários,  incluindo "Fora Lula" - La Gauche

    “E eu me pergunto… como o outro ganhou as eleições”, escreveu uma mulher, referindo-se a Lula. Essa postagem também foi curtida pelo perfil oficial da Polícia Civil de São Paulo.

    Polícia Civil também curtiu comentário com a frase “Linda manifestação democrática”. Outras reações no perfil da corporação também incluem comentários de bandeiras do Brasil e de Israel, ambas comumente usadas pelos eleitores do ex-presidente. Comentários com as frases “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” e “Deus, pátria, família e liberdade”, ditas frequentemente por Bolsonaro, também foram curtidas pelo perfil da Polícia Civil.

    Corporação também respondeu comentários com emojis de flor, mãos orando e coração. Algumas das respostas, pelo que visualizou a reportagem, foram em comentários agradecendo pelo trabalho de segurança dos agentes. “Parabéns. Muito obrigada por ter cuidado dos nossos patriotas. [emojis com as bandeiras do Brasil e Israel, além de mãos para o alto]”, escreveu uma. “Parabéns, Me senti super segura! Não vi nenhum roubo, depredação”, comentou outra.

    Internauta fez alerta sobre publicação. Em um dos comentários, um homem apontou a necessidade de ter cuidado com a “imagem da corporação não parecer proselitismo”. “A polícia é instituição de estado. Mesmo com um post singelo acaba promovendo ‘o culto’”, escreveu o internauta. Outro também comentou: “Aí vocês querem que eu leve vocês a sério com essa prova de impessoalidade?”.

    Ato reuniu cerca de 600 mil pessoas na Paulista, diz SSP. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que a manifestação “ocorreu de forma pacífica, sem o registro de incidentes e com a presença de, aproximadamente, 600 mil pessoas na avenida Paulista e 750 mil pessoas no total, quando levado em conta o público presente nas ruas adjacentes”.

    Levantamento da USP aponta que estimativa de público para o pico do ato, às 15h, foi de 185 mil pessoas. O dado faz parte do Monitor do Debate Político, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Às 17h, após os discursos, a contagem indicou 45 mil participantes. A equipe acompanhou a manifestação, produziu imagens aéreas às 15h e às 17h e contou o público com auxílio de software.

    POSTAGEM TINHA OBJETIVO DE DEMONSTRAR ATUAÇÃO DA POLÍCIA CIVIL, DIZ SSP-SP

    SSP-SP esclarece objetivo da publicação em nota. O objetivo único e exclusivo da postagem era “mostrar a atuação operacional da Polícia Civil para garantir a segurança da população ao longo do ato, assim como foi realizado em outros eventos”, declarou a Secretaria de Segurança Pública do Estado.

    Pasta cita “Operação Carnaval” como exemplo. A SSP-SP relembrou que a divulgação do trabalho em campo pela instituição também foi realizado nas redes sociais desde o pré-Carnaval. “As publicações incluíram tanto o planejamento, como os resultados, por exemplo, quando diversos celulares furtados foram apreendidos e recuperados. Em outras postagens, dicas de segurança foram dadas à população”, acrescentou.

    “As ações da Polícia Civil são voltadas à segurança pública e as atividades são executadas sem distinção.” A SSP-SP ainda acrescentou que para o ato deste domingo (25) foram mobilizadas equipes do GER (Grupo Especial de Reação) do GARRA (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), helicóptero, drone e policiais do CERCO em campo para monitoramento. Uma unidade móvel da Delegacia de Atendimento ao Turista também esteve nas proximidades para prestar apoio aos presentes no ato.

    BOLSONARO DEFENDEU ANISTIA EM MANIFESTAÇÃO

    No ato, Bolsonaro negou tentativa de golpe e pediu anistia a envolvidos no 8/1. O ex-presidente optou por falar sobre feitos durante sua gestão e exaltou a adesão de apoiadores ao ato. “Nós sabemos como foi o período de 19 a 22. E estamos vendo como é difícil vencer nesse país com o que nos temos a governar nesse momento”. Depois, voltou dizer que nunca esteve envolvido em um plano de golpe de Estado e pediu anistia aos envolvidos no 8 de janeiro.

    Ex-presidente disse ser “perseguido” e cita investigação das joias, que apontou tentativa de apropriação de um patrimônio da União. “É joia, importunação de baleia, dinheiro que eu teria mandado para fora do Brasil, é tanta coisa que eles mesmo trabalham contra si”, criticou.

    Pastor Silas Malafaia fez crítica a Lula. Organizador do evento, Malafaia sugeriu que o Lula sabia das invasões no 8 de janeiro e, ao citar Moraes, disse que não tem “medo de ser preso”. Ele também afirmou que “Lula fez o Brasil ser vergonha para o mundo inteiro. A fala de Lula não representa o povo brasileiro”. A declaração faz referência ao discurso do presidente no último dia 18, na Etiópia, quando Lula comparou os ataques à Faixa Gaza ao Holocausto, o que gerou críticas do governo israelense.

    Em discurso, Tarcísio de Freitas destacou “legado” de Bolsonaro. O governador de São Paulo chegou junto ao ex-presidente na Paulista por volta das 14h40. Em sua fala, afirmou que Bolsonaro “nunca pegou nada para si” e sempre deu o crédito para quem realizava ações durante sua gestão. “Presidente que sempre respeitou Israel”, acrescentou.

    Como o UOL antecipou, Michelle Bolsonaro falou na abertura do ato, às 15h, em trio na altura do Masp (Museu de Arte de São Paulo). A ex-primeira-dama se emocionou e chamou o evento de “ato pacífico de civilidade”. Ela também agradeceu a presença de Tarcísio de Freitas: “Abriu as portas da casa dele para nós”, afirmou. Depois, fez uma oração.

    Folha de São Paulo

  • Lula evita falar sobre ato de Bolsonaro, e jornalista é vaiada após pergunta

    Lula evita falar sobre ato de Bolsonaro, e jornalista é vaiada após pergunta

    O presidente Lula (PT) evitou comentar nesta segunda-feira (26) o ato promovido no dia anterior pelo ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL), que reuniu milhares de pessoas na avenida Paulista, em São Paulo.

    O petista foi questionado diretamente sobre o assunto durante um evento no Palácio do Planalto, mas optou por não responder. A jornalista que realizou a pergunta acabou vaiada por militantes de movimentos sociais presentes.

    Ministros do governo buscaram minimizar a quantidade de pessoas presente no ato. Rui Costa (Casa Civil) afirmou que a única surpresa foi a confissão em praça pública de crimes praticados, em referência à fala de Bolsonaro sobre a minuta do golpe.

    Lula participou na manhã desta segunda-feira de uma entrevista a jornalistas, no Palácio do Planalto, para a apresentação de um programa para dar uso social a imóveis abandonados da União, com a ministra Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviços Públicos).

    Após a fala inicial do mandatário e da ministra, foi aberto espaço para perguntas. No entanto, a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) informou que as perguntas seriam destinadas apenas para Esther Dweck e para o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

    Uma jornalista aproveitou a presença de Lula ao lado dos ministros e então questionou sobre o ato promovido por Bolsonaro —após ter realizado perguntas para os ministros também. Ela foi vaiada por militantes que estavam presentes no evento.

    Os ministros então responderam as respectivas perguntas e o questionamento endereçado a Lula acabou ignorado. Pouco depois, o presidente deixou o evento, antes de seu término.

    A reportagem não pôde participar da entrevista. A Secom apenas permitiu a participação na entrevista de jornalistas da área que haviam sido previamente convidados e não aceitou a substituição dos nomes previamente definidos pela secretaria por outros indicados pelo jornal.

    Após o evento, o ministro Rui Costa foi questionado sobre o assunto e afirmou que a única grande surpresa relacionada com os atos foi a suposta confissão de que havia uma trama golpista para manter Bolsonaro no poder.

    Ele ainda acrescentou que o ato teve menos gente do que o esperado pelos organizadores.

    “Nenhuma surpresa [com a quantidade de pessoas], foi muito aquém do que os próprios organizadores estavam divulgando que teria de presença. Surpresa nenhuma. A surpresa se refere apenas ao conteúdo da confissão dos crimes praticados”, afirmou o ministro.

    “É o que todos, não só nós, acho que o Brasil inteiro, ficaram surpresos de você […] talvez seja a primeira vez na história que pessoas que cometeram atos criminosos chama um evento em praça pública e na multidão confessam o crime e vão além disso, pedem perdão, anistia, pelos crimes cometidos. É alto talvez para ficar registrado na história do Brasil”, completou.

    O ministro depois voltou a falar da participação nos atos e creditou a líderes religiosos a quantidade de pessoas que compareceu à avenida Paulista.

    “Todos conhecem e sabem que o país ainda se encontra em um grau de polarização grande e de pregação do ódio e, eventualmente, onde setores religiosos são mobilizados por seus líderes religiosos para pedir anistia a crimes cometidos”, afirmou.

    Já Paulo Pimenta (Secom) apenas disse que não iria comentar o ato, porque não era do governo e nem de seu partido. E depois ironizou a questão, afirmando que assistiu a jogos de futebol no domingo e não se informou sobre a manifestação.

    “Quem tem que fazer avaliação é eles. Não temos que fazer avaliação dos atos”, afirmou o ministro.

    “Só sei que os vermelhos ganharam tudo ontem. O Liverpool ganhou, o Inter ganhou, o Flamengo ganhou. Só deu vermelho ontem”, completou.

    Neste domingo (25), Bolsonaro reuniu governadores, parlamentares e milhares de apoiadores em um ato na avenida Paulista. A manifestação de força acontece justamente no momento em que avançam as investigações contra Bolsonaro e seus aliados a respeito de uma trama golpista para mantê-lo no poder.

    Acuado pelas investigações, Bolsonaro buscou maneirar um pouco no tom de sua fala. Não desferiu a sua tradicional agressividade contra o STF (Supremo Tribunal Federal), falou em pacificação, disse que as eleições presidenciais de 2022 eram “página virada da nossa história” e pediu anistia aos presos pelo ataque golpista de 8 de janeiro de 2023.

    O ex-presidente também negou a existência de uma trama golpista.

    “O que é golpe? É tanque na rua, é arma, conspiração. Nada disso foi feito no Brasil”, disse. “Agora o golpe é porque tem uma minuta do decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha paciência”, afirmou o ex-presidente diante de seus apoiadores.

    Folha de São Paulo

  • Até Elon Musk se impressionou com ato realizado na Avenida Paulista: “Lotado”

    Até Elon Musk se impressionou com ato realizado na Avenida Paulista: “Lotado”

    Empresário se manifestou por meio de sua rede social e disse ainda que ama o Brasil

    O empresário Elon Musk usou sua rede social X (antigo Twitter) para comentar sobre a manifestação pró-Jair Bolsonaro realizada, neste domingo (25), na Avenida Paulista, em São Paulo.

    – O Brasil parece bem lotado – disse.

    Em seguida ele continuou reagindo a declarações de outros usuários sobre o ato que aconteceu na capital paulista. Musk destacou que ama o Brasil.

    – Amo o Brasil – escreveu.

    – Orando [para que aconteça] o melhor – disse ele ainda, em resposta a outra mensagem.

  • Putin e Netanyahu se cumprimentaram diversas vezes durante o Fórum do Holocausto em 2020

    Putin e Netanyahu se cumprimentaram diversas vezes durante o Fórum do Holocausto em 2020

    Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, em um anfiteatro o presidente russo, Vladimir Putin, passa pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para cumprimentar o mandatário francês, Emmanuel Macron. A sequência, visualizada centenas de vezes desde 4 de fevereiro de 2024, circula com a alegação de que o líder israelense teria sido “ignorado” por Putin. No entanto, outras fotografias e vídeos do evento, o Quinto Fórum Mundial do Holocausto, realizado em janeiro de 2020, mostram o chefe de Estado russo conversando e até abraçando Netanyahu.

    “O presidente russo Putin IGNORA o aperto de mão com Netanyahu de ISRAEL”, diz a legenda de publicações no Facebook, no X e no Telegram.

    Publicações semelhantes também circulam em espanhol e inglês.

    O conteúdo é compartilhado no contexto da guerra entre Israel e o Hamas. O ataque do Hamas em 7 de outubro matou mais de 1.160 pessoas em Israel, a maioria delas civis, de acordo com um levantamento da AFP baseado em números oficiais israelenses.

    Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre em Gaza que deixou mais de 29.700 palestinos mortos até agora, a grande maioria civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do governo do Hamas.

    Evento de 2020

    A gravação, de 17 segundos, mostra Putin sendo conduzido até seu assento pelo então presidente de Israel, Reuven Rivlin. Ao longo do caminho, passa pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sentado em uma cadeira, e continua a caminhar até seu lugar, onde aperta a mão do seu homólogo francês, Emmanuel Macron.

    As publicações compartilham um vídeo de 21 segundos em que, ao fundo, é possível visualizar uma tela azul com as frases em inglês “lembrando o Holocausto” e “combatendo o antissemitismo”.

    Uma busca por essas frases e os nomes “Vladimir Putin” “Benjamin Netanyahu” no Google exibiu artigos sobre o Quinto Fórum Mundial do Holocausto 2020. O evento, que celebrou o 75º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, contou com a presença de cerca de “50 membros da realeza, presidentes, primeiros-ministros e líderes parlamentares da Europa, América do Norte e Austrália”.

    Uma nova pesquisa no Google pelas palavras-chave em inglês “Quinto Fórum Mundial do Holocausto” “Putin” levou ao vídeo original, publicado no canal da AFP em inglês no YouTube, em 23 de janeiro de 2020, sob o título “Líderes mundiais participam do Quinto Fórum Mundial do Holocausto em Jerusalém”.

    Vários eventos no mesmo dia

    Outras imagens registradas pela AFP mostram ainda que no mesmo dia do fórum, em 23 de janeiro de 2020, Netanyahu e sua esposa Sara receberam Putin anteriormente.

    O Governo russo também compartilhou registros do encontro entre as lideranças, explicando que se reuniram na residência do primeiro-ministro israelense, onde Putin agradeceu a Netanyahu pela sua hospitalidade: “Senhor primeiro-ministro, gostaria de agradecer a você e à sua esposa Sara. Obrigado pelo convite e pela hospitalidade.”

    No mesmo dia, eles também participaram de uma cerimônia onde juntos inauguraram o monumento “Vela Memorial”, dedicado aos defensores da cidade de Leningrado durante a Segunda Guerra Mundial. Após a intervenção de Putin, ambos se abraçaram, como pode ser visto aos 7 minutos e 50 minutos de uma gravação publicada no canal i24News.

    O presidente russo também cumprimentou Netanyahu posteriormente no Fórum Mundial do Holocausto, onde o vídeo viral foi gravado, como capturaram fotografias da AFP.

    Além disso, houve um aperto de mãos entre os dois após o discurso de Netanyahu no Fórum, como pode ser visto  a partir de 36 minutos e 50 segundos da transmissão do evento, e interagiram e conversaram antes da intervenção de Putin.

    No seu discurso, o presidente russo se referiu a Netanyahu como o “ilustre primeiro-ministro” e agradeceu aos líderes israelenses pela “recepção calorosa”.

    Relações entre Rússia e Israel

    Após o colapso da União Soviética em 1991, a recém-renascida Rússia estabeleceu laços com Israel, o que resultou em um aumento no turismo e uma onda massiva de migração judaica russa para o país. A relação entre os territórios tornou-se ainda mais estreita sob o governo de Netanyahu.

    No entanto, após a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 e a guerra entre Israel e o Hamas, que se intensificou em outubro de 2023, as relações entre os países pioraram, agravadas pela aproximação entre Rússia e Irã.

  • Lula se reúne com Irfaan Ali para tratar sobre Essequibo nesta semana

    Lula se reúne com Irfaan Ali para tratar sobre Essequibo nesta semana

    Encontro bilateral com presidente guianês será quinta-feira

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá com o chefe de governo da Guiana, Irfaan Ali , na próxima quinta-feira (29), em Georgetown, capital do país vizinho, para debater a agenda bilateral. A viagem de Lula tem como principal compromisso a participação, como convidado especial, do encerramento 46ª Cúpula de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (Caricom), mas o encontro do anfitrião com o presidente brasileiro está confirmado. Um dos assuntos que eles deverão discutir é a  crise entre Guiana e Venezuela pelo território de Essequibo, disputado pelos dois países.

    “Temos boas relações com a Venezuela, boas relações com a Guiana. O presidente Lula está indo porque foi convidado para se reaproximar da Caricom. Agora, ele estando lá, não vai perder a oportunidade de se reunir com o presidente Ali e apresentar uma agenda bilateral. Talvez ele felicite o presidente Ali por ter aceitado sentar-se com a Venezuela para tentar resolver a crise”, comentou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina do Ministério das Relações Exteriores (MRE), em entrevista na última sexta-feira (23) para tratar da viagem.

    Questionada por jornalistas sobre o papel do Brasil na mediação da crise, Padovan enfatizou a neutralidade do governo na questão e a busca por uma solução negociada. “O Brasil não se manifesta a respeito do cerne da questão entre Guiana e Venezuela, porque não nos compete. O que nos compete é facilitar o diálogo, a nossa posição se baseia em defender que o problema e a solução são uma questão bilateral, de respeito aos tratados internacionais, que é base da nossa Constituição”, argumentou.

    Em dezembro de 2023, os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, assinaram declaração conjunta em que os dois países se comprometem a não usar a força um contra o outro na disputa pelo território.

    O documento foi assinado durante reunião na ilha caribenha de São Vicente e Granadinas, mediada pelo primeiro-ministro Ralph Gonsalves, com quem Lula também deve se encontrar, na próxima sexta-feira, dia 1º de março, no próprio país insular, onde o presidente brasileiro participará da abertura da 8ª cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que será realizada em Kingstown, a capital. A viagem ocorre na sequência da visita à Guiana.

    Em janeiro deste ano, em Brasília, foi realizada a segunda rodada de diálogo sob mediação do governo brasileiro, por meio do chanceler Mauro Vieira, e dos governos de São Vicente e Granadinas – país que está na presidência temporária da Celac, e de Dominica, nação que preside temporariamente a Caricom. Desde a eclosão da crise, os três países têm atuado como principais interlocutores na busca de uma solução pacífica.

    “Por enquanto, a gente não resolveu o problema, não é um problema simples, mas conseguimos que os países se sentassem e começassem um diálogo, que não é curto, não é simples, mas começou”, observou a embaixadora Gisela Padovan.

    No fim do ano passado, a Venezuela realizou consulta popular que aprovou a incorporação de Essequibo, região disputada pelos dois países há mais de um século, que perfaz quase 75% do território da Guiana. O governo venezuelano também autorizou a exploração de recursos naturais na região e nomeou um governador militar para área.  Foi o estopim para que as tensões entre os dois países aumentassem desde então.

    O governo brasileiro chegou a reforçar a presença as tropas militares em Roraima, que faz fronteira com os dois países, e vem defendeu a resolução da controvérsia entre as duas nações por meio de um diálogo mediado. O Brasil é o único país que faz fronteira simultânea com Guiana e Venezuela, e um eventual conflito militar poderia ameaçar parte do território brasileiro em Roraima.

    IG