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  • Caiado sobre Bolsonaro: ‘Não sou preposto de ninguém. O próximo presidente tem que ter independência moral’

    Caiado sobre Bolsonaro: ‘Não sou preposto de ninguém. O próximo presidente tem que ter independência moral’

    Em 1989, quando foi candidato à Presidência pela primeira vez, o jovem Ronaldo Caiado (União Brasil) já havia fundado a União Democrática Ruralista (UDR). Com forte sotaque goiano, ele se defendia na TV, dizendo ser “confundido”, nas grandes cidades, como “o candidato do interior”.

    “Se existe São Paulo, se existem as grandes cidades, é porque existe o interior do Brasil”, afirmou, nas considerações finais de um debate entre os presidenciáveis na TV Bandeirantes, a poucos dias do primeiro turno daquela primeira eleição após a democratização do país.

    Naquelas eleições, Caiado ficou em 10º lugar, com menos de 1% dos votos.

    Passados quase 40 anos, o sotaque continua o mesmo. O orgulho de ser o candidato do agro, também.

    Mas desta vez o governador de Goiás quer desfilar com mais de um chapéu. O de boiadeiro, claro, mas também o do político experiente e com décadas de “confronto com Lula e o PT” para tentar preencher o vácuo que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode deixar na disputa presidencial de 2026.

    Em entrevista concedida à BBC News Brasil em Salvador, na véspera do lançamento da sua pré-candidatura à Presidência nesta sexta (4/4), Caiado criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e evitou falar de Bolsonaro.

    Quando questionado a respeito do ex-presidente, exaltou a importância de ter independência para governar e disse: “Eu não sou preposto de ninguém”.

    O governador de Goiás classificou como “populista” a iniciativa do governo petista de aumentar o imposto dos mais ricos para compensar a perda de arrecadação pela isenção de Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil.

    Nos cálculos do governo, a nova taxa dos super-ricos atingiria 141 mil pessoas. Caiado estaria entre elas – sua fortuna declarada ao Superior Tribunal Eleitoral em 2022 foi de quase R$ 25 milhões, ancorada em negócios variados, incluindo rebanhos e fazendas.

    “Acho que é um ato populista no momento em que ele está gastando desenfreadamente”, afirmou.

    Fincando os dois pés no eleitorado da direita, o governador disse que a alta letalidade policial do seu Estado está ligada à melhora nos índices de segurança pública.

    Goiás é o terceiro Estado com a maior taxa de mortes violentas cometidas por policiais em 2023, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública mais recente.

    “Quando o crime é confrontado com a polícia, quem é que morreu nesse enfrentamento?”, diz. “A tropa do Estado é preparada para o confronto.”

    O governador de Goiás classificou como “populista” a iniciativa do governo petista de aumentar o imposto dos mais ricos para compensar a perda de arrecadação pela isenção de Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil.

    Nos cálculos do governo, a nova taxa dos super-ricos atingiria 141 mil pessoas. Caiado estaria entre elas – sua fortuna declarada ao Superior Tribunal Eleitoral em 2022 foi de quase R$ 25 milhões, ancorada em negócios variados, incluindo rebanhos e fazendas.

    “Acho que é um ato populista no momento em que ele está gastando desenfreadamente”, afirmou.

    Fincando os dois pés no eleitorado da direita, o governador disse que a alta letalidade policial do seu Estado está ligada à melhora nos índices de segurança pública.

    Goiás é o terceiro Estado com a maior taxa de mortes violentas cometidas por policiais em 2023, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública mais recente.

    “Quando o crime é confrontado com a polícia, quem é que morreu nesse enfrentamento?”, diz. “A tropa do Estado é preparada para o confronto.”

    Caiado mexendo em fitinhas do Senhor do Bonfim, com esposa atrás, sorrindo
    Ronaldo Caiado e a esposa, Gracinha Caiado, em visita à Basílica do Senhor do Bonfim, em Salvador

    Ele rejeitou a ideia de que a agropecuária deixa passivos ambientais. Segundo o MapBiomas, projeto formado por diversas iniciativas que se dedica a monitorar a cobertura e o uso da terra no Brasil, a pastagem foi a principal finalidade do desmatamento ilegal na Amazônia entre 1985 e 2023.

    Para ele, a lei “está sendo cumprida” a atende as exigências de áreas de preservação previstas no Código Florestal Brasileiro.

    Para virar candidato no ano que vem, no entanto, seus obstáculos são outros. Existe a possibilidade de que o União Brasil forme uma federação partidária com o Progressistas (PP).

    Se isso acontecer, a pré-candidatura do governador, que já enfrenta pressões internas para desistir do projeto, estará ainda mais em xeque.

    Além disso, está previsto para a próxima terça-feira (8/4) o julgamento de um recurso que ele moveu contra a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que o tornou inelegível.

    Segundo o tribunal, Caiado cometeu abuso de poder ao usar o Palácio das Esmeraldas, residência oficial do governador, para realizar eventos em apoio a Sandro Mabel, candidato do União Brasil que venceu a disputa pela Prefeitura de Goiânia no ano passado.

    “Essa matéria não tem nenhum fundamento”, diz, sobre o processo.

    Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

    BBC News Brasil – Na campanha de 1989, o senhor falava “eu sei que quando eu chego nos lugares, as pessoas falam, ah, lá vem o candidato do agro”. O senhor acha que o agro ainda hoje é incompreendido?

    Ronaldo Caiado – Naquela época, era impressionante a campanha que existia contra a figura do produtor rural. Tentavam estigmatizar o produtor rural como uma pessoa que fosse insensível, que não tivesse solidariedade, que não tivesse compromisso com o social.

    Hoje você vê que no Brasil, todos já são defensores do agro. Naquela época, apenas o Ronaldo Caiado tinha coragem de defender o agro.

    O Brasil hoje é a maior potência de produção de alimentação, não só de brasileiros, mas também de mais de quase um bilhão de pessoas fora do país que recebem hoje alimentos produzidos no Brasil. Então é o segmento que deu certo.

    BBC News Brasil – Então o senhor vai continuar sendo o candidato do agro?

    Caiado – Diria que eu sou um candidato que vem de dois mandatos como governador. E se você buscar todas as áreas de atuação do governo, que são comparadas com os demais colegas meus governadores, você vê que eu sou o primeiro lugar em tudo. Então não é um discurso único do setor.

    Como governante, você vê que Goiás é o primeiro lugar na educação, em transparência das contas públicas, em liquidez, em segurança pública, é o primeiro lugar em Estado que mais retirou pessoas da extrema pobreza.

    Não tem apenas uma linha de ação, eu tenho uma amplitude em todas as áreas de atuação do governo.

    BBC News Brasil – O Brasil tem sido cobrado mundialmente a produzir carne, soja, e milho livres de desmatamento. A União Europeia tem cobrado iniciativas do Brasil nesse sentido, por exemplo. Goiás é o terceiro Estado com o maior rebanho bovino do país. É possível falar em sustentabilidade na agropecuária? Até o momento, as metas que foram traçadas de desmatamento não foram atingidas.

    Caiado – Sim, eu posso discutir isso, mas com base em dados, não em achismo. Qualquer parlamentar ou qualquer governante na Europa que tenha conteúdo capaz de poder apresentar dados, eu estou inteiramente à disposição.

    Porque fui eu, como parlamentar, um dos que participou na elaboração do Código Florestal Brasileiro. Então eu sei exatamente o que nós produzimos e sei exatamente como é que é a realidade da agropecuária brasileira.

    Na Amazônia, por exemplo, você precisa ter 80% de preservação ambiental e apenas 20% de ocupação [dos imóveis rurais]. Essa é a lei. E ela está sendo cumprida.

    Nós somos o único país no mundo que temos todos os nossos biomas preservados.

    Como os europeus produzem carne? O animal é alimentado com resíduos de outros animais, os europeus produziram uma carne onde lá eles desenvolveram o prion [proteína infecciosa] da vaca louca.

    A partir daí, você colocou em risco todo um consumo de carne produzida por um gesto totalmente irresponsável da alimentação de animal com resíduo animal.

    Então, se tem algo nocivo, é exatamente isso.

    BBC News Brasil – O senhor está falando das questões fitossanitárias.

    Caiado – Sim, mas isso é importante, porque você há de convir que isso aqui provocou um problema de saúde.

    Agora vamos à parte ambiental. Nós já temos uma lei que define como deve ser o exercício e a prática da agropecuária no Brasil.

    Aí vem uma lei europeia que diz o seguinte, olha, mesmo que o produtor não tenha atingido os seus 80% [de desmatamento que o Código Florestal permite no bioma do Cerrado] da sua área, ele está impedido de continuar amanhã a ocupação do restante da sua área. Isso é inaceitável.

    Quando nós produzíamos 60 milhões de toneladas de grãos, os europeus não falavam nada.

    No momento que nós estamos produzindo 320 milhões de toneladas de grãos, aí eles se assustaram. É [mais] um viés econômico do que uma preocupação ambiental.

    Ronaldo Caiado.

    Crédito,Rômullo Carvalho/Governo de Goiás

    Legenda da foto,‘A tropa do Estado é preparada para o confronto’, diz o governador, ao ser questionado sobre a alta letalidade da polícia de Goiás

    BBC News Brasil – Mas então o senhor não acha que é preciso avançar em boas práticas ambientais na nossa produção por conta da crise climática?

    Caiado – Nós não podemos partir desta tese. É cumprir a lei.

    Fica difícil para o europeu e o americano, eles chegarem para nós e dizerem, “é porque a preservação…”

    Vem cá, vocês não precisam dizer isso a nós. Nós fazemos isso. Nós cumprimos nossa tarefa. Quem não cumpre a tarefa são vocês. Vocês não têm florestas nativas.

    Do ponto de vista ambiental para o europeu e para o americano, nós estamos quilômetros à frente deles.

    O problema todo é mais do ponto de vista econômico. Se o Brasil começasse a produzir carro, se o Brasil começasse a produzir máquinas agrícolas, eles iam criar algum problema para bloquear a entrada dos produtos nossos lá na Europa.

    Agora, o aquecimento global… As dificuldades todas, nós não usamos aqui. Nenhuma… nós não utilizamos aqui o consumo de carvão, como se usa tanto ainda na Europa. Nós não temos aqui nada que possa contaminar o meio ambiente.

    “Ah, mas nós temos as queimadas.”

    A Amazônia já não é mais governada pelo Estado brasileiro, é governada pelas facções criminosas. As facções do narcotráfico é que comandam a Amazônia, tanto no garimpo ilegal, como no contrabando de árvores como na ocupação territorial.

    Por uma total omissão do governo federal, a Amazônia hoje, se ela está sendo destruída e se estão ali comercializando árvores e estão ali ampliando garimpos, são exatamente as facções que estão no comando dela.

    É uma região tão ocupada quanto… o Morro do Borel, a Rocinha…

    O governo federal é complacente com o narcotráfico.

    BBC News Brasil – Este governo?

    Caiado – Sim, este governo. A linha do atual governo sempre foi complacente com o crime.

    BBC News Brasil – O governo anterior tomou alguma medida em relação a isso?

    Caiado – Houve uma reestruturação das polícias nos Estados, teve apoio nos Estados. Agora você não tem contrapartida para os Estados.

    Lula e Tarcísio de Freitas conversando em sala

    Crédito,Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto

    Legenda da foto,Além de Caiado, Lula e Tarcísio de Freitas são possíveis nomes a concorrer à Presidência em 2026

    BBC News Brasil – Segundo o Observatório Brasileiro de Segurança Pública, os índices da violência em Goiás vêm se reduzindo nos últimos anos, mas, ao mesmo tempo, letalidade policial tem aumentado. Em 2023, um terço das mortes violentas foram provocadas por policiais no Estado.

    É o terceiro Estado com o maior número de mortes causadas pela polícia. O que está acontecendo? A polícia está matando demais? O senhor considera colocar a câmera nas polícias?

    Caiado – Não, não considero de maneira alguma [colocar câmeras].

    A Corregedoria é capaz de saber como é que se faz o tratamento ali e as ordens e as diretrizes gerais são definidas pela polícia e pelo governo.

    BBC News Brasil – E o que está acontecendo então?

    Caiado – Está acontecendo que você tem uma segurança plena.

    BBC News Brasil – Plena?

    Caiado – Plena. É plena, é plena.

    Por exemplo, é uma realidade que você tem hoje de 87% de aprovação da segurança pública [pesquisa Quaest apontou, em fevereiro, que a segurança pública em Goiás é aprovada por 74% da população]. Ora, o confronto não foi a polícia que foi lá confrontar com ele.

    Eles é que foram confrontar com a polícia.

    BBC News Brasil – O senhor acredita que para ter uma segurança plena é necessário uma polícia que atue de maneira efetiva, chegando às últimas consequências, como é nesse caso?

    Caiado – Não, você está invertendo a ordem da pergunta. A pergunta é a seguinte, para se ter segurança plena é preciso que você tenha a força de segurança capaz de proteger a sua população? A polícia de Goiás protege a sua população.

    BBC News Brasil – Mas protege e mata.

    Caiado – Mas como que é mau, se a população de Goiás aprova a segurança pública em 87%?

    Você está fazendo um pré-julgamento da polícia, quer dizer, Estado bom é quando o crime mata muito, é isto? Essa é a sua visão.

    BBC News Brasil – Não. Eu não disse isso.

    Caiado – É exatamente isso que você coloca. Quando o crime mata muito, aí não tem problema.

    Quando o crime é confrontado com a polícia, quem é que morreu nesse enfrentamento?

    A tropa do Estado é preparada para o confronto.

    A indignação que tem que ser da população, é diante da privação da pessoa dela poder ter o direito de ir e vir.

    Hoje a droga no Brasil já passou a ser souvenir das facções. O setor imobiliário hoje está todo tomado pelas facções no Brasil, ninguém enfrenta eles mais.

    [Há uma] Ocupação nas campanhas eleitorais, elegendo prefeitos, deputados, governadores, ações [das facções] dentro dos poderes, do Tribunal de Justiça, Defensoria Pública, Ministério Público em todas as áreas dos poderes constituídos hoje. Os postos de gasolina, supermercados, onde circula dinheiro, o comando nas penitenciárias, eles dão a ordem lá de dentro, são verdadeiros escritórios do crime. Veja se isso acontece na Europa?

    Então, esta realidade, distorcer o fato, são exatamente de ONGs que são sustentadas por eles.

    Caiado e Bolsonaro sorrindo para foto e fazendo joinha; eles estão embaixo de tenda de evento, com outras pessoas à volta

    Crédito,Isac Nóbrega/Palácio do Planalto

    Legenda da foto,Caiado e Bolsonaro em 2019; em entrevista, governador evitou falar do ex-presidente

    BBC News Brasil – O senhor discordou de Bolsonaro, quando ele falou sobre uma “ditadura do Judiciário”, se referindo ao julgamento dele no âmbito da suposta tentativa de golpe. Ao mesmo tempo, o senhor tem uma condenação no Tribunal Regional Eleitoral pela mesma razão que deixou o ex-presidente inelegível: abuso de poder. O senhor acredita que isso pode mudar até o ano que vem?

    Caiado – Quando você está no Palácio que é a sua residência, as ações suas são as ações de dentro da sua casa, você recebe as pessoas, como a Dilma [Rousseff] recebia no Palácio da Alvorada, como o Bolsonaro recebia no Palácio da Alvorada e como o Lula recebe no Palácio da Alvorada.

    Da mesma maneira que eu recebi vereadores dentro do Palácio das Esmeraldas. Residência do governador, não é o palácio de despacho do governador.

    O palácio de despacho, aí sim, você está no exercício do seu mandato.

    Na sua residência, você recebe as pessoas, você convive com as pessoas, você fala, você grava, você opina, você discute.

    Tanto é que essas matérias todas que foram levadas ao Tribunal Superior Eleitoral, todas foram ditas, olha, estavam na residência.

    Como tal, essa matéria não tem nenhum fundamento.

    Este assunto será julgado agora dia 8 de abril. Então vamos aguardar a decisão. Eu falo porque aquilo já é matéria transitada e julgada e eu não estou inibido de poder receber dentro do Palácio das Esmeraldas. Uma coisa seria se eu estivesse no palácio de despacho, chamando pessoas no horário de trabalho. Agora, eu estou em um jantar, tá certo?

    BBC News Brasil – Ainda falando sobre o Bolsonaro, o senhor se afastou um pouco dele em alguns momentos, depois retomou. Ao mesmo tempo, é muito possível que exista aí um vácuo grande deixado por ele no campo da direita porque, até o momento, ele não poderá concorrer em 2026. O que o senhor diria para o eleitorado bolsonarista? Quais os princípios do Bolsonaro o senhor segue?

    Caiado – Não existe nenhum político no Brasil que tenha essa antecedência de confronto com o Lula e com o PT do que Ronaldo Caiado. Então, eu não preciso me explicar.

    Eu sou um político, eu não sou encabrestado de ninguém. Eu tenho a minha independência intelectual.

    Eu acho que a vida do político se sustenta na coerência, na credibilidade moral e não no oportunismo temporário.

    Ou você governa na autenticidade sua, ou você passa a ser preposto de alguém. Eu não sou preposto de ninguém.

    BBC News Brasil – O senhor acha que tem algum preposto nesse momento?

    Caiado – Eu não estou fazendo juízo de valor de quem pode ser, mas dizendo a você que a eleição de 2026 é uma eleição onde você vê o Brasil num momento de altíssimo risco do ponto de vista de os poderes estarem totalmente conflagrados.

    Você, por ausência de um presidente capaz de assumir o presidencialismo e de ser um líder do processo, você nota hoje uma desordem institucional.

    Você vê hoje que o Congresso extrapola das suas prerrogativas, o Supremo extrapola as suas prerrogativas. O governo principal, que é a Presidência da República, não sabe o que deseja, não tem plano de governo, se perde no populismo, não tem uma meta para atingir, tenta recuperar programas anteriores, não tem vocação para trabalhar.

    O próximo presidente da República tem que ser alguém que tenha capacidade de ter independência moral.

    Então, ou nós vamos nos preocupar com as metas principais do país, que são educação, saúde, segurança, desenvolvimento social, tecnologia, avanço em pesquisa, ou senão fica o Brasil perdido numa discussão.

    Ronaldo Caiado.
    Rômullo Carvalho/Governo de Goiás – O governador afirma que não é “preposto de ninguém”, e que governaria, em um eventual mandato, por si

    BBC News Brasil – O governo está propondo aumentar o imposto dos mais ricos. No caso, o senhor seria uma pessoa cujo imposto seria aumentado para pagar a conta da isenção de Imposto de Renda de 10 milhões. O senhor é a favor desse aumento de imposto para os mais ricos?

    Caiado – Essa posição de ir ao favor ou ser contra, você tem que saber no seu país como é que o imposto está sendo aplicado. O Brasil tem recorde de arrecadação todo ano.

    Se você buscar o que é a dívida do país, quando Lula assumiu o governo, era de 72% do PIB, que ele já jogou no mercado, sem o menor plano de governo, quase um trilhão de reais.

    A dívida do país em relação ao PIB já está em 78%. Ou seja, em dois anos de governo, ele [Lula] passou de 72 para 78.

    É algo inédito.

    Se eu chego ao governo, eu vou me ocupar com a dívida do país.

    Porque se eu continuar gastando desse jeito, eu vou aumentar a carga tributária para todo mundo.

    Agora, esta consequência, ela vai resolver o problema do país? Ou vai ser mais um ato que ele vai tomar, um ato populista no momento?

    BBC News Brasil – O que o senhor acha?

    Caiado – Eu acho que é um ato populista no momento em que ele está gastando desenfreadamente e todas as estatais hoje estão dando prejuízo. Eu acho que você não precisa mais cobrar carga tributária.

    Existe algum país do mundo que cobre 32% de imposto no bolso? 32% é transferido diretamente para o bolso do presidente.

    Então, se eu não tiver controle sobre o gasto público, ele vai taxar todo mundo.

    E cada vez em proporções maiores. Ninguém suporta isso.

    BBC News Brasil – O governo Lula e o Congresso discutem uma maneira de reagir ao tarifaço de Donald Trump. Qual é sua posição sobre isso?

    Caiado – Quem está acompanhando as pesquisas nos Estados Unidos [vê que], pelo visto, está afetando mais os americanos [o tarifaço de Trump não é apoiado pela maioria dos eleitores americanos, segundo as pesquisas].

    Então, você tem que saber se aquilo que está tomando como alternativa ali vai ter prejuízo para o Brasil, entre aspas.

    Nós temos a Ásia toda de mercado. Qual vai ser o problema para nós? Em que que vai afetar o Brasil?

    BBC News Brasil – A exportação de aço, por exemplo.

    Caiado – Isso aí é um segmento, um setor ou outro. Você compensa isso em outras áreas. Você tem a Ásia toda aberta hoje. São os maiores consumidores, os maiores importadores que tem do Brasil. Isso aí eu acho que vai ter reflexo na economia interna deles [dos EUA].

    Trump segurando cartaz com tarifas para diferentes países ao discursar
    Getty Images – ‘Eu acho que vai ter reflexo na economia interna deles’, diz Caiado sobre tarifas impostas por Trump, minimizando o impacto para o Brasil

    BBC News Brasil – Então adotar uma política de reciprocidade neste momento não seria necessário?

    Caiado – Eu acho que neste momento, por que você não vai procurar outro mercado? Por que essa briga? Hoje nós estamos expandindo tanto, nós temos tantos países que importam do Brasil. Todo produto nosso tem demanda e tem mercado.

    BBC News Brasil – O Trump é um grande ídolo da direita. O Tarcísio já usou o boné MAGA [Make America Great Again, um slogan da campanha do republicano]. O senhor acha que algumas políticas que ele está adotando lá, por exemplo, enxugar o funcionalismo público, seria algo que o senhor adotaria aqui?

    Caiado – Se você analisar o gasto do Brasil hoje, você vê que gasta em primeiro lugar com Previdência, depois vem o gasto pessoal.

    Então, é lógico que isso aí é uma demanda que está dentro do debate. Mas não é por causa do assunto do Trump.

    É por isso que eu falo que a eleição próxima é uma eleição que vai exigir muito se o cidadão terá independência moral para poder implantar as medidas que precisa.

    Do contrário, o Brasil vai consumindo cada vez mais, tirando dinheiro do bolso do cidadão.

    Se você comparar com o BRICS hoje, nós estamos perdendo em quase todos os parâmetros. Então, é o contrário, nós temos que ser um país competitivo.

    BBC News Brasil – Uma nova reforma da Previdência, redução do funcionalismo público são medidas impopulares. Estariam em um eventual governo do senhor? O que mais?

    Caiado – Primeiro, criaria o Ministério da Segurança Pública. Alavancaria um apoio direto com inteligência e com material e com a cobertura real de fronteiras em nosso país.

    A partir daí, daria um outro estímulo aos jovens na área do empreendedorismo. Essa é a vocação do brasileiro. O brasileiro não quer mais ter simplesmente o CLT dele, a carteira assinada, ele quer ter a perspectiva e abrir um novo universo para o mundo todo.

    A situação toda da saúde com médicos, as mortes evitáveis que nós precisamos atacar, ou seja, quantos Estados só tem recursos de UTI nas capitais e não tem a regionalização dos hospitais.

    Reforma da Previdência, reforma administrativa, cancelamento de excessos de incentivos fiscais direcionados a algumas empresas sem eficiência. Essa tarefa de casa, todo mundo sabe que tem que fazer.

    Agora, se ele [um presidente] não tiver coragem para fazer, não vai fazer. Porque ele vai ter que enfrentar debates, discussões.

    Às vezes ele [um presidente], como se diz no Brasil, “amarela”. Não consegue levar isso adiante.

    Agora, para isso [levar adiante], tem que ter credibilidade. Você não pode nem ser preposto de ninguém e nem pode ser amanhã cumpridor de ordem terceira.

  • Reação da China ao “tarifaço” de Trump derrete bolsas no mundo inteiro

    Reação da China ao “tarifaço” de Trump derrete bolsas no mundo inteiro

    Os mercados globais encerraram a semana aterrorizados com a possibilidade de uma nova recessão econômica mundial, após a taxação universal anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta-feira. Ontem, a reação da China à sobretaxa, que começa a valer hoje para 185 países, fez as bolsas desabarem e o preço das commodities caíram.

    A medida, vista como um marco na escalada da guerra comercial, levou o banco JP Morgan Chase a elevar de 40% para 60% a probabilidade de recessão na economia americana e, por consequência, global. “As políticas disruptivas dos EUA foram reconhecidas como o maior risco para as perspectivas globais durante todo o ano”, afirmou Bruce Kasman, economista-chefe do banco norte-americano JP Morgan Chase. Segundo ele, as tarifas representam um forte choque macroeconômico, que não estava contemplado nas projeções anteriores do banco.

    O cenário traçado pela instituição alerta que, caso as medidas sejam implementadas conforme anunciadas, a recessão será iminente. O JP Morgan destaca que as tarifas, na prática, equivalem ao maior aumento de impostos sobre famílias e empresas americanas desde 1968 — ano que antecedeu a recessão de 1969-1970. A expectativa inicial era de que Trump manteria o compromisso de apoiar o ambiente de negócios e sustentar a expansão econômica.

    No entanto, Kasman observa que a combinação atual de políticas do governo “parece estar se afastando ainda mais do apoio à expansão atual da economia”. A tensão entre Estados Unidos e China atingiu novo patamar após a resposta de Pequim, que anunciou tarifas adicionais de 34% sobre produtos norte-americanos.

    O revide chinês agravou a aversão ao risco nos mercados, desencadeando uma onda de vendas que afetou bolsas ao redor do mundo e a brasileira, que, de acordo com especialistas, teve um choque de realidade, ontem, após fechar estável na véspera. “O mercado analisou melhor os impactos dessa guerra comercial no Brasil e hoje ficou mais claro que o país também tem muito a perder nesse cenário de aumento de risco global, o que ajuda a valorizar ainda mais o dólar, porque o fluxo para mercados emergentes tende a diminuir”, explicou Eduardo Velho, economista-chefe da Equador Investimentos.

    O Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), caiu 2,96%, ontem, para 127.256 pontos. Foi a maior queda do IBovespa desde 18 de dezembro de 2024. Enquanto isso, o dólar voltou a subir e fechou com alta de 3,68%, cotado a R$ 5,835 para a venda. Na avaliação de Velho, nos últimos pregões, a divisa norte-americana não estava refletindo a conjuntura de um cenário recessivo da economia brasileira ao ser negociada em torno de R$ 5,70. A Bolsa de Tóquio despencou 12%, na pior queda desde a “segunda-feira negra” de 1987.

    Na Europa, os principais índices também registraram perdas expressivas, refletindo não só a tensão comercial, mas também a crescente preocupação com a desaceleração da economia norte-americana. Nos Estados Unidos, o Índice Nasdaq, a bolsa das empresas de tecnologia está derretendo desde a posse do republicano, acumulando queda de 20% em relação ao último pico da bolsa. Paralelamente, os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos recuaram para abaixo de 4% ao ano, sinalizando expectativas do mercado por cortes nas taxas de juros por parte do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).

    O presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu a gravidade da situação. Em discurso, ontem, alertou para o risco de um cenário de estagflação — inflação elevada combinada com crescimento fraco — impulsionado pelas tarifas. Powell admitiu incertezas significativas sobre o futuro da economia e alertou para possíveis impactos no mercado de trabalho e nos preços dos imóveis. Mesmo com a divulgação de dados positivos do relatório payroll, com indicadores do mercado de trabalho que indicaram robustez no emprego antes dos efeitos das tarifas, os mercados mantêm o foco nas próximas movimentações entre Washington e Pequim.

    Investidores continuam buscando proteção em ativos considerados mais seguros, como ouro e títulos soberanos, diante do aumento da incerteza global. Para o Brasil, os desdobramentos da guerra comercial também representam uma ameaça direta. A retração da atividade econômica global tende a pressionar os preços das commodities, com impacto significativo na balança comercial brasileira. “Commodities devem ser fortemente afetadas se o ambiente for de queda generalizada na atividade econômica — o que faz preço diretamente no Brasil”, disse Paula Zogbi, gerente de Research da Nomad.

    Luis Otavio Leal de Barros, economista-chefe da G5 Partners, considera que, após o anúncio do tarifaço de Trump, nesta semana, “o comércio internacional como conhecemos acabou”. “Ao rasgar todas as regras estabelecidas nos últimos 80 anos, Trump abriu uma caixa de pandora de impactos imprevisíveis. Entretanto, os primeiros efeitos até podem não ser tão ruins para o Brasil”, avaliou, citando que o dólar mais fraco e o aumento da disponibilidade de produtos no mundo deverão impactar positivamente a inflação brasileira. “Mas, por enquanto, apesar de os cenários traçados acima serem bastante possíveis, ainda temos pouca convicção sobre o que pode acontecer daqui para a frente”, concluiu.

    mapa mundi bolsa economia
    mapa mundi bolsa economia(foto: editoria de arte)
  • Imposto de Renda e IA avançam na Câmara

    Imposto de Renda e IA avançam na Câmara

    Depois de definir o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) como relator do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), oficializou, nesta sexta-feira, a criação da comissão especial que vai discutir o texto. Já havia acordo para que ela fosse presidida pelo deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA).

    Desde a campanha, Motta dizia que trabalharia para retomar o protagonismo das comissões na Câmara, tanto as permanentes quanto as temporárias. A postura vai no sentido contrário ao que fazia Lira, que frequentemente determinava que projetos de interesse do governo e do Parlamento pulassem a etapa de discussão nas comissões especiais e temáticas para que terminassem mais rápido.

    A comissão especial que vai tratar do Imposto de Renda será composta por 33 membros titulares e 33 suplentes. Haverá, ainda, um titular e um suplente extras para atender ao regimento interno da Câmara, que prevê rodízio entre as bancadas não contempladas.

    Na quinta-feira, o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (PT-RJ), havia comemorado a escolha de Lira para a relatoria da proposta, vista pelo governo como uma aposta para melhorar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em queda livre.

    Motta também oficializou, nesta sexta, a criação de outras duas comissões. Uma delas é a que vai analisar o Projeto de Lei 2.338 de 2023, que regulamenta o uso de inteligência artificial no Brasil. O texto é de autoria do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e foi aprovado pela Casa Alta em dezembro do ano passado.

    Entre outras coisas, a proposta divide os modelos de inteligência artificial em níveis de risco e impacto na vida humana, com regras específicas para cada um. O texto também prevê normas para o treinamento de modelos de IA, incluindo a utilização de conteúdo protegido por direitos autorais e direito de imagem.

    CORREIO BRAZILIENSE

  • Alckmin: PL da Reciprocidade pode ajudar, mas prefere diálogo com EUA

    Alckmin: PL da Reciprocidade pode ajudar, mas prefere diálogo com EUA

    O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), voltou a defender o diálogo como a melhor resposta do Brasil às medidas adotadas recentemente pelos Estados Unidos. Além das tarifas de até 25% sobre aço, alumínio, veículos e autopeças, o presidente Donald Trump anunciou na última quarta-feira (2) uma taxa de 10% sobre as importações do Brasil.

    Alckmin evitou falar em retaliações imediatas, mas lembrou que o país já conta com um instrumento legal aprovado no Congresso, o projeto de lei da Reciprocidade que foi aprovado pelo Congresso Nacional nesta semana. Ele disse que o país tem instrumento jurídico pronto para responder às barreiras tarifárias, mas que acredita em soluções negociadas e no multilateralismo. “Foi aprovada uma lei no Senado e na Câmara, e nós queremos agradecer, porque é uma boa legislação, que dá ao Brasil o arcabouço jurídico para qualquer tipo de resposta, tarifária, não tarifária. […] Guerra tarifária é ruim para todo mundo”, disse, nesta sexta-feira (4), após reunião com representantes do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

    “Nós vamos trabalhar […] para reverter o que foi colocado […]. Não para o Brasil, para o mundo inteiro. E, além disso, um outro aumento de quase 10% para tudo. O Brasil ficou na menor taxa, 10%, mas não achamos justo, lamentamos”, continuou.

    Alckmin destacou que, diferentemente da balança comercial americana com o mundo, que registra déficit, os EUA têm superávit comercial com o Brasil tanto em bens quanto em serviços. Em meio à guerra tarifária deflagrada por Trump, os Estados Unidos reverteram o déficit comercial com o Brasil e passaram a registrar superávit de US$ 653,1 milhões no primeiro trimestre de 2025.

    O vice-presidente também pontuou que o Brasil oferece acesso facilitado a produtos americanos, lembrando que dos 10 produtos que os Estados Unidos mais exportam para o Brasil, 8 não têm imposto para entrar no país. Apesar de lamentar as novas tarifas impostas pelos EUA, Alckmin frisou que o Brasil continuará priorizando o caminho da negociação. “Nós vamos trabalhar, esse é o caminho do diálogo e da negociação”, disse, ressaltando que reuniões técnicas entre os dois países já estão marcadas para a próxima semana. Acordo com a União Europeia pode ganhar tração Alckmin afirmou que o recente aumento das tarifas americanas pode acabar acelerando negociações comerciais em outras frentes, em especial o acordo entre Mercosul e União Europeia. “Uma coisa, fato novo aí depois do tarifaço, é que eu acho que vai acelerar o acordo Mercosul-União Europeia, e esse é um acordo muito importante, porque são 720 milhões de pessoas e US$ 22 trilhões de PIB. Então, o acordo Mercosul-União Europeia é um acordo importante, que precisa ser assinado o mais rápido possível.”

  • Milei acata exigências de Trump e promete reformas para negociar redução tarifária

    Milei acata exigências de Trump e promete reformas para negociar redução tarifária

    O presidente argentino se tornou o primeiro chefe de Estado a abordar o “tarifaço” com o governo norte-americano. Javier Milei também viajou a West Palm Beach com a intenção de um encontro pessoal com Donald Trump para uma ajuda política a favor da Argentina no FMI.

    O presidente argentino, Javier Milei, aceitou a política de reciprocidade tarifária imposta por Donald Trump e prometeu atender as condições para tentar zerá-las nos 50 produtos mais exportados pela Argentina aos Estados Unidos.

    “A Argentina vai avançar para readequar a sua normativa para cumprir com os requerimentos da proposta de ‘tarifas recíprocas’, elaborada pelo presidente Donald Trump. Já cumprimos com 9 dos 16 requerimentos necessários e dei instruções para avançarem com os requerimentos restantes”, anunciou Milei num breve discurso durante o evento de gala “Americanos Patriotas” (American Patriots, em inglês), realizado na noite desta quinta-feira (3), em Mar-a-Lago.

    “Estamos comprometidos a tomar medidas necessárias para resolvermos a assimetria com os Estados Unidos num prazo breve. Vamos avançar com a harmonização das tarifas de uma cesta de 50 produtos para fluírem mais livremente entre as nossas duas nações”, afirmou o presidente argentino, convidado pelos organizadores para receber o prêmio “Leão da liberdade”(“Lion of liberty award”) para personalidades dedicadas à liberdade econômica, ao livre mercado e aos valores conservadores.

    As “assimetrias” às quais Milei se refere são sobretaxas, proibições, restrições comerciais, barreiras alfandegárias e sanitárias e direitos de propriedade intelectual.

    Pague primeiro

    A repentina viagem de Milei a West Palm Beach aconteceu enquanto o seu chanceler, Gerardo Werthein, se reunia, em Washington, com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e com Jamieson Greer, chefe da agência responsável pelas tarifas, a United States Trade Representative.

    Nessa reunião, Argentina e Estados Unidos começaram uma negociação para atenuar ou neutralizar o impacto do “tarifaço” de Trump que impôs um aumento generalizado de 10% em todas as exportações argentinas. A negociação tem uma premissa simples: primeiro a Argentina acata as exigências, depois tenta uma redução tarifária.

    “Todas as assimetrias que puderem ser corrigidas serão. Quando corrigirmos isso, sentaremos para conversar”, disse o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Gerardo Werthein, na saída da reunião.

    Apoio político no FMI

    Em Mar-a-Lago, Milei tinha a esperança de um encontro informal com Donald Trump, que não aconteceu na noite de gala. O presidente argentino viajou com o seu ministro da Economia, Luis Caputo, com a intenção de obter um apoio político na reta final da negociação por um acordo financeiro com o Fundo Monetário Internacional. Os Estados Unidos são o principal acionista do FMI e a pressão política de um presidente norte-americano é capaz de superar questões técnicas.

    A Argentina negocia um acordo por U$ 20 bilhões com o FMI, mas esse montante engloba U$ 14 bilhões da atual dívida a serem refinanciados. Apenas U$ 6 bilhões seriam dívida nova, um número visto pelo mercado como insuficiente. O governo Milei quer que os U$ 20 bilhões sejam dívida nova, totalizando um acordo por U$ 34 bilhões, além de outros U$ 5 bilhões com o Banco Mundial e com o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

    A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, antecipou que aceitaria desembolsar de entrada 40% do montante, quando normalmente o organismo multilateral de crédito só antecipa 20 ou 30% do total, deixando o restante condicionado ao cumprimento de metas. O governo argentino quer um desembolso inicial de 75%, considerando as necessidades de conter uma desvalorização descontrolada do peso argentino e que as metas fiscais já foram alcançadas.

    Uma desvalorização acelerada do peso argentino teria impacto na inflação cuja queda é a principal bandeira política de Javier Milei para as eleições legislativas de outubro, quando o governo pretende uma vitória eleitoral para ampliar a sua base parlamentar, condição para avançar com suas reformas estruturais. A diretoria do FMI só deve aprovar o acordo entre os dias 21 e 26 de abril, quando se reunirá em Washington.

    “Muy amigos”

    Javier Milei celebrou que Trump “só” tenha aplicado um aumento tarifário de 10% sobre a Argentina. Chegou a publicar nas redes sociais a canção do grupo Queen, “Friends will be friends” (Amigos serão amigos), em alusão à sua amizade com Donald Trump que o governo argentino define como “relação estratégica”.

    Porém, apesar da sintonia ideológica e da amizade política entre Milei e Trump, a administração norte-americana impôs à Argentina os mesmos 10% de tarifa que recebeu a maioria dos países sul-americanos como Brasil, Colômbia, Chile e Bolívia, com governos ideologicamente distantes de Trump.

    “Esta medida confirma que Trump não é precisamente protecionista, mas que faz geopolítica com as tarifas. Pelo contrário, acreditamos que o critério de Trump é pró-comércio pois sobe tarifas para os países que considera protecionistas”, defendeu o porta-voz de Milei, Manuel Adorni.

    “Claro que fomos beneficiados. Basta ver a tabela com as tarifas aplicadas a outros países. É motivo de satisfação termos conseguido tarifas mais baixas e vamos continuar a trabalhar por esta relação maravilhosa (com os Estados Unidos)”, indicou Adorni, evitando responder em qual medida a amizade com Trump beneficiou a Argentina, já que os países vizinhos receberam a mesma tarifa.

    Em apenas um ano e três meses de governo, esta é a décima viagem de Milei aos Estados Unidos e a terceira em dois meses e meio de governo Trump. Milei foi à posse do novo presidente em janeiro e participou da Conferência de ação conservadora, em fevereiro, em Washington, na qual o presidente norte-americano também estava presente.

    RFI

  • O que o presidente da OAB alegou para interceder pelos advogados de Bolsonaro a Moraes

    O que o presidente da OAB alegou para interceder pelos advogados de Bolsonaro a Moraes

    O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)Beto Simonetti, pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que as defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados, réus no STF, tenham acesso integral aos autos dos processos a que respondem na Corte, como mostrou a Coluna do Estadão. O ofício encaminhado ao ministro é baseado em dois argumentos: falta de acesso aos autos e prazo exíguo para a análise do processo.

    No último dia 20, as defesas dos bolsonaristas pediram uma intervenção “urgente” da OAB contra “ilegalidades” de Moraes, relator das ações judiciais do 8 de Janeiro.

    As defesas de Bolsonaro, do general Walter Braga Netto e do coronel Marcelo Costa Câmara acionaram a OAB alegando que Moraes está cometendo “ilegalidades” e violando prerrogativas da advocacia no inquérito do golpe.

    Acesso integral ao conteúdo dos processos

    De acordo com o presidente da OAB, os advogados de Bolsonaro e aliados alegam que não teriam tido “acesso integral ao conteúdo” do processo sobre tentativa de golpe de Estado que os clientes são alvos no STF.

    “Segundo informações dos advogados, embora tenha sido deferido o acesso aos autos em que estão constituídos, referido acesso não teria sido integral ao conteúdo documentado. Dessa forma, a defesa não teria disponível os mesmos elementos que a acusação, inclusive em relação ao acervo probatório”, diz o ofício encaminhado por Simonetti ao ministro Alexandre de Moraes.

    Moraes rebateu as alegações dos advogados sobre um suposto cerceamento da defesa por falta de acesso aos autos durante o julgamento que tornou Bolsonaro e outros sete aliados réus por, entre outros crimes, tentativa de golpe de Estado.

    No voto, o ministro afirmou que determinou o levantamento do sigilo da colaboração premiado do tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e aos elementos de provas documentados nos processos.

    “Ressalto, portanto, que em momento algum houve qualquer cerceamento de defesa, cujo acesso a todas as provas e documentos dos autos foi integral”, diz Moraes.

    Segundo Simonetti, as defesas alegam que “teriam sido disponibilizadas frações dos dados probatórios”.

    “Em outras palavras, a defesa estaria impedida de visualizar todas as trocas de mensagens e os arquivos documentados, o que comprometeria sua capacidade de destacar trechos de interesse e, inclusive, de formular questionamentos a acusados e futuras testemunhas. Tal cenário demanda a atuação do Conselho Federal da OAB, com o objetivo de resguardar as garantias legais e processuais que asseguram à advocacia o pleno exercício de sua atividade profissional”, diz.

    Prazo exíguo para análise dos autos

    Outro ponto que Simonetti destaca no ofício endereçado a Moraes seria o “prazo exíguo” concedido por Moraes para que os advogados analisassem o processo. De acordo com o presidente da OAB, a falta de prazo “impacta o contraditório, a ampla defesa e o devido processo legal”.

    “Há relato também de concessão de prazo exíguo para a análise dos autos, impactando o contraditório, a ampla defesa e o devido processo legal”, diz.

    O argumento também foi rebatido por Moraes no julgamento do dia 26 de março. Na ocasião, Moraes afirmou que “os tópicos apresentados nas defesas prévias”, repetidos no ofício da OAB, “são repetição de alegações anteriormente feitas em juízo e indeferidas por não corresponderem à realidade”.

    “O fato de existirem inúmeros documentos deriva da complexidade das investigações e do número de indiciados pela Polícia Federal, que, sistematicamente, produziu um relatório e um sumário indicativo de provas que serviram tanto para a análise da Procuradoria-Geral da República quanto para todas as defesas, de maneira idêntica e transparente”, afirmou Moraes.

    Estadão

  • Caiado lança pré-candidatura à Presidência: ‘Vamos para o debate’

    Caiado lança pré-candidatura à Presidência: ‘Vamos para o debate’

    Ronaldo Caiado lançou nesta sexta-feira, 4, a sua pré-candidatura à Presidência da República, no Centro de Convenções de Salvador, Bahia. Com o slogan “coragem para endireitar o Brasil”, o governador de Goiás procura transmitir a imagem de um governante rigoroso na segurança pública. “Vamos para o debate”, afirmou.Caiado se lança pré-candidato à Presidência pelo União Brasil em evento em  Salvador | Bahia | G1

    No início do evento, Caiado também recebeu o título de “Cidadão Baiano e Comenda 2 de julho” pelo prefeito de Salvador, Bruno Reis (União).

    Em discurso, o governador de Goiás destacou o seu histórico político e afirmou: “Não vou desonrar o voto de vocês”. “Graças a Deus, eu sempre estive dentro dos meus ideais e convicções cristãs, e ao mesmo tempo democráticas, defendendo aquilo que a boa gestão, que a boa prática política, que é um bom exercício da política”, completou.Caiado lança candidatura à Presidência sem a presença do presidente  nacional do União Brasil

    “Nosso assunto aqui é lançar à pré-candidatura, levar essa prévia junto a população brasileira. Esse é o motivo da decisão do União Brasil em poder caminhar, com tempo, para que as pessoas nos conheçam. Quem conhece o governo de Caiado, vota em Caiado”, disse Caiado.

    No evento, estiveram presentes políticos como o senador Sergio Moro (União Brasil), ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto. O gestor municipal de Goiânia, Sandro Mabel (União), também marcou presença e apoio a Caiado.

    Caiado vai percorrer o Brasil apresentando ações realizadas em Goiás

    Tido pelo governador como “ponto de partida”, evento reúne centenas de lideranças políticas e milhares de apoiadores na capital baiana

    Críticas ao governo Lula

    Ao criticar a gestão do governo Lula, Caiado frisou que o Brasil precisa de um nome com coragem e capacidade técnica para enfrentar e resolver os gargalos da União. O objetivo, continuou, é “ter uma vitória expressiva sobre esse governo que não mostra nenhuma capacidade de apresentar um plano de desenvolvimento para o país, nem de entregar aquilo tudo que prometeu à população brasileira”.

    O governador mencionou o que considera os principais problemas do governo Lula, como a escalada da violência, o colapso econômico e a falta de incentivos ao setor produtivo, e levantou um debate partidário.

    IstoÉ

     

  • Presidente Lula participa da Cúpula da CELAC, em Honduras, para reforçar integração regional

    Presidente Lula participa da Cúpula da CELAC, em Honduras, para reforçar integração regional

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará da IX Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), na próxima quarta-feira, 9 de abril, em Tegucigalpa, Honduras. Na ocasião, serão discutidas pautas prioritárias do bloco, como a integração regional, o combate às mudanças climáticas e a segurança alimentar.

    Lula deve viajar para Tegucigalpa na próxima terça-feira (8) para comparecer à reunião dos líderes do bloco que reúne os 33 países da América Latina e do Caribe. O evento começa na segunda-feira (7), com encontro de coordenadores, e inclui uma reunião de chanceleres na terça (8), e a cúpula propriamente dita na quarta (9). Esta IX Cúpula também marca o encerramento da presidência pro tempore de Honduras e sua transferência para a Colômbia.

    Durante briefing à imprensa nesta quinta-feira, 3 de abril, a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), ressaltou a importância da integração regional. “A participação do presidente é um claro sinal da prioridade que, aliás, sempre foi dada pelo presidente Lula e pelo Brasil à integração. Na nossa Constituição, consta que o Brasil deve buscar exatamente a CELAC, a construção de uma comunidade de nações latino-americanas e caribenhas”, afirmou Padovan. Ela lembrou que o primeiro ato de política externa de Lula em 2023, primeiro ano de mandato, foi promover o retorno do Brasil à CELAC.

    CANDIDATURA UNIFICADA — O Brasil vai propor aos países do bloco uma candidatura unificada da região para o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), preferencialmente de uma mulher, tendo em vista que nunca houve uma liderança feminina nessa posição. O mandato do atual secretário-geral da ONU, António Guterres, termina no ano que vem, quando deverá ser escolhida uma nova pessoa para o cargo. “Pelo esquema de rotatividade regional, a gente entende que caberia à América Latina e ao Caribe assumir esse cargo. Então, nós estamos propondo que os países se unam para começar a trabalhar em torno de uma candidatura única, o que nos dá maior chance de fazer valer esse princípio da rotatividade”, explicou Padovan.

    SEGURANÇA E IMIGRAÇÕES — O tema de imigrações também deverá ser tratado pelos chefes de Estado durante o evento. “Nós tivemos no passado um grupo de trabalho que tratava regularmente de imigrações. A ideia é que ele seja reativado porque é um tema que tem impacto em todos os países da região, seja pelo fluxo de entrada ou saída de pessoas”, pontuou a embaixadora Daniela Benjamin, diretora do Departamento de Integração Regional.

    SEGURANÇA E BILATERAIS — Outra sugestão a ser apresentada pelo Brasil é a de que a Comunidade divulgue uma declaração conjunta sobre mulheres, paz e segurança. Além de participar da Cúpula, o presidente Lula terá reuniões bilaterais com líderes da região.

    INTERLOCUÇÃO GLOBAL — A CELAC também dialoga com outros blocos e países de fora da região. Nesse sentido, estão previstos para este ano o Fórum CELAC-União Europeia, em dezembro, e o Fórum China-CELAC, ainda sem data definida.

    DIMENSÃO — Os países da CELAC abrangem uma área de mais de 22 milhões de quilômetros quadrados na América Latina e Caribe, o que equivale a cinco vezes o território da União Europeia. A população total somada, de 670 milhões, é o dobro do número de habitantes dos Estados Unidos.

  • Programa Destino Futuro vai impulsionar turismo no Nordeste

    Programa Destino Futuro vai impulsionar turismo no Nordeste

    Usar ferramentas inovadoras de tecnologia para impulsionar o turismo no Nordeste é o objetivo do Programa Destino Futuro, lançado nesta sexta-feira (4) no Recife. A iniciativa vai conectar startups e empresas de inovação a micro, pequenas e médias empresas do setor turístico para buscar soluções a problemas enfrentados na atividade.

    Realizado conjuntamente pela Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e o Porto Digital, o programa vai investir cerca de R$ 3 milhões no desenvolvimento de soluções. As inscrições para o programa estarão abertas até o dia 5 de maio e os candidatos podem se inscrever gratuitamente no site da EmbraturLab.

    A ação abrange os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, onde a Sudene também atua. A intenção é dar maior tração para o trade turístico, um importante indutor do desenvolvimento no país, com foco na modernização, competitividade e no desenvolvimento de soluções tecnológicas sustentáveis nas atividades do mercado de turismo.

    “A pauta do turismo para o desenvolvimento do Nordeste é estratégica e estruturante. A gente tem, a partir do avanço da atividade turística na nossa região, um conjunto de oportunidades. Temos o turismo como eixo estratégico, sobretudo para a geração de emprego, pela capilaridade que representa o setor. Estamos falando aqui para uma cadeia produtiva bastante intensa, que envolve hotéis, o turismo de lazer, de prestação de serviço, entre outros”, disse o superintendente da Sudene Danilo Cabral à Agência Brasil.

    Brasília (DF) 04/04/2025 -Danilo Cabral  - Programa Destino Futuro.Foto: Elvis Aleleuia/Divulgação
    O superintendente da Sudene, Danilo Cabral – Foto Elvis Aleluia/Divulgação

    Cabral explicou que o programa foi desenvolvido a partir de demandas dos estados e também de representantes do setor de turismo. Dados do Ministério do Turismo mostram que o setor gerou mais de 400 mil empregos com carteira assinada em todo o país.

    Em especial, no Nordeste, os empreendimentos do setor turístico na região aumentaram 52% ao longo dos três últimos anos. Para o diretor de Gestão e Inovação da Embratur, Roberto Gevaerd, esse cenário evidencia a guinada na atuação da empresa, que passou a desenvolver o fomento de políticas públicas para o turismo, a partir da análise de dados e da inovação. Um exemplo é a EmbraturLabs, laboratório de inovação da Embratur.

    “O Nordeste sempre foi um lugar central e muito mobilizado. Todos os estados têm feito uma política muito importante de investimento e melhoria do turismo para a atração de turistas internacionais. E não tem como pensar nenhuma ação no Nordeste sem pensar na Sudene. Então, acho que nasce dessa triangulação também com o Porto Digital, que é um parceiro-referência em investimentos em tecnologia, em relação com as startups e novas soluções, disse Gevaerd.

    Segundo o diretor de Gestão, o programa fortalece o papel da Embratur na prospecção e adoção de tendências inovadoras. Entre os principais resultados esperados estão a validação de provas de conceito (POCs), o engajamento de startups e empresas do trade turístico, a criação de novos produtos e processos sustentáveis e o impacto positivo na competitividade internacional.

    Brasília (DF) 04/04/2025 - Roberto Gevaer - Programa Destino Futuro.Foto: Embratur/Divulgação
    O diretor de Gestão e Inovação da Embratur, Roberto Gevaerd – Foto Embratur/Divulgação

    “A tarefa é identificar o que a gente chama das dores, quais são os problemas que os empresários estão sentindo e buscar uma solução. Muitas vezes, uma solução de logística pode atender um hotel; uma solução de sustentabilidade, de melhor uso, por exemplo, de recursos híbridos, pode atender uma região que tem pouca oferta de água ou problema de abastecimento, ou o próprio cuidado com resíduo. Os hotéis são um exemplo, mas a gente pode falar de restaurantes, do próprio barraqueiro, porque a cadeia turística, de turismo, ela é muito, muito plural. Você está falando desde a pessoa que vende o coco na praia, o barraqueiro, até o dono de um resort”, disse Gevaerd.

    “Se você consegue pontualmente usar essas ferramentas tecnológicas a favor dos empreendedores, seja pequeno, grande ou médio – majoritariamente o turismo é baseado em pequenos e médios empresários – consegue avançar de maneira mais rápida. Não existe hoje pensar qualquer ação ou melhoria sem a inserção de novas ferramentas tecnológicas”, concluiu.

    Programa

    O Programa Destino Futuro ocorrerá em três fases. Em um primeiro momento haverá a seleção de 20 propostas de negócios e soluções que serão apresentadas a partir das demandas do setor de turismo.

    Para a segunda etapa passarão entre 10 e 15 propostas de inovação. A seleção final vai escolher cinco soluções com as melhores propostas, que receberão uma mentoria do Porto Digital para o desenvolvimento de suas soluções.

    Um dos maiores distritos de inovação da América Latina, o Porto Digital é um ambiente de inovação, pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação (TI), especialmente na área mobile. A iniciativa integra startups, empresas, organizações, instituições de ensino e instituições de ciência e tecnologia de diversos segmentos de tecnologia, como TI, comunicação digital, automação e inteligência artificial.

    Brasília (DF) 04/04/2025 - Presidente do porto digital, Pierre Lucena - Programa Destino Futuro.Foto: Elvis Aleleuia/Divulgação
    Presidente do Porto digital, Pierre Lucena – Foto Elvis Aleleuia/Divulgação

    Cada projeto poderá contar com um valor de R$ 533 mil, destinado exclusivamente ao desenvolvimento das soluções. Os projetos terão prazo de execução de até 12 meses, considerando todas as etapas de planejamento, implantação e avaliação. Ao final, as soluções passarão por validação prática.

    “A gente está bem esperançoso de que muitos problemas que estão absolutamente fora do nosso radar apareçam. Outra expectativa é que a gente tenha possibilidade de capilaridade muito grande com essas soluções que foram desenvolvidas. Já que os problemas se repetem de cidade a cidade, de equipamento e equipamento e por aí vai”, afirmou o presidente do Porto Digital Pierre Lucena.

    Agência Brasil

  • BNDES aprova crédito de R$ 20 milhões para empresa que abastece o SUS

    BNDES aprova crédito de R$ 20 milhões para empresa que abastece o SUS

    O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou uma linha de crédito de R$ 20 milhões para a empresa Scitech Produtos Médicos S.A., principal fornecedora de stents farmacológicos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

    A empresa, sediada em Aparecida de Goiânia (GO), venderá ao SUS itens como stent farmacológico coronário, cateter e fio guia dirigível para angioplastia e balão periférico.

    Stent é um pequeno dispositivo médico em forma de tubo, inserido em artérias para prevenir e evitar a obstrução do fluxo sanguíneo, ou seja, é diretamente ligado a intervenções cardiovasculares. As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de mortalidade no mundo.

    O financiamento faz parte do programa Fornecedores SUS – linha de crédito destinada a empresas que atendem à demanda do SUS – que busca o fortalecimento da indústria nacional e preenchimento das necessidades do sistema público de saúde.

    O BNDES é um banco público ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com a função de fomentar o crédito para áreas estratégicas e de longo prazo. Muitos dos financiamentos do banco são feitos com taxas de juros mais baixas que as oferecidas por bancos privados.

    Política industrial

    Desde 2024, o BNDES aprovou R$ 117 milhões dentro dessa reserva de recursos. No Fornecedores SUS, o banco de fomento faz uma liberação única de crédito para o tomador, definida a partir de análise de histórico de fornecimento ao SUS, licitações ganhas e contratos já celebrados.

    A empresa tem o compromisso de fornecer o mesmo valor em equipamentos e materiais de fabricação nacional ao SUS, em um período de dois anos.

    De acordo com o CFO (diretor financeiro) da Scitech, Mayko Melo, a linha de crédito permite que a empresa se consolide como “principal fornecedora de stents farmacológicos para o SUS”.

    O diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luís Gordon, afirma que o financiamento está alinhado à Nova Indústria Brasilpolítica de incentivo à indústria nacional lançada no início de 2024.

    “O financiamento contribui para que o país amplie a participação da produção no país de 42% para 70% das necessidades nacionais em medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, materiais e outros insumos e tecnologias em saúde”, assinala.

    A Scitech é especializada em dispositivos médicos minimamente invasivos e tem mais de 20 anos de atuação. A empresa faz parte do grupo Capital Med Participações S.A., que emprega mais de 280 funcionários em seis países: Brasil, Chile, Espanha, Itália, Singapura e EUA e por meio de distribuidores em mais 45 países.

    Agência Brasil