Categoria: Política

  • Dívida pública bruta do Brasil atinge 77,8% do PIB em junho, mostra BC

    Dívida pública bruta do Brasil atinge 77,8% do PIB em junho, mostra BC

    A dívida bruta do Brasil atingiu 77,8% do PIB (Produto Interno Bruto) em junho, aumento de 1,1 ponto percentual em relação ao mês anterior. Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (29).

    Esse é o maior patamar desde novembro de 2021, quando o indicador correspondia a 78,2% do PIB. No ano, o aumento acumulado é de 3,4 pontos percentuais do PIB. No mês passado, o saldo da dívida bruta ficou em R$ 8,7 trilhões.

    A dívida bruta -que compreende governo federal, INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e governos estaduais e municipais- é um dos principais indicadores econômicos observados pelos investidores na hora de avaliar a saúde das contas públicas. A comparação é feita em relação ao PIB para mostrar se a dívida do governo é sustentável.

    De acordo com o BC, a variação mensal foi puxada para cima pelos juros nominais apropriados (aumento de 0,6 ponto percentual), pelas emissões líquidas (alta de 0,6 ponto) e pelo efeito da desvalorização cambial (elevação de 0,3 ponto). O resultado também é composto pela variação do PIB nominal, com redução de 0,4 ponto percentual.

    Pelas projeções do Executivo, a dívida bruta continuará subindo até 2027, quando alcançará 79,7% do PIB, para só então começar a cair lentamente até 74,5% do PIB em 2034 -ainda assim, um patamar semelhante ao observado ao término de 2023 (74,4% do PIB).

    A dívida líquida, que desconta os ativos do governo, atingiu 62,2% do PIB em junho (saldo de R$ 6,9 trilhões), elevação de 0,1 ponto percentual. Esse é o maior nível desde setembro de 2002, quando a dívida líquida estava em 62,4% do PIB. Em 2024, o aumento acumulado é de 1,3 ponto percentual do PIB.

    A tendência de alta do endividamento do governo reflete o peso das despesas previdenciárias, que cresceram ao longo do primeiro semestre. Outra despesa que teve aumento expressivo é o BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.

    Os gastos com benefícios previdenciários e BPC estão na mira do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pretende fazer um pente-fino nessas políticas.

    Conforme a metodologia do BC, o setor público consolidado brasileiro fechou junho com um déficit primário de R$ 40,9 bilhões, ante déficit de R$ 48,9 bilhões no mesmo mês do ano passado (diferença de 16,4%).

    O montante engloba os resultados de governo central (Tesouro Nacional, BC e Previdência), governos estaduais e municipais e de empresas estatais.

    O resultado do mês passado refletiu déficit de R$ 40,2 bilhões do governo central (melhora e 13,5% na comparação interanual), mesmo com expansão das receitas federais, e de R$ 1,7 bilhão das estatais. Os estados e municípios, por sua vez, tiveram superávit de R$ 1,1 bilhão.

    No critério nominal, que inclui as despesas com juros, o resultado do setor público consolidado foi deficitário em R$ 135,7 bilhões em junho. No mês passado, os juros corresponderam a R$ 94,9 bilhões. Comparativamente, em junho de 2023, o montante foi de R$ 40,7 bilhões.

    O salto na comparação interanual foi influenciado pelo resultado das operações de swap cambial, considerando a perda de R$ 28,6 bilhões em junho deste ano e o ganho de R$ 20,5 bilhões no mesmo mês do ano passado.

    Na última segunda-feira (22), o governo reviu suas estimativas para o Orçamento de 2024 e elevou a projeção de déficit no ano para R$ 28,8 bilhões, limite máximo permitido pela margem de tolerância da meta fiscal, cujo alvo central é zero.

    FolhaPress

  • Milei e Boric afirmam que não reconhecerão o resultado das eleições na Venezuela

    Milei e Boric afirmam que não reconhecerão o resultado das eleições na Venezuela

    O presidente do Chile, Gabriel Boric, rejeitou a vitória de Nicolás Maduro sobre Edmundo González na eleição presidencial da Venezuela, conforme anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Em uma mensagem publicada no X na madrugada desta segunda-feira (29), Boric declarou que “o regime de Maduro deve entender que os resultados que publica são difíceis de acreditar” e que o Chile “não reconhecerá qualquer resultado que não seja verificável”.

    Além disso, Boric enfatizou que “a comunidade internacional e especialmente o povo venezuelano, incluindo os milhões de venezuelanos no exílio, exigem total transparência das atas e do processo, e que observadores internacionais não comprometidos com o governo atestem a veracidade dos resultados.”

    Da mesma forma, o presidente da Argentina, Javier Milei, também se pronunciou antes dos resultados da eleição, afirmando que a Argentina não reconheceria “outra fraude” e que espera que as Forças Armadas, desta vez, “defendam a democracia e a vontade popular”. Ele escreveu que “os venezuelanos escolheram acabar com a ditadura comunista de Nicolás Maduro. Os dados anunciam uma vitória gigante da oposição e o mundo aguarda que ele reconheça a derrota depois de anos de socialismo, miséria, decadência e morte”. Posteriormente, após os resultados apresentados pelo CNE, Milei republicou o mesmo texto duas vezes e compartilhou publicações de outras pessoas dizendo que ele é o único comprometido com a causa da liberdade venezuelana.

    Por outro lado, em seu discurso após os resultados, Maduro chamou Milei de “bicho covarde”, “traidor da pátria” e “fascista e nazista”.

    O Hoje

  • Em Anápolis, PSB ignora PT e vai caminhar com Eerizania, nome de Caiado

    Em Anápolis, PSB ignora PT e vai caminhar com Eerizania, nome de Caiado

    O PSB optou por não reproduzir a aliança nacional com o PT em Anápolis e decidiu por caminhar com a pré-candidata Eerizania Freitas (União Brasil), nome do prefeito Roberto Naves (Republicanos) e do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), à prefeitura de Anápolis. O anúncio oficial aconteceu em convenção partidária da legenda, que ocorreu na quinta-feira (25).

    Ao Jornal O Hoje, o presidente do PSB, Jakson Charles, lembra que é líder do prefeito Roberto Naves desde o primeiro mandato, há quase oito anos. “Então, desde a gestão passada de Roberto, a gente já vem caminhando com o grupo”, naturaliza.

    Ele também explica que o PSB chegou a ter um nome para a chapa majoritária, o vereador Lisieux José Borges, “mas ele refluiu”. Sem o pré-candidato, o partido, que já tinha conversas com Naves, resolveu caminhar com Eerizania. “Questão de gratidão. Como disse, sou o líder do prefeito na Câmara, então não teríamos outro caminho.”

    Jakson reforça que não tem restrição com o pré-candidato do PT na cidade, o deputado estadual Antônio Gomide. Também revela que todas as decisões foram tomadas com o conhecimento do diretório regional, presidido pelo ex-deputado federal Elias Vaz.

    Inclusive, já tiveram conversas com Gomide e com Elias no caso de um eventual segundo turno onde Eerizania não esteja. Nessa situação, o diretório regional vai orientar, o que deve significar uma aliança com o PT.

    O Jornal O Hoje procurou o presidente Elias Vaz para comentar a situação, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. Da mesma forma, o veículo de comunicação procurou o pré-candidato petista, Antônio Gomide. Ele se resumiu a dizer que o “PSB está ligado à prefeitura municipal”.

    Convenção

    A pré-candidata Eerizania Freitas participou da convenção pessebista. “Aqui se trata de um projeto que é da pluralidade, um projeto em parceria com todos os partidos que entendem a nossa vontade e a nossa missão de cuidar da cidade de Anápolis”, discursou.

    E continuou: “E podem ter certeza de que eu venho aqui com muita honra, olhar nos olhos de vocês e assumir um compromisso. Junto com todos os partidos que abraçaram o nosso projeto, junto com o PSB, com Jackson Charles e com todos os pré-candidatos que estão aqui, nós firmamos uma aliança que tem um único objetivo, um único partido que se chama Anápolis.”

    A decisão foi unânime. Presidente municipal da sigla, Jakson Charles disse que, “para nós, de todo o time do PSB, é uma honra que, a partir de agora, estaremos juntos na busca pela conquista do espaço, para que possamos realizar um trabalho magnífico para Anápolis com a Eerizania Freitas”.

    Com a nova legenda e o União Brasil, Eerizania ainda tem outros quatro partidos na base: Progressistas (PP), Republicanos, Podemos e Democracia Cristã (DC).

    Goiânia e Aparecida

    Diferente de Anápolis, na capital, a tendência é que o PT e o PSB caminhem juntos. Em Goiânia, a pré-candidata do Partido dos Trabalhadores é a deputada federal Adriana Accorsi. A legenda de Elias Vaz deve, além de apoiar, indicar o vice. Um dos cotados é o ex-deputado estadual Vinícius Cirqueira.

    Já em Aparecida de Goiânia, o partido pode ter candidatura própria. O vereador da sigla, Willian Panda, colocou o nome à disposição e tenta unir as esquerdas na cidade, inclusive o PT.

    O Hoje

  • Convenção do PL oficializa Professor Alcides para disputa em Aparecida

    Convenção do PL oficializa Professor Alcides para disputa em Aparecida

    Realizada no domingo (28/7), a convenção do PL em Aparecida de Goiânia oficializou Professor Alcides como candidato a prefeito na cidade. Max Menezes (PSD) foi anunciado como vice na chapa, que conta com apoio de 10 legendas, incluindo o partido Republicanos. O evento contou com a presença do prefeito de Aparecida, Vilmar Mariano (UB), que já havia declarado apoio a Alcides por meio das redes sociais.

    “Ver tantas pessoas acreditando em nosso projeto é a maior motivação para seguir em frente. Agradeço a cada um que fez parte deste momento especial e que acredita em um futuro melhor para Aparecida de Goiânia”, diz Professor Alcides.
    A Redção
  • Governo de Goiás promove intercâmbio social entre municípios

    Governo de Goiás promove intercâmbio social entre municípios

     O Governo de Goiás promove um ciclo formativo de Intercâmbio Social em municípios goianos entre julho e agosto. O objetivo é de fortalecer a rede socioassistencial goiana por meio da troca de experiências entre municípios. A iniciativa, que é voltada para a capacitação de primeiras-damas, assistentes sociais, psicólogos, educadores sociais e demais profissionais que atuam nos órgãos e entidades vinculados ao Sistema Único de Assistência Social (Suas) em Goiás, já realizou oito encontros neste mês de julho, com a participação de 123 municípios. Ao todo, 570 certificações já foram emitidas e 334 pessoas capacitadas.

    “A meta do Intercâmbio Social é implementar resultados reais na vida dos goianos. A prioridade do governo Ronaldo Caiado é melhorar a qualidade de vida e o bem-estar das famílias, especialmente daquelas que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Por isso, é extremamente importante que o Goiás Social possibilite a troca de experiências entre esses agentes que atuam em todos os cantos do estado”, destacou a presidente de honra da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) e coordenadora do Goiás Social, primeira-dama Gracinha Caiado.
    Entre as temáticas trabalhadas neste ciclo formativo de troca de experiências, estão: as Ações Estratégicas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (AEPETI) e a Intersetorialidade dos Municípios, de Formosa; o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, de Amorinópolis; a atuação com crianças e idosos e a contribuição das oficinas para o desenvolvimento e melhoria do Serviço Social, de Água Fria de Goiás; o atendimento para mulheres vítimas de violência doméstica e grupo reflexivo para homens, de Rio Verde; o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Idosos, de Jataí; e de idosos, crianças e adolescentes, de Santo Antônio do Descoberto; o acompanhamento do Grupo Pérolas às Mulheres Vítimas de Violência, de Niquelândia, e a evolução dos trabalhos do Convivência e Fortalecimento de Vínculos, de Vianópolis.
    Membro da Secretaria de Assistência Social de Formosa, Charles de Assis ressalta que a iniciativa contribui para a melhoria constante do trabalho que já vem sendo realizado em todo o estado. “Essa é uma ferramenta poderosa para o aprimoramento dos trabalhos sociais, porque promove uma gestão mais eficiente, colaborativa e inovadora. Ao compartilhar desafios, soluções e boas práticas, nós conseguimos identificar novas abordagens e metodologias que podem ser adaptadas à nossa realidade”.
    Intercâmbio Social
    As ações do Intercâmbio Social, que são realizadas desde 2022 e já capacitaram 709 pessoas em 175 municípios, com um total de 1.816 certificações emitidas em 37 encontros, têm a função de destacar iniciativas positivas de determinados municípios e apresentá-las às demais cidades do estado, além de reforçar a integração entre estado e municípios para combater as desigualdades e as desproteções sociais. Por meio da OVG e do Goiás Social, essas trocas de experiência têm resultado na melhoria da qualidade de vida de milhares de famílias goianas. “É por tudo isso que, hoje, Goiás é referência para todo o Brasil”, enfatizou Gracinha Caiado.
    A Redação
  • “Não aceitaria não ir até o fim”, diz Fred Rodrigues sobre pré-candidatura

    “Não aceitaria não ir até o fim”, diz Fred Rodrigues sobre pré-candidatura

    Pré-candidato à prefeitura de Goiânia pelo Partido Liberal (PL), Fred Rodrigues, que conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, também do PL, destacou em entrevista ao jornal A Redação seu compromisso de manter a candidatura até o fim, afastando qualquer especulação sobre possíveis alianças que o levem a abdicar da cabeça de chapa. “Eu não aceitaria não ir até o fim”, declarou enfaticamente, destacando que essa foi uma determinação direta de Bolsonaro.

    A declaração de Rodrigues surge em meio a rumores de que o PL poderia formar uma chapa conjunta com o União Brasil (UB), indicando um vice para compor a candidatura de Sandro Mabel (UB), apoiado pelo governador Ronaldo Caiado. Tais especulações têm ganhado força no cenário político na capital. No entanto, Rodrigues foi categórico ao descartar essa possibilidade, sublinhando a importância da continuidade de sua candidatura para o projeto político delineado por Bolsonaro e pelo PL em Goiânia.

    Ao mencionar suas principais propostas, Fred Rodrigues defendeu melhorias na saúde pública. Embora o plano de governo ainda esteja sendo elaborado, o pré-candidato garantiu que a ideia é expandir o atendimento aos goianienses que dependem do sistema público de saúde. Infraestrutura e educação também são apontadas como prioridades de sua candidatura. “Queremos tirar a interferência política, que atrapalha muito. Nosso foco é colocar na Prefeitura de Goiânia equipes técnicas e eficientes para que os serviços sejam entregues de forma a contemplar toda a sociedade”, disse.
    Alianças e vice
    A legenda realizará uma convenção no dia 3 de agosto, às 16 horas, na sede do partido, localizada no Setor Oeste. Apesar da proximidade do prazo final para definição das chapas, o PL segue, até o momento, sem alianças na capital. Atualmente, segundo Fred Rodrigues, há um movimento para que o delegado Humberto Teófilo (DC) ocupe o posto de vice na chapa. No entanto, há um impasse, pois o DC declarou apoio ao pré-candidato do União Brasil, Sandro Mabel.

    “Vamos levar para as convenções e colocar o nome dele [Humberto Teófilo] para que possa caminhar com a gente. O diálogo está 100% alinhado, ele já está dentro da campanha e já foi apresentado como vice. O Humberto Teófilo é uma pessoa que eu gostaria que estivesse conosco desde o começo”, revelou.

    Anteriormente, Fred Rodrigues mencionou o nome do empresário Leonardo Rizzo, pré-candidato a prefeito pelo Partido Novo, como possível vice. No entanto, as negociações não avançaram.
    Em entrevista ao AR, Fred Rodrigues afirmou ainda que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve retornar a Goiânia para fortalecer a campanha do PL para o Paço Municipal. O ex-deputado estadual também citou que receberá o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
    A Redação
  • Eleições na Venezuela: EUA pedem divulgação imediata dos resultados detalhados

    Eleições na Venezuela: EUA pedem divulgação imediata dos resultados detalhados

    Os Estados Unidos (EUA) pediram ao governo da Venezuela para que divulgue “imediatamente” dados específicos sobre as eleições presidenciais, citando preocupações sobre a credibilidade da vitória de Nicolás Maduro.

    Altos funcionários do governo Biden disseram nesta segunda-feira (29) que as autoridades eleitorais venezuelanas devem divulgar os “resultados detalhados da eleição em nível distrital”.

    Um alto funcionário da administração observou que estes dados são exigidos pela lei venezuelana e devem estar disponíveis imediatamente. Outra autoridade do governo americano afirmou que se os resultados eleitorais forem credíveis, “então este deveria ser um ato muito simples e que eles poderiam cumprir com bastante facilidade”.

    “Se houver resistência em fornecer essa informação adicional, então penso que se torna muito problemático quando se trata da capacidade dos Estados Unidos ou de outros membros da comunidade internacional para julgar se estas eleições foram de fato inclusivas e credíveis”, disse o segundo funcionário.

    “A nossa maior preocupação neste momento é que as análises e os dados que temos sobre estas eleições – que são independentes dos resultados do Conselho Nacional Eleitoral – estejam em desacordo com os resultados anunciados pelas autoridades venezuelanas”, o alto funcionário do governo americano afirmou.

    “Portanto, na nossa opinião, essa discrepância precisa de ser investigada e abordada antes de podermos encerrar as contas desta eleição”, acrescentou.

    As autoridades recusaram-se a fornecer detalhes sobre que medidas os EUA ou a comunidade internacional estariam dispostas a tomar se as autoridades venezuelanas não divulgassem os dados ou se os resultados fossem considerados fraudulentos, mas não descartaram sanções.

    No entanto, “a possibilidade de alterar retroativamente licenças anteriormente concedidas”, como a da Chevron, não está atualmente sendo considerada, disse o segundo funcionário americano.

    A primeira autoridade disse que começariam a ter conversas em fóruns como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o G7 sobre o “caminho coletivo a seguir”.

    Elvis Amoroso, presidente do CNE
    Elvis Amoroso, presidente do CNE / Reprodução/CNN

    Já o outro funcionário acrescentou: “Continuaremos a avaliar a nossa política de sanções em relação à Venezuela à luz dos interesses gerais da política externa nacional dos EUA, das ações e não ações tomadas por Maduro e seus representantes, e da direção geral da viagem à medida que avançamos o nosso envolvimento bilateral mais amplo dos EUA com a Venezuela”.

    As autoridades defenderam o alívio das sanções concedidas pela administração Biden, sugerindo que as eleições de domingo não teriam ocorrido como aconteceu sem esse recurso.

    “Apesar de todos os problemas que estamos discutindo agora, o fato da Venezuela ter realizado ontem uma eleição, que permitiu que um candidato da oposição estivesse nas urnas e que o processo de votação ocorresse, só aconteceu como resultado das calibrações que fizemos com a nossa política de sanções no ano passado”, disse a segunda autoridade.

    Ele acrescentou: “Agora que enfrentamos um cenário potencialmente novo, vamos levá-lo em consideração ao traçar o caminho a seguir em relação às sanções contra a Venezuela”.

    O primeiro funcionário argumentou que as eleições na Venezuela de domingo, nas quais estiveram presentes observadores internacionais, proporcionam uma enorme quantidade de dados sobre a vontade dos eleitores venezuelanos “face à falta de transparência da CNE.”

    “Eu diria que estamos em uma posição muito melhor agora do que há três anos”, disse a autoridade americana.

    CNE proclama Nicolás Maduro presidente; oposição aponta fraude

    O atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fala durante uma entrevista coletiva após votar durante as eleições presidenciais na Escuela Ecológica Bolivariana Simón Rodríguez em 28 de julho de 2024 em Fuerte, Tiuna, Caracas, Venezuela / Jesus Vargas/Getty Images

    O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela proclamou Nicolás Maduro como presidente da Venezuela para um novo mandato nesta segunda-feira (29), um dia após as eleições presidenciais no país.

    O novo mandato de Maduro no poder será entre 2025 e 2031.

    O resultado do CNE indica que Maduro venceu com 51,2% dos votos contra 44,2% de Edmundo González.

    Oposição denuncia fraude

    O grupo de oposição que se uniu contra a candidatura do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que houve fraude no pleito em que ele foi reeleito para um terceiro mandato.

    Segundo os opositores, Edmundo González venceu com cerca de 70% dos votos.

    CNN

  • Embaixada em Brasília tem atos de venezuelanos contra Maduro e de brasileiras a favor; veja vídeos

    Embaixada em Brasília tem atos de venezuelanos contra Maduro e de brasileiras a favor; veja vídeos

    A embaixada da Venezuela em Brasília, único local no Brasil com possibilidade de votação para o pleito presidencial no país vizinho, reuniu no início neste domingo (28) alguns venezuelanos opositores a Nicolás Maduro, mas também brasileiras que apoiam o ditador.

    Integrantes de movimento agrário dissidente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), as mulheres disseram que foram convidadas pela própria representação para prestar “apoio moral”.

    No meio da tarde, dezenas de venezuelanos contrários ao ditador fizeram um protesto na Torre de TV, no centro da capital federal, com gritos de “viva à democracia” e “que se vá, Nicolás”.

    Entre eles, estava a diplomata Maria Teresa Belandria, representante no Brasil do líder oposicionista venezuelano Juan Guaidó e que foi reconhecida durante a gestão de Jair Bolsonaro como embaixadora da Venezuela no Brasil.

    Pouco antes, a Folha havia conversado com alguns venezuelanos que foram à embaixada.

    A venezuelana Ruth Cordero, 62, chegou no Brasil em 2016 –a única de sete irmãos a deixar seu país. Em março, ela disse que buscou a embaixada para solicitar uma carta consular necessária ao processo de naturalização como brasileira, e aproveitou para requisitar o registro para votar nas eleições.

    Ela afirmou ter sido informada de que precisaria de um passaporte válido, e a única maneira de emiti-lo seria viajar de volta à Venezuela.

    Sua filha, Jennifer Espitia Cordero, 37, formada em comércio exterior, disse ter enfrentado a mesma dificuldade. Grávida de nove meses, pediu ajuda à embaixada para renovar seus documentos, mas não teve a solicitação atendida.

    Alberto Sifontes, 29, trabalha como autônomo e chegou no Brasil há cerca de cinco anos. Segundo ele, a embaixada da Venezuela no Brasil impôs muitas travas para atualizar o registro de votação, exigindo documentos atualizados como cédula de identificação e passaporte.

    “Estamos aqui para dar ajuda logística, apoio moral, emocional e sobretudo espiritual”, disse Sifontes, que atuava como uma espécie de anfitrião dos venezuelanos na embaixada, fornecendo orientações e explicando as travas pelas quais muitos deles não poderiam votar.

    Todos os venezuelanos barrados na votação que conversaram com a Folha apoiam a oposição. Segundo eles, “a melhor opção é mudar”. Alguns deles preferiram não se identificar, dizendo temer represálias a familiares que moram na Venezuela.

    Pouco antes das 15h, seis mulheres brasileiras com camisetas da organização FNL (Frente Nacional de Luta Campo e Cidade) chegaram à embaixada, em dois grupos. O movimento foi criado por José Rainha Jr., um dos fundadores do MST e que, depois, rompeu com o movimento.

    No primeiro, uma delas, chamada Lucieni, disse que elas haviam sido chamadas pela embaixada, mas que ainda não sabia do que se tratava.

    A coordenadora, Conceição Pereira, 55, chegou na sequência e disse que o movimento foi convidado pela representação para se fazer presente. Segundo ela, o movimento defende a reforma agrária e tem na embaixada venezuelana uma aliada. Questionada sobre quem apoiavam nas eleições, ela respondeu Maduro.

    Ao ser perguntada sobre as restrições que impediram os venezuelanos de votar, Pereira fez uma pausa na fala. Depois, disse que não sabia dos relatos.

    “Após a eleição nós vamos procurar entender isso. Por que o voto é negado?”, pergutou. “A gente entende que a embaixada está aqui no Brasil para fornecer esses documentos.”

    A Venezuela realiza neste domingo eleições em um cenário jamais visto em 25 anos de chavismo. Sob pressão internacional e desgastado pela crise econômica prolongada, Maduro vê uma ameaça inédita ao regime, que ele comanda desde 2013.

    São dez os candidatos presidenciais a disputar a preferência de mais de 21 milhões de eleitores, que em recentes pesquisas demonstraram ampla vontade de ir às urnas, ainda que o voto seja facultativo.

    Edmundo González Urrutia, 74 é o candidato de oposição e de María Corina Machado, 56.

    A ex-deputada liberal, uma das opositoras mais vocais do chavismo desde os anos 2000, foi impedida pelo regime de concorrer a cargos públicos por 15 anos após sua liderança ficar evidente ao despontar com mais de 90% de apoio nas primárias realizadas pela oposição.

    Folha de São Paulo

  • As polêmicas em torno da Vila Olímpica de Paris

    As polêmicas em torno da Vila Olímpica de Paris

    O historiador francês Pierre de Coubertin (1863-1937), um dos fundadores do Comitê Olímpico Internacional (COI) em 1894, foi o autor da ideia da primeira Vila Olímpica, criada para os Jogos de Verão de Paris, na França, em 1924.

    Pela primeira vez, moradias construídas especificamente para os Jogos Olímpicos forneceriam acomodações, leitos e alimentação para os atletas. Até então, os competidores se hospedavam em hotéis, hospedarias, escolas, quartéis e nos próprios navios que os levavam para as cidades anfitriãs.

    Coubertin era pragmático e tinha espírito público. Ele percebeu que era mais barato abrigar os atletas em novas estruturas temporárias do que em hotéis. E as Vilas Olímpicas poderiam ainda inspirar um senso de comunidade entre os competidores internacionais.

    Um avanço fundamental para o desenvolvimento das Vilas Olímpicas veio quando elas começaram a ser projetadas para serem usadas também após o término dos Jogos. A ideia surgiu nos Jogos Olímpicos de 1952, em Helsinque, na Finlândia, que contaram com duas Vilas Olímpicas.

    Desde então, outras cidades-sede adotaram largamente este sistema, ou pelo menos tentaram, especialmente nas últimas duas décadas.

    E, embora a Vila Olímpica dos Jogos de Paris em 1924 fosse transitória (ela foi demolida depois da Olimpíada), as Vilas dos Jogos deste ano na capital francesa foram projetadas para serem ocupadas muito depois que os atletas voltarem para casa.

    Em comparação com as instalações esportivas, as Vilas Olímpicas também se tornaram espaços cada vez mais privados durante o período de realização dos Jogos. Elas são relativamente separadas da esfera pública.

    Esta medida foi tomada depois do ataque terrorista ocorrido durante os Jogos Olímpicos de 1972 em Munique, na então denominada Alemanha Ocidental. Membros da organização militante palestina Setembro Negro invadiram a Vila Olímpica e mataram atletas e técnicos israelenses, além de um policial alemão.

    Atualmente, além dos atletas e da sua comitiva, poucos visitantes podem entrar nas Vilas Olímpicas. Os próprios familiares dos competidores precisam seguir rígidos controles de segurança.

    Ao longo das décadas, as Vilas Olímpicas refletiram a ideologia política, os valores sociais e as preferências arquitetônicas das cidades-sede. E sua qualidade também reflete a riqueza econômica de cada país.

    Nos últimos cerca de 20 anos, as cidades anfitriãs dos Jogos Olímpicos vêm dedicando cada vez mais atenção às preocupações universais, como a sustentabilidade, a revitalização urbana e o legado dos Jogos Olímpicos. Este último conceito indica os benefícios de longo prazo oferecidos aos moradores da cidade-sede, depois do término dos Jogos.

    As novas Vilas Olímpicas e outras instalações e serviços dos Jogos são muito úteis para revitalizar áreas degradadas. Elas oferecem, por exemplo, moradia social, novas oportunidades de emprego, melhorias da infraestrutura e ligações de transporte.

    Mas, na prática, esses planos, muitas vezes, não cumprem suas promessas — e já foram alvo de muitas controvérsias.

    O caso de Paris 2024

    As três Vilas Olímpicas dos Jogos de Paris deste ano vêm sendo objeto de questionamento.

    Elas estão espalhadas pelos subúrbios de Saint-Denis, Saint Ouen e L’Île-Saint-Denis, ao norte de Paris. Os três fazem parte do departamento de Seine-Saint-Denis e irão abrigar 4.250 atletas durante os Jogos Olímpicos e outros 8 mil atletas durante as Paralimpíadas.

    Paris trabalhou muito para tornar as Vilas sustentáveis, transformando antigas construções industriais degradadas em comodidades e acomodações para os atletas.

    Mas este processo de revitalização urbana forçou muitos moradores já estabelecidos a deixar o local – como imigrantes, que precisaram encontrar lares temporários ou ocupar escritórios ou armazéns abandonados, muitos deles degradados.

    Primeira Vila Olímpica da história em Paris
    Getty Images- Primeira Vila Olímpica da história foi construída para Jogos de Paris, em 1924

    Esta situação vem chamando a atenção internacional. Na semana de abertura dos Jogos, o jornal The New York Times destacou os acontecimentos em Seine-Saint-Denis, enquanto os defensores dos direitos humanos acusaram as autoridades francesas de praticarem “limpeza social”.

    “Um dos benefícios das Olimpíadas bem planejadas é sua capacidade de recuperar rapidamente uma área”, afirma Dan Epstein, diretor consultivo da consultoria de sustentabilidade e inovação Useful Projects. A empresa tem experiência em desenvolvimento urbano e eventos globais e Epstein foi chefe de legado e sustentabilidade da Autoridade Olímpica, durante os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.

    “Mas, com a recuperação, vem a gentrificação, que pode levar ao desalojamento forçado das pessoas mais vulneráveis da região”, explica ele.

    “Políticas como o fornecimento de moradia social e trabalho para os moradores locais são fundamentais e devem ser integradas adequadamente ao projeto, planejamento e modelo econômico de desenvolvimento das Vilas Olímpicas”, diz Epstein.

    As cidades candidatas a sediar os Jogos Olímpicos precisam convencer o COI de que seu projeto é sustentável e que seus planos de revitalização urbana são bem fundamentados.

    “Atualmente, para as cidades-sede, fornecer evidências das suas credenciais de sustentabilidade, que incluem a redução da pegada de carbono [todo o CO2 emitido durante a construção] e do carbono operacional [liberado pelo consumo permanente de energia pela construção, como a iluminação elétrica e aquecimento] é uma condição básica”, afirma Ashley Munday, diretor e chefe de design da empresa de arquitetura Hassell, que participou do projeto da Vila Olímpica de Londres em 2012.

    “Um critério fundamental é o valor do legado de 3 a 5 mil novas casas [criadas pelas Vilas Olímpicas] — uma ótima forma de ampliar a oferta de moradia social”, explica ele.

    As primeiras Vilas Olímpicas

    Vila de Munique de 1972 em foto em preto e branco
    Getty Images Vila de Munique de 1972, projetada pelo arquiteto Günther Eckert, foi assolada pela tragédia

    A evolução das Vilas Olímpicas no último século certamente foi impressionante.

    A Vila precursora, de Coubertin, nos Jogos de Paris de 1924 era rudimentar. Localizada perto do Estádio Olímpico, ela compreendia cabines espartanas de madeira, cada uma com três camas.

    Vila Olímpica dos Jogos de Los Angeles
    Alamy ,Vila Olímpica dos Jogos de Los Angeles, em 1984, e suas cores marcantes

    Outras comodidades incluíam uma casa de câmbio, serviço telefônico, lavanderia a seco, cabeleireiro, uma banca de jornais e uma agência de correio.

    A Vila dos Jogos Olímpicos de 1932, em Los Angeles (Estados Unidos), ficava em Baldwin Hills, a 10 minutos de carro do Estádio Olímpico.

    Naqueles primórdios, havia separação. As mulheres se hospedavam em um hotel e os homens, em estruturas leves temporárias de baixo custo, condizentes com os tempos de restrição econômica causados pela Grande Depressão (1929-1939).

    Mesmo assim, a Vila incluía salas de jantar, casas de banho, um hospital, corpo de bombeiros, rede telefônica e um anfiteatro para 2 mil espectadores.

    Foi apenas nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984 que homens e mulheres se hospedaram juntos na Vila Olímpica, pela primeira vez.

    Naquele ano, 14 países do bloco oriental boicotaram os Jogos. Foi a resposta do bloco ao boicote liderado pelos Estados Unidos em 1980 às Olimpíadas de Moscou, na União Soviética, em protesto contra a invasão soviética do Afeganistão.

    No entanto, o estilo das Vilas Olímpicas de Los Angeles era de comemoração.

    O arquiteto Jon Jerde (1940-2015) projetou torres alegres policromáticas em tons populares, que refletiam a moda da arquitetura divertida, pós-moderna e de alta tecnologia dos anos 1980.

    De Berlim a Helsinque

    Escultura de Frank Gehry, A Baleia, na vila de Barcelona
    Crédito,Getty Images Escultura de Frank Gehry, A Baleia, na vila de Barcelona em 1992, projetada por vários arquitetos

    Adolf Hitler (1889-1945) aproveitou os Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, na Alemanha, como poderosa ferramenta de propaganda. Foram os primeiros Jogos televisionados da história.

    Sua Vila Olímpica incluiu dormitórios de dois andares, um refeitório, sala de ginástica e instalações de treinamento. Ela era aberta ao público e atraiu 370 mil visitantes, um reflexo dos sentimentos nacionalistas do país na época.

    Após o término dos Jogos, a Vila Olímpica foi transformada em hospital e escola da infantaria do exército. A construção que recebeu o atleta americano Jesse Owens (1913-1980) foi posteriormente restaurada.

    Londres foi a cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 1948. Ainda com as cicatrizes deixadas pelos bombardeios da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o orçamento da cidade era restrito.

    Estruturas já existentes foram reutilizadas para servir de Vila Olímpica – um antigo acampamento militar em recuperação, com cabanas de madeira no Richmond Park.

    As instalações da Vila acomodaram os homens, enquanto as mulheres se hospedaram principalmente em estabelecimentos de ensino, como o Southlands College, na Universidade de Roehampton, em Wandsworth, na região sul da capital britânica.

    A equipe finlandesa trouxe consigo uma sauna de madeira pré-fabricada, que também incluía um banheiro, sala de massagens e cozinha. Ela foi doada ao Reino Unido após os Jogos e depois levada para o Cobdown Park, em Maidstone, no sudeste da Inglaterra. Lá, permaneceu em uso até 2020.

    Já as Vilas dos Jogos Olímpicos de Helsinque eram idílicas. Foram concebidas para ajudar a preservar um espaço verde fundamental no norte da cidade. Sem isso, a área teria sido invadida e engolida por um distrito comercial próximo.

    O cenário das Vilas de Helsinque era um bosque em declive com grandes espaços ao ar livre, formando forte conexão com a natureza. A capital finlandesa se expandiu desde 1952 e, agora, as Vilas ficam no centro da cidade. Mas elas mantêm o charme da antiga zona rural.

    Sua construção foi projetada em estilo modernista por arquitetos de vanguarda da época, como Alvar Aalto (1898-1976).

    “As Vilas de Helsinque mantiveram sua popularidade”, afirma o editor-chefe da publicação Finnish Architectural Review, Kristo Vesikansa.

    “Para muitos moradores de Helsinque, as Vilas representam um bairro residencial ideal, com seus apartamentos compactos e funcionais, além de grandes jardins. Uma piscina, originalmente construída para os atletas, também é popular”, segundo ele.

    Roma, Munique e Barcelona

    A Vila dos Jogos Olímpicos de Roma, na Itália, em 1960, foi um exemplo de revitalização.

    Os organizadores dos Jogos recuperaram um bairro degradado chamado Campo Parioli, construindo moradias públicas em estilo moderno. Foram 1.348 apartamentos, projetados para uso após os Jogos. Eles existem até hoje.

    Uma das principais atrações dos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, foi sua arquitetura avant-garde, refletindo a filosofia futurista dos Jogos. Mas a Vila, acima de tudo, é lembrada hoje em dia como o local da horrível tragédia conhecida como o massacre de Munique.

    Projetada em 1969 pelo arquiteto Günther Eckert (1927-2001), a Vila Olímpica compreendia um bloco de concreto com 801 apartamentos espaçosos. As ruas da Vila ficavam em nível separado do tráfego de veículos – uma ideia profeticamente ecológica.

    Os Jogos de Munique foram pioneiros na crença do legado. Por isso, as construções da Vila Olímpica foram projetadas para serem reutilizadas depois dos Jogos. Seus apartamentos foram vendidos como residências e as casas de dois andares foram transformadas em acomodações para estudantes (embora elas tenham sido parcialmente destruídas por um levante estudantil e reconstruídas posteriormente).

    Atualmente, segundo Hassell, a Vila permanece “com alta procura, devido à qualidade da sua arquitetura e às suas áreas verdes”.

    A revitalização urbana foi um ponto central dos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona, na Espanha, e sua Vila Olímpica.

    Foi criada uma área residencial chamada La Vila Olímpica no distrito de Poble Nou, uma antiga e poluída zona industrial.

    Uma equipe de arquitetos – Josep Martorell (1925-2017), Oriol Bohigas (1925-2021), David Mackay (1933-2014) e Albert Puigdomènech (1944-2004) – projetou a Vila Olímpica, oferecendo uma variedade de estilos. Mas sua disposição era ordenada, seguindo o modelo da famosa e elegante grade do bairro central Eixample, em Barcelona.

    “Barcelona é possivelmente o melhor exemplo que observamos de uma Vila Olímpica transformada em um bem sucedido bairro urbano, que também trouxe melhorias para a zona portuária”, destaca Epstein.

    A vez de Londres

    Edifícios da vila olímpica de Londres 2012
    Crédito,Getty Images Vila olímpica de Londres 2012 fazia parte de ambicioso projeto de sustentabilidade — mas seu legado foi manchado pelas críticas sobre altos aluguéis

    Os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, trouxeram a renovação de um ponto industrial poluído na região de Stratford, no leste da capital britânica.

    “As Olimpíadas de Londres se propuseram a ser os Jogos mais sustentáveis da história”, relembra Epstein.

    “A ideia era usar os Jogos Olímpicos para catalisar a revitalização do Lower Lea Valley e transformá-lo em uma comunidade vibrante, socialmente inclusiva, com baixo uso de carbono e transporte público excepcional. Muitos parques olímpicos e suas instalações foram frequentemente abandonados no passado, após o término dos Jogos.”

    “Como primeiro prefeito eleito de Londres, Ken Livingstone abraçou os Jogos Olímpicos”, conta Dave Hill, autor do livro Olympic Park: When Britain Built Something Big (“Parque Olímpico: quando o Reino Unido construiu algo grande”, em tradução livre). Hill também é o criador do site onlondon.co.uk, que apresenta notícias e análises sobre a cultura e a política londrina.

    Livingstone supervisionou a proposta de Londres para receber os Jogos de 2012. Segundo Hill, “Livingstone conseguiu ver que os Jogos poderiam trazer enormes investimentos para o Lower Lea Valley.”

    Os Jogos Olímpicos também receberam total apoio de Boris Johnson, sucessor de Livingstone na prefeitura londrina, embora seu gosto arquitetônico fosse clássico e conservador.

    “Johnson tinha uma visão para o Parque Olímpico como um todo, com praças e casas familiares com terraços em estilo vitoriano, inspiradas pelas grandes propriedades de Grosvenor e Bedford, em Londres”, diz Hill.

    Por isso, os arquitetos do escritório Fletcher Priest, em conjunto com os engenheiros estruturais da Arup e os arquitetos paisagistas da West 8 e Vogt Landscape, foram convocados para projetar um distrito em forma de vila, com jardins que lembrassem a disposição das ruas vitorianas em regiões do oeste de Londres, como Maida Vale. O projeto incorporou 69 blocos residenciais, praças comunitárias, fontes e jardins.

    As críticas ao legado

    Em 2013, as pessoas começaram a ocupar parte dos blocos da Vila Olímpica de Londres, agora transformados em apartamentos residenciais para aluguel, na área rebatizada como East Village. Ela fica ao lado do também rebatizado Parque Olímpico Rainha Elizabeth.

    Mas o bairro foi amplamente criticado, devido ao alto valor dos aluguéis. Em 2022, um apartamento de dois quartos nos antigos blocos dos atletas custava mais de 2,3 mil libras esterlinas (cerca de R$ 16,8 mil) por mês e os apartamentos de três quartos custavam cerca de 2,7 mil libras (cerca de R$ 19,7 mil) mensais.

    E, embora o comitê organizador dos Jogos de Londres tenha prometido que a revitalização do leste de Londres criaria 30 mil a 40 mil novas residências, o jornal The Guardian divulgou em 2022 que a remodelação havia resultado em apenas 13 mil novas casas.

    Enquanto isso, nos bairros de Newham, Tower Hamlets, Hackney e Waltham Forest, onde foram realizados os Jogos Olímpicos, havia quase 75 mil famílias na lista de espera por habitação social.

    Outras cidades-sede também receberam fortes críticas em relação ao seu legado.

    “A Vila Olímpica dos Jogos de Verão de 2004 em Atenas [na Grécia] compreendia 21 torres residenciais”, segundo Epstein.

    “Depois dos Jogos, a intenção é que ela se tornasse uma nova zona residencial, com suas acomodações sendo vendidas ou alugadas para a população local. Mas apenas a metade dos apartamentos está ocupada hoje em dia.”

    “E, quando o Rio de Janeiro promoveu os Jogos em 2016, a cidade quis imitar Londres”, acrescenta ele.

    “Mas o legado da sua Vila Olímpica e suas 31 torres não foi bem-sucedido, pelo menos no curto prazo”.

    Vila Olímpica dos Jogos de Atenas
    Crédito,Getty Images Vila Olímpica dos Jogos de Atenas, em 2004, teve seu legado questionado porque apenas metade dos seus apartamentos estão atualmente ocupados

    Muitas pessoas ficaram irritadas com os desalojamentos em Seine-Saint-Denis e outras regiões de Paris, nos preparativos para os Jogos Olímpicos deste ano.

    Mas seus organizadores demonstram forte compromisso com a sustentabilidade. Existem fortes evidências de preparação das Vilas para o futuro, deixando-as prontas para seu novo uso após os Jogos.

    Três blocos de apartamentos criados para os atletas em St. Ouen, por exemplo, serão reutilizados como moradia e escritórios depois das Olimpíadas.

    Muitos edifícios existentes, como uma fábrica e um estúdio cinematográfico, foram reformulados. Telhados receberam painéis solares e os amplos espaços entre as construções oferecem túneis de vento para levar ar fresco do rio Sena para as Vilas Olímpicas.

    “Os Jogos de Paris trouxeram muitas promessas”, afirma Dan Epstein. “Eles realmente se concentram na reutilização das instalações existentes.” Mas ele acrescenta uma nota com tom de cautela:

    “Você só pode realmente dizer qual é o legado de uma cidade-sede e o grau de sustentabilidade que ela irá atingir no longo prazo, em 10 a 20 anos depois do término dos Jogos.”

    Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.

  • Maduro vence eleição na Venezuela, diz conselho; oposição contesta e aponta fraude ‘grosseira’

    Maduro vence eleição na Venezuela, diz conselho; oposição contesta e aponta fraude ‘grosseira’

    O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou na madrugada desta segunda-feira (29/7) que o presidente Nicolás Maduro venceu as eleições presidenciais do domingo (28/7), mas os resultados foram contestados pela oposição, que disse ter havido fraude “grosseira” para modificar os números.

    Segundo o presidente do CNE, Elvis Amoroso, Maduro obteve 51,2% dos votos, contra 44,2% do opositor Edmundo González, com 80% das urnas apuradas.

    O anúncio aconteceu pouco depois da meia-noite em Caracas (1h em Brasília). Amoroso, um aliado de Maduro, disse que a tendência da apuração era “contundente e irreversível”.

    O presidente do CNE também disse que o país investigará “ataques terroristas” ao sistema eleitoral aos quais atribuiu o atraso na divulgação.

    Nas horas de espera, o país mergulhou em tensão, com a oposição denunciando supostas irregularidades no processo e declarando ter vencido o pleito.

    Momentos depois do anúncio, a principal líder da oposição, María Corina Machado, inabilitada para exercer cargos públicos e apoiadora de González, contestou o resultado.

    “Ganhamos em todos os Estados do país e sabemos o que aconteceu hoje. Cem por cento das atas que o CNE transmitiu nós temos e toda essa informação aponta que Edmundo obteve 70% dos votos”, disse Machado a jornalistas.

    Ela acrescentou avaliar que as supostas modificações feitas nos resultados haviam sido “grosseiras”.

    O embate prenuncia mais tensão nas próximas horas e dias na Venezuela, sob acompanhamento dos países vizinhos e dos EUA.

    O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que seu país tem “sérias preocupações” sobre o resultado anunciado. “A comunidade internacional está observando isso de perto e responderá de acordo”, afirmou Blinken.

    O presidente chileno, Gabriel Boric, questionou abertamente os resultados e disse que o Chile só reconhecerá números “verificáveis”.

    Já os presidentes do Brasil, Colômbia e México – todos de governos à esquerda, como o de Boric – ainda não haviam se pronunciado até a publicação desta reportagem (leia mais abaixo). Veja aqui a reação de outros países.

    O presidente Nicolás Maduro, de 61 anos, que dirige o país desde 2013, comemorou a vitória que lhe dará um terceiro mandato a partir de janeiro.

    Nicolás Maduro votando na Venezuela
    Com as cores da bandeira da Venezuela, Nicolás Maduro votou cedo no domingo

    “Temos de respeitar o árbitro e que ninguém pretenda manchar essa jornada bonita”, disse o mandatário venezuelano.

    ‘Vigília’ nos centros eleitorais

    Desde o encerramento das urnas – às 18h de Caracas (19h em Brasília) -, os dois principais nomes da oposição intensificaram os pedidos para que seus eleitores continuassem em “vigília” nos centros eleitorais.

    María Corina Machado, que liderou a campanha transferindo seu apoio a González, um ex-diplomata de 74 anos, pediu que os oposicionistas atuando como fiscais exigissem atas de resultados nos centros de votação, citando que esse era um direito previsto em lei.

    “Esses são minutos cruciais, horas decisivas”, disse Machado. “Precisamos que todos os venezuelanos permaneçam nos centro de votação acompanhando os observadores.”

    Os apelos foram seguidos de denúncias de opositores sobre supostas irregularidades em centros de votação. Pouco antes do anúncio oficial, González disse no Twitter ter ganhado a disputa.

    Desde 2013 a oposição não aparecia com tamanha possibilidade de derrotar o governo, segundo os analistas, apesar das denúncias de que o processo eleitoral não teve condições justas de competição.

    Além da própria inabilitação de Machado, houve dificuldades para que os milhões de venezuelanos que estão no exterior por causa da longa crise econômica e política do país pudessem votar.

    Edmundo González
    GETTY IMAGES -Edmundo González é o opositor de Maduro na eleição

    Reação e papel do Brasil, Colômbia e dos EUA

    O processo eleitoral foi seguido de perto pelos países vizinhos e pelos EUA, mas teve uma reduzida participação de observadores internacionais, depois que o governo Maduro, que controla o CNE, retirou o convite para que uma missão da União Europeia acompanhasse o pleito.

    Logo após o anúncio dos resultados, o presidente chileno Gabriel Boric disse que o Chile só reconhecerá números “verificáveis”.

    “O regime de Maduro deve entender que os resultados que publica são difíceis de acreditar”, afirmou no X, antigo Twitter, enquanto aliados de Maduro como os governos da Bolívia e de Honduras felicitavam o presidente venezuelano.

    Os presidentes de Brasil e Colômbia, países apontados por analistas como potenciais mediadores na situação venezuelana, permaneciam em silêncio sobre os resultados até a publicação deste texto. O México também não havia se manifestado.

    Embora o presidente colombiano Gustavo Petro não tivesse se manifestado sobre os resultados até a publicação deste texto, o ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, afirmou que é fundamental que sejam ouvidas “todas as vozes de todos os setores”.

    “É importante esclarecer todas as dúvidas sobre os resultados. Nós pedimos a contagem total de votos, sua verificação, e uma auditoria independente o mais rápido possível”, escreveu no Twitter. “Os resultados eleitorais de um dia tão importante devem ter toda a credibilidade e legitimidade possíveis para o bem da região e, sobretudo, do povo venezuelano.”

    Para acompanhar a disputa, o governo brasileiro enviou a Caracas Celso Amorim, ex-chanceler e influente assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para temas internacionais.

    Na noite de domingo, Amorim divulgou nota celebrando que “a jornada tenha transcorrido com tranquilidade, sem incidentes de monta”, com “participação expressiva do eleitorado”.

    “Estou em contato com diferentes forças políticas e analistas eleitorais, além de membros da equipe de observadores do Centro Carter e do Painel de Especialistas da ONU. O presidente Lula vem sendo informado ao longo do dia. Vamos aguardar os resultados finais e esperamos que sejam respeitados por todos os candidatos”, disse o ex-chanceler.

    A declaração reforçou a mensagem de Brasília nos últimos dias de que o resultado, seja qual fosse, deveria ser respeitado.

    Na última semana, Lula, um aliado do chavismo, marcou uma inusual distância do presidente venezuelano ao criticar a declaração de Maduro de que uma vitória da oposição levaria a “um banho de sangue”.

    Enquanto isso, o libertário argentino Javier Milei, de aberta oposição a Maduro, se manifestou no X (antigo Twitter).

    “Fora, ditador Maduro”, escreveu Milei em maiúsculas. “Os dados anunciam uma vitória acachapante”, seguiu, quando ainda não existiam resultados oficiais divulgados.

    A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, havia afirmado no início da noite que a “vontade do povo venezuelano deve ser respeitada”.

    Ainda antes do resultado, Kamala, que será possivelmente a rival de Trump nas eleições deste ano, defendeu um “futuro mais democrático”, sem mencionar nomes.

    O papel que terá os EUA é um aspecto aguardado, já que Washington mantém sanções à indústria petrolífera venezuelana para punir o governo Maduro.

    Sob pressão da Guerra da Ucrânia e para incentivar o processo eleitoral da Venezuela, a Casa Branca afrouxou as sanções por alguns meses em 2023, após um acordo que prometia a participação da oposição nas eleições.

    Como o CNE impediu María Corina Machado de concorrer, a redução das sanções foi revertida.

    Logo após o anúncio dos resultados feito pelo CNE, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que seu país tem “sérias preocupações” sobre o resultado anunciado.

    Blinken disse também que os EUA estavam preocupados com o fato de o resultado não refletir nem a vontade e nem os votos dos venezuelanos.

    “É fundamental que todos os votos sejam contados de forma justa e transparente, que as autoridades eleitorais partilhem imediatamente informações com a oposição e observadores independentes e sem demora e que as autoridades eleitorais publiquem a apuração dos votos. A comunidade internacional está observando isso de perto e responderá de acordo”, disse.

    Como funciona o sistema eleitoral venezuelano?

    Maria Corina Machado
    Crédito,Getty Images- Maria Corina Machado é vista como líder da oposição apesar de não ter conseguido disputar diretamente com Maduro

    Um dos grandes temas a partir de agora será uma possível auditoria dos resultados.

    Na Venezuela, o sistema de votação é eletrônico, mas há diferenças em relação ao brasileiro.

    Ao chegar ao local de votação, o eleitor apresenta o documento, que é registrado no sistema. Depois, por meio da biometria, é feita a autenticação e a urna eletrônica é liberada para que ele vote.

    As fotos dos candidatos aparecem na tela. No entanto, o sistema indica os candidatos apoiados por cada partido. Quanto mais apoios tiver, mais fotos aparecerão. Assim, Maduro apareceu 13 vezes. González, três.

    Depois de votar, o sistema imprime o voto e o eleitor o coloca em uma urna. Após a votação, os fiscais comparam os resultados das urnas eletrônicas com os do papel. Cada urna também imprime uma ata, cópia dos dados a serem enviados ao CNE.

    Pouco depois do anúncio feito pelo CNE, o chanceler venezuelano, Yvan Gil, divulgou uma nota dizendo que seu país estava denunciando e alertando ao mundo sobre “uma operação de intervenção contra o processo eleitoral.”

    Colaborou Marina Rossi, da BBC News em São Paulo