Categoria: Política

  • Prefeito Sandro Mabel apresenta projeto para construção do Anel Viário de Goiânia

    Prefeito Sandro Mabel apresenta projeto para construção do Anel Viário de Goiânia

    O prefeito Sandro Mabel apresentou, nesta terça-feira (24/6), o projeto do novo Anel Viário de Goiânia, em reunião no 6° andar do paço Municipal. A obra contará com 44 quilômetros de pista dupla e tem como principal objetivo retirar o tráfego pesado da BR-153, que hoje corta a capital e diversos municípios da Região Metropolitana. “Essa é uma obra importante para a Região Metropolitana como um todo. Hoje, quase o dia todo, a rodovia está congestionada. São 44 km que saem de Goianápolis, na Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre Anápolis e Goiânia, e vai passar por Senador Canedo, Goiânia e Aparecida, saindo praticamente em Hidrolândia”, detalhou Mabel.

    Durante o evento, autoridades das três esferas de governo reafirmaram o compromisso com a execução da obra, que já foi aprovada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e terá recursos federais. A licitação será feita por meio de Regime Diferenciado de Contratações (RDC), modelo que permite agilidade na contratação integrada, incluindo projeto executivo e execução da obra. A previsão é que os trabalhos comecem no primeiro trimestre de 2026.

    Mabel destacou que a demanda pela obra é antiga. “Em 1995, no governo Fernando Henrique, quando fizemos o contorno até a Eternit, já se falava no contorno Noroeste. Agora temos as condições políticas e técnicas para tirar esse projeto do papel”, disse. O prefeito explicou ainda que a pista será construída com pavimento rígido nas vias expressas, o que garante durabilidade e reduz a necessidade de manutenção. O traçado contará com mais de 30 obras de arte especiais, como viadutos e pontes.

    “Essa rodovia hoje não suporta mais o fluxo atual de caminhões. São milhares de veículos pesados cruzando bairros de Goiânia como se fossem vias urbanas. O Anel Viário vai retirar esse trânsito das áreas residenciais e devolver a mobilidade aos cidadãos”, afirmou Mabel, ao detalhar que o valor atualizado da obra, considerando o Sistema de Custos Referenciais de Obras (SICRO) de julho de 2023, é de R$ 948.431.665,92.

    A estrutura será composta por 45 obras especiais (OAEs), totalizando 3.320 metros de extensão, distribuídas em 10 pontes e 35 viadutos, com 11 interconexões e 11 passagens de nível sem conexão. O projeto prevê ainda 26 km de interligações com outras rodovias. O Volume Médio Diário (VMD) estimado para 2035 é de 21.844 veículos.

    A Prefeitura de Goiânia e os demais municípios envolvidos devem colaborar com a atualização dos licenciamentos ambientais e as desapropriações. “Vamos pedir ao governador Daniel Vilela que destaque uma equipe para acelerar o processo. O licenciamento já existe, só precisa ser atualizado”, disse Mabel. Segundo ele, o Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Secov-GO) se comprometeu a viabilizar 100% das desapropriações necessárias sem custos para o poder público.

    O vice-governador Daniel Vilela reforçou que o Estado dará prioridade à obra. “É um projeto estratégico para o Brasil, ligando o Norte ao Sul do país. Nem Goiânia nem Goiás podem esperar por outra concessão para que a obra seja executada. Precisamos agir com rapidez”, declarou.

    O deputado federal Rubens Otoni destacou que o projeto já superou as etapas mais complexas. “Conseguimos aprovar o projeto no DNIT. Com o apoio do ministro Renan e da bancada goiana, vamos iniciar esse trabalho no começo do próximo ano”, afirmou.

    Relator do Orçamento da União na área de infraestrutura, o deputado José Nelto garantiu recursos para o início da construção. “Vamos garantir o dinheiro. Com união de forças, essa obra vai acontecer”, disse.

    Segundo Mabel, o impacto da obra será imediato para a Região Metropolitana. “Vai permitir que Goiânia e Aparecida respirem, que a BR-153, hoje transformada em avenida dentro da cidade, volte a funcionar com mais eficiência. O trânsito vai melhorar e a qualidade de vida da população também”, afirmou. A previsão é que a entrega ocorra em até três anos após o início das obras”, finalizou.

    Estiveram presentes ao evento o vice-governador Daniel Vilela; os deputados federais José Nelto e Rubens Otoni; o superintendente regional do DNIT em Goiás e no Distrito Federal, Flávio Murilo Gonçalves; o presidente da Associação Goiana de Municípios (AGM) e prefeito de Hidrolândia, José Délio; os vereadores Anselmo Pereira, Isaías Ribeiro, Tião Peixoto, Denício Trindade, Bruno Diniz, Rose Cruvinel e Juarez Lopes; os prefeitos Leandro Vilela (Aparecida de Goiânia) e Lucas do Galdino (Bonfinópolis); o vice-prefeito de Aparecida de Goiânia, João Campos; o secretário municipal de Infraestrutura Urbana de Goiânia, Francisco Lacerda, em nome de quem foram cumprimentados todos os secretários municipais, e o secretário de Planejamento Urbano de Senador Canedo, Júnior Caldas, dentre outros.

  • Irã e Israel falam em vitória e sinalizam cessar-fogo após 12 dias de conflito

    Irã e Israel falam em vitória e sinalizam cessar-fogo após 12 dias de conflito

    O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel alcançou uma “vitória histórica” após 12 dias de conflito, mas que ainda precisa concluir sua campanha contra o “eixo do Irã”, derrotar o Hamas e garantir o retorno dos reféns em Gaza. Do lado do Irã, o presidente Masoud Pezeshkian também classificou o desfecho como uma “grande vitória” para Teerã.

    As declarações ocorrem sob pressão de Donald Trump, horas após o início de um cessar-fogo, anunciado pelos Estados Unidos na noite anterior e mediado com apoio do Catar. Ambos os países sinalizaram adesão à trégua.

    Segundo a imprensa estatal iraniana, Pezeshkian afirmou ainda que a guerra foi “imposta ao Irã pelo aventurismo de Israel”. O Comando Militar Conjunto do Irã afirmou que Israel e os Estados Unidos devem “aprender com os golpes esmagadores” sofridos com os ataques iranianos — tanto no território israelense quanto na base americana de Al-Udeid, no Catar.

    Autoridades iranianas informaram que 610 pessoas morreram no Irã devido a ataques israelenses, e outras 4.746 ficaram feridas. A retaliação iraniana matou 28 pessoas em Israel, a primeira vez em que as defesas aéreas israelenses foram sobrecarregadas por um grande número de mísseis iranianos.

    As Forças Armadas de Israel suspenderam as restrições a atividades em todo o país às 20h, horário local (às 17h, no horário de Brasília), e autoridades afirmaram que o aeroporto Ben Gurion, o principal do país, já havia sido reaberto. O espaço aéreo iraniano também será reaberto, segundo informou a agência Nournews, ligada ao Estado.

    Cessar-fogo sob tensão

    O cessar-fogo entrou em vigor nas primeiras horas desta terça-feira (1h da manhã no horário de Brasília), segundo anúncio feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

    No entanto, relatos de novos ataques em Teerã e declarações cruzadas entre os envolvidos colocaram o acordo sob incerteza logo nas primeiras horas.

    Trump afirmou que tanto Israel quanto Irã violaram os termos da trégua, negociada com participação ativa do Catar, e que estava “insatisfeito com os dois lados”.

    “Israel tem de se acalmar. Tenho de fazer Israel se acalmar”, disse Trump ao embarcar para a cúpula da Otan, em Haia. Em uma rede social, o presidente dos EUA alertou: “Israel, não jogue suas bombas. Se fizer isso, será uma grande violação.”

     

    Trump exige em postagem em sua rede social Truth Social que Israel não volte a atacar o Irã, em 24 de junho de 2025. — Foto: Reprodução/ Truth Social

    Trump exige em postagem em sua rede social Truth Social que Israel não volte a atacar o Irã, em 24 de junho de 2025. — Foto: Reprodução/ Truth Social

  • Israel e Irã concordam com cessar-fogo após bronca de Trump

    Israel e Irã concordam com cessar-fogo após bronca de Trump

    Após uma “bronca” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, uma trégua entre Israel e Irã parece estar se mantendo — ainda que de forma frágil.

    Tanto o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, quanto o comandante das Forças de Defesa de Israel (IDF), general Eyal Zamir, afirmaram publicamente que o cessar-fogo está em vigor.

    Mais cedo, Trump fez um alerta nesta terça-feira (24/6) para que Israel não atacasse o Irã — depois que o governo israelense acusou os iranianos de violar um cessar-fogo.

    “ISRAEL. NÃO LANCEM ESSAS BOMBAS. SE FIZEREM, É UMA GRAVE VIOLAÇÃO. TRAGAM SEUS PILOTOS PARA CASA, AGORA”, escreveu Trump em sua rede social Truth Social, usando letras maiúsculas.

    Na noite de segunda-feira (23/6), Trump havia anunciado um cessar-fogo entre Israel e Irã após mais de uma semana de hostilidades provocadas por um ataque inicial de Israel ao programa nuclear iraniano.

    Na ocasião, Israel confirmou que aceitava o cessar-fogo, e o Irã afirmou que interromperia seus ataques se Israel fizesse o mesmo.

    Israel disse que detectou mísseis disparados pelo Irã e acionou seu sistema antimísseis. O governo também orientou seus cidadãos a buscarem os abrigos contra ataques aéreos.

    A BBC não conseguiu confirmar que houve um novo ataque do Irã. Teerã negou novos ataques.

    O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, ordenou nesta terça que as Forças de Defesa de Israel “respondam energicamente à violação do cessar-fogo pelo Irã com ataques intensos contra alvos do regime no coração de Teerã”.

    Mas horas depois o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que Israel se absteve de novos ataques ao Irã, após conversar Trump pelo telefone.

    A mídia estatal iraniana respondeu às acusações de Israel dizendo que o Irã nega ter disparado mísseis após o cessar-fogo.

    Nesta terça-feira, Trump disse não estar “satisfeito” com Israel.

    “Houve um foguete que, acredito, foi lançado ao mar após o prazo limite e agora Israel está reagindo. Esses caras precisam se acalmar”, disse ele a jornalistas antes de embarcar para a cúpula da Otan em Haia, na Holanda.

    O presidente americano disse que não gostou de “muitas coisas” que viu ontem.

    “Não gostei do fato de Israel ter disparado logo após fecharmos o acordo”, disse Trump. “Eles não precisavam disparar.”

    “Basicamente, temos dois países que lutam há tanto tempo e com tanta dureza que não sabem mais o que estão fazendo”, afirmou Trump — soltando um palavrão durante sua conversa com os repórteres.

    O presidente americano disse que tanto o Irã quanto Israel violaram o cessar-fogo anunciado por ele.

    “Não tenho certeza se fizeram isso intencionalmente”, disse o presidente americano. “Não gosto nem um pouco do fato de Israel ter agido esta manhã. E vou ver se consigo impedir.”

    O presidente americano afirmou que o Irã “jamais reconstruirá suas capacidades nucleares” e acrescenta que “também não está satisfeito com o Irã”.

    Antes do início do cessar-fogo, houve forte troca de fogo entre ambos os lados ao longo da noite.

    A mídia estatal iraniana afirma que ondas de mísseis de Israel atingiram a capital e outras cidades, matando pelo menos nove pessoas, incluindo um cientista nuclear.

    Alguns moradores disseram ao serviço persa da BBC que na noite passada sofreram com um dos bombardeios “mais pesados” desde o início do conflito, há 12 dias.

    Em Israel, pelo menos quatro pessoas morreram e 22 ficaram feridas em Beersheba, alvos do que o governo israelense diz ser um míssil iraniano.

    O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou nesta terça-feira que Israel atingiu um conjunto de radares perto de Teerã em resposta às “violações do cessar-fogo” pelo Irã.

    Em um comunicado, o gabinete de Netanyahu afirma que o Irã disparou um míssil contra Israel às 7h06, horário local (1h06 no horário de Brasília), e mais dois às 10h25 (4h25 em Brasília), após o cessar-fogo ter entrado em vigor. Teerã nega ter lançado novos ataques após o início do cessar-fogo.

    O comunicado afirma que Israel “se absteve de novos ataques” após Netanyahu conversar com Trump por telefone.

    O comunicado diz que, na ligação, Trump “expressou seu imenso apreço por Israel”, que “alcançou todos os seus objetivos de guerra”.

    “O presidente também expressou sua confiança na estabilidade do cessar-fogo”, diz o comunicado.

    Anúncios de cessar-fogo

    A nova escalada de violência acontece horas depois de EUA, Irã e Israel terem falado em um cessar-fogo.

    Israel ter concordado com a proposta de cessar-fogo após “atingir os objetivos” de seus ataques ao Irã. Mais cedo, o Irã já havia dito que concordaria com o cessar-fogo se Israel interrompesse ataques.

    No comunicado, Israel diz que “infligiu danos severos à liderança militar e destruiu dezenas de alvos do governo central iraniano”.

    O comunicado afirma que as forças israelenses, no último dia, “atingiram severamente alvos governamentais no coração de Teerã, eliminando centenas de agentes Basij” — uma milícia que o governo iraniano frequentemente usa para reprimir protestos — e “eliminando outro cientista nuclear sênior”.

    “Israel agradece ao presidente Trump e aos EUA por seu apoio à defesa e sua participação na eliminação da ameaça nuclear iraniana”, diz o comunicado.

    O cessar-fogo “completo e total” foi inicialmente anunciado na noite de segunda-feira (23/06) pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

    Trump afirmou nas redes sociais, por volta de 19h em Brasília, que o cessar-fogo começaria “em aproximadamente seis horas”.

    Segundo o republicano, “na 24ª hora” o conflito — que ele chamou de “a guerra dos 12 dias” — terminaria oficialmente. Trump acrescentou que Israel e Irã se dirigiram a ele “quase simultaneamente” falando de “paz”.

    Após a postagem de Trump sobre o cessar-fogo, o primeiro a confirmar que concordaria foi o ministro de Relações Exteriores do país persa, Seyed Abbas Araghchi.

    Na rede social X, o ministro disse que os ataques isralenses deveriam parar até 4h da manhã de terça-feira (24/6) em horário local, para que o Irã aderisse ao fim das hostilidades.

    “Não temos intenção de continuar nossa resposta depois disso [caso Israel cumpra a condição]”, afirmou Araghchi.

    Ministro sorrindo e sentado enquanto fala em reunião em sala, com bandeira do Irã atrás dele
    JOSE SENA GOULAO/EPA-EFE/REX/Shutterstock- O ministro iraniano Seyed Abbas Araghchi em foto de 2024; ele condicionou cessar-fogo à adesão de Israel

    De acordo com a imprensa americana, o primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, ajudou a mediar o cessar-fogo. Mais cedo, bases militares americanas no país foram atingidas por ataques iranianos.

    Logo após o anúncio feito por Trump, iranianos relataram ouvir explosões no início da madrugada (em horário local), segundo a repórter da BBC Ghoncheh Habibiazad.

    Moradores da capital, Teerã, e das cidades de Karaj e Rasht dizem ter ouvido fortes explosões.

    As Forças de Defesa de Israel (FDI) emitiram três ordens de evacuação para diferentes distritos de Teerã.

    Entretanto, após as 4h da manhã, as explosões pareciam ter parado, segundo moradores.

    De acordo com análise de Bernd Debusmann Jr, jornalista da BBC na Casa Branca, caso confirmado, o cessar-fogo será “reivindicado pelo governo [Trump] como uma das vitórias mais significativas da política externa” deste mandato — uma comemoração que não pode ser feita por exemplo sobre a guerra na Ucrânia, cujo fim lhe escapa das mãos”.

    “O fim do conflito no Oriente Médio, no entanto, será algo que o presidente e seus aliados apontarão como um progresso tangível, especialmente se for acompanhado do fim do programa nuclear iraniano, algo não alcançado pelos ex-presidentes Clinton, Bush, Obama e Biden”, escreveu Debusmann Jr.

    Para Anthony Zurcher, correspondente da BBC na América do Norte, se a resposta iraniana acabar por aqui — tanto com um cessar-fogo quanto com o encerramento dos ataques realizados mais cedo no Catar —, pode ser sinal de que a arriscada ofensiva de Trump contra o Irã rendeu frutos em termos de estratégia.

    “Se os danos forem de fato limitados e não houver novos ataques iranianos em vista, Trump parece inclinado a conter sua ofensiva, na esperança de que os iranianos estejam dispostos a negociar seriamente”, escreveu Zurcher.

    “O ataque de Trump contra o Irã no fim de semana foi uma manobra de alto risco, mas há um cenário em que os resultados já estão começando a aparecer.”

    Para Zurcher, até o momento, os iranianos estão demonstrando que querem proporcionalidade, e não a escalada do conflito — algo que Trump parece mais do que pronto para acatar.

    Os preços do petróleo continuaram a cair após o anúncio de cessar-fogo por Trump.

    O petróleo Brent, referência global, caiu mais 4%, para pouco mais de US$ 68 o barril — isso após uma queda de 7% no pregão de segunda-feira.

    Os preços do petróleo estão agora mais baixos do que em 12 de junho, quando Israel lançou o primeiro ataque ao Irã.

    Ataques ao Catar mais cedo

    Traços são vistos no céu depois que as Forças Armadas do Irã disseram que atacaram a base de Al-Udeid com um ataque de míssil, no Catar.
    Reuters-Traços são vistos no céu depois que as Forças Armadas do Irã disseram que atacaram a base de Al-Udeid

    Mais cedo na segunda-feira, o Irã lançou mísseis contra bases dos EUA no Catar, anunciando na mídia estatal ter iniciado uma resposta “poderosa e vitoriosa” aos ataques americanos às suas instalações nucleares no fim de semana.

    Não houve feridos, reportaram o governo catari e americano.

    Em um comunicado, a Guarda Revolucionária do Irã (IRGC, na sigla em inglês) afirmou que “[o Irã] não deixará nenhum ataque à sua integridade territorial, soberania e segurança nacional sem resposta, sob nenhuma circunstância”.

    Em um primeiro momento, a agência estatal Tasnim afirmou que o Irã havia atacado também uma base americana no Iraque, mas sobre essa ação não há até o momento confirmação nem detalhes.

    Algumas horas após o bombardeio iraniano, o presidente americano Donald Trump classificou a ação de Teerã como “muito fraca” e agradeceu o “aviso antecipado”.

    “O Irã retaliou oficialmente à nossa destruição de suas instalações nucleares com uma reação muito fraca, o que esperávamos e que combatemos com muita eficácia”, disse Trump na rede Truth Social, após se reunir com o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

    O mandatário americano afirmou que 14 mísseis foram disparados pelo Irã — 13 dos quais foram “derrubados” e outro seguiu em uma “direção não ameaçadora”.

    “Quase nenhum dano foi causado”, afirmou o presidente.

    O governo do Catar fez uma “forte condenação” ao ataque à Base Aérea de Al-Udeid — que é tanto a maior base dos EUA na região, como o quartel-general avançado do Comando Central, que cobre todo o Oriente Médio.

    “Consideramos isso uma flagrante violação da soberania do Estado do Catar, de seu espaço aéreo, do direito internacional e da Carta das Nações Unidas”, disse o porta-voz oficial do Ministério das Relações Exteriores, Majed al-Ansari.

    Ele afirmou que os sistemas de defesa aérea do Catar “frustraram com sucesso o ataque e interceptaram os mísseis iranianos” e que a base já havia sido evacuada.

    E acrescentou que “todas as medidas necessárias foram tomadas” para garantir a segurança do pessoal na base, incluindo membros das Forças Armadas do Catar, forças aliadas e outros.

    Posteriormente, o Ministério das Relações Exteriores do Catar emitiu um comunicado afirmando que “a situação de segurança no país permanece estável e que não há motivo para preocupação”.

    “O Ministério enfatiza a importância de não ceder a rumores ou à circulação de informações imprecisas”, diz o comunicado.

    O Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã afirmou em um comunicado que, embora o Irã tenha “destruído” a base aérea americana no Catar, o ataque não representava “qualquer perigo para o Catar ou seu povo”, e acrescentou que o Irã “continua comprometido em manter e dar continuidade às suas relações calorosas e históricas” com o Catar.

    O comunicado do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, citado pela mídia estatal iraniana, afirmava que “o número de mísseis utilizados foi o mesmo que o de bombas que os EUA usaram em três instalações nucleares iranianas”.

    O ataque desta segunda-feira foi “claramente uma resposta calculada e coreografada pelo Irã”, de acordo com Frank Gardner, correspondente de segurança da BBC.

    “Nenhuma vítima foi relatada e o ataque teria sido telegrafado com antecedência, assim como o Irã fez em 2020, ao responder ao assassinato do comandante da Força Quds, Qasem Soleimani, pelos EUA.”

    Gráfico mostra o mapa das bases militares dos EUA no Oriente Médio.

    Al Udeid, localizada perto de Doha, capital do Catar, serve como quartel-general das operações aéreas do Comando Central dos EUA no Oriente Médio e abriga quase 8.000 soldados americanos.

    As forças britânicas também passam pela base, às vezes chamada de Aeroporto de Abu Nakhla.

    Atualmente, a instalação serve como quartel-general e base logística para as operações americanas no Iraque e também inclui a maior pista de pouso da região do Golfo.

    O Catar concedeu aos Estados Unidos acesso à base de Al Udeid em 2000.

    Depois que os americanos assumiram a administração da base em 2001, Doha e Washington assinaram um acordo em dezembro de 2002 que reconheceu oficialmente a presença militar americana na base, de acordo com a empresa de inteligência Grey Dynamics, sediada em Londres.

    Em 2024, a CNN informou que os EUA chegaram a um acordo para estender sua presença militar no Catar por mais 10 anos.

    Em maio, Donald Trump visitou a base como parte de sua viagem à região.

    Durante um discurso, ele disse aos militares: “Como presidente, minha prioridade é encerrar conflitos, não iniciá-los. Mas nunca hesitarei em exercer o poder americano, se necessário, para defender os Estados Unidos da América ou nossos parceiros.”

    Após os ataques do fim de semana, o presidente americano afirmou que qualquer retaliação do Irã seria “respondida com uma força muito maior”.

    Os EUA mantêm um relacionamento próximo com o Catar, fornecendo mais de 26 bilhões de dólares em equipamentos militares, armas e serviços no sistema de Vendas Militares Estrangeiras (FMS, nas siglas em inglês).

    Isso torna o Catar o segundo maior parceiro de FMS dos Estados Unidos no mundo.

    Foto de satélite da planta de Fordo.
    Maxar Technologies/Reuters Planta de Fordo, no Irã, após o ataque americano

    Trump na Otan

    Na terça-feira, Trump deve voar para a Holanda para uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

    Esta será a primeira reunião de Trump na Otan desde que foi reeleito. No passado, ele fez comentários irados sobre membros da aliança se aproveitando das garantias de segurança dos EUA.

    Aliados europeus estão desesperados para provar que ele está errado. Eles esperam convencê-lo a não retirar tropas ou recursos americanos do continente. Por outro lado, diante dos ataques, não será possível deixar o assunto de lado, algo que pode levar a desavenças entre o americano e os europeus, que defenderam a diplomacia em vez dos bombardeios quando se tratava do Irã.

    Trump adora uma vitória e é muito sensível. Ele não vai querer sentir nenhuma desaprovação na reunião da Otan, informa Katya Adler, editora de Europa da BBC.

    Separadamente, ele tinha a garantia de uma vitória que chamasse a atenção nas manchetes na cúpula, com os países europeus se comprometendo a gastar impressionantes 5% do PIB em defesa — exatamente como ele exigiu em suas primeiras semanas de volta à Casa Branca.

    “Esta cúpula é sobre credibilidade”, afirmou o embaixador dos EUA na OTAN, Matthew Whitaker.

    Mas a Espanha afirmou no domingo que havia garantido uma opção de não participação no novo plano de gastos — algo que Rutte negou posteriormente.

    Outros aliados na Europa que estão lutando para encontrar o dinheiro extra também estão irritados.

    A questão principal é: a Europa precisa manter os EUA, grandes potências militares e nucleares, do lado deles. Foi assim que Rutte conseguiu convencer líderes relutantes — exceto a Espanha — a aderirem à nova iniciativa de grandes gastos. É um compromisso enorme.

    Mas, como afirmou a ex-embaixadora dos EUA na OTAN, Julianne Smith, mesmo assim, não há absolutamente nenhuma garantia com Trump.

    Ataques recentes de Israel ao Irã

    Imagem de um mapa com o Irã no centro, os países vizinhos e o estreito de Ormuz.
    Os ataques ocorreram horas depois de Israel ter lançado uma série novos ataques contra o Irã, um dia após os bombardeios dos EUA às instalações nucleares iranianas.

    Israel disse ter realizado novos ataques a Fordo — a instalação nuclear subterrânea vital para as ambições nucleares do Irã. Os EUA disseram ter também atacado o local no fim de semana.

    Os jatos subsônicos, que viajam pouco abaixo da velocidade do som, sobrevoaram o Oceano Atlântico carregados com poderosas bombas “destruidoras de bunkers”, capazes de penetrar concreto a mais de 18 metros de profundidade.

    Esse é o tipo de armamento necessário para atingir a instalação de Fordo, que fica sob uma montanha. A planta de enriquecimento de urânio é considerada a joia da coroa do controverso programa nuclear iraniano.

    Os EUA são o único país do mundo conhecido por possuir esse tipo de arma.

    A Casa Branca também havia pedido que a China pressionasse o Irã a não fechar o Estreito de Ormuz, uma rota marítima crítica, especialmente para o escoamento do petróleo e do gás.

    O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, estava em Moscou na segunda-feira para conversas com Vladimir Putin sobre “desafios e ameaças comuns”.

    Durante as negociações, Putin disse que o ataque contra o Irã é “infundado”.

    “Uma agressão absolutamente sem provocação contra o Irã não tem fundamento nem justificativa”, afirmou o presidente russo em seu discurso de abertura, transmitido ao vivo pelo canal de notícias da TV estatal russa.

    “Estou muito satisfeito com a presença de vocês em Moscou hoje. Isso nos dá a oportunidade de discutir todos esses assuntos difíceis e pensar juntos em como encontrar uma saída para a situação atual.”

    BBC

  • Aviso com antecedência e mísseis interceptados: os sinais de que o revide do Irã aos EUA foi ensaiado e simbólico

    Aviso com antecedência e mísseis interceptados: os sinais de que o revide do Irã aos EUA foi ensaiado e simbólico

    Irã avisou o Catar e os Estados Unidos de que atacaria uma base americana em território catariano com horas de antecedência, nesta segunda-feira (23). As informações foram confirmadas por autoridades iranianas ao jornal The New York Times e à agência Reuters.

    O Irã lançou pelo menos seis mísseis contra a base de Al Udeid, que abriga mais de 10 mil soldados no Catar. A unidade é a maior dos Estados Unidos no Oriente Médio.

    • Segundo a mídia estatal iraniana, o país estava lançando a operação “Anunciação da Vitória” como resposta aos ataques dos EUA contra instalações nucleares no fim de semana.
    • O Irã afirmou ainda que o número de mísseis disparados foi equivalente ao de bombas lançadas pelos EUA contra seu território.
    • As Forças Armadas iranianas disseram que o ataque foi um sucesso, com alto poder destrutivo.
    • Por outro lado, o Catar declarou que todos os mísseis foram abatidos. Não há registros de mortos ou feridos.

    Aviso prévio: Segundo o New York Times e a Reuters, autoridades iranianas entraram em contato com os EUA e o Catar para informar sobre o ataque horas antes da operação.

    • O aviso aos americanos foi feito por dois canais diplomáticos distintos.
    • Três autoridades do Irã afirmaram que o governo catariano recebeu detalhes da operação com antecedência.
    • Momentos antes do ataque, o Catar fechou seu espaço aéreo, enquanto a embaixada dos EUA no país pediu que cidadãos americanos permanecessem em locais seguros.
    • Imagens de satélite obtidas pelo New York Times mostram que a base dos EUA no Catar estava praticamente vazia nesta segunda-feira, com apenas uma aeronave em solo — no início do mês, vários aviões estavam estacionados no local.
    • Na semana passada, o Irã já havia sinalizado que poderia atacar bases dos EUA no Oriente Médio caso os americanos bombardeassem estruturas iranianas.

     

    🤔 Operação ‘ensaiada’? As informações fornecidas por autoridades iranianas à imprensa internacional indicam que a ação desta segunda-feira foi “ensaiada” com os próprios alvos. Veja os motivos a seguir.

    • O Irã tenta se equilibrar entre duas narrativas: uma voltada ao público interno e outra à comunidade internacional.
    • Ao atacar uma base americana, o regime iraniano mostra para sua população que está reagindo à ofensiva militar dos EUA e que possui capacidade bélica.
    • Por outro lado, ao comunicar o ataque com antecedência, deixa claro que a operação teve caráter simbólico.
    • O Irã já adotou estratégias semelhantes no passado. Em 2020, por exemplo, também avisou o Iraque antes de lançar mísseis contra uma base americana no país.
    • Em resumo, o Irã lançou uma resposta militar com pouco ou nenhum poder de destruição, o que evita uma escalada no conflito e mantém aberta a possibilidade de uma solução diplomática.

      Narrativas: Em meio ao conflito, EUA e Irã trocam ameaças. Tanto o presidente Donald Trump quanto o aiatolá Ali Khamenei fizeram discursos prometendo novas retaliações.

      “Não fizemos mal a ninguém e não aceitaremos nenhum tipo de agressão, sob nenhuma circunstância”, escreveu o líder iraniano.

      Já Trump disse que a resposta do Irã ao ataque dos EUA foi “muito fraca”. Ele também agradeceu a Teerã por ter avisado sobre a ação com antecedência.

      “Talvez o Irã agora possa caminhar rumo à paz e à harmonia na região, e incentivarei com entusiasmo que Israel faça o mesmo”, escreveu.

      Logo após o ataque iraniano desta segunda-feira, Khamenei publicou um post no X com a imagem de uma bandeira dos EUA em chamas.

  • Trump chama ataque do Irã contra base americana no Catar de ‘fraco’ e agradece por aviso prévio

    Trump chama ataque do Irã contra base americana no Catar de ‘fraco’ e agradece por aviso prévio

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (23) que o Irã deu uma “resposta muito fraca” ao bombardeio americano contra instalações nucleares iranianas no fim de semana. Por outro lado, ele agradeceu a Teerã por ter avisado da ação com antecedência.

    Em uma rede social, Trump afirmou que o Irã disparou 14 mísseis contra uma base americana no Catar. Segundo ele, 13 foram interceptados. O último caiu em uma região que não oferecia riscos, de acordo com o presidente.

    “Fico feliz em informar que nenhum americano foi ferido, e quase nenhum dano foi causado”, publicou na Truth Social.

    Mais cedo, a imprensa internacional informou que o Irã havia entrado em contato com autoridades dos EUA e do Catar com antecedência para comunicar o ataque.

    Trump confirmou a informação e agradeceu a Teerã pelo aviso. Segundo ele, a comunicação permitiu que o bombardeio não deixasse vítimas. Ele indicou esperar que não haja novos atos de hostilidade.

    “Talvez o Irã agora possa caminhar rumo à paz e à harmonia na região, e incentivarei com entusiasmo que Israel faça o mesmo”, escreveu.

    Autoridades do Irã afirmaram sob condição de anonimato que o aviso com antecedência foi feito para evitar baixas de civis, segundo o jornal The New York Times. Ao mesmo tempo, o país pode conduzir uma operação que desse uma resposta militar simbólica aos EUA.

    Os iranianos descreveram isso como uma estratégia semelhante à de 2020, quando o Irã avisou o Iraque antes de lançar mísseis balísticos contra uma base americana no país, após o assassinato de seu principal general.

    O ataque

    O Irã lançou mísseis contra a base americana de Al Udeid, no Catar, em retaliação aos bombardeios dos EUA contra instalações nucleares iranianas. A base abriga mais de 10 mil soldados e é a maior do país no Oriente Médio.

    As Forças Armadas do Irã batizaram a operação de “Anunciação da Vitória” e afirmaram estar conduzindo uma ação militar com alto poder de destruição. Por outro lado, as autoridades do Catar afirmaram que o bombardeio não deixou vítimas.

    Explosões foram ouvidas em Doha, e outros países da região fecharam o espaço aéreo. Bases dos EUA no Iraque, Bahrein, Kuwait e Síria estão em alerta.

    Infográfico mostra ataque do Irã à base dos EUA no Catar — Foto: Arte/g1

    Infográfico mostra ataque do Irã à base dos EUA no Catar — Foto: Arte/g1

    Leia os posts de Trump na íntegra

     

    “O Irã respondeu oficialmente à nossa aniquilação das instalações nucleares deles com uma resposta muito fraca, como esperávamos, e que contra-atacamos de forma muito eficaz. Foram disparados 14 mísseis — 13 foram abatidos, e 1 foi “liberado”, pois estava seguindo em uma direção não ameaçadora. Fico feliz em informar que nenhum americano foi ferido, e quase nenhum dano foi causado. Mais importante ainda, eles colocaram tudo isso para fora do “sistema”, e esperançosamente não haverá mais ÓDIO. Quero agradecer ao Irã por nos avisar com antecedência, o que possibilitou que nenhuma vida fosse perdida e ninguém se ferisse. Talvez o Irã agora possa caminhar rumo à paz e à harmonia na região, e incentivarei com entusiasmo que Israel faça o mesmo. Obrigado pela atenção a este assunto!”

    “PARABÉNS, MUNDO, É HORA DE PAZ!”

    Fonte G1

  • Caiado critica atuação de promotora e defende novo modelo de contratação de obras

    Caiado critica atuação de promotora e defende novo modelo de contratação de obras

    O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) rebateu publicamente o posicionamento do Ministério Público de Goiás (MPGO) sobre o novo modelo de contratação de obras adotado pelo Estado, que dispensa licitação com base na Lei Federal nº 13.019/2014, conhecida como Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC). O MP tem se manifestado contra a iniciativa, que visa parcerias com entidades do terceiro setor para ampliar a eficiência na execução de projetos de infraestrutura.

    A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) contestou a recomendação feita pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), por meio da promotora Leila Maria de Oliveira, para que o Estado não formalize parceria com o Instituto para o Fortalecimento do Agronegócio de Goiás (IFAG).

    Segundo o procurador-geral do Estado, Rafael Arruda, a recomendação não tem caráter vinculante e as alegações do MP não se sustentam juridicamente. “Recebemos a recomendação, estudamos, e dissemos ao governador e às autoridades que as alegações do Ministério Público não se sustentam. Há juridicidade no modelo construído. Recomendação não é ordem. Quem orienta a administração é a PGE”, afirmou Arruda.

    Caiado afirmou manter um histórico de respeito à atuação do Ministério Público, mas criticou diretamente a promotora Leila Maria de Oliveira, a quem acusa de extrapolar suas prerrogativas institucionais e agir com motivações políticas.

    “Em quase 40 anos de vida pública, tenho um histórico de respeito e defesa do Ministério Público. Combati duramente a PEC 37/2011, que visava restringir os poderes de investigação do MP. Na época, fui condecorado pela Associação Nacional de Membros do Ministério Público”, afirmou o governador.

    Segundo Caiado, a atuação da promotora diverge da postura institucional do MPGO. “É necessário distinguir a atuação da instituição de iniciativas individuais que destoam de sua missão. O Governo de Goiás não está contra o Ministério Público, mas questionamos abertamente a conduta isolada da promotora Leila Maria de Oliveira, que tem se colocado contra o estado com um comportamento que revela motivação política”, disse.

    O governador reagiu às críticas do MP sobre as contratações realizadas por meio do Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra), que utilizam o MROSC como base legal. Ele considerou “inadmissível” que o uso dessa lei seja associado a improbidade administrativa.

    “É inadmissível que o Estado seja ameaçado com acusações por utilizar um instrumento legal reconhecido nacionalmente, que permite parcerias ágeis e eficientes com organizações da sociedade civil”, pontuou.

    Caiado ainda afirmou que a promotora estaria tentando intimidar o governo. “Ao invés de discutir o mérito da legislação, ela busca intimidar a gestão pública, fazendo pré-julgamento e presumindo antecipadamente como crime um contrato sobre o qual mal tem conhecimento”, declarou. “A promotora se recusou mais de uma vez a atender nosso procurador-geral do Estado para debater o tema.”

    Na avaliação do governador, a resistência ao novo modelo ignora a necessidade de superar os entraves da antiga Lei 8.666, historicamente criticada por sua morosidade e por ser vulnerável a corrupção. “Com transparência e honestidade, o que estamos propondo é avançar, inovar e atuar dentro da legalidade para garantir resultados concretos à população”, ressaltou.

    Ao final, Caiado reiterou seu compromisso com a legalidade e com a população goiana. “Tenho quase 40 anos de vida pública, sem uma mácula em minha trajetória, sem nunca ter me envolvido em corrupção ou bandalheira. E seguirei firme, com responsabilidade e compromisso com o interesse público”, concluiu.

    Nota Oficial — Governador Ronaldo Caiado

    A respeito do posicionamento do procurador-geral de Justiça, Cyro Terra, sobre a atuação da promotora Leila Maria de Oliveira, venho esclarecer o seguinte:

    Em quase 40 anos de vida pública, sempre mantive uma postura de respeito e defesa do Ministério Público. Combati com firmeza a PEC 37/2011, que pretendia restringir os poderes de investigação do MP — iniciativa que, se aprovada, teria contribuído para o avanço da corrupção e da impunidade no Brasil. Minha atuação nesse tema foi reconhecida pela Associação Nacional de Membros do Ministério Público, que me concedeu uma condecoração naquele ano.

    Também me posicionei contra projetos que ameaçavam a atuação do Ministério Público, como o PL 644/2015, e apoiei publicamente as 10 Medidas de Combate à Corrupção propostas pelo MPF em 2016.

    Em Goiás, sempre mantive uma relação de respeito, independência e harmonia com o Ministério Público Estadual. Participei de todos os eventos promovidos pela instituição, respeitei sua autonomia e, diferentemente de gestões anteriores, jamais utilizei os mecanismos do Executivo para pressionar ou chantagear o MP por meio do duodécimo ou de qualquer outro instrumento inadequado.

    No entanto, é preciso diferenciar a atuação institucional do Ministério Público de atitudes individuais que destoam da missão constitucional da instituição. Nesse sentido, questiono a conduta isolada da promotora Leila Maria de Oliveira, que tem reiteradamente adotado posturas que, em nosso entendimento, extrapolam suas prerrogativas e revelam motivações de cunho político.

    O Governo de Goiás não é, em hipótese alguma, contrário ao Ministério Público. O que está em debate é a forma como a promotora Leila tem se posicionado contra iniciativas legítimas do Estado, como o uso da Lei Federal nº 13.019/2014 — conhecida como Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil — para viabilizar, de forma legal, eficiente e transparente, obras de infraestrutura com o Fundeinfra.

    A promotora tem feito pré-julgamentos infundados, acusando de forma antecipada suposta improbidade administrativa em contratos sobre os quais não há sequer conhecimento aprofundado. Ela se recusou, inclusive, a dialogar com o procurador-geral do Estado, que por mais de uma vez tentou estabelecer conversas institucionais sobre o tema.

    O que se observa é uma tentativa de intimidação da gestão pública e um esforço para paralisar ações e obras que beneficiam diretamente a população. Trata-se de um ataque à modernização da administração, que busca justamente superar as limitações e os problemas históricos da ultrapassada Lei 8.666 — legislação associada a diversos escândalos de corrupção no Brasil, inclusive em gestões passadas aqui em Goiás.

    Nosso governo atua com total transparência e dentro da legalidade. Estamos comprometidos com a entrega de resultados concretos à população. O diálogo sempre estará aberto. O que não podemos aceitar são atitudes que visam à intimidação e que destoam das funções institucionais de um membro do Ministério Público.

    Minha trajetória de quase quatro décadas na vida pública é limpa, sem máculas, sem envolvimento em corrupção ou desvios. Seguirei firme, com responsabilidade e compromisso com o interesse público, promovendo o desenvolvimento de Goiás e entregando benefícios reais à população.

    MP defende atuação institucional

    O Ministério Público de Goiás (MP-GO) divulgou nota em resposta às declarações do procurador-geral do Estado, Rafael Arruda, que questionou a atuação da instituição. No comunicado, o procurador-geral de Justiça, Cyro Terra Peres, reafirma a legitimidade e a autonomia do MP, previsto pela Constituição para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

    A nota destaca que recomendações expedidas por promotores e procuradores têm caráter preventivo, não coercitivo, e são fundamentadas em critérios técnicos e jurídicos. Segundo o MP-GO, eventuais divergências entre instituições são naturais no Estado Democrático de Direito, mas devem ocorrer com respeito e dentro dos canais adequados, sem comprometer o diálogo institucional.

    Por fim, o MP-GO reforça seu compromisso com a legalidade, o interesse público e a defesa dos direitos da sociedade goiana, assegurando que continuará atuando com independência e firmeza.

    Retrucando

    Sexta nota a respeito das críticas de Ronaldo Caiado à promotora Leila Maria. Agora a Associação Nacional de Membros do MP sai em defesa da promotora e da instituição. A nota ontem do governador sobre o caso repercutiu nacionalmente.

  • EUA detalham ataque ao Irã: 14 bombas de artilharia pesada contra 2 instalações nucleares

    EUA detalham ataque ao Irã: 14 bombas de artilharia pesada contra 2 instalações nucleares

    O secretário de Defesa dos Estados Unidos (EUA), Pete Hegseth, e o chefe das Forças do Estado-Maior, Dan Caine, realizaram uma coletiva de imprensa no Pentágono neste domingo (22), explicando a operação “Martelo da Meia-Noite” de ataque ao Irã, realizada durante a madrugada.

    Caine declarou que um total de 14 granadas de artilharia pesada foram lançadas sobre alvos iranianos por volta das 2h10, horário local no Irã, com os mísseis sendo os últimos a atingir as instalações nucleares.

    Segundo o chefe, a operação “Martelo da Meia-Noite”, envolveu mais de 125 aeronaves e uma operação de dissimulação que incluiu o desdobramento de bombardeiros sobre o Pacífico como “isca”.

    A ação sem precedentes envolveu sete bombardeiros B2 furtivos (aeronave militar projetada para atacar alvos terrestres).
    O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, e o chefe das Forças do Estado-Maior, Dan Caine, realizaram uma coletiva de imprensa no Pentágono neste domingo (22), explicando a operação “Martelo da Meia-Noite” de ataque ao Irã, realizada durante a madrugada.
    Caine declarou que um total de 14 granadas de artilharia pesada foram lançadas sobre alvos iranianos por volta das 2h10, horário local no Irã, com os mísseis sendo os últimos a atingir as instalações nucleares.

    Segundo o chefe, a operação “Martelo da Meia-Noite”, envolveu mais de 125 aeronaves e uma operação de dissimulação que incluiu o desdobramento de bombardeiros sobre o Pacífico como “isca”.

    A ação sem precedentes envolveu sete bombardeiros B2 furtivos (aeronave militar projetada para atacar alvos terrestres).

    Os bombardeiros lançaram mais de uma dúzia de bombas Massive Ordnance Penetrator de 13.660 kg sobre duas instalações nucleares iranianas, Fordow e Natanz, informou Caine.

    Mísseis Tomahawk foram lançados contra Isfahan.

    No total, mais de 125 aeronaves estiveram envolvidas, incluindo B2s, aviões-tanque de reabastecimento, aviões de reconhecimento e caças.

    Os bombardeiros atingiram Fordow, Natanz e Isfahan a partir das 03h10 (horário local) e estavam fora do espaço aéreo iraniano às 03h30 (horário local), explicou Caine.

    Partindo de uma base no Missouri, a missão foi a mais longa com B-2, relatou.

    Dezenas de mísseis Tomahawk também foram lançados contra alvos no Irã como parte da operação.

    4 de 5 O Secretário de Estado Marco Rubio e o Secretário de Defesa Pete Hegseth, na frente, na Sala de Situação, no sábado, 21 de junho de 2025. • Reuters

    “Da meia-noite de sexta-feira até a manhã de sábado (21), um grande pacote de ataque B-2 composto por bombardeiros foi lançado do território continental dos Estados Unidos”, continuou.

    “Como parte de um plano para manter a surpresa tática, parte do pacote seguiu para o oeste e para o Pacífico como isca — um esforço de dissimulação conhecido apenas por um número extremamente pequeno de planejadores e líderes importantes aqui em Washington e em Tampa.”

    “O pacote de ataque principal, composto por sete bombardeiros B-2 Spirit, cada um com dois tripulantes, seguiu silenciosamente para o leste com comunicações mínimas”, disse Caine.

    CNN

    Irã afirma que “EUA cruzaram linha vermelha” e cobra investigação após ataques sofridos

  • Conheça a história nuclear do Irã e como ela explica guerra de Israel

    Conheça a história nuclear do Irã e como ela explica guerra de Israel

    Há mais de 30 anos, o Irã é acusado por Israel de buscar desenvolver armas nucleares e que isso representaria um “perigo existencial” para o Estado judeu. Essa suposta ameaça justificou a nova guerra de Israel com consequências imprevisíveis.

    Mas, afinal, qual a história do programa nuclear do Irã e por que as potências ocidentais questionam o projeto iraniano enquanto não cobram o mesmo de Israel, único país do Oriente Médio que não assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP)?

    Para analistas em geopolítica consultados pela Agência Brasil, a guerra busca enfraquecer militar e economicamente o Irã para impor a hegemonia de Israel em todo Oriente Médio. Os especialistas ainda sugerem que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pode estar sendo manipulada ao anunciar que o Irã não estava cumprindo com suas obrigações com o TNP.

    Ao contrário de Israel, o Irã sempre submeteu seu programa nuclear às inspeções internacionais. Em 2012, com articulação da diplomacia do Brasil, o Irã aceitou a proposta do governo dos Estados Unidos (EUA) para controlar o enriquecimento de urânio. Porém, o então presidente Barack Obama recuou da própria proposta, mantendo as sanções contra o governo de Teerã.

    Após o fracasso dessas negociações, o professor de história da Universidade de Brasília (UnB) Luiz Alberto Moniz Bandeira, em seu livro A Segunda Guerra Fria, avaliou, ainda em 2013, que o conflito em torno do programa nuclear do Irã “como ameaça existencial [a Israel], nunca passou de engodo para encobrir as contradições de poder e de predomínio na região”.

    Brasília (DF), 17/06/2025 - O cientista político com estudos sobre Ásia e o mundo islâmico, Ali Ramos. Foto: Ali Ramos/Arquivo Pessoal
    Cientista político Ali Ramos, autor de estudos sobre Ásia e o mundo islâmico – Foto: Ali Ramos/Arquivo Pessoal

    Ao concordar com Bandeira, o cientista político Ali Ramos, autor de estudos sobre Ásia e o mundo islâmico, afirmou à Agência Brasil que Israel e as potências ocidentais buscam, com a atual guerra, impor a hegemonia política, militar e econômica de Tel Aviv em todo o Oriente Médio.

    “Israel não aceita que nenhum dos seus vizinhos tenha indústria ou poderio econômico para se tornar uma potência hegemônica na região. Para ter hegemonia, Israel não depende só que o país não tenha armamento nuclear, depende também que o país esteja sempre empobrecido” avalia Ramos.

    Já o professor de relações internacionais Robson Valdez, do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), destacou que a atual guerra está dentro do contexto do conflito na Faixa de Gaza e que a AIEA pode estar sendo manipulada para justificar a agressão ao Irã.

    “Essa mudança na abordagem da AIEA tem que ser avaliada também dentro desse contexto de provável instrumentalização da agência para legitimar a entrada dos EUA no conflito geral do Oriente Médio. A meu ver, [o primeiro-ministro de Israel, Benjamin] Netanyahu busca obter, de forma definitiva, a superioridade militar em toda região”, disse Valdez.

    Brasília (DF), 17/06/2025 - O professor de história da Universidade de Brasília (UnB), Luiz Alberto Moniz Bandeira. Foto: UFBA/Divulgação
    Professor de história da Universidade de Brasília (UnB) Luiz Alberto Moniz Bandeira – Foto: UFBA/Divulgação

    A origem

    O consagrado historiador brasileiro Moniz Bandeira escreveu que o programa nuclear do Irã começou na década de 1960, com apoio da Alemanha e dos EUA, durante o governo de 25 anos do xá Reza Pahlavi.

    Apoiado pelo Ocidente, o regime ditatorial de Pahlavi assumiu o poder após a CIA e outras agências de potências ocidentais promoverem o golpe de Estado de 1953, derrubando o governo nacionalista de Mohammed Mossadegh, que havia nacionalizado os ricos poços de petróleo iranianos, o que contrariou o interesse das petroleiras ocidentais.

    Em 1979, o xá foi derrubado pela Revolução Iraniana que “acabou com a subordinação do Irã às potências ocidentais”, segundo Moniz Bandeira. Porém, o aiatolá Khomeini, como líder supremo do país, disse que as bombas atômicas eram contrárias ao espírito do Islã e emitiu um fatwâ (espécie de resolução da autoridade religiosa do Islã) proibindo seu desenvolvimento.

    Só em 1989, após a morte de Khomeini, é que o novo aiatolá Ali Khamenei retomou o programa nuclear do país, sempre negando que o Irã pretendesse construir armas nucleares. Desde então, o país busca um acordo com a AIEA. Em 2005, novo fatwâ proibiu a produção, o armazenamento e o uso de armas nucleares.

    FILE PHOTO: Iran's Supreme Leader Ayatollah Ali Khamenei waves during the 36th anniversary of the death of the leader of Iran's 1979 Islamic Revolution, Ayatollah Ruhollah Khomeini, at Khomeini's shrine in southern Tehran, Iran June 4, 2025. Reuters/Office of the Iranian Supreme Leader/Proibida reprodução
    Aiatolá Ali Khamenei – Foto: Reuters/Office of the Iranian Supreme Leader/Proibida reprodução

    O analista geopolítico Ali Ramos avalia que o programa nuclear do Irã sempre foi uma necessidade energética. “O Irã tem um problema histórico, desde a época do xá, para criação de energia, para desenvolver sua indústria. O Irã tem algumas usinas nucleares por isso”, disse.

    O historiador Moniz Bandeira, por sua vez, destacou que o programa nuclear do Irã é equivalente ao projeto de nacionalização da indústria de petróleo realizada por Mossadegh antes do golpe de 1953. “É uma afirmação do orgulho Pérsia contra a tutelagem do Ocidente”, escreveu o especialista.

    Brasil e Turquia

    Em 2012, as diplomacias brasileira e turca articularam, a pedido dos Estados Unidos, acordo com o governo iraniano. O governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad aceitou a proposta da AIEA e do governo Obama de transferir 1,2 mil quilos de urânio pouco enriquecido (LED, sigla em inglês) para a Turquia, recebendo combustível para suas usinas nucleares da Rússia.

    As negociações foram conduzidas pelo então ministro das Relações Exteriores do Brasil, o embaixador Celso Amorim, atual assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Irã, 16/05/2010 - Presidente Luiz Inácio Lula da Silva é recebido pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Foto: Ricardo Stuckert/PR
    Presidente Lula é recebido pelo então presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em visita oficial ao país em 2010 – Foto: Ricardo Stuckert/PR

    “A declaração de Teerã atendeu, precisamente, todos os quesitos do presidente Obama. Ao ver que as gestões diplomáticas do Brasil e da Turquia alcançaram êxito, o presidente Obama traiu. Recuou”, explicou Moniz Bandeira.

    O historiador brasileiro concluiu que, na verdade, o objetivo de Obama não era chegar a um acordo, mas sim de derrubar o regime xiita dos aiatolás “mediante novas sanções, que pudessem entravar o desenvolvimento econômico do Irã”.

    O professor Robson Valdez disse que o presidente dos EUA não aceitou o acordo articulado pelo fato de o Brasil e a Turquia serem países médios, “não tendo relevância e capital político internacional para liderar um acordo dessa envergadura”.

    O historiador Moniz Bandeira citou ainda o argumento do aiatolá Ali Khamenei e do presidente Ahmadinejad para não desenvolver bomba atômica. “A posse de armas nucleares somente daria ao Irã uma pequena vantagem regional de curto prazo que se transformaria em uma vulnerabilidade em longo prazo, ao desencadear no Oriente Médio uma corrida armamentista, com participação do Egito, Turquia e Arábia Saudita”, escreveu.

    Cubanos finalizam preparativos para receber Obama neste domingo
    Ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama – Foto: Casa Branca/Divulgação

    Acordo de 2015

    Três anos depois, em 2015, Obama costurou um acordo com o Irã: o Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA, sigla em inglês), para limitar as atividades nucleares de Teerã em troca do alívio das sanções.

    O plano contou com a participação de todos os cinco países-membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas: China, Rússia, França, Reino Unido, além da Alemanha, e teria representando um descongelamento de ativos de Teerã na casa dos US$ 100 bilhões.

    O Irã havia se comprometido a alterar sua matriz de produção nuclear para inviabilizar a produção de plutônio, que pode ser usado na fabricação de bombas nucleares, assim como o urânio. Após a celebração do acordo, a AIEA afirmou, em janeiro de 2016, que o Irã estava cumprindo sua parte no acordo.

    Brasília (DF), 17/06/2025 - O professor de relações internacionais do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), Robson Valdez. Foto: Robson Valdez/Arquivo Pessoal
    Professor de relações internacionais do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) Robson Valdez – Foto: Robson Valdez/Arquivo Pessoal Segundo o professor Robson Valdez, esse acordo era semelhante ao costurado pelo Brasil e foi sistematicamente boicotado por Israel.

    “Foi um processo intenso de lobby israelense, principalmente, dentro dos EUA e na Europa. A ideia era influenciar a opinião pública e foi bem-sucedido. Uma das promessas de campanha do primeiro governo Trump era justamente sair do acordo, campanha que contou com financiamento do lobby israelense”, disse Valdez.

    Governo Trump

    Em 2018, de forma unilateral e sem consultar os parceiros europeus, os EUA se retiraram do acordo e reintroduziram sanções contra o Irã, aumentando as tensões no Oriente Médio. Os europeus ainda tentaram salvar o Plano de 2015, sem sucesso.

    Ao anunciar a decisão, Trump chamou o acordo de desastroso e disse que o “pacto celebrado jamais deveria ter sido firmado”, por não prover garantias de que o Irã tenha abandonado mísseis balísticos.

    O cientista político Ali Ramos avalia que Trump rompeu com o acordo não por problemas no cumprimento dos compromissos firmados pelo Irã, mas para atender aos atores mais conservadores que apoiavam seu governo, que enfrentava problemas internos.

    “Foi uma tentativa de conseguir popularidade em casa, tentando mostrar força. Com a irresponsabilidade de Trump, ele criou um dos problemas mais complexos da geopolítica do século 21. Tudo isso só para conseguir apoio interno”, comentou.

    AIEA

    O governo do presidente Joe Biden manteve a situação como estava, sem fechar novo acordo com o Irã. No atual mandato de Trump, Teerã voltou a negociar com Washington em Omã. As negociações avançavam para sexta rodada quando Israel atacou o país, levando o Irã a suspender as negociações e a acusar os EUA de cumplicidade com Netanyahu.

    O especialista Ali Ramos disse que as negociações estavam em torno do debate sobre o Irã poder enriquecer urânio até 20% para ter capacidade “de produzir isótopos para tratamento de câncer, para tratamento de leucemia, essas questões”.

    U.S. President Donald Trump and Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu hold a joint press conference in the East Room at the White House in Washington, U.S., February 4, 2025. Reuters/Leah Millis/Proibida reprodução     TPX IMAGES OF THE DAY
    O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em fevereiro de 2025 – Foto: Reuters/Leah Millis/Proibida reprodução

    Um dia antes do ataque, a AIEA aprovou dura resolução afirmando que o Irã não estava cumprindo com suas obrigações do TNP. Segundo o documento, “a Agência não está em condições de garantir que o programa nuclear do Irã é exclusivamente pacífico”. O Irã reagiu dizendo que a decisão estava “politicamente motivada” e acusou as potências ocidentais de articularem a resolução.

    O analista em geopolítica Ali Ramos disse que todas as inspeções estavam sendo feitas regularmente e que houve, a partir de 2024, uma mudança na postura da agência.

    “A AIEA tem no seu site que os inspetores estavam lá. Todas as inspeções estavam sendo feitas regularmente. E aí depois houve uma grande virada de chave, quando o Netanyahu começou a sinalizar que queria atacar o Irã, aí a agência mudou o discurso”, observou.

    Ali Ramos acrescentou que esse tipo de manobra não é nova no cenário internacional e citou a guerra da Coreia, que foi travada com tropas da ONU “sem base legal nenhuma”.

    “Basicamente, são os organismos multilaterais sendo usados como braços de Israel e dos EUA. É preciso lembrar que estamos em um momento de destruição total do direito internacional. Não vai sobrar mais direito internacional depois dessa guerra”, finalizou.

    mapa israel irã
    Arte/Dijor
    Fonte EBC
  • Bolsonaro realiza exames após passar mal e cancelar agenda em Goiás

    Bolsonaro realiza exames após passar mal e cancelar agenda em Goiás

    O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realiza, neste sábado (21), uma bateria de exames no hospital DF Star em Brasília. Durante agenda em Goiás, nos últimos dias, ele passou mal, relatando uma indisposição estomacal.

    Por volta das 7h15, o ex-presidente chegou a unidade de saúde, onde fez coleta de sangue e ainda fará, às 11h, uma tomografia. Os procedimentos, segundo a assessoria de imprensa de Bolsonaro, já estavam marcados.

    Ontem (20), o ex-chefe do Executivo cancelou uma agenda em Anápolis, no interior de Goiás, após se se sentir indisposto.

    Bolsonaro estava em Goiás desde quinta-feira (19), quando participou de uma cerimônia na Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia. Na ocasião, ele foi homenageado com o título de cidadão aparecidense e durante o discurso, o ex-mandatário afirmou que não estava bem.

    “Estou com 70 anos, recuperando as energias aqui, mas vou tentar falar alguma coisa para vocês”, começou. No meio da fala, entre muitos soluços, ele arrotou e em seguida explicou: “Desculpa, é que eu estou muito mal, vomito dez vezes por dia, talvez a 11ª daqui a pouco aí”.

    CNN

  • Putin diz que está preocupado com risco de o mundo caminhar para 3ª Guerra Mundial

    Putin diz que está preocupado com risco de o mundo caminhar para 3ª Guerra Mundial

    Perguntado sobre o conflito direto entre Israel e Irã, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse estar preocupado de que mundo esteja caminhando para a 3ª Guerra Mundial. A Rússia é aliada do Irã.

    Falando em um fórum econômico em São Petesburgo nesta sexta-feira (20), Putin mencionou a própria guerra da Ucrânia, iniciada após invasão russa em fevereiro de 2022, e o conflito direto entre Israel e Irã.

    O líder russo disse estar preocupado com o que está acontecendo em torno das instalações nucleares no Irã, onde especialistas russos estão construindo dois novos reatores nucleares para Teerã.

    “É preocupante. Estou falando sem ironia, sem brincadeiras. Claro que há muito potencial de conflito, ele está crescendo, e está bem diante de nossos olhos —e nos afeta diretamente”, disse Putin.

    Putin também chefia a invasão de suas tropas na Ucrânia, que completou três anos em fevereiro. E, neste ano, atritos com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) — composta por países da União Europeia, os Estados Unidos e o Reino Unido — aumentaram temores de que a guerra se expanda para além das fronteiras ucranianas.

    Ainda sobre a guerra na Ucrânia, Putin fez novas ameaças e mandou sinais conflitantes: disse que pode tomar novos territórios, como a cidade de Sumy, no nordeste ucraniano, e afirmou que os povos russo e ucraniano “são um só”, e que, nesse sentido, “a Ucrânia inteira é nossa”. O líder russo também afirmou que “não busca a rendição do rival”, mas sim o reconhecimento dos cerca de 20% do território ucraniano que suas tropas dominam no momento.

    A fala de Putin sobre o povo ucraniano remete a um ensaio publicado por ele em 2021, quando defendeu a inexistência da Ucrânia como um país soberano. Nesta sexta, no entanto, o líder russo disse que nunca pôs em dúvida o direito dos ucranianos à soberania.

    G1