Categoria: Política

  • Lula planeja anunciar pacote contra vício em bets

    Lula planeja anunciar pacote contra vício em bets

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja anunciar, na semana que vem, um pacote de medidas para tentar conter o endividamento causado pelas bets. As medidas incluem a proibição do uso do Bolsa Família e dos cartões de crédito nas plataformas de apostas on-line.

    A tratativa envolve Ministério da Fazenda, Ministério da Saúde, Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, além da Casa Civil, responsável por coordenar as ações das demais pastas. O governo acelerou a ação, que já estava em análise, após pesquisa do Banco Central divulgada nesta semana mostrar dados preocupantes sobre as apostas. Por exemplo, que beneficiários do Bolsa Família, em situação de vulnerabilidade, gastaram mais de R$ 3 bilhões nas bets apenas em agosto.

    Segundo o colunista do jornal O Globo Lauro Jardim, o pacote também inclui restrições às propagandas feitas por empresas de apostas, proibindo, por exemplo, citar a chance de ficar milionário com os jogos. Na prática, os dados sobre a atividade demonstraram um aumento preocupante no endividamento da população.

    A regulamentação das bets teve início em janeiro deste ano. Desde então, porém, a escalada das apostas vem preocupando governo, associações do varejo e especialistas em saúde pública. Ainda de acordo com o Banco Central, em estudo pedido pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), o número de apostas via Pix aumentou em 200% desde o início do ano.

    Regulamentação em curso

    Foram gastos via Pix entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões por mês desde janeiro. A preocupação do governo envolve o endividamento, o vício nas apostas, o risco crescente de inadimplência nas famílias afetadas, bem como o avanço muito além do previsto das empresas de apostas, em um mercado que ainda caminha para a regulamentação.

    O conjunto de medidas deve ser anunciado a partir da quarta-feira (2/10). Antes disso, na terça (1º), apenas as 113 empresas que já pediram ao governo autorização para funcionar e, seguindo as regras definidas pela Fazenda, poderão manter suas operações. O governo estima que existam outras 500, que deverão cessar as atividades.

    Correio Braziliense

  • Campos Neto: primeiro erro em ciclo é não fazer o suficiente; outro é fazer um pouco a mais

    Campos Neto: primeiro erro em ciclo é não fazer o suficiente; outro é fazer um pouco a mais

    O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira, 26, que reabrir ciclos de alta de juros, pelo aperto não ter sido suficiente, representa um custo grande para a credibilidade das autoridades monetárias em economias emergentes. Por isso, observou, é muito mais difícil os países emergentes pausarem ciclos para depois retomá-los na mesma direção.

    Ele fez o comentário ao citar dois erros comuns, que podem ser cometidos por qualquer banqueiro central ao iniciar um ciclo. O primeiro é não fazer um movimento suficiente e ter que voltar a subir os juros. O segundo é subir um pouco mais os juros, e depois constatar que o aperto poderia ter sido feito a menor custo.

    “Em alguns momentos, podemos corrigir coisas do passado, mas não consideramos um erro”, disse Campos Neto ao falar do início do ciclo de alta de juros no Brasil, com aumento mínimo da Selic, de 0,25 ponto porcentual, para 10,75% ao ano.

    Segundo o presidente do BC, foram observadas na abertura do ciclo variáveis como o mercado de trabalho apertado, o crescimento da economia acima do esperado, a desancoragem das expectativas e o hiato do produto, além do balanço de riscos assimétrico.

    Campos Neto não deu pistas de qual será o próximo movimento do BC, reforçando a postura data dependent dependente dos dados. As variáveis que serão monitoradas até a próxima reunião do Copom serão, além do hiato, o balanço de riscos, as expectativas e os componentes de inflação ligados ao ciclo econômico. “Não é uma questão só de hiato; temos outros condicionantes, e hiato é um deles”, disse.

    IstoÉ

  • PGR se manifesta pela rejeição da queixa-crime de Michelle Bolsonaro contra Erika Hilton

    PGR se manifesta pela rejeição da queixa-crime de Michelle Bolsonaro contra Erika Hilton

    Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou pela rejeição da queixa-crime apresentada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) contra a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o vice-PGR, Hindenburgo Chateaubriand, “o que ali se contém são afirmações que refletem a guerra de narrativas entre grupos políticos divergentes”.

    A ex-primeira-dama havia acionado o Supremo em agosto, alegando ter sofrido calúnia e difamação em uma postagem da deputada e pedindo que a parlamentar lhe pagasse R$ 15 mil de indenização.

    Procurada, Michelle não se pronunciou sobre o parecer da PGR. Em nota, Erika Hilton afirmou que o pedido da ex-primeira dama “não tem o menor fundamento” e que ela busca “ter relevância política às custas da minha imagem”.

    Entenda o caso

    Michelle Bolsonaro recebeu o título de cidadã honorária paulistana em 15 de março deste ano. Na ocasião, a deputada federal do PSOL publicou em suas redes sociais: “Não dá nem pra homenagear Michelle Bolsonaro por nunca ter sumido com o cachorro de outra família porque literalmente até isso ela já fez”.

    A fala alude a um episódio de 2020, quando um cachorro foi encontrado nos fundos do Palácio do Planalto por um dos funcionários da Presidência, na época exercida pelo marido de Michelle, Jair Bolsonaro (PL). Na época, Michelle manifestou interesse em cuidar do animal e chegou a dar-lhe o nome de Augusto Bolsonaro, com perfil no Instagram; depois se descobriu que o cachorro se chamava Zeus e tinha dono, a quem o bicho foi devolvido.

    Erika Hilton chegou a obter uma decisão do TJ-SP barrando a homenagem a Michelle Bolsonaro no Teatro Municipal. Os vereadores que propuseram a homenagem fizeram o evento no local mesmo assim —o autor da proposta, Rinaldi Digilio (União Brasil), disse ter pago do próprio bolso os R$ 100 mil que a cerimônia custou, “a fim de evitar qualquer questionamento sobre eventual dano ao erário público”.

    Depois da postagem da deputada psolista, a ex-primeira-dama protocolou um pedido de explicações no STF. “De forma leviana e irresponsável, acusara a interpelante, expressamente, de ter ‘sumido com o cachorro de outra família’, circunstância que, à toda evidência, pode configurar a prática, em tese, dos crimes de calúnia e de difamação”, escreveu Michelle no documento.

    A defesa de Erika Hilton alegou que se tratava de uma manifestação política sobre Michelle não merecer o título de cidadã paulistana e que a conduta estava respaldada pela imunidade parlamentar. Argumentou ainda que o caso não tinha relação com o exercício do cargo e não deveria ser julgado pelo STF.

    Deste último ponto o vice-PGR discordou. “O exercício da atividade parlamentar não se restringe ao âmbito do Congresso Nacional. Por isso, manifestações externadas fora dos respectivos recintos também poderão ser alcançadas pela imunidade”, argumentou Chateaubriand.

    Estadão

  • Pesquisa aponta Estados mais de esquerda e de direita

    Pesquisa aponta Estados mais de esquerda e de direita

    Pernambuco (18%), Rio Grande do Norte (18%), Ceará (17%), Bahia (16%), e Mato Grosso do Sul (16%) são os cinco Estados em que, respectivamente, há mais eleitores que se consideram de esquerda. Roraima (41%), Mato Grosso (37%), Santa Catarina (36%), Tocantins (35%) e Paraná (32%) por sua vez, onde estão mais pessoas de direita. Isso é o que revela pesquisa do DataSenado feita em parceria com a Nexus, área de pesquisa e inteligência da FSB Holding.

    No geral, o levantamento mostra que maior parte dos brasileiros não tem ligação com os espectros políticos. 40% dos entrevistados dizem não se identificar com nenhum dos lados. 29% se identificam com a direita, 15% com a esquerda e 11% com o centro. 6% não sabem ou preferiram não responder.

    Maranhão (52%), Amapá (48%), Piauí (47%), Acre (47%), Amazonas (47%), Alagoas (47%) são os Estados com que dizem não ter identificação com nenhum lado político.

    Elga Lopes, analista de opinião pública do DataSenado, diz que esses números mostram que a maior parte dos eleitores está menos interessada em ideologia política e mais atenta aos problemas de sua cidade.

    O cenário — com os não-alinhados numericamente acima — se repete em todos os outros recortes da pesquisa (gênero, religião, escolaridade e renda familiar), com apenas duas exceções: entre os homens, em que há um empate em 34% entre os de direita e os que não se identificam com nenhum espectro, e entre os que têm seis ou mais salários mínimos. Nesse nível, a maioria (37%) é de direita, enquanto esquerdistas e neutros estão empatados em 21%.

    Nos recortes, a maior desproporção entre direitistas e esquerdistas está entre os evangélicos. Apenas 8% se dizem de esquerda ante 35% de direita, diferença de 27 pontos porcentuais.

    A pesquisa também perguntou às pessoas se o resultado das urnas eletrônicas é confiável. 86% dos eleitores de esquerda concordam, 12% discordam e 2% não sabem.

    Os eleitores de centro também concordam em sua maioria (67%), enquanto 32% desse público discorda e 1% não sabe. Esse cenário é similar entre os não-alinhados. 61% concorda, 35% discorda e 4% não sabem.

    Já na direita, a situação é oposta. 61% discordam, 36% concordam e 3% não sabem.

    A pesquisa foi realizada entre 5 e 28 de junho deste ano e entrevistou 21.808 brasileiros por telefone. A confiabilidade da pesquisa é de 95%, e, sem considerar os cruzamentos, a margem de erro é de 1,22 ponto porcentual, com desvio-padrão de 1,37 ponto percentual.

    Estadão

     

  • Coordenador da campanha de Professor Alcides é detido pela PM e levado para sede da Polícia Federal

    Coordenador da campanha de Professor Alcides é detido pela PM e levado para sede da Polícia Federal

    Um coordenador de campanha do candidato à Prefeitura de Aparecida de Goiânia, Professor Alcides (PL), foi preso na tarde, desta terça-feira, 24, pela Polícia Militar e levado para a sede da Polícia Federal.

    Em um vídeo obtido pela reportagem mostra o homem chegando a sede da PF vestido com uma camiseta da seleção brasileira de futebol. Segundo informações de fontes ligadas ao atendimento da ocorrência o homem foi detido com R$ 4 mil na mochila e várias requisições de combustíveis.

    Conforme apurado pela reportagem, a equipe do 8º Batalhão de Polícia Militar do Estado de Goiás abordaram um veículo após denuncia anônima sobre compra de votos em dinheiro e combustível. Os policiais identificaram o veículo que estava na carreata do candidato Professor Alcides.

    Os militares encontraram dinheiro em espécie e planilhas, que segundo informações de bastidores, seriam utilizados para a compra de votos na cidade. Uma pessoa foi conduzida para a sede da polícia federal onde o delegado vai apurar a necessidade de abertura de inquérito.

    Segundo o advogado da campanha de Alcides, Vitor Hugo Santos, disse que os ânimos na campanha em Aparecida estão aflorados. “O que nós estamos vendo aqui, esse tipo de abordagem completamente ilícita, completamente legal, o que nós podemos ver é que infelizmente a Polícia Militar está a serviço de uma coligação”, afirmou. Ele ainda disse que o integrante da campanha não foi preso, apenas conduzido, porque não houve flagrante.

    Jornal Opção
  • Quaest: Nunes tem 25%, Boulos, 23%, e Marçal, 20% e mantêm empate triplo na disputa por SP

    Quaest: Nunes tem 25%, Boulos, 23%, e Marçal, 20% e mantêm empate triplo na disputa por SP

    Pesquisa Quaest divulgada nesta terça-feira (24) mostra Ricardo Nunes (MDB) com 25%, Guilherme Boulos (PSOL) com 23% e Pablo Marçal (PRTB) com 20%, e seguem em empate técnico triplo na liderança da disputa pela Prefeitura de São Paulo.

    Em comparação com a pesquisa de 18 de setembro, Nunes oscilou positivamente de 24% para 25%, enquanto Guilherme Boulos manteve os 23% e Pablo Marçal, os 20%.

    Datena (PSDB) foi de 8% para 6% e aparece, pela primeira vez na Quaest, numericamente atrás de Tabata Amaral (PSB), que foi de 7% para 8%.

    O levantamento não pegou a agressão ocorrida no debate da noite de segunda-feira (23).

    A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo SP-06330/2024. O levantamento ouviu 1.200 pessoas entre 21 e 23 de setembro. O nível de confiança é de 95%.

    O diretor da Quaest, Felipe Nunes, fez uma análise sobre o perfil do eleitor de São Paulo.

    “Há três formas de analisar o eleitor sob a ótica dessa nova combinação de identidades, valores, ideologias. Vamos começar pela identidade eleitoral e o que que a gente já descobre? O Boulos é hoje o candidato reconhecido pelo lulismo e pelo petismo na cidade de São Paulo. O prefeito Ricardo Nunes é o candidato em que ele é majoritário com o eleitor que não consegue se posicionar dentro dessa identidade eleitoral. E o Pablo Marçal é o candidato do bolsonarismo na cidade de São Paulo”.

    Veja os números:

    • Ricardo Nunes (MDB): 25% (eram 24% na pesquisa do dia 18 de setembro)
    • Guilherme Boulos (PSOL): 23% (eram 23%)
    • Pablo Marçal (PRTB): 20% (eram 20%)
    • Tabata Amaral (PSB): 8% (eram 7%)
    • José Luiz Datena (PSDB): 6% (eram 10%)
    • Marina Helena (Novo): 2% (eram 2%)
    • Bebeto Haddad (Democracia Cristã): 0% (era 0%)
    • João Pimenta (PCO): 0% (era 0%)
    • Ricardo Senese (Unidade Popular): 0% (era 0%)
    • Altino Prazeres (PSTU): não pontuou (não pontuou)
    • Indecisos: 7% (eram 7%)
    • Branco/nulo/não vai votar: 9% (eram 7%)
    G1
  • Israel diz que matou comandante da unidade de mísseis do Hezbollah em bombardeio

    Israel diz que matou comandante da unidade de mísseis do Hezbollah em bombardeio

    O Exército israelense afirmou que um comandante sênior do Hezbollah, que seria responsável pela unidade de mísseis do grupo, foi morto em um ataque aéreo em um prédio de apartamentos no sul de Beirute nesta terça-feira (24).

    As Forças de Defesa de Israel identificaram o comandante como Ibrahim Qubaisi e acrescentaram que “durante o ataque, havia outros comandantes importantes do grupo de mísseis e foguetes do Hezbollah” no local.

    Qubaisi comandou várias unidades de mísseis do grupo libanês, incluindo as unidades de mísseis de precisão, segundo os israelenses.

    “Ao longo dos anos e durante a guerra, ele foi responsável pelos lançamentos em direção a Israel”, destacaram, o descrevendo como “um centro de conhecimento no campo de mísseis e era próximo da liderança militar sênior do Hezbollah”.

    As FDI alegaram que, “como parte de suas funções na organização terrorista, ele foi responsável pelo planejamento e execução de muitas conspirações terroristas contra as forças da FDI” e cidadãos israelenses.

    O ataque destruiu dois andares superiores do edifício em Beirute. O Hezbollah ainda não comentou sobre vítimas como resultado do ataque.

    CNN

  • Governo apura volta temporária do X e pode pedir cassação da Starlink

    Governo apura volta temporária do X e pode pedir cassação da Starlink

    O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (foto), disse nesta terça-feira (24) que a volta temporária do uso da rede social X no Brasil, em 18 de setembro, está sob investigação para saber foi intencional ou decorrente de problema técnico.“Estamos apurando se foi algo que foi provocado por eles [da rede X] ou se foi alguma falha técnica para poder ter certeza nos encaminhamentos a serem tomados [pelo Ministério das Comunicações].”

    Juscelino Filho adiantou que, em caso de descumprimento deliberado da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pasta pode entrar com processo para suspender a permissão de operação da empresa Starlink no Brasil, empresa provedora de internet de alta velocidade via satélites de de propriedade do bilionário Elon Musk, dono também da plataforma X. Moraes havia ordenado a suspensão da rede social no país.

    “Dependendo da apuração, se tiver qualquer afronta em torno do não cumprimento de uma decisão judicial, da não obediência à legislação brasileira, as providências necessárias serão tomadas. Uma delas é, inclusive, é a abertura de um processo de cassação de outorga”, adiantou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, em entrevista coletiva à imprensa após lançamento do programa Acessa Crédito Telecom, para incentivar ampliação da infraestrutura de banda larga fixa no país.

    Suspensão

    A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) notificou, no dia 30 de agosto, todas as operadoras de internet do país para cumprirem a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que foi respaldada pela 1ª Turma da Suprema Corte.

    Na noite de 18 de setembro, Alexandre de Moraes determinou que a rede social X suspendesse imediatamente o uso de novos acessos pelos servidores de internet CDN, Cloudflare, Fastly e Edgeuno e outros semelhantes, criados para burlar a decisão judicial de bloqueio da plataforma em território nacional, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 5 milhões ao X Brasil e ao Twitter (antigo X).

    Juscelino Filho destacou que a plataforma voltou a cumprir o bloqueio.  “Nós estamos acompanhando o caso e vamos estar sempre seguindo a legislação brasileira e cumprindo as decisões judiciais que são cabíveis no caso.”

    Agência Brasil

  • ONU: Lula critica incapacidade de negociação entre líderes mundiais

    ONU: Lula critica incapacidade de negociação entre líderes mundiais

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (24), que, em busca de resolver os problemas do planeta, os líderes mundiais andam em círculos e têm resultados ineficientes. Ao abrir o debate de chefes de Estado da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, Lula citou o Pacto para o Futuro, documento adotado pelos países para reforçar a cooperação global.

    “Sua difícil aprovação demonstra o enfraquecimento de nossa capacidade coletiva de negociação e diálogo. Seu alcance limitado também é a expressão do paradoxo do nosso tempo: andamos em círculos entre compromissos possíveis que levam a resultados insuficientes”, disse Lula.

    “Nem mesmo com a tragédia da covid-19, fomos capazes de nos unir em torno de um Tratado sobre Pandemias na Organização Mundial da Saúde. Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional”, acrescentou o presidente.

    Para Lula, a crise da governança global requer transformações estruturais e essa missão recai sobre a Assembleia Geral, “expressão maior do multilateralismo”. Segundo ele, prestes a completar 80 anos, a Carta das Nações Unidas nunca passou por uma reforma abrangente. Na fundação da ONU, eram 51 países, hoje somos 193.

    “A versão atual da Carta não trata de alguns dos desafios mais prementes da humanidade”, disse Lula, citando os diversos conflitos armados existentes no mundo, “com potencial de se tornarem confrontos generalizados”.

    De acordo com o presidente, na ocasião da fundação da ONU, várias nações, principalmente no continente africano, estavam sob domínio colonial e “não tiveram voz sobre seus objetivos e funcionamento”. Ainda, para Lula, não há equilíbrio de gênero no exercício das mais altas funções e o cargo de secretário-geral jamais foi ocupado por uma mulher.

    “Estamos chegando ao final do primeiro quarto do século XXI com as Nações Unidas cada vez mais esvaziada e paralisada. Não bastam ajustes pontuais, precisamos contemplar uma ampla revisão da Carta”, disse.

    O Brasil propõe a transformação do Conselho Econômico e Social no principal foro para o tratamento do desenvolvimento sustentável e do combate à mudança climática, com capacidade real de inspirar as instituições financeiras; a revitalização do papel da Assembleia Geral, inclusive em temas de paz e segurança internacionais; o fortalecimento da Comissão de Consolidação da Paz; e a reforma do Conselho de Segurança, com foco em sua composição, métodos de trabalho e direito de veto, de modo a torná-lo mais eficaz e representativo das realidades contemporâneas.

    Para Lula, a reforma do Conselho de Segurança da ONU é urgente, com uma representação adequada de países emergentes. Hoje, esse conselho, com poder de tomar importantes decisões sobre conflitos internacionais, reúne apenas Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido como membros permanentes. Segundo as regras, para que uma resolução seja aprovada, é preciso o apoio de nove do total de 15 membros, sendo que nenhum dos membros permanentes pode vetar o texto.

    “A exclusão da América Latina e da África de assentos permanentes no Conselho de Segurança é um eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial”, afirmou o brasileiro.

    “Não tenho ilusões sobre a complexidade de uma reforma como essa, que enfrentará interesses cristalizados de manutenção do status quo. Exigirá enorme esforço de negociação, mas essa é a nossa responsabilidade. Não podemos esperar por outra tragédia mundial, como a Segunda Grande Guerra, para só então construir sobre os seus escombros uma nova governança global. A vontade da maioria pode persuadir os que se apegam às expressões cruas dos mecanismos do poder”, acrescentou.

    O discurso de Lula na ONU reflete os temas prioritários do Brasil no G20: o combate às desigualdades e à fome, o enfrentamento às mudanças climáticas e a reforma das instituições de governança global. Até novembro deste ano, o país está na presidência do bloco que reúne 19 países e duas entidades regionais – União Europeia e União Africana.

    Debate geral

    A Assembleia Geral das Nações Unidas é um dos principais órgãos da ONU e reúne os 193 estados que fazem parte da organização, com cada nação tendo o direito a um voto. Por tradição, cabe ao governo brasileiro fazer o primeiro discurso do debate geral, seguido do presidente dos Estados Unidos.

    Este ano, o tema do debate geral da Assembleia Geral da ONU é “Não deixar ninguém para trás: agir em conjunto para o avanço da paz, do desenvolvimento sustentável e da dignidade humana para as gerações presentes e futuras”. Nesta sessão de trabalho, os chefes dos Estados-membros são convidados a discursar em uma oportunidade para apontar suas visões e preocupações diante do sistema multilateral.

    Esta é a nona vez que o presidente Lula abre o debate geral dos chefes de Estado. Ao longo de seus dois mandatos anteriores, ele participou do evento em todos os anos entre 2003 e 2009. Em 2010, foi representado pelo então ministro das Relações Exteriores e atual assessor especial da Presidência, Celso Amorim. No ano passado, em seu terceiro mandato, Lula também abriu a sessão de debates.

    O presidente desembarcou em Nova York no sábado (21). No domingo (22), discursou na Cúpula para o Futuro, um evento paralelo à Assembleia Geral da ONU. Segundo ele, o Pacto para o Futuro, documento a ser assinado pelos líderes mundiais, aponta uma direção a seguir, mas falta “ambição e ousadia” para que as Nações Unidas consigam cumprir seu papel.

    Ontem (23), o presidente brasileiro participou de reuniões bilaterais, com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz; com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; e com o primeiro-ministro do Haiti, Garry Conille.

    Ainda nesta terça-feira, Lula também coordena o evento “Em defesa da democracia, combatendo os extremismos”, em conjunto com o presidente espanhol Pedro Sanchez. A iniciativa busca o fortalecimento das instituições no combate à desigualdade, à desinformação e ao radicalismo.

    Agência Brasil

  • Sancionada lei que mantém desoneração da folha em 2024

    Sancionada lei que mantém desoneração da folha em 2024

    O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou, com vetos, a lei que mantém a desoneração da folha de pagamento de empresas de 17 setores até o final de 2024, retomando gradualmente a tributação no prazo de três anos (2025 a 2027). A Lei 14.973/24 foi publicada na noite desta segunda-feira (16).

    A lei prevê, de 2025 a 2027, a redução gradual da alíquota sobre a receita bruta e o aumento gradual da alíquota sobre a folha. De 2028 em diante, voltam os 20% incidentes sobre a folha e fica extinta aquela sobre a receita bruta.

    Durante esses anos, as alíquotas incidentes sobre a folha de salários não atingirão os pagamentos do 13º salário.

    O que é a desoneração
    A desoneração permite que as empresas beneficiadas possam optar pelo pagamento de contribuição social sobre a receita bruta com alíquotas de 1% a 4,5% em vez de pagar 20% de INSS sobre a folha de salários.

    A medida está em vigor desde 2011.

    Pequenos municípios
    A lei também beneficia os municípios com população de até 156,2 mil habitantes, que manterão a alíquota de 8% do INSS em 2024, aumentando gradualmente para 12% em 2025, 16% em 2026 e voltando a 20% a partir de janeiro de 2027.

    Para contarem com a redução de alíquotas, os municípios devem estar quites com tributos e contribuições federais.

    Projeto do Senado
    A Lei 14.973/24 se originou de projeto do Senado (PL 1847/24), aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada, e atende a uma negociação entre o Congresso, o governo e o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a desoneração.

    O ministro Cristiano Zanin havia dado um prazo ao Congresso, encerrado ontem, para aprovar e sancionar o texto, que também prevê medidas para compensar as perdas de arrecadação decorrentes da desoneração.

    Dinheiro esquecido
    Entre as medidas de compensação da desoneração está a possibilidade de direcionar para o Tesouro Nacional valores esquecidos em contas bancárias sem movimentação há vários anos e não resgatados pelos interessados nos próximos 30 dias. As contas serão divulgadas pelo governo por meio de um edital.

    O dono da conta poderá requerer a devolução do dinheiro no âmbito administrativo, segundo uma sistemática descrita na lei. Em caso negativo, poderá acionar a justiça, mas para isso terá um prazo máximo de seis meses, contado a partir da divulgação do edital.

    Lula vetou o trecho que permitia ao titular da conta reclamar os valores junto à instituição financeira até 31 de dezembro de 2027. O argumento foi de que essa data conflitava com as demais previstas na sistemática de devolução do dinheiro.

    Compensação
    Para compensar a renúncia da receita devido à desoneração da folha de pagamento, algumas medidas foram mantidas na lei. Entre elas estão:

    • permissão para pessoas físicas ou jurídicas atualizarem a valor de mercado o custo de aquisição de imóveis declarados à Receita, com alíquotas menores;
    • repatriação de recursos de origem lícita mantidos no exterior e não declarados ou incorretamente declarados;
    • adicional de 1% da Cofins-Importação até 31/12/2024, sendo reduzido gradualmente durante o período de transição: 0,8% em 2025; 0,6% em 2026 e 0,4% em 2027; e
    • medidas de combate a irregularidades em benefícios sociais e previdenciários.

    Veto a centrais de cobrança
    Havia ainda um dispositivo que permitia à Advocacia-Geral da União (AGU) criar centrais de cobrança e negociação de multas aplicadas por agências reguladoras, mas Lula vetou.

    A medida visava recuperar recursos discutidos em ações judiciais ou processos administrativos. O governo argumentou que as centrais só poderiam ser criadas por lei de iniciativa do Poder Executivo.

    Foi mantido, no entanto, o dispositivo que permite à Procuradoria-Geral Federal (PGF) propor aos devedores acordo na cobrança da dívida ativa das agências reguladoras, quando houver relevante interesse regulatório.

    Fonte: Agência Câmara de Notícias