Na última semana, ganhou repercussão uma reunião realizada entre o governador Ronaldo Caiado e o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil (EUA), Gabriel Escobar. A conversa, feita por videochamada na última quinta-feira, 31, aconteceu em um momento crítico para Goiás e o Brasil, quando o presidente norte-americano Donald Trump impõe taxas de 50% a uma série de produtos brasileiros exportados para os EUA.
Caiado, por óbvio, não conversou com Escobar de mãos abanando. Destaca-se: o que está em jogo é grande, e é preciso um posicionamento contundente para fazer frente a uma negociação que seja respeitada.
Segundo apurado pela coluna Bastidores, a videochamada entre o governador e o encarregado da Embaixada teria durado mais de 30 minutos e terminou com ambos satisfeitos com o que foi debatido. Na conversa, Caiado teria destacado que Goiás sempre teve boa relação comercial e diplomática com os Estados Unidos e que as taxas poderiam prejudicar a ambos.
O governador tenta conseguir a isenção tarifária para a carne bovina exportada para os EUA. Para se ter uma ideia, de janeiro a maio deste ano, os ianques compraram 177 milhões de dólares de carne bovina de Goiás, equivalente a quase 35 mil toneladas. O número representa 24,9% das exportações. O único comprador à frente nesse quesito é a China, com 34,7% da fatia da proteína exportada.
Caiado tem ciência dos números graúdos, e os EUA também. O governador, inclusive, teria dito “Nós precisamos de vocês, e vocês precisam de nós”. Outro ponto que o chefe do Executivo estadual teria levantado na videochamada é a presença de terras raras em Goiás. Como já noticiado pelo Jornal Opção, a discussão sobre terras raras se intensifica em meio ao interesse crescente de potências estrangeiras, como os Estados Unidos, em explorar esses minerais no Brasil.
Durante seu discurso em uma solenidade na cidade de Goiás, na última semana, Caiado indicou que a presença de reservas estratégicas de terras raras deve reforçar a posição do país nas negociações internacionais. Ele, no entanto, já parece antecipar esses diálogos. “Aqui nós temos terras raras. É algo que o mundo inteiro quer”, teria dito o governador a Escobar. Ou seja: Caiado sabe o trunfo comercial que tem neste momento e não hesita em colocá-lo sobre a mesa.
O encarregado de Negócios da Embaixada mantém diálogo contínuo com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, e teria revelado estar otimista quanto à possibilidade de isentar a carne brasileira do tarifaço. (T.P.)
Jornal Opção