O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (25) que o dia que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quiser conversar, “o Brasil estará pronto e preparado para discutir” a taxação sob os produtos nacionais. A declaração foi feita durante evento em Osasco (SP), onde Lula anunciou investimento de R$ 4,67 bilhões para a urbanização de favelas do país.
Os comentários foram feitos logo depois de Lula elogiar o vice-presidente Geraldo Alckmin, responsável por liderar a mesa de negociação com os Estados Unidos.
“Esse moço aqui, Geraldo Alckmin, é o meu vice-presidente. É o cara mais calmo que conheço na vida. Esse cara é exímio negociador, não levanta a voz e nem manda carta, ele só quer conversar. [Só quero dizer para] o Trump: no dia que quiser conversar, o Brasil estará pronto e preparado para discutir, para tentar mostrar o tanto que você foi enganado com as informações que te deram”, disse.
Segundo Lula, quando o presidente norte-americano entender o que está acontecendo no país, ele não vai mais taxar o Brasil.
E reforçou: “Ninguém pode dizer que ele [Alckmin] não quer conversar. Todo dia ele liga para alguém, e ninguém quer conversar com ele. Então é o seguinte, gente, esse país é um país do bem. Eu quero que o Trump nos trate com a delicadeza e o respeito que eu trato os Estados Unidos e o povo americano.”
Sobre o embate, Lula reforçou que o Brasil não gosta de brigar. “O Brasil tem 201 anos de relação com os Estados Unidos, uma relação muito respeitoso, em que a gente preza pela qualidade da relação. Por isso eu estranhei que o presidente norte-americano postasse uma carta para mim no portal dele dizendo que o Brasil ia ser taxado em 50%, e pede na carta para que a gente pare de perseguir o Bolsonaro imediatamente”, contou.
Lula disse que se o presidente estadunidense tivesse ligado para ele, o petista teria explicado a situação. “Explicaria porque eu tenho boa relação com todo mundo. Se ele me ligasse, não. Mas ele foi induzido a acreditar em uma mentira, de que o Bolsonaro está sendo perseguido. Primeiro, o Bolsonaro não está sendo perseguido. Ele está sendo julgado com todo o direito de defesa. Ele tentou dar um golpe nesse país, ele não queria que eu e o Alckmin tomasse posse e chegou a montar uma equipe para matar o Lula, matar o Alckmin e para matar o presidente do tribunal eleitoral, o Alexandre de Moraes. Isso já está provado, por delação deles mesmos”, citou.
O chefe do Palácio do Planalto reforçou: “Teria explicado ao presidente Trump [se ele tivesse ligado] que ele [Bolsonaro] não está sendo perseguido, ele está sendo julgado.”
Investimento
Do total de recursos anunciados nesta sexta para o Programa Periferia Viva, cerca de R$ 2 bilhões serão destinados a 13 comunidades do estado de São Paulo. Em Osasco, o investimento será de R$ 200 milhões para a Favela da 13, no bairro Jaguaripe, e para a comunidade do Limite, no bairro Santa Maria. A iniciativa prevê 240 novas unidades habitacionais para a Favela da 13 e 194 para a Favela do Limite.
No evento, Lula também assinou o contrato da segunda fase da urbanização da comunidade Jardim Rochdale, em Osasco, historicamente atingida por alagamentos. O local havia sido beneficiado com investimentos anteriores do PAC, agora migrados para o Novo PAC, com destinação de mais de R$ 200 milhões de recursos federais.
No novo contrato, são previstos R$ 82 milhões para a urbanização da comunidade, incluindo a construção de infraestrutura urbana (pavimentação, microdrenagem, macrodrenagem, rede de coleta de esgoto sanitário, rede de abastecimento de água, rede elétrica e de iluminação pública), recuperação ambiental, construção de praça, regularização fundiária, construção de 166 novas moradias e melhorias em 319 unidades habitacionais do local, além de trabalho social com 481 famílias.
Regularização fundiária
O pacote de medidas anunciado por Lula também inclui um projeto de regularização fundiária para as áreas de Rochdale 01, 02 e 03, Chapéu de Couro e Portal D’Oeste. O investimento é de R$ 3,1 milhões, com R$ 3,07 milhões de recursos federais e R$ 30 mil de contrapartida municipal. Isso resultará na titulação de propriedade para 1.230 famílias e benefício para mais de 4.300 pessoas, segundo o governo federal.
Entenda o programa
O Programa Periferia Viva destina, pelo Novo PAC, recursos para melhorias de condições de vida nas periferias urbanas brasileiras. A iniciativa tem a integração de 17 ministérios envolvidos na articulação de políticas.
O Ministério das Cidades, por exemplo, promove obras de urbanização em favelas, palafitas, loteamentos informais que incluem todo o conjunto de necessidades de infraestrutura urbana (saneamento básico, contenção de encostas, sistema viário, iluminação pública), recuperação ambiental, melhorias habitacionais, produção de moradias, regularização fundiária e trabalho social. Os demais ministérios promovem outras ações articuladas para impulsionar a transformação urbana que já está sendo construída.
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