Foi assinado na quarta-feira (31/07) pelo governador Ronaldo Caiado o decreto que promove 504 policiais civis de Goiás. Em outro decreto, publicado no Diário Oficial do Estado no mesmo dia, Caiado reforçou os quadros da Polícia Técnico-Científica de Goiás com 38 novos auxiliares.
Ainda em agosto será publicado novo decreto com nomeações de 45 agentes, escrivães e papiloscopistas aprovados no último concurso da Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO), em 2022. Durante a assinatura, Caiado parabenizou a todos enfatizou: “Em Goiás, a vida de bandido não é fácil e vai ficando cada dia pior”.
Dos 504 promovidos, 106 são delegados, 238 agentes, 117 escrivães e 43 papiloscopistas que, de acordo com os critérios de merecimento e antiguidade, subiram para segunda e primeira classes e classe especial. Com as novas promoções, o Governo de Goiás valoriza a corporação. O impacto na folha de pagamento é de R$ 1.274.259 por mês, totalizando R$ 6.371.293 em 2024, com o início em agosto, e de R$ 15.291.103 nos anos seguintes.
Entre agosto e novembro de 2023, os policiais passaram pelo maior curso de formação da história da Polícia Civil, com mais de mil participantes. O curso teve uma jornada intensiva de capacitação e preparação para os futuros integrantes das forças policiais. Foram 170 professores, 21 turmas e mais de 11 mil horas de aula na grade.
Nomeações
A Polícia Técnico-Científica de Goiás também ganhou reforço no efetivo. O governador Ronaldo Caiado nomeou 27 auxiliares de autópsia de terceira classe e 11 peritos criminais da terceira classe. Os profissionais foram aprovados em concurso público regido por edital lançado em 30 de janeiro de 2023. Em janeiro de 2024, o Governo de Goiás nomeou 40 delegados, 430 agentes, 273 escrivães de polícia de terceira classe, além de 56 papiloscopistas.
Em meio a um cenário político movimentado, oito partidos em Goiânia se articulam para montar chapas para a corrida pela Prefeitura no pleito deste ano a partir das convenções. Os representantes das legendas, cientes da importância estratégica das convenções e do amplo leque de possibilidades, agendaram seus eventos para os últimos dias do prazo estipulado pela Justiça Eleitoral.
O período de convenções partidárias teve início no sábado (20/7) e se estenderá até o dia 5 de agosto. Esses eventos reúnem os filiados de cada legenda para a discussão de assuntos de interesse partidário, a escolha de candidatas e candidatos para as eleições, além da aprovação de eventuais coligações. Só podem disputar as Eleições Municipais 2024 as candidatas e os candidatos aos cargos de prefeito e de vereador que estiverem filiados a uma legenda política e que tenham nomes aprovados nas convenções partidárias.
Chamada de ‘Tolerância Zero’, uma operação conjunta da Polícia Civil de Goiás (PCGO) e do Procon Goiás interditou seis empresas em Aparecida de Goiânia na terça-feira (30/7), devido ao envolvimento em um esquema de golpe com falso financiamento. Cerca de 24 pessoas foram conduzidas para prestar depoimento e oito foram presas em flagrante. Os estabelecimentos operavam no mesmo prédio, localizado na Avenida Rio Verde.
Segundo a polícia, os golpistas atraíam vítimas por meio de anúncios em redes sociais e marketplaces, prometendo a venda de veículos e imóveis com condições especiais de financiamento. No entanto, após o pagamento de um sinal, os consumidores descobriam que haviam adquirido cotas de consórcio, sem a garantia de obter o bem desejado. O esquema consistia em oferecer falsas promessas de financiamento para a aquisição de veículos e imóveis, induzindo as vítimas a adquirir cotas de consórcio.
Os prejuízos causados às vítimas ainda estão sendo calculados. A Polícia Civil investiga a extensão do esquema e a possível participação de outras pessoas.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve nesta quarta-feira, 31, pela segunda vez seguida, a taxa básica de juros, a Selic, em 10,5% ao ano, em decisão unânime. A manutenção se deu, segundo o Copom, pelo cenário global incerto e pela elevação das expectativas de inflação.
O resultado era amplamente esperado pelo mercado financeiro, diante do aumento das projeções de inflação e de incertezas sobre a condução da política fiscal pelo governo Lula. Nesta quarta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que resiste à agenda de corte de gastos cobrada pelos agentes econômicos, voltou a pressionar o BC pela retomada do ciclo de queda dos juros.
“Hoje, temos o menos nível de desemprego, a inflação está controlada; só falta a gente reduzir a taxa de juros, que não depende só do governo, mas que a gente vai conseguir também”, declarou o petista em um evento no Mato Grosso poucos minutos antes do anúncio da decisão do Copom.
No comunicado, o comitê afirmou que “monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. “O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o texto.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, vem crescendo na avaliação de economistas – embora ainda não seja o cenário base – a possibilidade de a taxa de juros voltar a subir ainda este ano, diante das incertezas na economia.
No comunicado, o Copom se limitou a repetir que “a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta”. O colegiado também reforçou que se manterá vigilante e relembrou que “eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
No documento, a autoridade monetária acrescentou que a decisão pela manutenção do juro levou em conta um cenário que demanda “acompanhamento diligente e ainda maior cautela” em relação à edição do mês passado. Sobre o quadro internacional, o BC citou as incertezas. No doméstico, mencionou a conjuntura formada por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas.
Cenário externo adverso
O ambiente externo mantém-se adverso, devido à incerteza sobre a extensão e os impactos da redução dos juros nos Estados Unidos, disse o Copom no comunicado.
“O comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, disse o colegiado.
Se na última reunião, em junho, o Copom mencionava incerteza sobre a “flexibilização” dos juros americanos, hoje falou de incerteza sobre os “impactos e a extensão” desse processo.
Mais cedo, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) manteve a sua taxa básica de juros na faixa de 5,25% para 5,5% pela oitava vez seguida. Mas a entrevista do seu presidente, Jerome Powell, reforçou no mercado a expectativa por um corte já em setembro, na próxima reunião.
O comitê também reforçou a incerteza sobre as dinâmicas de atividade e inflação “em diversos países”, depois de ter trazido, em junho, dúvidas sobre como se daria a queda do IPCA. E disse que os BCs das principais economias “permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas”, mesmo com as pressões no mercado de trabalho.
Inflação
A projeção do BC para a inflação de 2025 saltou de 3,1% para 3,4% no “cenário alternativo”, demonstrando que, mesmo com a taxa Selic estacionada em 10,5% pelos próximos 17 meses, o IPCA ainda superaria com folga o centro da meta, de 3%.
No comunicado, o Copom incluiu no seu horizonte uma projeção para o IPCA no primeiro trimestre de 2026, de 3,2% no cenário alternativo. Essa estimativa sugere que os juros estáveis seriam suficientes para fazer a inflação convergir em um prazo mais longo.
O mercado já considerava que as projeções de inflação do Copom deveriam aumentar, na esteira da valorização em torno de 5% do dólar entre a reunião passada e esta, de R$ 5,30 para R$ 5,55. A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 – ou seja, as projeções do mercado financeiro – também aumentou nos últimos 45 dias, de 3,80% para 3,96%.
Ambos os cenários do Copom, de referência e o alternativo, consideram a evolução do dólar conforme a paridade dos preços de petróleo (PPC); os preços do petróleo conforme a curva futura por seis meses e, depois, aumentando 2% ao ano; e a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e de 2025.
No cenário de referência, com a trajetória de Selic extraída do Focus, a projeção do BC para o IPCA de 2024 subiu de 4% para 4,2% – aproximando-se do teto da meta, de 4,5%. A estimativa para o IPCA de 2025 avançou de 3,4% para 3,6%.
O Copom ainda atualizou a sua projeção de inflação de preços administrados, de 4,4% para 5,0% em 2024 e manteve em 4% para 2025, também no cenário de referência.
Juros reais
Com a decisão de hoje, o Brasil passa a ter um juro real (descontada a inflação) de 7,36% – o terceiro maior do mundo, segundo levantamento do site MoneyYou. O País está atrás apenas da Turquia (12,13%) e Rússia (7,55%).
A média das 40 economias pesquisadas é de 0,63%. Segundo o BC, o juro neutro brasileiro, que não acelera nem alivia a inflação, é de 4,75%.
O ex-presidente do PT, José Dirceu, se manifestou sobre as eleições na Venezuela, defendendo a legitimidade do processo eleitoral no país. Para o analista de Política da CNN Pedro Venceslau, a declaração de Dirceu, feita por meio de nota e postagem nas redes sociais, está sendo vista como uma orientação para a narrativa que deve ser adotada pelos integrantes do PT.
Dirceu afirmou que o sistema de votação venezuelano é “seguro” e “inviolável”, comparando as críticas ao processo eleitoral do país com os questionamentos feitos por figuras como Jair Bolsonaro, Donald Trump e Aécio Neves em relação às urnas eletrônicas no Brasil e nos Estados Unidos.
Venceslau elenca três pontos-chave que o ex-presidente do PT destacou em sua argumentação: 1. A comparação com discursos de “golpe” feitos por líderes da direita;
2. A alegação de que o voto impresso na Venezuela é seguro e inviolável;
3. A presença de fiscais da oposição nas seções de votação. Dirceu também mencionou a existência de “setores golpistas” que estariam questionando o resultado das eleições venezuelanas sem apresentar provas concretas de fraude. Impacto no discurso petista Segundo Venceslau, a manifestação de José Dirceu serve como um norte para o discurso da militância petista.
Apesar de não fazer mais parte da Executiva do PT, Dirceu continua sendo uma figura influente no partido, junto de outros nomes como José Genuíno e Delúbio Soares. A posição de Dirceu reflete uma estratégia comum do PT, onde diferentes vozes do partido se manifestam para diferentes públicos.
No entanto, neste caso, a defesa das eleições venezuelanas por parte de Dirceu e a fala do presidente Lula, que também minimizou as críticas ao processo eleitoral, acabaram alinhando o discurso do partido mais à esquerda. Esta situação evidencia o desafio do PT em manter um equilíbrio entre suas bases mais à esquerda e a necessidade de dialogar com o centro político, especialmente considerando o contexto atual da política brasileira e internacional.
CNN
“Ela é indiana ou negra? Ela era indiana por completo e, de repente, deu uma guinada e se tornou uma pessoa negra”, disse o candidato, durante convenção da Associação Nacional de Jornalistas Negros. Donald Trump, curiosamente, se tornou o primeiro republicano a aceitar o convite da Associação Nacional de Jornalistas Negros para seu encontro anual desde que George W. Bush discursou em uma conferência coorganizada, há exatos 20 anos.
Procurada, a Casa Branca se pronunciou e rebateu os comentários de Trump sobre a identidade racial de Kamala Haris. “O que ele acabou de dizer é repulsivo. É um insulto”, disse a secretária de imprensa, Karine Jean-Pierre.
O governo dos Estados Unidos (EUA)afirmou na quarta-feira (31) que a “paciência está se esgotando” devido à ausência de dados concretos sobre o resultado das eleições na Venezuela no último fim de semana.
“Nossa paciência e a da comunidade internacional está se esgotando à espera das autoridades eleitorais venezuelanas serem transparentes e divulgarem os dados detalhados sobre esta eleição”, disse o porta-voz da Casa Branca, John Kirby.
A postura mais firme de Washington surge em meio às incertezas globais sobre a reeleição de Nicolás Maduro, que obteve mais de 51% dos votos válidos, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Após o anúncio da vitória do herdeiro político de Hugo Chávez, parte da comunidade internacional não reconheceu a reeleição de Maduro e passou a pressionar o governo pela divulgação das atas eleitorais.
No mesmo dia, Maduro afirmou estar pronto para apresentar as atas eleitorais que estão nas mãos de seu partido, mas não especificou quando isso ocorrerá.
Beatriz Ferreira derrotou a holandesa Chelsey Heijnen e avançou para as semifinais do boxe pela categoria peso-leve feminino (até 60kg), nesta quarta-feira (31). Com a vitória, a brasileira encara a irlandesa Kellie Harrington valendo vaga na grande decisão e já garante uma medalha para o Brasil, já que não há disputa de terceiro lugar no esporte.
Beatriz Ferreira e Chelsey Heijnen começaram em ritmo intenso, já com trocação. A brasileira até tomou um primeiro golpe, mas dominou o primeiro round, com diversos cruzados e forçando a holandesa ir para o clinche em todo momento. Bia venceu o round por 10 a 9 por unanimidade.
Logo no primeiro segundo do segundo assalto, Beatriz já acertou um belo cruzado, mas foi um round menos dominante, com Heijen se defendendo mais. Mesmo assim, Bia venceu mais uma vez por 10 a 9, encaminhando a vitória.
No último round, Beatriz seguiu muito precisa, acertando os melhores socos e não deixando chances para a holandesa. No final da luta, a brasileira comemorou muito, já sabendo que a vitória era dela. Pelos juízes, Bia venceu por decisão unânime por 30 a 27.
Beatriz Ferreira encara a irlandesa Kellie Harrington valendo vaga na grande final. A luta será realizada no sábado (3), às 17h08 (horário de Brasília).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou pela primeira vez nesta terça-feira (30/07) sobre a eleição presidencial na Venezuela. Lula ainda evitou reconhecer Nicolás Maduro como vencedor e cobrou que o regime venezuelano apresente detalhes sobre o resultado do pleito.
Por outro lado, Lula disse que via “nada de anormal” e “nada grave” na condução do processo eleitoral no país vizinho, que vem sendo contestado pela oposição e pela Organização dos Estados Americanos (OEA) como “fraudulento” e que já levou a eclosão de protestos que deixaram pelo menos seis mortos.
Passadas quase 48 horas desde a declaração de vitória de Maduro, o regime ainda não apresentou resultados completos da votação.
“Tem uma briga, como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Na hora que tiver apresentado as atas, e for consagrado que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela”, disse.
Lula ainda sugeriu que a oposição venezuelana, caso sejam constadas discrepâncias nos resultados completos, recorra à Justiça e espere uma decisão.
“É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar”, afirmou o presidente.
Na Venezuela, o Judiciário é fortemente aparelhado pelo regime de Maduro. Recentemente, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), a mais alta corte do país, barrou candidatos da oposição no pleito presidencial. Em 2017, o TSJ ainda teve papel central em cassar os poderes da Assembleia Nacional, à época controlada pela oposição.
Lula, no entanto, diz enxergar a opção de recorrer à Justiça como “tranquila”. “Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo”, completou Lula.
“O PT reconheceu, a nota do Partido dos Trabalhadores reconhece, elogia o povo venezuelano pelas eleições pacíficas que houveram. E, ao mesmo tempo, ele reconhece que o colégio eleitoral, o tribunal eleitoral já reconheceu o Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não. Então, tem um processo. Não tem nada de grave, não tem nada de assustador”, disse Lula.
“Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve uma pessoa que disse que teve 40% e pouco. Um concorda, o outro não”.
Lula conversa com Biden sobre crise venezuelana
Ainda nesta terça-feira, Lula conversou por telefone por cerca de meia hora com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a crise na Venezuela. A conversa foi marcada a pedido da Casa Branca.
De acordo com o Palácio do Planalto, Lula disse a Biden que o governo brasileiro quer a divulgação das atas eleitorais por parte do regime venezuelano.
“Lula reiterou que é fundamental a publicação das atas eleitorais do pleito ocorrido no último domingo. Biden concordou com a importância das divulgações das atas”, informou o Planalto em nota.
A Casa Branca também divulgou, em comunicado, que Lula e Biden “concordaram com a necessidade da divulgação imediata de dados completos, transparentes e detalhados sobre a votação nas seções eleitorais pelas autoridades eleitorais venezuelanas”.
“Os dois líderes compartilharam a perspectiva de que o resultado da eleição venezuelana representa um momento crítico para a democracia no hemisfério e se comprometeram a permanecer em estreita coordenação sobre a questão”, diz a nota.
Na madrugada de segunda-feira, o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Elvis Amoroso, um aliado de Maduro, anunciou que o autocrata havia vencido o pleito com 51,2% dos votos, e que o resultado seria “irreversível”. Amoroso se limitou a ler uma folha de papel diante das câmeras. O site do CNE seguia fora do ar na tarde desta terça-feira, e o regime ainda não divulgou nenhum resultado detalhado ou disponibilizou todas as atas da eleição. Não se sabe nem mesmo se a contagem total foi de fato completada.
A oposição, que montou uma enorme operação para fotografar o máximo de boletins de urna e atas possíveis durante o pleito, afirma que tem como provar que seu candidato, Edmundo González, teve mais que o dobro de votos que Maduro.
“Temos 73,2% das atas e, com este resultado, o nosso presidente eleito é Edmundo González Urrutia […] A diferença foi tão grande, tão grande, a diferença foi esmagadora, a diferença estava em todos os estados da Venezuela”, frisou a ex-deputada, ao lado de González, líder da Plataforma Unitária Democrática (PUD), o maior bloco da oposição.
Machado indicou que, de acordo com 73,2% das atas, Maduro obteve 2.759.256 votos, enquanto González Urrutia 6.275.182. A oposicionista explicou que todas essas atas foram verificadas e digitalizadas. Elas já foram disponibilizadas num portal de internet criado pela oposição.
OEA acusa “manipulação fraudulenta”
O departamento de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou nesta terça-feira que não tem como reconhecer o resultado anunciado pelo CNE da Venezuela e apontou que regime chavista aplicou todo o “manual da manipulação fraudulenta” para distorcer o resultado real.
“Mais de seis horas após o encerramento da votação, o CNE fez um anúncio […] declarando vencedor o candidato oficial, sem fornecer detalhes das tabelas processadas, sem publicar a ata e fornecendo apenas as porcentagens agregadas de votos que as principais forças políticas teriam recebido”, afirmou o órgão da OEA.
“Durante todo esse processo eleitoral, o regime venezuelano aplicou seu esquema repressivo, complementado por ações destinadas a distorcer completamente o resultado eleitoral, tornando-o vulnerável para a manipulação mais aberrante”, prossegue a OEA. “O manual completo da manipulação fraudulenta do resultado eleitoral foi aplicado na Venezuela na noite de domingo, em muitos casos de forma muito rudimentar.”
“As evidências mostram um esforço do regime para ignorar a vontade da maioria expressa nas urnas por milhões de homens e mulheres venezuelanos. O que aconteceu mostra, mais uma vez, que o CNE, as suas autoridades e o sistema eleitoral venezuelano estão a serviço do Poder Executivo e não dos cidadãos”, completou o departamento de Observação Eleitoral da OEA.
Nota do PT
O presidente ainda comentou sobre uma nota divulgada pela Executiva do PT, o seu partido, que prontamente reconheceu a “reeleição” de Maduro e classificou o processo eleitoral como uma “jornada pacífica, democrática e soberana. A posição do partido contrastou com o Itamaraty, que ainda evita reconhecer a declaração de vitória de Maduro anunciada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, um órgão controlado pelo chavismo.
No momento em que aumenta a pressão internacional por uma recontagem transparente e auditável dos votos das eleições de domingo (28/07) na Venezuela, os presidentes de esquerda de países latino-americanos (América Latina) se encontram divididos.
De um lado, o presidente do Chile, Gabriel Boric, foi o primeiro a exigir “total transparência das atas de apuração e de todo processo eleitoral”, logo após de ter exposto suas dúvidas em relação ao resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que deu vitória ao presidente Nicolás Maduro.
Brasil, México e Colômbia se juntaram ao Chile e disseram que iriam esperar pelos resultados definitivos, mas países como Bolivia, Nicarágua e Honduras preferiram parabenizar Maduro por seu “triunfo obtido sem objeções”.
O cientista político argentino José Natanson, autor de Venezuela. Ensayo sobre la descomposición, analisa como o “fracasso da Venezuela” nestes últimos anos impacta a esquerda da América Latina.
“Existe uma esquerda nostálgica que acredita que a Venezuela segue o projeto de Hugo Chávez e que age como se isto fosse acertado”, disse o diretor da revista Le Monde Diplomatique, de tendência de esquerda, na sua edição intitulada Cone Sul, que analisa o chavismo nos últimos dez anos.
Apesar de países como Brasil, México e Colômbia declararem que esperam que os resultados sejam analisados por uma “auditoria independente”, a chancelaria venezuelana divulgou um comunicado na segunda-feira (29/07) classificando como “declarações e ações de ingerência” as posições de Argentina, Chile, Costa Rica, Perú, Panamá, República Dominicana e Uruguai e exigiu a “retirada imediata” de seus diplomatas do país.
Também ordenou a volta imediata dos representantes diplomáticos venezuelanos baseados naqueles sete países latino-americanos.
De Buenos Aires, José Natanson conversou sobre a Venezuela com a BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
BBC News Mundo – Qual a leitura que você faz do anúncio feito pelo CNE sobre os resultados na Venezuela?
José Natanson – Até agora, temos a declaração do chefe do CNE que disse que Maduro ganho as eleições. Para que essa declaração se converta em um resultado verificável faltam os dados de cada mesa e por centro de votação.
Para que uma eleição seja democrática, não basta que os resultados sejam públicos, eles têm que ser verificáveis.
Até este momento estes dados não são auditáveis. Os resultados não são verificáveis porque não se tem acesso aos dados desagregados que é o que permite aos fiscais de mesa da oposição verificarem se os dados da mesa X, da seção X daquela escola são compatíveis com os resultados divulgados pelo CNE.
Por isso, as suspeitas de fraude ganham fundamento. Eu não posso afirmar que houve fraude nem se os resultados divulgados estão corretos, não se pode afirmar nenhuma das duas opções até que tenhamos os dados.
A desconfiança sobre a correção do sistema eleitoral não nasceu no processo de votação em si mas sim no que aconteceu antes e depois das eleições.
Entretanto, desta vez as principais suspeitas da oposição se concentram na recontagem. O que aconteceu?
Até agora, o chavismo já havia cometido diversas irregularidades, desde as mais banais até as mais graves, mas nunca houve uma eleição nacional roubada na votação, por assim dizer.
O regime já tinha impedido candidatos de concorrer, já houve proibição de que eles viajassem de avião, houve prisões políticas e chegaram até a fechar um hotel em que se hospedavam candidatos da oposição.
Mas, desta vez, se forem comprovadas as suspeitas de fraude – que não são suspeitas minhas, são suspeitas manifestadas por alguns líderes -, o chavismo com certeza ultrapassou uma linha que não tinha cruzado anteriormente.
Entretanto essa comprovação ainda não foi feita, por isso temos que ter cautela.
BBC – No seu livro, você define o governo de Nicolás Maduro como um “autoritarismo caótico”. Você pode explicar melhor essa definição?
Natanson – O processo de guinada autoritária na Venezuela não foi um processo que se desencadeou a partir de um rota revolucionária, nem nacionalista, nem de nenhum outro tipo. Não é como o processo soviético ou o chinês.
Na Venezuela, isso se deu através de uma série de decisões táticas que acabaram por levar o país a um autoritarismo caótico.
Pelo menos até agora, a Venezuela não era e não é uma ditadura num sentido clássico.
Na Venezuela, a oposição não está totalmente obliterada como em Cuba. Existem três governadores de oposição e mais de cem prefeitos opositores que governam, mesmo que com muita dificuldade.
A Venezuela não tem um sistema de partido único institucionalizado como o sistema soviético, o chinês ou o sistema cubano. Mas o país também não é uma democracia liberal pluralista e republicana por tudo o que sabemos.
Por isso, eu acredito que o país vive transitando entre esses momentos intermediários, em que por vezes se abre, em outros se fecha completamente, em outros é mais autoritário e em outros menos.
BBC – Você vê a Venezuela migrando para um sistema de um só partido, como em Cuba?
Natanson – Não acredito, porque a sociedade venezuelana vivenciou por décadas a democracia plena e próspera e portanto não toleraria um sistema de partido único como o de Cuba.
E, além disso, a Venezuela precisa continuar passando a imagen – pelo menos na aparência – de que é uma democracia republicana, porque só assim consegue manter algumas alianças internacionais importantes.
Me parece que por essa razão foi criado este sistema híbrido, tão opaco e tão pouco explícito.
Os principais aliados de Maduro como a Rússia, China, Cuba e Nicarágua não exigem que seja uma democracia republicana, porque eles mesmos não são, mas isso pode ser feito por outros países da América Latina e por setores empresariais.
BBC – Diante desse cenário de incertezas, você vê um risco de fratura interna?
Natanson – As Forças Armadas estão tão entranhadas no governo que é muito difícil acreditar na possibilidade de uma ruptura vertical dos militares.
Pode haver dissidências – de fato existem mais de cem militares detidos por tentarem se rebelar -, mas não há sinais de uma ruptura em larga escala no interior do governo, porque na verdade todos estão implicados.
BBC – E como você vê as reações da esquerda na América Latina?
Natanson – A esquerda na região está dividida, não sabe o que fazer com esta criatura indecifrável que é o chavismo.
Existe uma esquerda nostálgica que acredita que a Venezuela dá continuidade à etapa de Hugo Chávez e que age como isso fosse acertado.
Essa é uma esquerda mais emocional, que poderia ser descrita como irreflexiva, mas não pretendo desqualificá-la. Posso entender que figuras como Evo Morales se sintam agradecidos pelo chavismo.
Também existe o caso de Cuba e da Nicarágua, que são países com regimes autoritários, que possivelmente saibam o que aconteceu com as eleições, mas não se importam com o caráter democrático e que precisam da Venezuela.
De outro lado, estão os novos líderes da esquerda latinoamericana, como Gabriel Boric e Gustavo Petro, que percebem que o que acontece na Venezuela é diferente dos primeiros anos de governo Hugo Chávez.
E eu acredito que Lula, Pepe Mujica e Andrés Manuel López Obrador acabaram por entender isso depois de algumas idas e vindas.
BBC – Como você analisa as declarações dadas pelo presidente do Chile?
Natanson – Boric é um dos novos líderes da esquerda latinoamericana. Foi ele quem, antes de tudo isso, já dizia que se houver violação de direitos humanos no Afganistão, na Arábia Saudita ou na Venezuela, todas são violações de direitos humanos e ponto final.
Não é por acaso que foi [a ex-presidente do Chile] Michelle Bachelet a autora do primeiro relatório que documenta a violação de direitos humanos na Venezuela.
Também é interessante ver o silêncio estrondoso de Lula e a cautela da abordagem de López Obrador.
O Brasil enviou Celso Amorim a Caracas, depois do ex-chanceler se reunir nos Estados Unidos com Jake Sullivan (responsável pela Segurança Nacional no governo Joe Biden) e depois que Maduro criticou Lula por ter criticados as ameaças do presidente da Venezuela de que haveria um “banho de sangue no país”, caso fosse derrotado nas eleições.
BBC – Como você vê o papel do Brasil?
Natanson – Lula sempre foi muito pragmático. Me parece que seu papel no processo eleitoral da Venezuela continua sendo construtivo.
Lula é importante para a Venezuela porque, além de ser presidente do Brasil, ninguém da esquerda vai acusar Lula de não ser de esquerda.
Lula vai fazer todo o possível para que o processo venezuelano se desenvolva em paz e que se conheçam os resultados.
BBC – A comunidade internacional tem capacidade de intervir?
Natanson – Atualmente, a capacidade do Brasil e dos EUA de interferir na situação interna da Venezuela é muito limitada.
Se eles não conseguiram intervir em 2017, nem através das sanções impostas pelo governo Trump, com o Grupo de Lima, ou com o isolamento internacional quase que total a que a Venezuela vem sendo submetida, atualmente, depois que a Venezuela recuperou em parte sua capacidade de produção petrolífera, que o país se armou e atualizou seu sistema de alianças com a China, Rússia, Turquia, Irã e Cuba, não acredito que haja algo significativo.
Não estou dizendo que não vá haver pressão e que isso não vai levar a nada, mas não acredito que a pressão internacional possa alterar o processo venezuelano se não houver vontade de Nicolás Maduro de fazer algo diferente do que está fazendo agora.
BBC – Com a vitória de Maduro declarada pelo CNE e rechaçada pela oposição, que cenários existem no curto prazo, na sua opinião?
Natanson – Primeiro temos que esperar até que o Conselho Nacional Eleitoral divulgue os resultados desagregados e depois temos que esperar que a oposição tenha acesso às atas para demostrar que os resultados desagregados não são aqueles que aparecem nas atas.
Essas duas coisas têm que ocorrer.
Se isso não acontecer, teremos um típico processo que tem ocorrido na Venezuela, que é uma situação em que não se sabe o que aconteceu nem o que está acontecendo. É típico do chavismo, jogar com a ambiguidade.
Desde que Maduro assumiu o poder em 2013, esse recurso da ambiguidade virou uma estratégia para se ganhar tempo. O que não fica claro é para que se faz isso. É tão somente para se manter no poder?
Eu acho que essa rseistência em não divulgar os resultados é parte dessa estratégia. Se eles realmente distorceram os resultados, agora ficam à espera, conversam com Lula, provavelmente vão negociar com os Estados Unidos e ficam de olho nas reações internas.
O objetivo é tão simplesmente se manter no poder, porque, para Maduro, o custo da saída é muito alto por mais que tenha o controle da Assembleia, controle do Tribunal Superior de Justiça, e o controle das Forças Armadas…é altíssimo.
Para mim, sempre mantive essa ideia de que as coisas agora iriam ser diferentes. Como acreditar que finalmente Maduro perderia as eleições, aceitaria a derrota e deixaria o poder de maneira pacífica.