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  • Em audiência com Netanyahu, Caiado diz que fala de Lula sobre conflito em Gaza “foi infeliz”

    Em audiência com Netanyahu, Caiado diz que fala de Lula sobre conflito em Gaza “foi infeliz”

    Governador foi recebido pelo primeiro-ministro de Israel no terceiro dia de agendas oficiais no país

    Ronaldo Caiado foi recebido, nesta terça-feira (19/3), pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para uma audiência que abordou a guerra contra o Hamas e também a relação do país com o Brasil. O goiano esclareceu ao líder israelense que a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de comparar a situação da Faixa de Gaza ao Holocausto, não representa o pensamento dos brasileiros. “Deixamos claro que foi uma fala infeliz”, esclareceu.

    “Vocês são bons amigos de Israel, e estou muito contente em tê-los aqui”, disse Netanyahu a Caiado e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O encontro, que durou cerca de uma hora, foi realizado a portas fechadas na sede oficial do governo israelense, em Jerusalém. Depois da audiência, Caiado explicou, em vídeo, que o primeiro-ministro agradeceu a presença da comitiva brasileira e “deixou claro a sua amizade pelo Brasil”.

    Netanyahu deu detalhes sobre o ataque sofrido por Israel, em 7 de outubro do ano passado, que resultou na morte de 1,2 mil pessoas e o sequestro de outras centenas. “A barbárie que fizeram é algo inimaginável”, pontuou Caiado. Sobre o conflito, que já dura mais de cinco meses, o governador explicou que a meta de Israel é libertar “todos os que foram sequestrados para que possa, aí sim, ter o momento de pacificação”. Pelo menos 134 pessoas seguem reféns do Hamas, entre elas, um brasileiro.

    Caiado disse, ainda, que o primeiro-ministro israelense está convicto do triunfo sobre o grupo terrorista que se articulou para matar judeus. Na audiência, Netanyahu lamentou a morte de tantos civis e relatou a estratégia do Hamas de usar as pessoas sequestradas, e a sua própria população, como escudos humanos na Faixa de Gaza.

    Mais compromissos

    Caiado cumpre, nesta terça-feira (19), o terceiro dia de agenda em Israel. Pela manhã, se encontrou com o presidente Isaac Herzog. O anfitrião agradeceu o apoio e a “demonstração de solidariedade”. “Amamos o povo brasileiro, e sabemos que ele nos ama também. Juntos, temos de construir a base para um mundo melhor”, declarou o líder israelense ao explicar que o país está empenhado em se defender. “Não estamos atacando o povo palestino. Estamos numa guerra contra o Hamas. Somos uma nação que ama a paz.”

    Caiado declarou que o ódio cultuado contra judeus é preocupante, e que Israel tem tentado “conduzir o território à paz”. Sobre o atentado sofrido em 7 de outubro, contou ao presidente que o Governo de Goiás homenageou as vítimas com a recente inauguração do parque “Am Israel Chai”, em Goiânia. “Instalamos o primeiro memorial [fora de Israel], com 1,2 mil árvores plantadas”.

    Na sequência, a comitiva brasileira esteve no Yad Vashem, que é o Museu do Holocausto localizado em Jerusalém. Ali, Caiado deixou uma coroa de flores em homenagem às vítimas do nazismo. Durante a visita, o governador ainda teve um momento de reflexão no Hall da Memória, ambiente do museu onde está instalada a Chama Eterna, que nunca apaga. Ela é o símbolo de que os seis milhões de judeus mortos jamais serão esquecidos.

    “É muito forte, não é fácil. Você sai de lá até ansioso com tudo que assiste. São cenas pesadíssimas. Eles deram conta de reproduzir a maneira com que os judeus foram tratados na Segunda Guerra e também fizeram uma réplica dos campos de concentração. Foram mais de seis milhões de judeus assassinados no Holocausto”, contou Caiado.

    A missão internacional segue até quinta-feira (21/03) com visitas a indústrias aeroespaciais; a startups das áreas de mobilidade e acessibilidade; e aos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores. O governador goiano também deve se encontrar com parentes dos reféns do Hamas e com uma comunidade brasileira na cidade de Ra’anana.

    O HOJE

  • Putin e Netanyahu se cumprimentaram diversas vezes durante o Fórum do Holocausto em 2020

    Putin e Netanyahu se cumprimentaram diversas vezes durante o Fórum do Holocausto em 2020

    Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, em um anfiteatro o presidente russo, Vladimir Putin, passa pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para cumprimentar o mandatário francês, Emmanuel Macron. A sequência, visualizada centenas de vezes desde 4 de fevereiro de 2024, circula com a alegação de que o líder israelense teria sido “ignorado” por Putin. No entanto, outras fotografias e vídeos do evento, o Quinto Fórum Mundial do Holocausto, realizado em janeiro de 2020, mostram o chefe de Estado russo conversando e até abraçando Netanyahu.

    “O presidente russo Putin IGNORA o aperto de mão com Netanyahu de ISRAEL”, diz a legenda de publicações no Facebook, no X e no Telegram.

    Publicações semelhantes também circulam em espanhol e inglês.

    O conteúdo é compartilhado no contexto da guerra entre Israel e o Hamas. O ataque do Hamas em 7 de outubro matou mais de 1.160 pessoas em Israel, a maioria delas civis, de acordo com um levantamento da AFP baseado em números oficiais israelenses.

    Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre em Gaza que deixou mais de 29.700 palestinos mortos até agora, a grande maioria civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do governo do Hamas.

    Evento de 2020

    A gravação, de 17 segundos, mostra Putin sendo conduzido até seu assento pelo então presidente de Israel, Reuven Rivlin. Ao longo do caminho, passa pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sentado em uma cadeira, e continua a caminhar até seu lugar, onde aperta a mão do seu homólogo francês, Emmanuel Macron.

    As publicações compartilham um vídeo de 21 segundos em que, ao fundo, é possível visualizar uma tela azul com as frases em inglês “lembrando o Holocausto” e “combatendo o antissemitismo”.

    Uma busca por essas frases e os nomes “Vladimir Putin” “Benjamin Netanyahu” no Google exibiu artigos sobre o Quinto Fórum Mundial do Holocausto 2020. O evento, que celebrou o 75º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, contou com a presença de cerca de “50 membros da realeza, presidentes, primeiros-ministros e líderes parlamentares da Europa, América do Norte e Austrália”.

    Uma nova pesquisa no Google pelas palavras-chave em inglês “Quinto Fórum Mundial do Holocausto” “Putin” levou ao vídeo original, publicado no canal da AFP em inglês no YouTube, em 23 de janeiro de 2020, sob o título “Líderes mundiais participam do Quinto Fórum Mundial do Holocausto em Jerusalém”.

    Vários eventos no mesmo dia

    Outras imagens registradas pela AFP mostram ainda que no mesmo dia do fórum, em 23 de janeiro de 2020, Netanyahu e sua esposa Sara receberam Putin anteriormente.

    O Governo russo também compartilhou registros do encontro entre as lideranças, explicando que se reuniram na residência do primeiro-ministro israelense, onde Putin agradeceu a Netanyahu pela sua hospitalidade: “Senhor primeiro-ministro, gostaria de agradecer a você e à sua esposa Sara. Obrigado pelo convite e pela hospitalidade.”

    No mesmo dia, eles também participaram de uma cerimônia onde juntos inauguraram o monumento “Vela Memorial”, dedicado aos defensores da cidade de Leningrado durante a Segunda Guerra Mundial. Após a intervenção de Putin, ambos se abraçaram, como pode ser visto aos 7 minutos e 50 minutos de uma gravação publicada no canal i24News.

    O presidente russo também cumprimentou Netanyahu posteriormente no Fórum Mundial do Holocausto, onde o vídeo viral foi gravado, como capturaram fotografias da AFP.

    Além disso, houve um aperto de mãos entre os dois após o discurso de Netanyahu no Fórum, como pode ser visto  a partir de 36 minutos e 50 segundos da transmissão do evento, e interagiram e conversaram antes da intervenção de Putin.

    No seu discurso, o presidente russo se referiu a Netanyahu como o “ilustre primeiro-ministro” e agradeceu aos líderes israelenses pela “recepção calorosa”.

    Relações entre Rússia e Israel

    Após o colapso da União Soviética em 1991, a recém-renascida Rússia estabeleceu laços com Israel, o que resultou em um aumento no turismo e uma onda massiva de migração judaica russa para o país. A relação entre os territórios tornou-se ainda mais estreita sob o governo de Netanyahu.

    No entanto, após a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 e a guerra entre Israel e o Hamas, que se intensificou em outubro de 2023, as relações entre os países pioraram, agravadas pela aproximação entre Rússia e Irã.

  • Israel declara Lula ‘persona non grata’ após declarações sobre Holocausto

    Israel declara Lula ‘persona non grata’ após declarações sobre Holocausto

    Após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que comparou as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto nazista, o líder brasileiro foi declarado persona non grata pelo governo de Benjamin Netanyahu.

    Persona non grata é uma expressão em latim cujo significado literal é algo como “pessoa não agradável” ou “não bem-vinda”. Na diplomacia, a expressão se aplica a um representante estrangeiro que não é mais bem-vindo em missões oficiais em determinado país.

    Nas redes sociais, o ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, afirmou que Lula não será bem-vindo no país até que se retrate por suas palavras.

    A decisão foi anunciada por Katz após encontro com o embaixador do Brasil em Israel no Yad Vashem, o memorial oficial de Israel em Jerusalém para lembrar as vítimas do Holocausto.

    O diplomata brasileiro foi convocado pelo governo Netanyahu para prestar esclarecimentos sobre as declarações de Lula.

    O presidente falou sobre o assunto durante uma entrevista em Adis Abeba, na Etiópia, onde participou neste fim de semana de uma reunião da cúpula da União Africana.

    Lula já havia falado sobre a situação dos palestinos em seu discurso no evento, mas a declaração durante a entrevista gerou uma forte reação do governo israelense.

    A BBC News Brasil procurou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e o Ministério de Relações Exteriores brasileiro para um posicionamento sobre as declarações do chanceler israelense, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

    Mais de 28,8 mil palestinos, incluindo civis, mulheres e crianças, morreram durante os mais recentes ataques de Israel à Faixa de Gaza. O país iniciou uma guerra contra o Hamas em outubro após a morte de mais de 1.200 pessoas e o sequestro de 253 reféns em um ataque do grupo em Israel.

    Leia mais, a seguir, sobre o que Lula falou sobre o conflito e qual foi a reação de Israel.

    Lula e Netanyahu em encontro em Jerusalém em 2009
    CRÉDITO,GETTY IMAGES – Lula e Netanyahu em encontro em Jerusalém em 2009

    As declarações

    Durante sua viagem, Lula questionou a decisão de alguns países de suspender verbas à agência da ONU que dá assistência aos palestinos, a UNRWA.

    A suspensão havia acontecido porque Israel acusou funcionários da agência de envolvimento com o Hamas.

    Lula afirmou que a ajuda humanitária aos palestinos não pode ser suspensa e disse que, se confirmado que houve erros na UNRWA, deve haver responsabilização.

    “Quando eu vejo o mundo rico anunciar que está parando de dar a contribuição para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente?”, disse o presidente.

    “E qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio?”, afirmou.

    “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus.”

    “Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças. Se teve algum erro nessa instituição que recolhe o dinheiro, apura-se quem errou. Mas não suspenda a ajuda humanitária para o povo que tá há quantas décadas tentando construir o seu Estado”, disse o presidente.

    Lula também reiterou que condena o Hamas e os ataques realizados por eles.

    “O Brasil condena o Hamas, mas o Brasil não pode deixar de condenar o que Israel está fazendo na Faixa de Gaza”, disse.

    No sábado (17), Lula havia se encontrado com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh.

    O Palácio do Planalto afirmou que o presidente brasileiro condenou ataques do Hamas durante a reunião e reiterou a necessidade de paz no Oriente Médio e necessidade da criação de um Estado Palestino. Shtayyeh agradeceu a Lula pela solidariedade com o povo palestino, segundo o governo brasileiro.

    Por que a fala causou tanta controvérsia?

    O genocídio de mais de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial é um tema bastante sensível.

    A fala de Lula gerou uma forte reação de instituições judaicas, que afirmam que comparar a situação dos palestinos afetados pelos ataques de Israel com o genocídio de judeus feito pelos nazista é uma forma de “banalizar o Holocausto”.

    A Conib (Confederação Israelita do Brasil) emitiu uma nota de repúdio à fala de Lula, na qual defendeu as ações de Israel.

    “Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua carta de fundação a eliminação do Estado judeu”, diz o comunicado da entidade.

    “Essa distorção perversa da realidade ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes”, afirmou.

    O presidente do Museu do Holocausto em Jerusalém, Dani Dayan, afirmou que a fala de Lula é “vergonhosa” e uma “combinação de ódio e ignorância”.

    Ministros do governo defenderam Lula nas redes sociais.

    “Todo meu apoio às preocupações do presidente Lula em relação ao conflito que vem cruelmente atingindo civis na Faixa de Gaza, vítimas do governo de extrema-direita de Israel”, escreveu Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) na rede social X.

    “A fala do presidente Lula sobre o que está acontecendo em Gaza é corajosa e necessária. Já são mais de 20 mil mortos palestinos através de ataques promovidos por Israel. Que esse posicionamento incentive outros países a condenarem a desumanidade que estamos vendo dia após dia”, disse Sônia Guajajara (Povos Indígenas), também no X.

    BBC