InícioBrasilTRF1 aplica aposentadoria compulsória a juiz federal goiano Alderico Rocha Santos

TRF1 aplica aposentadoria compulsória a juiz federal goiano Alderico Rocha Santos

A Corte Especial Administrativa do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) decidiu, por maioria, aplicar a pena de aposentadoria compulsória ao juiz federal Alderico Rocha Santos, que atuava na Justiça Federal em Goiás. A decisão foi tomada por 14 votos do colegiado, que acompanhou o entendimento da relatora, desembargadora Maria do Carmo Cardoso. O magistrado terá direito ao recebimento de vencimentos proporcionais ao tempo de contribuição.

O pedido de aposentadoria compulsória foi formulado pelo Ministério Público Federal (MPF), por meio de uma reclamação disciplinar, após investigação sobre possível aquisição de bens incompatíveis com a renda do juiz federal. Segundo o MPF, ele não teria conseguido comprovar a origem dos recursos utilizados para a compra de duas fazendas no Tocantins, adquiridas em 2022 por R$ 33,5 milhões.

Na denúncia, o MPF argumentou que o patrimônio do magistrado cresceu mais de dez vezes, de forma incompatível com sua remuneração, além de indicar que ele teria cometido “atos proibidos para juízes, como gerenciar empresas, além de adotar comportamentos que desrespeitam a dignidade do cargo e utilizar sua posição para benefício pessoal”.

Juiz alega rendimentos anteriores à magistratura

Em entrevista ao Rota Jurídica, o juiz Alderico Rocha Santos, que era titular da 5ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás (SJGO), afirmou que já possuía patrimônio significativo antes de ingressar na magistratura, em 1997. E que sua evolução financeira ao longo dos anos decorreu de herança, investimentos e atividades empresariais exercidas antes do cargo público.

Segundo ele, sua trajetória profissional teve início em 1987 como bancário. Posteriormente, atuou como advogado da Caixa Econômica Federal, juiz estadual e procurador da República. Além disso, em 1991, herdou de sua mãe uma fazenda no Maranhão. Ele destaca que, ao ingressar na Justiça Federal em 1997, já possuía um patrimônio expressivo, conforme declarou no Imposto de Renda de 1998.

O magistrado também mencionou que, a partir de 1998, fundou a empresa Axioma Jurídico, que chegou a atender 2.400 alunos por ano e permaneceu em atividade até 2010. Durante esse período, adquiriu diversos imóveis. Em 2022, decidiu vender propriedades menores para adquirir uma área maior em Itacaiú (GO), sendo que uma dessas vendas foi realizada para um jogador de futebol.

No entanto, segundo sua versão, a negociação do novo imóvel gerou uma disputa com a vendedora, que se recusou a transferir a propriedade sob a alegação de que parte do pagamento não havia sido feita com recursos próprios do juiz, mas sim com valores recebidos dos compradores de seus imóveis menores. O impasse resultou em acusações de estelionato e em conflitos relacionados ao direito de vizinhança, culminando em uma representação contra ele no TRF1.

Atividade empresarial

O magistrado sustenta ainda que perícia realizada pelo MPF não encontrou irregularidades em seu patrimônio, apenas indicou a incompatibilidade entre sua evolução patrimonial e os rendimentos do cargo público. O TRF, por sua vez, entendeu que a compra e venda de diversas propriedades em curto período poderia caracterizar atividade empresarial, algo vedado a magistrados.

Além disso, o tribunal considerou que o fato de a fazenda adquirida ter sido alugada demonstrava a gestão de atividade econômica, configurando administração de empresa, cujo quadro societário inclui a esposa do juiz.

Não vai recorrer

O juiz Alderico Rocha Santos afirmou que, por já estar prestes a se aposentar e atender aos requisitos necessários, optou por não acompanhar o andamento do processo disciplinar no TRF1. Ele também declarou que não pretende recorrer da decisão, pois já havia planejado se aposentar até o final do ano.

Ao justificar sua postura, ele afirmou que a rotina na Justiça Federal lhe causava tédio, pois realizava suas atividades rapidamente e passava o restante do tempo ocioso.

“Sou uma pessoa extremamente proativa e dinâmica. Durante minha atuação na Justiça Federal, conseguia realizar minhas atribuições em apenas 30 minutos. No entanto, isso resultava em um longo período de ociosidade, uma vez que, estando vinculado ao cargo, não podia me dedicar a outras atividades. Essa situação gerava um grande sentimento de monotonia e tédio, tornando o ambiente de trabalho pouco estimulante para mim”, declarou.

Rota Jurídica

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Dias Tofolli é denunciado na OEA por desmonte no combate à corrupção Foi mencionada a anulação de provas de corrupção do acordo de leniência da Odebrecht (atual Novonor) na Lava Jato 06/03/2025 10:11 | Atualizado 06/03/2025 10:59 acessibilidade: text_increase text_decrease Ministro do STF, Dias Toffoli Foto: Nelson Jr. Luan Carlos Luan Carlos Durante sessão na comissão de direitos humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), a Transparência Internacional (TI) denunciou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Tofolli por “desmonte” no combate à corrupção no Brasil e em outros países da América Latina. Algumas das colocações da denuncia está a decisão monocrática do ministro, que anulou as provas do acordo de leniência da Odebrecht (atual Novonor) na Lava Jato. A sessão foi realizada na última segunda-feira (3). Segundo o gerente de pesquisa e advocacy da Transparência Internacional – Brasil, Guilherme France, a determinação feita pelo ministro em setembro de 2023, está tendo “reflexos sistêmicos” em toda a região, servindo como base para derrubar mais de 100 processos de corrupção, levando a soltura de réus não apenas no Brasil, mas também no Uruguai, Equador, México, Peru, Panamá, nos Estados Unidos e na Argentina. “Se o Brasil primeiro exportou corrupção, agora exporta impunidade”, disse France. Há também recursos contra contra a decisão de Toffoli que se encontram à 18 meses sem julgamento no STF. France sustenta que o Judiciário brasileiro está se negando a cooperar com investigações de corrupção ao impedir o envio de dados para o exterior e vetar depoimentos. “Daí a nossa decisão de protestar em conjunto com outros países na OEA”, explicou. A Transparência Internacional se tornou alvo de Toffoli em fevereiro do ano passado. O ministro determinou que a organização fosse investigada por suspeita de cumplicidade com o procurador responsável por investigar os irmãos Joesley e Wesley Batista, e de apropriação de verbas de combate à corrupção no acordo de leniência da J&F. A Procuradoria-Geral da República pediu o arquivamento do caso em outubro, afirmando não ver elementos mínimos que justifiquem a continuidade da investigação. Em nota, o ministro Dias Tofolli alega que as decisões foram colegiadas em turma no STF. “As decisões do ministro Dias Toffoli são extensões de decisão colegiada da Segunda Turma, tomada em fevereiro de 2022 quando ele ainda não a integrava, sob relatoria do então ministro Ricardo Lewandowski, a quem ele sucedeu na relatoria”, diz a nota. Ver Comentários Reportar Erro Poder, política e bastidores, sem perder o bom humor. Desde 1998. Siga-nos @DiariodoPoder EDITORIAS Cláudio Humberto Política Opinião Justiça Dinheiro Brasil e Regiões Internacional Diário Motor Vídeos SOBRE NÓS Anuncie Sobre o DP Equipe Fale Conosco Reportar Erro Política de Privacidade Controle sua Privacidade © 2025 Diário do Poder DP CLÁUDIO HUMBERTO OPINIÃO AMAZÔNIA POLÍTICA ESPORTE INTERNACIONAL BRASIL DIÁRIO MOTOR Anuncie Sobre o DP Equipe Fale Conosco Reportar Erro Política de Privacidade Controle sua Privacidade Compartilhe: cookie banner controller
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