segunda-feira, novembro 25, 2024
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5 dicas para o orgasmo feminino

“Um orgasmo não se tem, você aprende a tê-lo, ou melhor, você aprende a se permitir tê-lo.”

A frase, de autoria da renomada sexóloga e pesquisadora francesa Valérie Tasso, reflete um pensamento que muitos especialistas já alertam há muito tempo: que não importa o quão incrível seja o parceiro de uma mulher na cama – ou quão moderno seja o seu brinquedo sexual – se ela não se permitir sentir o orgasmo.

Indescritível para muitas, chegar ao clímax pode até se tornar uma obsessão inatingível, algo que está apenas na imaginação de uma intensa cena erótica que aparece nos filmes.

Filmes que, aliás, alimentam muitos dos mitos que vários educadores sexuais têm tentado desmascarar, como o de que o orgasmo só ocorre através da penetração (o que contrasta com estudos que revelam que apenas cerca de 25% das mulheres chegam ao orgasmo dessa forma).

Isso é chamado de “lacuna do orgasmo” e está documentado na literatura científica há mais de 20 anos.

Diante dessa realidade, a BBC Mundo (serviço em espanhol da BBC) conversou com especialistas sobre algumas maneiras que podem ajudar as mulheres a ter orgasmos. Não há fórmulas mágicas nem guias rápidos, alertam, mas existem algumas dicas que podem ser úteis.

1. Pergunte a si mesma: o que é orgasmo para você?

Você já se perguntou o que realmente significa um orgasmo para você?

Essa simples pergunta, dizem especialistas, é fundamental para alcançar o clímax.

“É importante que as mulheres se perguntem o que significa para nós um orgasmo e por que queremos tê-lo. Muitos querem apenas mostrar aos seus parceiros que são boas amantes, mas isso as bloqueia e não ajuda a se concentrarem no que realmente gostam”, disse Fabiola Trejo, especialista mexicana em prazer sexual.

A pesquisadora acrescenta que, geralmente, a dificuldade de ter orgasmos tem a ver com ideias pré-estabelecidas, com o “deveria ser” e com a “ideia pornográfica” que muitas mulheres têm sobre o prazer sexual.

“Há muitas mulheres que estão tendo orgasmos e não percebem porque não parece o que lhes foi dito. Portanto, o primeiro passo é entender o que é um orgasmo e como meu próprio corpo tem orgasmos, mesmo que eles não sejam como me disseram que deveriam ser”, ressalta.

Trinidad Forttes, psicóloga chilena especializada em sexualidade, concorda.

“Devemos desconstruir as nossas ideias pré-concebidas, os estereótipos de gênero que podem estar afetando nosso prazer sexual”, afirma.

“Temos que nos perguntar o que é prazer para mim, o que é o orgasmo, o que é a sexualidade… Desta forma, podemos construir a nossa própria sexualidade”, acrescenta.

2. Explore e conheça seu corpo

A segunda recomendação das especialistas é ter um bom conhecimento sobre o próprio corpo.

“E, principalmente, a nossa vulva”, afirma Fabiola Trejo. “É um passo fundamental para que as mulheres entendam como funciona nosso processo de prazer. E não é só ver no espelho — é tocar, massagear para despertar sensações e identificá-las”, completa.

A especialista aponta que muitas mulheres não sabem onde está o clitóris e nunca se masturbaram, o que gera uma “desconexão com o corpo”.

Por sua vez, Trinidad Forttes afirma que “desde pequenas, nos dizem que é proibido nos tocarmos, e o resultado é que hoje temos mulheres que nada sabem sobre seu corpo”.

“Mulheres que não sabem nada sobre seus órgãos genitais, lábios internos e externos, clitóris etc. Por isso, promovo a autoexploração, que auxilia no autoconhecimento, aumenta o erotismo e o desejo sexual”, afirma.

“A autoexploração é uma atividade sexual normal e saudável que desempenha um papel fundamental no desenvolvimento sexual saudável”, acrescenta.

Mulher colocando a mão dentro de sua calcinha
GETTY IMAGES -‘Desde pequenas nos dizem que é proibido nos tocarmos e o resultado é que hoje temos mulheres que nada sabem sobre o seu corpo’, diz Trinidad Forttes

A espanhola Raquel Graña, sexóloga fundadora do site Íntimas Conexiones (ou Conexões Íntimas, em tradução livre), também afirma que é importante se conhecer no sentido de se conectar com o corpo.

“Às vezes a gente força, quer que funcione da mesma forma todos os dias, quando as mulheres são muito cíclicas. Temos fases de ovulação, pré-ovulação, menstruação e pré-menstruação. Por isso, é importante nos conhecermos”, diz.

3. Durante a relação sexual, estimule o clitóris

As especialistas concordam que no encontro sexual não existe uma posição única que ajude a mulher a atingir o orgasmo.

É essencial, dizem, estimular o clitóris com pressão e tensão.

“É preciso entender que não é a postura e sim a estimulação do clitóris. Existem diferentes maneiras de ter um orgasmo. Mas, se formos à base, ao mais eficaz, precisa de fricção”, afirma Fabiola Trejo.

“Os homens atingem o orgasmo esfregando o pênis com as mãos ou através da penetração. A diferença é que, para as mulheres, as práticas predominantes no encontro sexual focam na penetração vaginal. E, na maioria dos casos, não é possível ter orgasmo através da penetração vaginal porque o clitóris não está sendo estimulado. É como pedir aos homens que tenham orgasmo sem nunca tocar no pênis”, diz.

Pés de um casal na cama
GETTY IMAGES -Especialistas afirmam que, durante o encontro sexual, a chave para atingir o orgasmo é estimular o clitóris

Dito isso, a educadora sexual afirma que existem posições que facilitam a fricção do clitóris, como a mulher ficar por cima. Raquel Graña concorda com isso.

“Falando em relação sexual, o melhor seria que a mulher tivesse domínio do movimento. O melhor é que ela fique por cima, levemente inclinada para frente”, afirma.

De qualquer forma, as especialistas concordam que nem todo prazer deve ser centrado na penetração.

“Devemos retirar a penetração do centro do encontro sexual, há muito mais”, diz Trinidad Forttes.

4. Use lubrificantes e respire

Segundo Fabiola Trejo, o uso de lubrificante é “fundamental”.

“Você deve sempre usar lubrificante, mesmo que ache que não precisa, porque fica muito molhado. É importante porque torna as sensações mais sutis e diversas”, afirma.

“Imagine que você recebe uma massagem e não passam óleo nas suas costas. Não vai ser suave, você não vai sentir todas as carícias, por isso é fundamental”, acrescenta.

Nisso, a especialista em prazer sexual afirma que a respiração também é muito importante.

“A respiração definirá o ritmo do orgasmo. É por isso que, em vez de dizer ‘concentre-se’, eu digo ‘respire’”, diz.

Quanto ao uso de brinquedos sexuais, Raquel Graña diz que cada pessoa deve ficar livre para experimentar o que quiser.

Fabiola Trejo diz que, embora sejam uma ferramenta eficiente para chegar ao orgasmo, é preciso ficar claro que não é a “única” opção.

“Precisamos diversificar as formas de estímulo, ou seja, ter opções. O ideal é que a mulher possa ter orgasmos com as mãos, com um brinquedo, com a estimulação do parceiro e de muitas outras formas”, afirma.

Lubricante sendo colocado na mão
GETTY IMAGES – Segundo Fabiola Trejo, o uso de lubrificante é ‘fundamental’ para atingir orgasmos

5. Treine e comunique-se com seu parceiro

Finalmente, as especialistas sugerem que nenhuma das opções acima será eficaz se não for praticada regularmente.

“Se uma mulher está lendo este texto e vai fazer isso com o parceiro, é pouco provável que ela tenha sucesso. Ter um orgasmo requer prática e consistência. Assim como conhecer o corpo é importante, treiná-lo também é fundamental”, afirma Fabiola Trejo.

“O orgasmo não vem sozinho, você o constrói”, acrescenta.

Nesse sentido, a especialista afirma que é importante esclarecer que o orgasmo “não é psicológico, nem mental, é totalmente físico”.

“Você tem que entender que o orgasmo não é algo que acontece na sua cabeça. É algo que acontece no seu corpo, então não é que não aconteça porque você não está relaxando ou se concentrando. Não há nada de errado com você”, diz.

Por fim, as especialistas afirmam que, no caso das relações sexuais em casal, a comunicação é fundamental.

“É muito importante conseguir se comunicar de forma assertiva com seu parceiro sexual. Poder dizer a ele o que você gosta, de que forma, sem vergonha ou culpa”, afirma Trinidad Forttes.

BBC

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