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  • Automóveis serão leiloados pela Comissão de Alienação de Veículos e Objetos Apreendidos do TJGO

    Automóveis serão leiloados pela Comissão de Alienação de Veículos e Objetos Apreendidos do TJGO

    A diretora do Foro da comarca de Goiânia e presidente da Comissão Estadual de Alienação de Veículos e Outros Objetos Apreendidos do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), juíza Patrícia Bretas, autorizou, por meio de edital, a realização de procedimento licitatório, na modalidade leilão do tipo maior lance, de forma on-line, para venda de veículos. O leilão será realizado entre os dias 9 e 15 de outubro, a partir das 9 horas.

    A licitação será conduzida pelo leiloeiro oficial do Estado de Goiás, Geoliano de Souza Lima, por meio do endereço eletrônico www.teleselimaleiloes.com.br.

    Os bens oferecidos no leilão são veículos recuperáveis que poderão voltar a circular. Os veículos serão entregues no estado e condições em que se encontram, devendo os interessados vistoriá-los “in loco”, já que não serão aceitas trocas de peças ou reclamações posteriores.

    Para visitação, é necessário agendamento prévio, que poderá ser marcado por meio dos telefones (62) 3924-9209 ou (62) 9 9980-1892.

    Estarão sujeitos às sanções legais todos que participem do leilão, no que se refere aos prazos, pagamentos e condições de participação.

    Clique aqui para acessar o edital.

    Fonte TJGO

  • Força-tarefa policial apreende quase meia tonelada de cocaína em Goiânia

    Força-tarefa policial apreende quase meia tonelada de cocaína em Goiânia

    Uma força-tarefa composta pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF) e Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Goiás (Ficco/GO) apreendeu 469 quilos de cocaína na última sexta-feira (20/9) em Goiânia.
     
    A apreensão ocorreu em um estabelecimento comercial localizado entre as rodovias BR-060 e GO-060, na capital, após levantamento conjunto pela inteligência da polícia.

    Os policiais identificaram um veículo de carga carregado com grande quantidade de feno, cuja carga estava sendo manipulada em um local completamente incompatível com sua destinação. Diante das contradições apresentadas pelo condutor e pelo funcionário que estavam auxiliando na movimentação da carga — ambos incapazes de detalhar a origem do produto ou sua destinação, além de não apresentarem nota fiscal — foi acionado o Grupo de Operações com Cães (GOC) da PRF.

    Com a ajuda dos cães farejadores, foi realizada uma vistoria no caminhão e na carga, identificando-se indícios da presença de entorpecentes. Isso orientou os agentes a localizarem, logo abaixo da carga, ocultos por lonas, cerca de meia tonelada de pasta base de cocaína distribuída em 15 fardos.

    A carga milionária de cocaína foi apreendida, juntamente com o caminhão e veículos de apoio utilizados pela organização criminosa. Além do motorista, de 57 anos, outra pessoa, responsável pela vigilância do local, de 22 anos, também foi presa. Todo o material e os detidos foram encaminhados para a Superintendência da Polícia Federal em Goiânia.

    A Rdação

  • Pesquisa Direct revela empate técnico entre Mabel e Vanderlan em Goiânia

    Pesquisa Direct revela empate técnico entre Mabel e Vanderlan em Goiânia

    O empresário Sandro Mabel (UB) e o senador Vanderlan Cardoso (PSD) dividem a liderança da disputa pela Prefeitura de Goiânia nas eleições de 2024, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Direct e divulgada com exclusividade pelo jornal A Redação. Mabel aparece em primeiro lugar, com 24,6% das intenções de voto, seguido por Vanderlan, que tem 23,2%. Adriana Accorsi (PT), vem em terceiro lugar, com 16,7%.

    Na pesquisa estimulada, onde os nomes dos candidatos são apresentados aos eleitores, Fred Rodrigues (PL) aparece em 4º lugar, com 7,8% das intenções de voto. Rogério Cruz (Solidariedade) tem 6,2%, Matheus Ribeiro (PSDB) surge com 4,9% e Professor Pantaleão (UP) com 0,9%. Os votos nulos somam 7,1%, enquanto 8,6% dos entrevistados disseram não saber ou não opinaram. A margem de erro é de 4 pontos porcentuais para mais ou para menos.
    Rejeição
    A pesquisa também avaliou a rejeição dos candidatos. A deputada Adriana Accorsi lidera com 24,8% de rejeição, seguido pelo prefeito Rogério Cruz (22,3%), Sandro Mabel (9,5%), Vanderlan Cardoso (7,9%), Professor Pantaleão (6,5%), Fred Rodrigues (5,9%) e Matheus Ribeiro (5,4%). Eleitores que rejeitam todos os candidatos somam 2,9%, enquanto aqueles que não rejeitam nenhum totalizam 12,4%. Não sabem ou não opinaram: 2,4%.

    A Redação

    Cenários de segundo turno

    A pesquisa Direct simulou possíveis cenários de segundo turno. Em um confronto entre Vanderlan Cardoso e Adriana Accorsi, o candidato do PSD venceria com 38,2%, enquanto a petista teria 22,4%. Votos nulos somariam 21,7%, e 17,7% dos entrevistados disseram não saber ou não responderam.
    Em outro cenário, com Sandro Mabel e Adriana Accorsi, Mabel venceria com 38,9%, contra 20,6% de Accorsi. Nulos somariam 23,3%, e 17,2% dos eleitores não sabem ou não opinaram.
    Em mais um possível cenário, com Vanderlan e Mabel, Vanderlan lidera com 32,9% contra 28,7% de Mabel. Votos nulos alcançam 20,1%, enquanto 18,3% não sabem ou não responderam.

    Espontânea
    Na pesquisa espontânea, na qual o nome dos candidatos não é apresentado ao entrevistado, Sandro Mabel aparece à frente, com 19,2% das intenções de voto. Vanderlan Cardoso vem em segundo com 16,7% e Adriana Accorsi em terceiro, com 14,8%. Em seguida, Fred Rodrigues soma 6,3% e Rogério Cruz com 5,8%. Matheus Ribeiro tem 3,2% e Professor Pantaleão não pontuou. Votariam em branco ou nulo, 5,1% e 27,1% não souberam responder ou preferiram não opinar.

    A pesquisa ouviu 600 eleitores em Goiânia nos dias 18 e 19 de setembro, abrangendo diferentes regiões da capital. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número TSE – GO: 08058/2024. O nível de confiança é de 95%, com margem de erro de 4,0 pontos porcentuais para mais ou para menos.

  • Roberto Brant: Para além das eleições municipais

    Roberto Brant: Para além das eleições municipais

    As eleições municipais estão se aproximando, mas a população ainda não se mostrou muito interessada porque, salvo algo inesperado, tudo continuará como sempre, qualquer que sejam os resultados. Não se pode dizer o mesmo da classe política, pois a eleição municipal determina a sorte das futuras eleições parlamentares, que determinam a sorte dos próximos governos.

    Nosso sistema eleitoral é fortemente inclinado para a preservação das forças dominantes e muito pouco favorável às mudanças, principalmente pela exclusividade do financiamento público das campanhas. Os fundos eleitorais são calculados com base nas bancadas federais dos partidos e como o dinheiro é um fator decisivo nas eleições, os partidos dominantes têm possibilidades muito maiores de continuar dominantes.

    O sistema político brasileiro está construído para se autoperpetuar e, por isso, a composição das assembleias estaduais e da Câmara dos Deputados praticamente não se altera em termos políticos, mesmo diante de mudanças nos sentimentos da população. Nas eleições para presidente da República, graças ao seu caráter plebiscitário, os ventos de mudança costumam prevalecer, mas o poder dos presidentes acaba se diluindo diante do Parlamento e dos tribunais, neutralizando qualquer veleidade de reforma.

    Mas o planeta está mudando e vai mudar ainda mais, e mais depressa do que estamos acostumados, o que pode nos deixar num fuso histórico diferente do resto do mundo desenvolvido ou mesmo em desenvolvimento.

    A nova competição geopolítica que está rapidamente se desenhando é diferente da que opunha os países ocidentais, sob a liderança dos Estados Unidos, à antiga União Soviética. Essa era exclusivamente política e militar. A de agora é predominantemente econômica e tecnológica, envolvendo todos os aspectos da vida. A corrida pela hegemonia tecnológica entre os EUA e a China vai atingir o livre comércio e a globalização, e ainda provocar um recuo na cooperação internacional.

    Questões centrais

    A política internacional das grandes potências terá uma ênfase maior nas questões econômicas e tecnológicas, misturando questões de Estado e interesses corporativos. O cenário externo, na política e na economia, será muito diferente daquele em que vivemos até agora. E tudo indica que aqui, tanto o governo quanto o Parlamento continuarão a viver como se nada estivesse acontecendo.

    Até a Europa, com todo o seu poder econômico e político, está se colocando em estado de alerta. Um relatório de Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, por encomenda da Comissão Europeia, expôs as fragilidades do continente diante das novas realidades da economia e da geopolítica. Propôs mudanças radicais nas áreas de defesa, comércio e políticas de apoio à inovação e à competitividade das empresas.

    Essas mudanças visam propiciar à Europa autonomia na área de defesa e protagonismo nas novas tecnologias, apoiando o setor privado com menos regulação e mais investimento público. Seria uma reviravolta completa na vida europeia, visando a própria sobrevivência. Se esses planos se concretizam, é uma questão em aberto, mas, até agora, ninguém foi capaz de sugerir outro manual de sobrevivência.

    Enquanto isso, no Brasil, governo e Parlamento não demonstram o menor conhecimento ou preocupação estratégica diante das mudanças tectônicas que estão em andamento e que influirão diretamente no modo como a economia e a vida vão funcionar. Para termos um futuro de relevância, mesmo sabendo das nossas limitações, temos que, pragmaticamente, mudar algumas das nossas concepções. O ponto básico é que teremos que admitir uma maior interdependência entre a prosperidade das empresas e o poder do Estado. Separados, nem o Estado nem o setor privado têm os meios para competir. A China usa todo o poder do Estado para promover suas empresas e conquistar mercados. Os EUA já estão despertando para fazer as mesmas coisas. Agora é a União Europeia que sonha em seguir o mesmo caminho.

    E nós? Vamos continuar brincando de esquerda e direita ou vamos para o jogo dos adultos?

    Correio Braziliense

  • Candidata a prefeita sofre atentado a tiros junto com filha de 8 anos

    Candidata a prefeita sofre atentado a tiros junto com filha de 8 anos

    A jornalista e candidata à Prefeitura de Guarujá (SP) Thaís Margarido (União-Brasil) sofreu um atentado a tiros no domingo (22/9), depois de uma caminhada eleitoral pelo bairro Santa Cruz dos Navegantes.

    Segundo a assessoria da candidata, cinco tiros atingiram o carro em que estava ela, a assessora e duas crianças — a filha mais nova de Thaís, de 8 anos, e outra de 10 anos, filha do candidato a vereador Nildo Fernandes, do mesmo partido.

    A assessora que dirigia o carro conseguiu acelerar e escapar do local. Ninguém ficou ferido. Thaís Margarido fo até a Delegacia de Guarujá e registrou boletim de ocorrência.

    “Foi um dia muito especial no Santa Cruz, as pessoas animadas , compartilhando ideias comigo, nunca imaginei que poderia encerrar o domingo assim. Com a fé que tenho no meu Deus, eu não acredito que queriam me matar, mas me assustar. Só que isso foi muito grave, eu estava com duas crianças no banco de trás. Não compreendo ainda o motivo para isso”, disse a candidata.

    Veja a nota oficial de Thaís na íntegra:

    Por volta das 18h, deste domingo (22) a candidata a prefeitura de Guarujá, Thais Margarido, sofreu um atentado a tiros, na saída do bairro Santa Cruz dos Navegantes.

    Logo após encerrar uma caminhada eleitoral pelas ruas do bairro, Thaís se dirigiu ao carro que utiliza em sua campanha, junto de uma assessora e também de duas crianças, a sua filha mais nova, de 8 anos e outra, de 10 anos, filha do candidato a vereador Nildo Fernandes.

    Quando já estavam na estrada do Santa Cruz, num trecho de mata, escutaram vários tiros. A assessora, que dirigia, conseguiu acelerar e escapar do local. Cinco tiros atingiram o veículo. Ninguém ficou ferido.

    Thaís Margarido continua na Delegacia sede de Guarujá, onde fará o boletim de ocorrência do atentado.
    Apesar do susto, a candidata reafirma o seu compromisso com sua candidatura.

    “Foi um dia muito especial no Santa Cruz, as pessoas animadas , compartilhando idéias comigo, nunca imaginei que poderia encerrar o domingo assim. Com a fé que tenho no meu Deus, eu não acredito que queriam me matar, mas me assustar. Só que isso foi muito grave, eu estava com duas crianças no banco de trás. Não compreendo ainda o motivo para isso. Agora eu só preciso ficar com a minha família, entender o que aconteceu hoje, e seguir, porque é isso que farei, eu vou seguir”.

    Correio tenta contato com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para saber mais informações sobre o caso, mas até a publicação desta matéria o jornal não

    Correio Braziliense

  • Bolsonaro turbina campanha de políticos no Entorno do DF

    Bolsonaro turbina campanha de políticos no Entorno do DF

    O ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro compareceram a comícios, ontem, em Valparaíso de Goiás e em Luziânia como parte da estratégia de construção de um “plano de nação”, que começa a ser erguido a partir das eleições municipais, em outubro. Isso porque a extrema direita já desenha o programa para voltar ao comando do país, em 2026, apesar de Bolsonaro estar inelegível até 2030

    A ideia dos bolsonaristas é conquistar o máximo de prefeituras. “A gente precisa se apoiar, até porque 2026 passa por 2024”, admitiu a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), que participou dos comícios nos dois municípios goianos.

    Os eventos foram apenas o começo de uma agenda nacional que o ex-presidente e a mulher farão para tentar garantir a vitória de seus candidatos em outubro. Os próximos compromissos serão em São Luís, Goiânia, Anapólis (GO), Ji-Paraná (RO), Manaus, Vitória. As capitais fluminense e paulista ficarão para o começo de outubro, pouco antes do primeiro turno.

    Bolsonaro e Michelle compareceram à carreata da candidata do Solidariedade à Prefeitura de Valparaíso de Goiás, Maria Yvelônia — ex-secretária nacional de Assistência Social no governo do ex-presidente. Estavam acompanhados da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, da senadora Damares Alves (Republicanos), e dos deputados distritais Thiago Manzoni (PL), Daniel de Castro (PP) e Pepa (PP).

    “Se nós quisermos mudar o nosso Brasil, temos de investir em nossos municípios. Não temos obsessão pelo poder, temos amor pelo nosso país”, afirmou Bolsonaro, no palanque de Maria Yvelônia.

    Na sequência, exceto por Bolsonaro, a comitiva seguiu para Luziânia, onde foi levar apoio ao candidato à Prefeitura Waltinho, do PL. Ao discursar, Michelle apostou no conflito ideológico para galvanizar os apoiadores.

    “O mal entrou pela ideologia, atacando a mente dos nossos jovens nas escolas e nas faculdades, tentando sacar, tentando destruir o bem mais precioso, que é a nossa família, a base de uma sociedade saudável. Aqueles que pregam o amor, a tolerância, a pacificação, são os ‘intolerantes’. Eles é que matam, que agridem, que assassinam a nossa alma”, exortou.

    Michelle não poupou críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O presidente Bolsonaro provou que se fechar a torneira da corrupção, sobra dinheiro, sim, para trabalhar. Passamos pelos períodos mais difíceis: pandemia, (rompimento da barragem de) Brumadinho e os reflexos da guerra (Rússia e Ucrânia). Mesmo assim, o meu capitão deixou quase R$ 55 bilhões em caixa. E, hoje, para a vergonha da nossa nação, é mais de R$ 1 trilhão de deficit”, acusou.

    Correio Braziliense

  • Mãe é presa suspeita de degolar o filho de 5 anos em ritual na Paraíba

    Mãe é presa suspeita de degolar o filho de 5 anos em ritual na Paraíba

    Uma mulher de 26 anos foi presa por matar a facadas e depois degolar o filho de cinco anos em João Pessoa, na Paraíba em ritual. Vizinhos ouviram gritos vindos do apartamento onde a suspeita morava e acionaram a Polícia Militar. O caso ocorreu na última sexta-feira (20/9).

    Quando os policiais chegaram ao local encontraram a criança morta. A mulher tentou resistir à prisão e foi baleada pelos militares. Ela está sob custódia no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa.

    Ao g1, o tenente-coronel Ferreira, comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar, disse que os policiais encontraram a mulher sentada em uma cadeira com a cabeça do filho no colo. Ela teria tentado se matar mas foi contida pelos policiais. “Foi uma cena dantesca. Eu tenho 29 anos de polícia nunca vi uma cena dessas”, afirmou.

    O perito Arthur Isidoro, da Polícia Civil, afirmou à imprensa local que o corpo do menino tinha duas perfurações no coração. Também foram encontrados vídeos de rituais e práticas de degolamento no  celular da mulher. Claramente abalado com a cena, o profissional se emocionou e abandonou a entrevista.

    A delegada Luisa Correia afirmou em entrevista à Tv Paraíba que vizinhos contaram que ela escutava músicas ritualísticas. “Os vizinhos relataram que ela estava escutando esse tipo de música que a gente ainda vai identificar do que se trata”, declarou.

    O caso é investigado pela Polícia Civil como homicídio com requintes de crueldade.

    Correio tenta contato com a Secretaria de Segurança e Defesa Social da Paraíba, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

    Correio Braziliense

  • Em Nova York, Lula discutirá acordo Mercosul-UE e nova lei ambiental

    Em Nova York, Lula discutirá acordo Mercosul-UE e nova lei ambiental

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne nesta segunda-feira (23/9) com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para debater o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, e a nova lei antidesmatamento europeia que pode trazer prejuízo às exportações brasileiras.

    O encontro está marcado para as 16h (horário de Brasília) na Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas, em Nova York. O petista está na cidade para participar da 79ª Sessão da Assembleia-Geral da ONU, que ocorre amanhã (24), além de uma série de eventos paralelos e encontros bilaterais.

    O Brasil tenta destravar o acordo comercial, mas esbarra em exigências ambientais duras, de cunho protecionista, por parte especialmente da França. Os agricultores franceses temem a concorrência com o agro brasileiro caso haja livre comércio com o Mercosul.

    No início de setembro, negociadores dos blocos se reuniram em Brasília para uma nova rodada. Embora diplomatas brasileiros avaliem que houve avanços, ainda não há um horizonte à vista para a conclusão do acordo.

    Além disso, o governo brasileiro também expressou preocupação com a nova lei ambiental europeia. Com ela, países da UE ficarão proibidos de importar produtos que tenham origem em terras desmatadas, mesmo se o desmatamento for legal.

    Os ministérios da Agricultura e Pecuária e das Relações Exteriores chegaram a enviar uma carta ao bloco pedindo o adiamento da lei, que entra em vigor em dezembro. O impacto estimado para as exportações brasileiras é de US$ 15 bilhões. Porém, a UE reiterou o prazo para vigência da lei após o pedido.

    Agendas bilaterais

    Sem eventos oficiais das Nações Unidas hoje, Lula tem agenda cheia, principalmente de encontros bilaterais. Estão marcadas reuniões com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e com o primeiro-ministro da República do Haiti, Garry Conille, além de uma premiação organizada pela Fundação Bill e Melinda Gates.

    Com o chanceler alemão, o chefe do Executivo brasileiro também deve tratar do acordo Mercosul-UE. O país já expressou apoio à iniciativa, e também atua para que um consenso seja atingido ainda neste ano.

    Correio Braziliense

  • Israel e Hezbollah intensificam ataques e deixam Oriente Médio ‘à beira de catástrofe’: qual risco de guerra total?

    Israel e Hezbollah intensificam ataques e deixam Oriente Médio ‘à beira de catástrofe’: qual risco de guerra total?

    O exército de Israel divulgou nesta segunda-feira (23/9) que está realizando ataques aéreos extensivos contra alvos do Hezbollah no Líbano, enquanto os ataques transfronteiriços entre os dois lados continuam.

    Daniel Hagari, porta-voz militar israelense, orientou que os civis libaneses se afastem das áreas utilizadas pelo grupo militar, que é apoiado pelo Irã.

    No fim de semana, o Hezbollah atacou diversos pontos de Israel, incluindo alvos longe da fronteira entre os dois países, como a cidade de Haifa.

    No domingo (22/9), o vice-líder do Hezbollah afirmou que o grupo agora estava em uma batalha aberta de acerto de contas com Israel.

    Já o presidente americano Joe Biden disse que os Estados Unidos farão tudo para evitar uma escalada do conflito.

    Os ataques desta segunda (23/9) acontecem depois que os combates entre Israel e o Hezbollah se intensificaram durante o final de semana.

    O Hezbollah, sediado no Líbano, lançou 150 foguetes contra Israel entre sábado e domingo. A ação foi classificada como uma retaliação aos ataques recentes contra o grupo.

    Israel também realizou uma série de ataques aéreos contra alvos no sul do Líbano e afirmou ter destruído milhares de lançadores de foguetes do Hezbollah.

    No domingo (22/9), foi realizado no Líbano um funeral para o comandante de operações do Hezbollah, Ibrahim Aqil, que foi morto em uma operação israelense nos subúrbios do sul de Beirute na sexta-feira (20/9).

    Aqil era procurado não apenas por Israel, mas também pelos EUA, que colocaram uma recompensa de US$ 7 milhões (R$ 38 milhões) por sua cabeça — acusando-o de envolvimento na morte de centenas de americanos em Beirute na década de 1980.

    O Ministério da Saúde do Líbano diz que 45 pessoas, incluindo três crianças, foram mortas nos ataques israelenses realizados na sexta-feira (20/9).

    A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que a região está “à beira de uma catástrofe iminente”, à medida que os temores de uma guerra total aumentam.

    Jeanine Hennis, coordenadora especial da ONU para o Líbano, emitiu um aviso a Israel e ao Hezbollah após os confrontos das últimas horas.

    “Com a região à beira de uma catástrofe iminente, não se pode exagerar o suficiente: não há solução militar que torne qualquer um dos lados mais seguro”, alertou ela.

    Qual o risco do conflito escalar?

    Nas ruas de Beirute, as pessoas usam seus celulares e outros dispositivos eletrônicos com inquietação, temendo um novo ataque.

    Mas uma ameaça maior paira sobre a região: a de uma guerra total entre Israel e o Hezbollah, do Líbano, e seu apoiador Irã.

    Ao todo, 37 pessoas morreram e outras 2.600 ficaram feridas depois que milhares de pagers explodiram no Líbano na última terça-feira (17/9) e novas detonações foram registradas em walkie-talkies na quarta-feira (18) — em ataques direcionados contra membros do Hezbollah.

    Acredita-se que Israel esteja por trás dos ataques, embora o país não tenha confirmado a informação.

    O Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou “uma nova fase na guerra” na quarta e, nesta sexta-feira (20/9), as forças do país conduziram um ataque nos subúrbios de Beirute, que levaram à morte dos dois comandantes.

    Hugo Bachega, correspondente da BBC em Beirute, afirma que este “é o pior momento da história do Hezbollah”.

    “O que acontece a seguir permanece incerto. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, diz que o grupo está pronto para um grande confronto, mas indicou repetidamente que não está interessado em um conflito”, escreve ele.

    “O Hezbollah não tem muitas opções para dar uma retaliação significativa sem desencadear uma guerra com Israel.”

    “Os apoiadores do grupo, como o Irã, também não veem razão para um conflito mais amplo.”

    “Israel, no entanto, indica que os últimos acontecimentos são apenas o começo de uma nova fase no conflito”, avalia Bachega.

    Confira a seguir os possíveis cenários do que pode acontecer no Líbano após uma semana de relatos de violência.

    1. Novos ataques israelenses

    Antes mesmo do ataque a Beirute na sexta, o ministro da Saúde do Líbano, Firass Abiad, já afirmava que o Líbano precisava se preparar para o pior.

    “Acho que precisamos nos preparar para o pior cenário”, disse ele.

    “Os dois ataques do último dia mostram que a intenção [de Israel] não é uma solução diplomática”, afirmou Abiad sobre as explosões dos aparelhos de comunicação.

    “O que eu sei é que a posição do meu governo é clara. Desde o primeiro dia, acreditamos que o Líbano não quer guerra.”

    Fumaça ao redor de um prédio atingido no Líbano por ataque israelense
    Crédito,Reuters – Os relatos são de que Israel tinha como alvo do bombardeio desta sexta o comandante de operações do Hezbollah, Ibrahim Aqil, que foi morto

    Para o especialista em política israelense e palestina Ehud Yaari, os ataques aos pagers e walkie-talkies criaram uma “rara oportunidade” para Israel agir decisivamente contra o Hezbollah e seus vastos estoques de mísseis guiados de precisão.

    Os sistemas de comunicação do grupo estão fora de serviço e um grande número de seus comandantes de campo foram feridos, alguns de forma grave.

    “Esta situação atual não se repetirá tão cedo”, escreveu Yaari em um artigo no site de notícias israelense N12 antes do bombardeio desta sexta.

    “Simplificando, o Hezbollah está atualmente no pior estado desde o fim da segunda guerra do Líbano em 2006.”

    O correspondente de defesa da BBC, Paul Adams, diz que o foco militar israelense agora mudou para o norte, onde fica o Líbano, mesmo com a guerra em Gaza em andamento.

    Mas ainda não está claro como Israel pretende explorar esse raro momento de oportunidade e se um conflito maior está se aproximando, opina ele.

    2. Ataque do Hezbollah a Israel e retaliação com invasão terrestre no Líbano

    O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, discursa após ondas de explosões de dispositivos de comunicação no Líbano em 19 de setembro de 2024
    Crédito,EPA-EFE/REX/Shutterstock – O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, discursou após os ataques no Líbano

    O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, reagiu publicamente aos ataques de quinta-feira (19/9), dizendo que Israel havia excedido “todos os limites, regras e linhas vermelhas”.

    Ele reconheceu que as detonações foram um golpe sem precedentes para o grupo armado, mas disse que a capacidade do grupo de comandar e se comunicar permaneceu intacta.

    Uma investigação sobre como os ataques aconteceram foi iniciada, ele acrescentou.

    “Isso pode ser chamado de crime de guerra ou uma declaração de guerra — seja qual for o nome que você escolher, é merecedor e se encaixa na descrição. Essa era a intenção do inimigo”, disse ele.

    Nasrallah também prometeu uma punição justa, mas não deu indicações de qual seria essa resposta.

    Os ataques transfronteiriços a Israel continuarão a menos que haja um cessar-fogo em Gaza, ele acrescentou, dizendo que os moradores do norte de Israel que foram deslocados por causa da violência não terão permissão para retornar.

    De acordo com Amjad Iraqi, analista e membro associado do programa sobre Oriente Médio e Norte da África da Chatham House, Israel enviou ao Hezbollah “sinais provocativos” com os ataques, que podem aumentar a probabilidade de um conflito regional muito mais intenso.

    “O Hezbollah agora está sob pressão para acelerar as coisas e isso, por sua vez, potencialmente dará ao exército israelense algum tipo de pretexto para tornar reais os rumores de uma invasão terrestre”, disse Iraqi à BBC.

    Israel “não teve sucesso em seus principais objetivos em Gaza”, diz ele, o que resultou em uma situação em que o governo israelense sente que deve “reafirmar seu conceito de dissuasão na frente norte com o Hezbollah”.

    3. Hezbollah enfraquecido e menos chances de conflito

    A correspondente persa da BBC no Oriente Médio, Nafiseh Kohnavard, está em Beirute e assistiu ao discurso de Hassan Nasrallah.

    Ela enfatiza a impressão de que os ataques foram um golpe enorme para o Hezbollah — Nasrallah disse que eles foram significativos e os chamou de “grande teste” que o grupo nunca havia enfrentado antes.

    Isso mostra o quão difícil é a situação para eles, acrescenta Kohnavard. Segundo ela, a maioria dos que foram feridos no ataque faz parte de grupos de elite de combatentes jovens, mas altamente treinados. E ainda hoje, a troca de tiros entre os dois países continua.

    Tudo o que ocorreu não impedirá o grupo de tomar mais medidas, mas certamente teve um efeito, afirma a correspondente.

    Mas é preciso também ter em mente que o Hezbollah tem aliados que asseguram que não apenas o grupo, mas o próprio Líbano, são uma linha vermelha que não pode ser cruzada por Israel.

    E entre esses aliados estão o Irã, grupos paramilitares xiitas iraquianos e os houthis do Iêmen.

    Um membro de um grupo paramilitar afirmou à correspondente que seus homens transitam pelo Líbano e cooperam com o Hezbollah.

    Esses grupos lutaram lado a lado na Síria por anos e agora o Hezbollah pode contar com o apoio deles. Isso significa que, enquanto os ataques no Líbano foram eficazes, o Hezbollah como grupo tem profundo apoio regional, diz Nafiseh Kohnavard.

    4. Os ataques aos ‘pagers’ do Líbano não fazem parte de uma estratégia mais ampla

    Pessoas doam sangue em Beirute um dia após explosões de pagers atingirem a cidade e o resto do país
    Crédito,EPA-EFE/REX/Shutterstock – Pessoas doam sangue em Beirute um dia após explosões de pagers atingirem a cidade e o resto do país

    Outra teoria levantada aponta que a agência de espionagem israelense Mossad havia instalado os explosivos nos dispositivos de comunicação para serem acionados apenas no caso de um conflito total no vizinho Líbano, explica o correspondente de segurança da BBC Gordon Corera.

    Mas o Hezbollah teria ficado desconfiado sobre o plano, o que obrigou a Mossad a usar seu trunfo surpresa antes que perdesse a oportunidade. Com isso, os pagers foram acionados num dia, e os walkie-talkies acabaram ativados no dia seguinte.

    A hipótese feita antes dos ataques de sexta era de que se, de fato, Israel decidiu agir para não desperdiçar essa vantagem, não haveria certeza de um plano mais amplo por trás do lançamento do ataque, segundo Corera.

    Essa possibilidade, porém, pode ser bastante questionada diante do bombardeio que parece ter sido planejado por Israel para matar os comandantes do Hezbollah.

    Amjad Iraqi, da Chatham House, sugere que a operação de transformar pagers e walkie-talkies em dispositivos explosivos levou meses, se não anos, para ser feita. Mas o porquê ela foi acionada agora tem sido objeto de especulação.

    “Algumas reportagens afirmam que o Hezbollah estava descobrindo que esses dispositivos poderiam ter sido adulterados de alguma forma”, diz Iraqi.

    “Outras dizem que houve um esforço mais estratégico e concentrado no sentido de que, à medida que os israelenses estão lentamente reduzindo as operações em Gaza, eles agora estão se inclinando e se preparando cada vez mais em direção ao Líbano.”

  • Com dificuldades na América Latina, Lula foca em fome, crise climática e democracia para tentar projetar liderança do Brasil na ONU

    Com dificuldades na América Latina, Lula foca em fome, crise climática e democracia para tentar projetar liderança do Brasil na ONU

    Pela segunda vez em apenas cinco anos, o presidente do Brasil abrirá a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos, enquanto o país literalmente pega fogo.

    Mas Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao contrário do que fez seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), em 2019, não deverá minimizar o problema.

    Diante de uma ONU dividida pelo momento delicado na geopolítica global, na manhã de terça-feira (24/9), Lula deverá usar o catastrófico cenário de incêndios — considerados os piores nos últimos 20 anos tanto na Amazônia quanto no Pantanal, segundo o Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus, da União Europeia — como exemplo do que o mundo todo deve enfrentar em breve e prova da urgência em implementar uma agenda de combate a mudanças climáticas globalmente.

    Em que pese a responsabilidade do governo, que, como admitiu o próprio Lula, não estava “100% preparado” para lidar com a situação, o presidente brasileiro deve responsabilizar a associação de fenômenos como El Niño e comportamentos humanos criminosos e predatórios em relação ao meio ambiente pelas cenas de destruição.

    Integrantes do governo têm usado o termo “terrorismo” para se referir aos possíveis atos criminosos que detonaram as queimadas, embora ressaltem que o governo Lula não pretende se vitimizar no palco internacional.

    O presidente deverá ainda citar outros eventos climáticos extremos ao redor do mundo.

    Tudo isso para argumentar que o tempo de ação para os líderes globais está se esgotando e que o mundo pode em breve atingir um ponto de não retorno que comprometeria a própria sobrevivência humana.

    A urgência que o presidente deverá imprimir ao tema em seu discurso ainda não é uma unanimidade em seu próprio gabinete ministerial.

    Enquanto o Brasil organiza a COP30, a ser realizada em novembro de 2025 em Belém, parte do governo defende, por exemplo, a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, algo a que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), se opõe.

    Além disso, o plano da Petrobras, de quem o governo é acionista majoritário, é seguir ampliando a produção diária de barris de petróleo até chegar a 5,3 milhões de barris por dia em 2030.

    A queima de combustíveis fósseis está diretamente relacionada ao aquecimento do planeta.

    No domingo (22/9), Lula fez um discurso na Cúpula do Futuro, um evento da ONU. Ele criticou a falta de ação internacional para cumprir as metas de desenvolvimento sustentável — que segundo Lula “foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos, e caminham para se tornar o nosso maior fracasso coletivo”.

    Incêndio na Amazônia
    Bruno Kelly/REUTERS Lula deve usar o cenário de incêndios – que ameaça diversos biomas do país – como exemplo do que o mundo todo deve enfrentar em breve

    Menos grandioso

    A atmosfera para a Assembleia Geral da ONU agora é significativamente distinta da vista no ano passado — tanto na forma como no conteúdo.

    Se em 2023 Lula chegou a Nova York com uma grande delegação e “certa pompa e efeito surpresa”, como definiu um embaixador brasileiro que acompanha a agenda, “agora, já não há mais que se falar que ‘o Brasil voltou’, a posição internacional já está restabelecida”.

    A delegação foi reduzida, e há “uma bem-vinda austeridade”, adicionou o mesmo diplomata, em conversa reservada com a BBC News Brasil.

    Acusado pela oposição de gastos excessivos com hotel e viagens em 2023 — o que, na visão do Planalto, teria afetado a popularidade do governo —, Lula optou desta vez por se hospedar na residência do representante do Brasil na ONU.

    Ministros com agendas paralelas à do presidente, como Fernando Haddad (PT), da Fazenda, viajaram em voo de carreira.

    “Será algo menos grandioso e ambicioso agora, até porque o discurso é confrontado com a realidade”, afirma Guilherme Casarões, professor de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

    “Lula deve se concentrar em três aspectos nos quais o Brasil realmente tem a contribuir. Além das mudanças climáticas, o combate global à fome e à pobreza e a reforma de mecanismos multilaterais.”

    No combate à fome, o Brasil tem tentado exportar experiências domésticas bem-sucedidas, como o programa Bolsa Família, ao mesmo tempo em que se esforça para construir uma rede internacional para criação e adoção de novas políticas públicas no tema: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza Extrema, lançada no âmbito do G-20.

    Em Nova York, Lula deverá receber das mãos do fundador da Microsoft e filantropo Bill Gates um prêmio por sua trajetória no combate à fome — ele quer atrair recursos do bilionário para a causa.

    Já na proposta de reforma da governança global, o governo do petista repisa uma pauta tradicional da diplomacia brasileira.

    Desta vez, diplomatas brasileiros chegaram a cogitar a evocação do artigo 109 da Carta das Nações Unidas para, com maioria qualificada na Assembleia Geral, forçar uma reconfiguração de órgãos como o Conselho de Segurança, cada vez mais travado por três dos cinco membros permanentes e com poder de veto: Estados Unidos, China e Rússia.

    Na representação brasileira em Nova York, houve até quem se pusesse a pensar em como chegar a uma espécie de “Constituinte” para a ONU.

    Mas cinco diplomatas brasileiros com expertise no assunto com quem a BBC News Brasil conversou demonstraram dúvida sobre a viabilidade ou a conveniência de lançar algo nesta linha no discurso do presidente e anteviam que a questão deveria ficar em aberto até instantes antes de Lula subir ao púlpito da Assembleia Geral.

    Eles argumentam que, hoje, as negociações multilaterais “são muito mais difíceis” e “travadas” do que nos dois primeiros mandatos do petista e que qualquer ideia é lançada em um “terreno polarizado e desfavorável”.

    Propostas de reforma mal colocadas poderiam gerar o indesejável resultado de uma piora nas condições de negociação multilaterais.

    Prova da dificuldade foi dada no último domingo (22/9), quando a Rússia tentou derrubar um compromisso proposto pelo Secretário Geral da ONU, António Guterres, batizado de Pacto do Futuro, que tentava atualizar certas regras da relação multilateral.

    Entre outros pontos, o pacto propõe reformar o Conselho de Segurança até 2030, aliviar a dívida internacional para os países mais pobres e reformar os organismos financeiros como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial nos próximos seis anos.

    O texto acabou aprovado por 143 votos, mas não por consenso como boa parte da plenária desejava.

    Em breve manifestação na ONU, Lula comemorou os avanços trazidos pelo pacto, mas afirmou que “nos faltam ambição e ousadia” para melhorar a representatividade das Nações Unidas, onde o Sul Global estaria sub representado.

    Ele voltará à carga em seu discurso na Assembleia Geral, e Lula deverá usar o atual conflito em Gaza como exemplo da disfuncionalidade da ONU, da incapacidade dos líderes de buscarem e implementarem soluções pela paz e impedirem tragédias humanitárias.

    Depois de ter comparado a situação dos palestinos com o Holocausto — o que gerou uma resposta dura de Israel e uma crise diplomática entre os dois países —, Lula não repetirá a dose, mas, segundo um de seus auxiliares, frisará a desproporcionalidade do uso da força por Israel.

    Menos América Latina, mais G-20

    Não por acaso, fome, clima e reforma de mecanismos multilaterais são os mesmos temas que o Brasil tem pautado no G20, grupo das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana, do qual o país é o atual presidente.

    Segundo um embaixador brasileiro, Lula tenta “promover a confluência entre a Assembleia Geral e o G20”.

    Em Nova York, ele patrocinará a primeira reunião do bloco das 20 maiores economias do mundo estendida à audiência da Assembleia Geral.

    Cerca de 90 países confirmaram presença no evento, de acordo com a assessoria do Planalto.

    Diante de uma série de derrotas recentes para sua liderança regional, a agenda G20 tem se mostrado prioritária para o Brasil.

    Na América Latina, que Lula pretendia liderar, o argentino Javier Milei se recusa a participar de reuniões do bloco do Mercosul, e o venezuelano Nicolás Maduro descumpriu os termos do acordo de Barbados para garantir a lisura das eleições presidenciais, aprofundando a crise no país — e tem fustigado o Brasil em suas tentativas de mediação.

    O México deixou as conversas tripartites que os brasileiros promoviam com a Colômbia para buscar saídas para a situação venezuelana.

    De outro lado, Lula foi criticado por Gabriel Boric por, segundo o líder chileno, deixar de condenar em termos mais fortes o que ele vê como um recrudescimento autoritário na Venezuela.

    Até mesmo a Nicarágua, de Daniel Ortega, historicamente um aliado do petista, tem imposto constrangimentos diplomáticos ao Brasil, por não endossar medidas tidas por Brasília como autoritárias.

    Para um embaixador brasileiro que atua na região e falou reservadamente à BBC News Brasil, “é impossível hoje liderar o Sul Global”, porque “não parece existir uma agenda mínima com que esses países pareçam concordar”.

    “Os problemas estão aí e não se pode negá-los, mas diante disso, qual seria a alternativa? Se retirar?”, questiona Dawisson Belém Lopes, professor de política internacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

    “Para o Brasil, interessa o multilateralismo para aumentar seu peso e condição de negociação no mundo. E, se não Lula, quem poderia ser este líder? Talvez (o primeiro-ministro indiano Narendra) Modi, mas não há muitas opções.”

    Para Lopes, o que o governo Lula tem tentado e seguirá tentando é “se credenciar como um interlocutor confiável tanto do Sul como do Norte, ser um promotor e um fiador de diálogos”.

    Montagem com imagens de Alexandre de Moraes, logo da rede social X e Elon Musk
    Rosinei Coutinho/STF, Getty, Reuters Lula deve citar o recente imbróglio entre o bilionário dono da plataforma X, Elon Musk, e o STF para falar sobre a extrema-direita e discursos de ódio com outros países

    Musk, democracia e Venezuela

    É nesta posição que o Brasil copatrocinará, junto com a Espanha, o evento Em defesa das democracias, combatendo extremismos.

    Quando foi pensado por Lula e o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, o foco do evento era a atuação da direita radical com milícias digitais, algo que preocupa as duas administrações.

    De acordo com um auxiliar de Lula, o plano é que cada país apresente uma espécie de “cardápio de soluções para lidar com a extrema direita e discursos de ódio”.

    “Se a extrema direita está todo o tempo se articulando internacionalmente, por que os democratas também não deveriam fazê-lo?”, explica esse mesmo auxiliar.

    Devem participar da conversa os líderes de Chile, Boric, do Canadá, Justin Trudeau e da França, Emmanuel Macron.

    Em maior ou menor grau, os três têm tido sua liderança doméstica colocada em xeque por movimentos de direita em cada um desses países.

    No caso do Brasil, Lula deve salientar a recente contenda entre o bilionário dono da plataforma X, Elon Musk, e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a derrubada de perfis que espalhariam falsas notícias e a necessidade de representação legal da rede no Brasil.

    A escalada da disputa judicial culminou na decisão de Moraes de suspender o acesso ao X em todo o país.

    O governo Lula defende que este é um exemplo exitoso de preservação da soberania nacional frente a ataques extremistas externos, a despeito de críticas indiretas de países como os Estados Unidos, que, por meio de sua embaixada em Brasília, salientaram a importância da garantia à “liberdade de expressão” ao comentar o caso.

    O assunto também deve entrar no discurso de Lula, que, sem citar Musk, deixará claro que fala sobre o bilionário.

    “Seremos sempre intolerantes com qualquer pessoa, tenha a fortuna que tiver, que desafie a legislação brasileira”, disse Lula em pronunciamento oficial de rádio e TV por ocasião do 7 de setembro.

    O recente aprofundamento da crise venezuelana, no entanto, que levou o candidato à Presidência pela oposição, Edmundo Gonzalez, a pedir asilo na Espanha deve forçar o tema na mesa do encontro, o que pode causar constrangimentos ao Brasil.

    “Se virar algo sobre a Venezuela, acabou o evento”, afirmou à BBC News Brasil um embaixador brasileiro com conhecimento do assunto.

    Os diplomatas do Brasil defendem que este não é o foro ideal para o assunto, mas admitem que é possível que Sánchez tenha interesse de discutir possíveis ideias para a questão da Venezuela, a serem tentadas ainda antes da posse de Maduro, marcada para janeiro.

    Auxiliares do presidente defendem que Lula cite a situação da Venezuela em seu discurso no plenário da Assembleia Geral da ONU, mas a intenção é que o modo como essa menção acontecerá permita que o Brasil siga sustentando conversas tanto com Maduro quanto com a oposição.

    Ainda às margens da ONU, o Brasil fará com a China uma reunião com cerca de 20 países do Sul Global, entre os quais estariam Índia, África do Sul e Indonésia, para debater opções para o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia.

    Nenhum dos dois países envolvidos diretamente no conflito, no entanto, participará do evento, que tampouco contará com a presença do próprio Lula.

    Embora o presidente tenha tentado exercer papel direto na mediação do conflito no ano passado, com declarações que foram alvo de críticas no Brasil e no exterior, não houve qualquer tipo de avanço prático promovido pelo brasileiro no cenário.

    Clinton e Gates

    Além dos eventos multilaterais nas Nações Unidas e às suas margens e de reuniões bilaterais com Macron, Sánchez, o primeiro-ministro alemão Olaf Scholz, o primeiro ministro haitiano, Garry Conille e a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, este ano Lula optou por comparecer em dois eventos laterais, que lhe conferem prestígio pessoal.

    Ele discursará na iniciativa Global Clinton, após convite feito por telefone, em agosto, pelo ex-presidente americano Bill Clinton, que patrocina o evento.

    E participará de um talk-show com Bill Gates na premiação anual Goalkeepers, da Fundação Bill e Melinda Gates, em que será laureado por seu trabalho em combater a fome.

    Nos dois casos, ele espera levantar doações para suas agendas ambiental e de combate à fome junto aos bilionários americanos que circulam nesse tipo de evento.

    E também enriquecer seu portfólio como personalidade e líder global de expressão mundial.

    BBC