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  • Lula diz não ver razões para ligar para Trump: “Não vou me humilhar”

    Lula diz não ver razões para ligar para Trump: “Não vou me humilhar”

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não ligou para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “porque ele não quer telefonema”.

    “Eu não tenho por que ligar para o presidente Trump porque, nas cartas que ele mandou e nas decisões, ele não fala em nenhum momento em negociação. O que ele faz é novas ameaças”, afirmou Lula, em entrevista à agência de notícias Reuters veiculada nesta quarta-feira (6).

    “Não vou me humilhar”, acrescentou.

    Na última sexta-feira (1º), Donald Trump afirmou que Lula poderia ligar para ele “a qualquer momento” para discutir tarifas e outros conflitos entre os países.

    Em entrevista à jornalistas no jardim da Casa Branca, Trump disse: “Ele pode falar comigo quando quiser. Vamos ver o que acontece, eu amo o povo brasileiro” e finalizou afirmando que “as pessoas que governam o Brasil fizeram a coisa errada”.

    A fala do presidente dos EUA acontece após a oficialização das tarifas de 50% aos produtos brasileiros na terça-feira (30). A taxação entrou em vigor hoje.

    Lula designou o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), para dialogar com os Estados Unidos. Segundo o governo brasileiro, canais de diálogo têm sido estabelecidos entre autoridades dos dois países.

    Alckmin já conversou Howard Lutnick, secretário do Comércio dos Estados Unidos, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, planeja uma segunda conversa com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, preparando terreno para uma possível comunicação direta entre Lula e Trump.

    CNN

  • Alcolumbre e Hugo ensaiam resposta conjunta à oposição

    Alcolumbre e Hugo ensaiam resposta conjunta à oposição

    Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tem conversado desde terça-feira (5) sobre uma saída conjunta para o impasse em torno da obstrução nos trabalhos do Congresso.

    Para parlamentares do centrão, Hugo e Alcolumbre precisam fazer um aceno à oposição diante do que descrevem como um desconforto generalizado depois de ameaças do governo americano sobre sanções a autoridades brasileiras.

    Por isso, não descartam a possibilidade de a Câmara votar um texto consensuado sobre anistia para encerrar o embate.

    Uma versão alternativa do PL da Anistia, como antecipou a CNN, estava sendo discutida entre Hugo e Alcolumbre. Bolsonaro também participava das negociações.

    Essa versão não contemplaria o próprio Bolsonaro. O texto focaria na tipificação, em só crime, do que hoje tem dois enquadramentos distintos: tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de direito.

    A ideia do projeto “light” de anistia é reduzir as penas totais de quem já foi condenado e, com isso, acelerar a liberdade de pessoas que já cumpriram tempo de suficiente de condenação.

    CNN

  • Brasil abre processo na OMC contra tarifas impostas por Donald Trump

    Brasil abre processo na OMC contra tarifas impostas por Donald Trump

    O governo brasileiro formalizou nesta quarta-feira (6) o início de um processo de solução de controvérsias contra os Estados Unidos na OMC (Organização Mundial do Comércio), em razão das tarifas de 50% impostas por Washington a produtos brasileiros desde o governo Donald Trump. O primeiro passo foi a solicitação de abertura de consultas com os EUA, mecanismo previsto pelas regras da OMC. A partir de agora, os dois países têm 60 dias para tentar chegar a um acordo negociado. Caso não haja consenso, o Brasil poderá pedir a instalação de um painel — espécie de tribunal dentro da organização.

    No pedido, o Brasil alega que as tarifas violam dois dispositivos centrais do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (Gatt), de 1947, que deu origem à Organização Mundial do Comércio. O primeiro é a Cláusula da Nação Mais Favorecida, que obriga os países a concederem os mesmos benefícios tarifários a todos os membros da OMC. O segundo trata das concessões tarifárias, que proíbem o aumento unilateral de tarifas sem negociação com os demais países afetados.

    A medida tem forte valor simbólico e foi tomada em meio a um esforço diplomático brasileiro em defesa do sistema multilateral de comércio. Na última reunião do Conselho Geral da OMC, em julho, o Brasil recebeu o apoio de 40 países ao criticar a escalada de tarifas internacionais. Apesar do avanço do processo, uma solução definitiva pode enfrentar obstáculos. A etapa final do mecanismo de solução de controvérsias da OMC — o Órgão de Apelação — está paralisada desde 2019, quando os Estados Unidos passaram a bloquear a nomeação de novos juízes.

    Com isso, mais de 20 decisões de painéis ficaram sem desfecho, já que os recursos apresentados “no vácuo” não podem ser julgados. Ainda assim, o governo brasileiro aposta na visibilidade política do caso e na possibilidade de reunir apoio internacional para pressionar os EUA por uma saída negociada.

    Fonte Jovem Pan Publicado por Felipe Dantas

    *Reportagem produzida com auxílio de IA

  • Quem é a esposa de Alexandre de Moraes que Trump quer sancionar após prisão de Bolsonaro

    Quem é a esposa de Alexandre de Moraes que Trump quer sancionar após prisão de Bolsonaro

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trumpavança para aplicar penalidades à esposa de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida de Trump responder o decreto de prisão domiciliar a Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo magistrado.

    Quem é Viviane de Moraes

    Moraes é casado com a, também advogada, Viviane Barci de Moraes. Ela comanda o Barci de Moraes Sociedade de Advogados, um escritório localizado na cidade de São Paulo. Dois dos três filhos, que ela e o magistrado tiveram, aparecem no quadro societário da firma de advocacia. Viviane é formada pela Faculdade de Direito da Universidade Paulista (UNIP).

    Em abril de 2025, foi anunciado que o Banco Master contratou o escritório Barci de Moraes. Viviane representa o banco em algumas ações, mas o mesmo não revela quais ou quanto ela recebe. Segundo informações do O Globo, não consta no acervo processual do STF ações do Master em que Viviane seja advogada. Por outro lado, ela atua em pelo menos outros 30 processos públicos no Supremo.

    O mesmo escritório atuou na defesa de Moraes e de sua família na investigação sobre o episódio em que o ministro teria sido agredido por brasileiros no aeroporto de Roma, em julho de 2023.

    Esposa de Alexandre de Moraes pode ser sancionada por Trump

    Em entrevista ao Metrópoles, Eduardo Bolsonaro (PL) afirmou que Viviane deverá ser sancionada pela Casa Branca por ser “braço financeiro” do marido.

    — O próprio relógio que ele utiliza, de um padrão de altíssimo luxo, demonstra que não sobrevive apenas com o seu salário. E essa renda vem da sua esposa Viviane — disse o deputado.

    Até o momento, as restrições a Viviane Barci de Moraes são a medida mais concreta em análise. Washington entende que sancionar a advogada seria uma “extensão” das medidas que já afetam Alexandre de Moraes por meio da Lei Magnitsky.

    Na visão da Casa Branca, a sanção impactará, de forma significativa, as atividades do escritório Barci de Moraes, ao impedir que seja contratado por norte-americanos e pessoas e empresas que tenham negócios com os Estados Unidos.

    *Sob supervisão de Pablo Brito

    NSC TOTAL

  • Rússia diz que reunião de Putin e enviado de Trump foi “útil e construtiva”

    Rússia diz que reunião de Putin e enviado de Trump foi “útil e construtiva”

    As conversas entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, foram “úteis e construtivas”, informou o assessor de política externa do governo russo, Yuri Ushakov, nesta quarta-feira (6).

    Witkoff manteve cerca de três horas de conversas com Putin no Palácio do Kremlin, dois dias antes do término do prazo estabelecido pelo presidente Donald Trump para que a Rússia concordasse com a paz na Ucrânia ou enfrentasse novas sanções.

    Ushakov disse ao canal de notícias russo Zvezda que os dois lados discutiram o conflito na Ucrânia e o potencial para melhorar as relações entre EUA e Rússia. Afirmando que Moscou recebeu certos “sinais” de Trump e enviou mensagens em troca.

    Entenda a guerra na Ucrânia

    A Rússia iniciou a invasão em larga escala da Ucrânia em fevereiro de 2022 e detém atualmente cerca de um quinto do território do país vizinho.

    Ainda em 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, decretou a anexação de quatro regiões ucranianas: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia.

    A Ucrânia tem realizado ataques cada vez mais ousados dentro da Rússia e diz que as operações visam destruir infraestrutura essencial do Exército russo.

    O governo de Putin, por sua vez, intensificou os ataques aéreos, incluindo ofensivas com drones.

    Os dois lados negam ter como alvo civis, mas milhares morreram no conflito, a grande maioria deles ucranianos.

    CNN
  • Moraes autoriza visita de filhos e netos a Bolsonaro

    Moraes autoriza visita de filhos e netos a Bolsonaro

    O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou visita de filhos, cunhadas e netos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) informou à CNN que solicitaria a visita nesta quarta-feira (6), assim como o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ).

    Na terça-feira (5), o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, visitou Bolsonaro com autorização da Suprema Corte. Após o encontro, relatou que o dirigente da direita não está feliz.

    Bolsonaro cumpre prisão domiciliar após ter desrespeitado medidas cautelares impostas pela Suprema Corte. A decisão de Moraes tem respaldo interno no STF e teve apoio da maioria dos magistrados.

    Os partidos de oposição têm se queixado da determinação e iniciaram na quarta-feira (5) uma obstrução nos plenários do Congresso Nacional.

    Os presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), já criticaram o protesto oposicionista e devem se reunir com líderes para tratar do assunto.

  • “Lamentável”, diz Kassab sobre prisão domiciliar de Bolsonaro

    “Lamentável”, diz Kassab sobre prisão domiciliar de Bolsonaro

    O secretário de Governo e Relações Institucionais do governo paulista e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, se solidarizou com Jair Bolsonaro (PL) após a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente.

    “Lamento a prisão do ex-presidente, sem entrar no mérito da questão. Ter alguém preso é sinal de que as coisas não vão bem. É tudo que o país não precisava, esse enfrentamento, esse desgaste, essa escalada. É lamentável o que o país está vivendo. Os exageros, os extremos, estão contaminando o Brasil. Lamento que estejamos vivendo esse processo, tudo que não precisamos é passar por isso.”, disse Kassab em nota enviada à CNN.

    Principal aliado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), Kassab foi duramente criticado por bolsonaristas no ano passado pela presença do PSD no governo Lula – o partido ocupa três ministérios.

    Bolsonaro chegou a orientar o PL a não apoiar candidatos do PSD nas eleições municipais. Mas a busca de votos para o projeto de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro levou o ex-presidente a mudar de posição.

    Em junho, Kassab recebeu de Bolsonaro a “Medalha do Imbroxável” em um evento em Presidente Prudente, no interior de São Paulo.

    CNN

  • Moraes descarta recuar sobre prisão domiciliar de Bolsonaro

    Moraes descarta recuar sobre prisão domiciliar de Bolsonaro

    O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), descarta recuar da decisão que impôs a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A auxiliares, ele tem dito que, a despeito de qualquer crítica, não deve rever a medida.

    Embora uma ala da Corte considere a domiciliar “exagerada” e até “desnecessária” diante da proximidade do julgamento definitivo da ação penal sobre a trama golpista, Moraes ainda conta com o apoio da maioria dos colegas, especialmente os da Primeira Turma.

    As decisões do ministro, relator das investigações contra Bolsonaro, têm sido referendadas pela maioria do colegiado. Os ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia costumam acompanhá-lo. Já o ministro Luiz Fux oscila e tem apresentado divergências.

    Nesta quarta-feira (6), o decano do STF, Gilmar Mendes, negou que a decisão tenha causado desconforto entre ministros da Corte. “O Alexandre tem toda a nossa confiança e o nosso apoio”, disse, durante evento do Instituto Esfera Brasil.

    Internamente, a avaliação dos ministros é de que o recurso que será interposto pela defesa de Bolsonaro, pedindo a revogação da prisão, não deve prosperar. Os advogados alegam que não houve descumprimento das cautelares, mas Moraes está convicto do contrário.

    O entorno do relator afirma que há mais chances de a prisão domiciliar ser convertida em preventiva – caso haja novos descumprimentos – do que de o ministro voltar atrás e “aliviar” para Bolsonaro.

    CNN

  • WhatsApp cancela 6,8 milhões de contas ligadas a golpes

    WhatsApp cancela 6,8 milhões de contas ligadas a golpes

    WhatsApp cancelou 6,8 milhões de contas vinculadas a golpistas em todo o mundo no primeiro semestre deste ano, segundo a Meta.

    Muitas das contas estavam vinculadas a centros organizados por criminosos em países do Sudeste Asiático. Segundo a Meta, esse centros frequentemente utilizavam trabalho forçado em suas operações.

    O WhatsApp está implementando novas medidas antigolpes para alertar os usuários sobre possíveis atividades fraudulentas, como a adição de um usuário a um grupo por alguém que não está em sua lista de contatos.

    Uma tática cada vez mais comum entre golpistas envolve sequestrar contas do WhatsApp ou adicionar usuários a grupos que promovem esquemas falsos de investimento e outros golpes.

    A Meta afirmou que o WhatsApp “detectou e removeu contas antes que fossem colocadas em operação por grupos golpistas”.

    Em um caso, o WhatsApp trabalhou com a Meta e a OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT, para interromper golpes vinculados a um grupo criminoso do Camboja que oferecia dinheiro em troca de curtidas em postagens nas redes sociais para promover um esquema de pirâmide falso de aluguel de scooters.

    A Meta disse que os golpistas usaram o ChatGPT para criar as instruções enviadas às potenciais vítimas.

    Normalmente, os fraudadores primeiro contatavam os alvos em potencial por mensagem de texto antes de transferir a conversa para as redes sociais ou aplicativos de mensagens privadas, afirmou a Meta.

    Esses golpes geralmente eram realizados em plataformas de pagamento ou criptomoedas.

    “Sempre há algo estranho, e isso deveria ser um sinal de alerta para todos: você precisa pagar adiantado para receber os retornos ou ganhos prometidos”, afirma a nota da Meta.

    Há centros de criminosos que roubam bilhões de dólares enganando as pessoas com golpes operando a partir de países do Sudeste Asiático, como Mianmar, Camboja e Tailândia.

    Esses centros também são conhecidos por recrutar pessoas que são forçadas a aplicar os golpes.

    As autoridades da região têm alertado as pessoas para que fiquem atentas a possíveis fraudes e utilizem medidas antigolpe, como o recurso de verificação em duas etapas do WhatsApp, para ajudar a proteger suas contas contra sequestro.

    Em Singapura, a polícia também alertou usuários para que fiquem atentos a quaisquer solicitações incomuns recebidas em aplicativos de mensagens.

  • Trump x Brics: por que o bloco incomoda tanto o presidente dos EUA?

    Trump x Brics: por que o bloco incomoda tanto o presidente dos EUA?

    Ao anunciar a imposição de tarifas de 25% para produtos importados da Índia nos Estados Unidos, Donald Trump usou a participação do país no Brics como um dos agravantes para sua decisão.

    “Eles têm o Brics, que é basicamente um grupo de países que são anti-Estados Unidos”, disse o presidente americano à repórteres na Casa Branca na última quarta-feira (30/1). “É um ataque ao dólar, e não vamos deixar ninguém atacar o dólar.”

    Trump também sinalizou a intenção de impor sanções aos países membros do bloco, mas não deu detalhes sobre a medida.

    O republicano já havia manifestado a possibilidade após a última cúpula do Brics no Rio de Janeiro, quando os membros do bloco criticaram as políticas tarifárias dos EUA e propuseram reformas no Fundo Monetário Internacional (FMI) e na valorização das principais moedas além do dólar.

    As importações brasileiras serão alvo de uma tarifa de 50% a partir desta quarta, 6 agosto — quase 700 produtos, porém, ficarão isentos da nova tarifa, entre eles suco de laranja, aeronaves e petróleo.

    O presidente americano usou o processo no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é réu como principal justificativa para a adoção das tarifas. Segundo Trump, seu aliado seria vítima de um “tratamento injusto” na ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) por uma suposta tentativa de golpe de Estado.

    O republicano não mencionou diretamente o Brics em suas justificativas sobre o Brasil, mas já havia afirmado no início de julho que qualquer país que se aliasse “às políticas antiamericanas do Brics” receberia uma tarifa adicional de 10%.

    “Não haverá exceções a essa política”, escreveu Trump nas redes sociais na ocasião.

    Mas o que explica a hostilidade de Donald Trump em relação ao grupo?

    Uma alternativa para o mundo

    O Brics é formado atualmente por Brasil, Rússia, China, Índia, Irã, Etiópia, Indonésia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos e Egito. O bloco representa quase a metade da população mundial e 40% da riqueza produzida globalmente.

    Alguns analistas veem um elemento antiocidental no bloco, dada a presença de países como o Irã.

    Para Marta Fernandez, professora de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e diretora do BRICS Policy Center, Trump também enxerga o bloco como uma força anti-hegemônica e, consequentemente, anti-americana.

    “Desde a fundação, o bloco disputa os contornos daquilo que a gente chama de nova ordem mundial”, diz Fernandez.

    “O Brics tem demonstrado um compromisso com uma ordem multipolar e mais descentralizada, tanto em termos políticos, quanto financeiros e monetários. E isso desafia a hegemonia que os Estados Unidos vem desfrutando desde o pós-Segunda Guerra Mundial.”

    Chefes de Estado do Brasil, China, África do Sul e Índia e o chanceler russo em encontro do Brics de 2023
    Getty Images-Chefes de Estado do Brasil, China, África do Sul e Índia e o chanceler russo em encontro do Brics de 2023

    Lucas Leite, professor da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), afirma ainda que a demanda de outros países por entrada no Brics nos últimos anos pode ser entendida pelo governo Trump como uma “ameaça” para os EUA.

    No início de 2024, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos se juntaram ao bloco. Em janeiro de 2025, a Indonésia fez o mesmo.

    A Arábia Saudita e a Argentina foram convidadas a se juntar. O país sul-americano rejeitou a oferta, enquanto a potência do Golfo Pérsico não formalizou sua adesão até agora.

    Em 2023, autoridades do Brics afirmaram que mais de 40 países haviam expressado interesse em fazer parte do grupo, entre eles Paquistão, Turquia, Argélia, Bolívia, Cuba e Cazaquistão.

    “Trump vê que o Brics representa uma possibilidade de escolha para os demais países”, opina Leite. “E, mais do que isso, a capacidade de atores fora do Ocidente poderem atuar e construir alternativas próprias, sem depender necessariamente da lógica da negociação com os países do Ocidente, em especial com os EUA.”

    Ainda segundo o pesquisador, o bloco oferece alternativas a instituições como o FMI e o Banco Mundial por meio de empréstimos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como o “banco do Brics”, e de investimentos diretos de países como China e Índia.

    A busca por reformas em organismos internacionais como o Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Organização Mundial do Comércio (OMC) também pode ser vista como uma ameaça pelo atual governo americano, opina Marta Fernandez.

    “O bloco vem desafiando o poder de veto que os Estados Unidos detém sobre o sistema financeiro internacional, não só por meio do NBD, mas também das demandas por redistribuição do sistema de cotas a partir de uma maior representação de países em desenvolvimento nas instituições de Bretton Woods (como são conhecidas instituições como o FMI e o Banco Mundial, estabelecidas durante a Conferência de Bretton Woods, em 1944).”

    Ameaça à hegemonia do dólar?

    Outro ponto que pode incomodar a Casa Branca, dizem os especialistas, são as discussões sobre alternativas ao dólar conduzidas no âmbito do bloco.

    O dólar é tradicionalmente a moeda usada em transações comerciais entre os países membros do Brics. Mas a ideia de criação de uma opção ganhou força em 2023, com o apoio da Rússia a mudanças no formato das transações.

    Os bancos russos foram excluídos do sistema de pagamentos Swift, que promove a comunicação entre instituições financeiras, como parte das sanções internacionais após a invasão da Ucrânia, e tem promovido o estabelecimento de uma plataforma digital próprias para transações entre os membros do bloco e outras soluções para minimizar os impactos do bloqueio.

    O Brics também já ampliou o uso das moedas nacionais de seus membros no comércio interno, em especial o renminbi chinês, e tem discutido a criação de uma moeda própria.

    Nada oficial foi anunciado até agora, mas os líderes afirmam que pretendem continuar avançando nas discussões.

    “Cansamos de ser subordinados ao Norte”, disse o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a última cúpula dos Brics no Rio de Janeiro.

    “Queremos ter independência nas nossas políticas, queremos fazer comércio mais livre e as coisas estão acontecendo de forma maravilhosa. Estamos discutindo, inclusive, a possibilidade de ter uma moeda própria, ou quem sabe com as moedas de cada país a gente fazer comércio sem precisar usar o dólar.”

    Lula defende a adoção de uma moeda diferente do dólar para comércio entre países do grupo há anos.

    Por tudo isso, diz Fernandez, Trump vê o Brics “tentando destronar o dólar”. “Isso é percebido como um ato de guerra, como uma provocação existencial aos Estados Unidos”, avalia a especialista.

    Durante um evento sobre criptomoedas em meados de julho, o presidente americano ameaçou o bloco, dizendo que o Brics acabaria “muito rapidamente” se seguisse adiante com seus planos.

    “Quando ouvi falar desse grupo do Brics, basicamente seis países, fiquei muito, muito chateado. Em se eles realmente se formarem de forma significativa, isso acabará muito rápido”, afirmou Trump, destacando que estava comprometido em preservar a liderança global do dólar.

    Tarifas contra o Brasil têm relação com o Brics?

    Nos últimos meses, o governo de Donald Trump anunciou tarifas mais altas para praticamente todos os seus parceiros comerciais. Segundo o líder republicano, sua intenção é criar “tarifas recíprocas”, para restabelecer um campo de jogo “justo”, obrigar nações a reduzir barreiras comerciais e corrigir déficits bilaterais.

    Além da Índia, outros membros do Brics foram afetados pelas tarifas. O Brasil recebeu uma das taxas mais altas do mundo, de 50%. Etiópia, Egito e Emirados Árabes Unidos enfrentarão uma tarifa de 10%, Indonésia de 19% e África do Sul e China de 30%.

    Essas taxas começam a ser aplicadas nesta semana. A China, porém, segue um calendário distinto e ainda trava negociações diretas com autoridades americanas, devendo começar a ser taxada em 12 de agosto.

    Para Lucas Leite, a participação de países no Brics provavelmente influenciou a decisão de Trump de incluí-los em seu tarifaço, mas não foi o único motivo.

    “As taxas para os países dos Brics variam muito e até a Índia, que é aliada dos Estados Unidos, foi afetada”, afirma o professor da Faap.

    “Na prática, essas taxações têm sido utilizada por Trump enquanto mecanismo geopolítico, de chantagem, de dominação e de controle de mercados.”

    A tarifa anunciada contra o Brasil também é vista como diferenciada por ser a única que relaciona a medida a um tema inteiramente político, ao responsabilizar o julgamento de Bolsonaro pela taxação.

    O Brasil também é um dos poucos países no mundo cujo comércio com os EUA resultou em um superávit para os americanos em 2024 (US$ 7,4 bilhões).

    A ordem executiva que confirma a adoção da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros vendidos aos EUA foi assinada por Trump em 30 de julho.

    Qual o ‘efeito Trump’ no bloco?

    Fernandez, porém, prevê um efeito das tarifas e ameaças feitas pelo governo Trump contra o Brics no dia a dia do bloco.

    Segundo ela, a ausência do presidente chinês, Xi Jinping, na cúpula do Rio de Janeiro pode ser interpretada como uma tentativa de enviar sinais positivos para os EUA, já que a reunião ocorreu justamente no momento que Pequim negocia a redução de tarifas com Washington.

    “Parece haver uma tentativa por parte de Trump de cooptar cada país do Brics individualmente”, diz a analista, citando ainda o acordo bilateral fechado entre EUA e Indonésia para redução da tarifa anunciada inicialmente.

    “Isso pode ter um impacto sobre o Brics no curto prazo, mas, por outro lado, a médio e longo prazo, pode gerar inclusive uma maior coesão interna porque um dos atrativos do grupo é justamente sua tentativa de se unir contra aquilo que é visto como uma arrogância imperial.”

    Ainda segundo a especialista, as tarifas obrigarão eventualmente os países atingidos a buscar novos parceiros comerciais — e o Brics oferece uma boa plataforma para isso.

    Lucas Leite também acredita que o bloco pode ser fortalecido pelas últimas ações americanas.

    “Tudo que Trump tem feito acelera a coesão do grupo e a adição de novos atores”, diz o professor, que aponta ainda uma aceleração da “decadência relativa” dos EUA no cenário global.

    “Não é decadência absoluta, mas uma decadência relativa em relação, por exemplo, à China, que passar a ser vista como um ator mais confiável, que sabe negociar e que de fato defende o livre comércio.”

    BBC