Categoria: Destaque

  • Rússia diz que reunião de Putin e enviado de Trump foi “útil e construtiva”

    Rússia diz que reunião de Putin e enviado de Trump foi “útil e construtiva”

    As conversas entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, foram “úteis e construtivas”, informou o assessor de política externa do governo russo, Yuri Ushakov, nesta quarta-feira (6).

    Witkoff manteve cerca de três horas de conversas com Putin no Palácio do Kremlin, dois dias antes do término do prazo estabelecido pelo presidente Donald Trump para que a Rússia concordasse com a paz na Ucrânia ou enfrentasse novas sanções.

    Ushakov disse ao canal de notícias russo Zvezda que os dois lados discutiram o conflito na Ucrânia e o potencial para melhorar as relações entre EUA e Rússia. Afirmando que Moscou recebeu certos “sinais” de Trump e enviou mensagens em troca.

    Entenda a guerra na Ucrânia

    A Rússia iniciou a invasão em larga escala da Ucrânia em fevereiro de 2022 e detém atualmente cerca de um quinto do território do país vizinho.

    Ainda em 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, decretou a anexação de quatro regiões ucranianas: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia.

    A Ucrânia tem realizado ataques cada vez mais ousados dentro da Rússia e diz que as operações visam destruir infraestrutura essencial do Exército russo.

    O governo de Putin, por sua vez, intensificou os ataques aéreos, incluindo ofensivas com drones.

    Os dois lados negam ter como alvo civis, mas milhares morreram no conflito, a grande maioria deles ucranianos.

    CNN
  • Moraes autoriza visita de filhos e netos a Bolsonaro

    Moraes autoriza visita de filhos e netos a Bolsonaro

    O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou visita de filhos, cunhadas e netos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) informou à CNN que solicitaria a visita nesta quarta-feira (6), assim como o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ).

    Na terça-feira (5), o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, visitou Bolsonaro com autorização da Suprema Corte. Após o encontro, relatou que o dirigente da direita não está feliz.

    Bolsonaro cumpre prisão domiciliar após ter desrespeitado medidas cautelares impostas pela Suprema Corte. A decisão de Moraes tem respaldo interno no STF e teve apoio da maioria dos magistrados.

    Os partidos de oposição têm se queixado da determinação e iniciaram na quarta-feira (5) uma obstrução nos plenários do Congresso Nacional.

    Os presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), já criticaram o protesto oposicionista e devem se reunir com líderes para tratar do assunto.

  • “Lamentável”, diz Kassab sobre prisão domiciliar de Bolsonaro

    “Lamentável”, diz Kassab sobre prisão domiciliar de Bolsonaro

    O secretário de Governo e Relações Institucionais do governo paulista e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, se solidarizou com Jair Bolsonaro (PL) após a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente.

    “Lamento a prisão do ex-presidente, sem entrar no mérito da questão. Ter alguém preso é sinal de que as coisas não vão bem. É tudo que o país não precisava, esse enfrentamento, esse desgaste, essa escalada. É lamentável o que o país está vivendo. Os exageros, os extremos, estão contaminando o Brasil. Lamento que estejamos vivendo esse processo, tudo que não precisamos é passar por isso.”, disse Kassab em nota enviada à CNN.

    Principal aliado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), Kassab foi duramente criticado por bolsonaristas no ano passado pela presença do PSD no governo Lula – o partido ocupa três ministérios.

    Bolsonaro chegou a orientar o PL a não apoiar candidatos do PSD nas eleições municipais. Mas a busca de votos para o projeto de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro levou o ex-presidente a mudar de posição.

    Em junho, Kassab recebeu de Bolsonaro a “Medalha do Imbroxável” em um evento em Presidente Prudente, no interior de São Paulo.

    CNN

  • Moraes descarta recuar sobre prisão domiciliar de Bolsonaro

    Moraes descarta recuar sobre prisão domiciliar de Bolsonaro

    O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), descarta recuar da decisão que impôs a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A auxiliares, ele tem dito que, a despeito de qualquer crítica, não deve rever a medida.

    Embora uma ala da Corte considere a domiciliar “exagerada” e até “desnecessária” diante da proximidade do julgamento definitivo da ação penal sobre a trama golpista, Moraes ainda conta com o apoio da maioria dos colegas, especialmente os da Primeira Turma.

    As decisões do ministro, relator das investigações contra Bolsonaro, têm sido referendadas pela maioria do colegiado. Os ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia costumam acompanhá-lo. Já o ministro Luiz Fux oscila e tem apresentado divergências.

    Nesta quarta-feira (6), o decano do STF, Gilmar Mendes, negou que a decisão tenha causado desconforto entre ministros da Corte. “O Alexandre tem toda a nossa confiança e o nosso apoio”, disse, durante evento do Instituto Esfera Brasil.

    Internamente, a avaliação dos ministros é de que o recurso que será interposto pela defesa de Bolsonaro, pedindo a revogação da prisão, não deve prosperar. Os advogados alegam que não houve descumprimento das cautelares, mas Moraes está convicto do contrário.

    O entorno do relator afirma que há mais chances de a prisão domiciliar ser convertida em preventiva – caso haja novos descumprimentos – do que de o ministro voltar atrás e “aliviar” para Bolsonaro.

    CNN

  • WhatsApp cancela 6,8 milhões de contas ligadas a golpes

    WhatsApp cancela 6,8 milhões de contas ligadas a golpes

    WhatsApp cancelou 6,8 milhões de contas vinculadas a golpistas em todo o mundo no primeiro semestre deste ano, segundo a Meta.

    Muitas das contas estavam vinculadas a centros organizados por criminosos em países do Sudeste Asiático. Segundo a Meta, esse centros frequentemente utilizavam trabalho forçado em suas operações.

    O WhatsApp está implementando novas medidas antigolpes para alertar os usuários sobre possíveis atividades fraudulentas, como a adição de um usuário a um grupo por alguém que não está em sua lista de contatos.

    Uma tática cada vez mais comum entre golpistas envolve sequestrar contas do WhatsApp ou adicionar usuários a grupos que promovem esquemas falsos de investimento e outros golpes.

    A Meta afirmou que o WhatsApp “detectou e removeu contas antes que fossem colocadas em operação por grupos golpistas”.

    Em um caso, o WhatsApp trabalhou com a Meta e a OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT, para interromper golpes vinculados a um grupo criminoso do Camboja que oferecia dinheiro em troca de curtidas em postagens nas redes sociais para promover um esquema de pirâmide falso de aluguel de scooters.

    A Meta disse que os golpistas usaram o ChatGPT para criar as instruções enviadas às potenciais vítimas.

    Normalmente, os fraudadores primeiro contatavam os alvos em potencial por mensagem de texto antes de transferir a conversa para as redes sociais ou aplicativos de mensagens privadas, afirmou a Meta.

    Esses golpes geralmente eram realizados em plataformas de pagamento ou criptomoedas.

    “Sempre há algo estranho, e isso deveria ser um sinal de alerta para todos: você precisa pagar adiantado para receber os retornos ou ganhos prometidos”, afirma a nota da Meta.

    Há centros de criminosos que roubam bilhões de dólares enganando as pessoas com golpes operando a partir de países do Sudeste Asiático, como Mianmar, Camboja e Tailândia.

    Esses centros também são conhecidos por recrutar pessoas que são forçadas a aplicar os golpes.

    As autoridades da região têm alertado as pessoas para que fiquem atentas a possíveis fraudes e utilizem medidas antigolpe, como o recurso de verificação em duas etapas do WhatsApp, para ajudar a proteger suas contas contra sequestro.

    Em Singapura, a polícia também alertou usuários para que fiquem atentos a quaisquer solicitações incomuns recebidas em aplicativos de mensagens.

  • Trump x Brics: por que o bloco incomoda tanto o presidente dos EUA?

    Trump x Brics: por que o bloco incomoda tanto o presidente dos EUA?

    Ao anunciar a imposição de tarifas de 25% para produtos importados da Índia nos Estados Unidos, Donald Trump usou a participação do país no Brics como um dos agravantes para sua decisão.

    “Eles têm o Brics, que é basicamente um grupo de países que são anti-Estados Unidos”, disse o presidente americano à repórteres na Casa Branca na última quarta-feira (30/1). “É um ataque ao dólar, e não vamos deixar ninguém atacar o dólar.”

    Trump também sinalizou a intenção de impor sanções aos países membros do bloco, mas não deu detalhes sobre a medida.

    O republicano já havia manifestado a possibilidade após a última cúpula do Brics no Rio de Janeiro, quando os membros do bloco criticaram as políticas tarifárias dos EUA e propuseram reformas no Fundo Monetário Internacional (FMI) e na valorização das principais moedas além do dólar.

    As importações brasileiras serão alvo de uma tarifa de 50% a partir desta quarta, 6 agosto — quase 700 produtos, porém, ficarão isentos da nova tarifa, entre eles suco de laranja, aeronaves e petróleo.

    O presidente americano usou o processo no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é réu como principal justificativa para a adoção das tarifas. Segundo Trump, seu aliado seria vítima de um “tratamento injusto” na ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) por uma suposta tentativa de golpe de Estado.

    O republicano não mencionou diretamente o Brics em suas justificativas sobre o Brasil, mas já havia afirmado no início de julho que qualquer país que se aliasse “às políticas antiamericanas do Brics” receberia uma tarifa adicional de 10%.

    “Não haverá exceções a essa política”, escreveu Trump nas redes sociais na ocasião.

    Mas o que explica a hostilidade de Donald Trump em relação ao grupo?

    Uma alternativa para o mundo

    O Brics é formado atualmente por Brasil, Rússia, China, Índia, Irã, Etiópia, Indonésia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos e Egito. O bloco representa quase a metade da população mundial e 40% da riqueza produzida globalmente.

    Alguns analistas veem um elemento antiocidental no bloco, dada a presença de países como o Irã.

    Para Marta Fernandez, professora de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e diretora do BRICS Policy Center, Trump também enxerga o bloco como uma força anti-hegemônica e, consequentemente, anti-americana.

    “Desde a fundação, o bloco disputa os contornos daquilo que a gente chama de nova ordem mundial”, diz Fernandez.

    “O Brics tem demonstrado um compromisso com uma ordem multipolar e mais descentralizada, tanto em termos políticos, quanto financeiros e monetários. E isso desafia a hegemonia que os Estados Unidos vem desfrutando desde o pós-Segunda Guerra Mundial.”

    Chefes de Estado do Brasil, China, África do Sul e Índia e o chanceler russo em encontro do Brics de 2023
    Getty Images-Chefes de Estado do Brasil, China, África do Sul e Índia e o chanceler russo em encontro do Brics de 2023

    Lucas Leite, professor da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), afirma ainda que a demanda de outros países por entrada no Brics nos últimos anos pode ser entendida pelo governo Trump como uma “ameaça” para os EUA.

    No início de 2024, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos se juntaram ao bloco. Em janeiro de 2025, a Indonésia fez o mesmo.

    A Arábia Saudita e a Argentina foram convidadas a se juntar. O país sul-americano rejeitou a oferta, enquanto a potência do Golfo Pérsico não formalizou sua adesão até agora.

    Em 2023, autoridades do Brics afirmaram que mais de 40 países haviam expressado interesse em fazer parte do grupo, entre eles Paquistão, Turquia, Argélia, Bolívia, Cuba e Cazaquistão.

    “Trump vê que o Brics representa uma possibilidade de escolha para os demais países”, opina Leite. “E, mais do que isso, a capacidade de atores fora do Ocidente poderem atuar e construir alternativas próprias, sem depender necessariamente da lógica da negociação com os países do Ocidente, em especial com os EUA.”

    Ainda segundo o pesquisador, o bloco oferece alternativas a instituições como o FMI e o Banco Mundial por meio de empréstimos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como o “banco do Brics”, e de investimentos diretos de países como China e Índia.

    A busca por reformas em organismos internacionais como o Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Organização Mundial do Comércio (OMC) também pode ser vista como uma ameaça pelo atual governo americano, opina Marta Fernandez.

    “O bloco vem desafiando o poder de veto que os Estados Unidos detém sobre o sistema financeiro internacional, não só por meio do NBD, mas também das demandas por redistribuição do sistema de cotas a partir de uma maior representação de países em desenvolvimento nas instituições de Bretton Woods (como são conhecidas instituições como o FMI e o Banco Mundial, estabelecidas durante a Conferência de Bretton Woods, em 1944).”

    Ameaça à hegemonia do dólar?

    Outro ponto que pode incomodar a Casa Branca, dizem os especialistas, são as discussões sobre alternativas ao dólar conduzidas no âmbito do bloco.

    O dólar é tradicionalmente a moeda usada em transações comerciais entre os países membros do Brics. Mas a ideia de criação de uma opção ganhou força em 2023, com o apoio da Rússia a mudanças no formato das transações.

    Os bancos russos foram excluídos do sistema de pagamentos Swift, que promove a comunicação entre instituições financeiras, como parte das sanções internacionais após a invasão da Ucrânia, e tem promovido o estabelecimento de uma plataforma digital próprias para transações entre os membros do bloco e outras soluções para minimizar os impactos do bloqueio.

    O Brics também já ampliou o uso das moedas nacionais de seus membros no comércio interno, em especial o renminbi chinês, e tem discutido a criação de uma moeda própria.

    Nada oficial foi anunciado até agora, mas os líderes afirmam que pretendem continuar avançando nas discussões.

    “Cansamos de ser subordinados ao Norte”, disse o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a última cúpula dos Brics no Rio de Janeiro.

    “Queremos ter independência nas nossas políticas, queremos fazer comércio mais livre e as coisas estão acontecendo de forma maravilhosa. Estamos discutindo, inclusive, a possibilidade de ter uma moeda própria, ou quem sabe com as moedas de cada país a gente fazer comércio sem precisar usar o dólar.”

    Lula defende a adoção de uma moeda diferente do dólar para comércio entre países do grupo há anos.

    Por tudo isso, diz Fernandez, Trump vê o Brics “tentando destronar o dólar”. “Isso é percebido como um ato de guerra, como uma provocação existencial aos Estados Unidos”, avalia a especialista.

    Durante um evento sobre criptomoedas em meados de julho, o presidente americano ameaçou o bloco, dizendo que o Brics acabaria “muito rapidamente” se seguisse adiante com seus planos.

    “Quando ouvi falar desse grupo do Brics, basicamente seis países, fiquei muito, muito chateado. Em se eles realmente se formarem de forma significativa, isso acabará muito rápido”, afirmou Trump, destacando que estava comprometido em preservar a liderança global do dólar.

    Tarifas contra o Brasil têm relação com o Brics?

    Nos últimos meses, o governo de Donald Trump anunciou tarifas mais altas para praticamente todos os seus parceiros comerciais. Segundo o líder republicano, sua intenção é criar “tarifas recíprocas”, para restabelecer um campo de jogo “justo”, obrigar nações a reduzir barreiras comerciais e corrigir déficits bilaterais.

    Além da Índia, outros membros do Brics foram afetados pelas tarifas. O Brasil recebeu uma das taxas mais altas do mundo, de 50%. Etiópia, Egito e Emirados Árabes Unidos enfrentarão uma tarifa de 10%, Indonésia de 19% e África do Sul e China de 30%.

    Essas taxas começam a ser aplicadas nesta semana. A China, porém, segue um calendário distinto e ainda trava negociações diretas com autoridades americanas, devendo começar a ser taxada em 12 de agosto.

    Para Lucas Leite, a participação de países no Brics provavelmente influenciou a decisão de Trump de incluí-los em seu tarifaço, mas não foi o único motivo.

    “As taxas para os países dos Brics variam muito e até a Índia, que é aliada dos Estados Unidos, foi afetada”, afirma o professor da Faap.

    “Na prática, essas taxações têm sido utilizada por Trump enquanto mecanismo geopolítico, de chantagem, de dominação e de controle de mercados.”

    A tarifa anunciada contra o Brasil também é vista como diferenciada por ser a única que relaciona a medida a um tema inteiramente político, ao responsabilizar o julgamento de Bolsonaro pela taxação.

    O Brasil também é um dos poucos países no mundo cujo comércio com os EUA resultou em um superávit para os americanos em 2024 (US$ 7,4 bilhões).

    A ordem executiva que confirma a adoção da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros vendidos aos EUA foi assinada por Trump em 30 de julho.

    Qual o ‘efeito Trump’ no bloco?

    Fernandez, porém, prevê um efeito das tarifas e ameaças feitas pelo governo Trump contra o Brics no dia a dia do bloco.

    Segundo ela, a ausência do presidente chinês, Xi Jinping, na cúpula do Rio de Janeiro pode ser interpretada como uma tentativa de enviar sinais positivos para os EUA, já que a reunião ocorreu justamente no momento que Pequim negocia a redução de tarifas com Washington.

    “Parece haver uma tentativa por parte de Trump de cooptar cada país do Brics individualmente”, diz a analista, citando ainda o acordo bilateral fechado entre EUA e Indonésia para redução da tarifa anunciada inicialmente.

    “Isso pode ter um impacto sobre o Brics no curto prazo, mas, por outro lado, a médio e longo prazo, pode gerar inclusive uma maior coesão interna porque um dos atrativos do grupo é justamente sua tentativa de se unir contra aquilo que é visto como uma arrogância imperial.”

    Ainda segundo a especialista, as tarifas obrigarão eventualmente os países atingidos a buscar novos parceiros comerciais — e o Brics oferece uma boa plataforma para isso.

    Lucas Leite também acredita que o bloco pode ser fortalecido pelas últimas ações americanas.

    “Tudo que Trump tem feito acelera a coesão do grupo e a adição de novos atores”, diz o professor, que aponta ainda uma aceleração da “decadência relativa” dos EUA no cenário global.

    “Não é decadência absoluta, mas uma decadência relativa em relação, por exemplo, à China, que passar a ser vista como um ator mais confiável, que sabe negociar e que de fato defende o livre comércio.”

    BBC

  • Centro-Oeste dribla tarifa de 50% dos EUA com força do agro

    Centro-Oeste dribla tarifa de 50% dos EUA com força do agro

    Enquanto o tarifaço de 50% assinado pelo ex-presidente Donald Trump assombra exportadores de várias regiões do país, o Centro-Oeste respira aliviado. A região, fortemente ancorada no agronegócio e na exportação de commodities como carne bovina, aves e minérios metálicos, apresenta a menor vulnerabilidade econômica entre todas as regiões brasileiras diante da nova política tarifária dos Estados Unidos.

    De acordo com estudo do pesquisador Flávio Ataliba, do FGV IBRE, o impacto sobre o Centro-Oeste tende a ser baixo, principalmente porque os principais mercados da região não estão no hemisfério norte, mas sim no Oriente e na Europa. “A região possui uma baixa exposição relativa aos EUA, o que a coloca em posição privilegiada neste cenário”, afirma Ataliba.

    Segundo os dados, apenas 3,7% das exportações do Centro-Oeste têm como destino os Estados Unidos, o que representa US$ 1,5 bilhão. Em comparação, o Sudeste, por exemplo, responde por US$ 28,6 bilhões em vendas para o mercado americano. Ou seja, 71% das exportações brasileiras para lá saem de estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

    No caso do Centro-Oeste, o que embarca rumo aos EUA são produtos de base: carnes bovinas e aves, ferro-gusa, aço e minérios metálicos. Embora relevantes, esses itens não se encaixam nas faixas mais altas de valor agregado e, por isso, tendem a sofrer menos pressão tarifária, especialmente quando comparados aos manufaturados e calçados do Nordeste, que são intensivos em mão de obra e muito mais sensíveis a choques externos.

    Flávio Ataliba do FGV IBRE – Foto: Divulgação – FGV/Marcelo Freire

    “O tarifaço impacta mais onde há produtos de baixa escala e forte concentração de pequenos produtores, como o mel do Piauí ou as frutas de Pernambuco. No Centro-Oeste, temos grandes grupos exportadores e cadeias produtivas integradas, o que confere mais resistência e capacidade de resposta”, explica o pesquisador.

    Alívio no campo

    O estudo ainda alerta para os riscos socioeconômicos do tarifaço. As regiões mais afetadas são, principalmente Norte e Nordeste, onde as cadeias produtivas são mais frágeis e a estrutura empresarial, pulverizada. Já o Centro-Oeste, epicentro do agro nacional, mostra musculatura. Os grandes frigoríficos, cooperativas robustas e alto nível de mecanização da produção blindam a região contra perdas severas.

    Mas isso não significa cruzar os braços. Ataliba defende que o país precisa aproveitar o momento para qualificar e diversificar suas cadeias produtivas, com foco em três frentes: cooperação federativa para políticas regionaisreforço à inteligência comercial subnacional e investimento pesado em inovação, infraestrutura e certificações internacionais.

    Fonte: Agro em Campo

  • Similar do Ozempic chega ao Brasil: como afeta varejistas do setor?

    Similar do Ozempic chega ao Brasil: como afeta varejistas do setor?

    A partir de segunda-feira (4), o Brasil conta com o lançamento de sua primeira caneta para emagrecimento fabricada localmente: a Olire, desenvolvida pela EMS, similar do Ozempic.

    Inicialmente, o produto estará disponível nas redes RD Saúde (RADL3), dona das marcas Raia e Drogasil, e Grupo DPSP, resultado da fusão entre as Drogarias Pacheco e a Drogaria São Paulo. O medicamento é à base de liraglutida, o mesmo princípio ativo do Saxenda, da Novo Nordisk, cuja patente expirou no Brasil em novembro de 2024.

    Embora a liraglutida seja diferente da semaglutida — princípio ativo do Ozempic e Wegovy —, o desempenho da Olire pode oferecer uma prévia do que esperar quando os genéricos do Ozempic chegarem ao mercado no próximo ano, aponta o Itaú BBA em relatório.

    Para o banco, não se espera impacto relevante da Olire nas vendas de farmácias neste momento. Apesar de estar disponível desde 2016, a liraglutida provavelmente representa uma fatia pequena do mercado brasileiro de canetas para emagrecimento, estimado em R$ 5,5 bilhões.

    Na RD Saúde, por exemplo, a estimativa é de que Wegovy/Ozempic respondam por cerca de 5% das vendas, enquanto a participação do Saxenda é ainda menor. O Itaú BBA aponta duas razões para a menor popularidade da liraglutida: eficácia e conveniência.

    Estudos mostram que pacientes com semaglutida perdem cerca de 15,8% do peso corporal, contra aproximadamente 6,4% com liraglutida. A proporção de pacientes que alcançam perda de peso significativa (acima de 15%) também é bem maior com semaglutida: 56% versus 12%. A conveniência também pesa: a liraglutida exige injeções diárias (cada caneta dura seis dias na dose máxima), enquanto a semaglutida é administrada semanalmente, fator relevante considerando a duração do tratamento.

    O preço, porém, favorece a liraglutida. Um kit de Saxenda com três canetas custa cerca de R$ 725, aproximadamente 60% mais barato que o Wegovy, vendido por R$ 1.699. A Olire será comercializada de 20% a 30% abaixo do Saxenda, reduzindo o custo de um tratamento anual para cerca de 30% abaixo do Wegovy, levando em conta a duração das canetas e a progressão recomendada da dose.

    Para o Itaú BBA, embora essa diferença dificilmente leve usuários de semaglutida a migrar para a liraglutida, pode ampliar o mercado potencial, ainda que de forma limitada devido à eficácia menor.

    O banco avalia que o verdadeiro divisor de águas será a chegada dos genéricos de Ozempic, esperada para o segundo semestre de 2026. Várias empresas, incluindo EMS, Cimed, Hypera e Biomm, já se preparam para lançar suas versões. A Novo Nordisk tentou estender sua patente no Brasil, alegando que o processo de aprovação de 13 anos reduziu seu período de exclusividade. Até agora, a Justiça rejeitou o argumento, e aguarda-se decisão final do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o mercado trabalha com a expectativa de entrada dos genéricos no próximo ano.

    Segundo o Itaú BBA, a grande questão para investidores é o que os genéricos do Ozempic significarão para as redes de farmácias. De um lado, a tendência é de preços menores; de outro, margens possivelmente mais altas e expansão do mercado. Ainda é cedo para definir onde preços e margens vão se estabilizar. Na RD, os medicamentos genéricos têm, em média, margem bruta de 50% a 55%, mas a semaglutida é uma molécula complexa, o que pode limitar tanto o ganho de margem quanto a queda de preços.

    Para medir possíveis impactos nas estimativas de lucro ao fim de 2026, o banco realizou duas análises de sensibilidade para a RD. Na primeira, modelou diferentes reduções de preço e margens brutas, sem expansão de mercado e com SG&A (despesas de vendas, gerais e administrativas) constante em valores nominais. Mesmo em um cenário conservador, com queda de 35% nos preços e margem bruta de 25%, a categoria já seria positiva para o lucro.

    Na segunda análise, assumiu uma redução fixa de 35% no preço e testou diferentes níveis de demanda adicional. Num cenário com margem bruta de 30% e aumento de volume de 20%, as estimativas de lucro líquido para o fim de 2026 subiriam 11%.

    Na visão do Itaú BBA, embora ainda haja incertezas, as análises indicam que o fim da patente do Ozempic pode se tornar um importante vento favorável para as redes de farmácias.

    Infomoney Brasil

  • Denúncia aponta que Moraes teria violado LGPD em apuração sobre 8/1

    Denúncia aponta que Moraes teria violado LGPD em apuração sobre 8/1

    O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), teria violado a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) ao investigar envolvidos nos atos criminosos do dia 8 de janeiro de 2023. É o que aponta uma denúncia publicada pela Civilization Works — organização americana que defende ideais liberais.

    A Civilization Works é uma organização de pesquisa e causas públicas, com posicionamento em defesa da civilização liberal-democrática e crítica ao que considera autoritarismo progressista.

    A publicação exibe a troca de mensagens que seriam do ex-assessor de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Eduardo Tagliaferro, com outros juízes e auxiliares do ministro, entre eles a chefe de gabinete no STF Cristina Kusuhara.

    As conversas vazadas indicam que o Moraes teria contado com funcionários do TSE para realizar uma investigação extraoficial sobre os detidos.

    Por lei, qualquer pedido de dados pessoais deve ser feito pelo Ministério Público ou via autoridades policiais, devidamente justificado e autorizado por um juiz competente.

    As unidades internas do TSE não têm autoridade para conduzir investigações criminais ou substituir funções da polícia judiciária.

    Segundo o texto da Civilization Works, a AEED (Assessoria Especial para o Combate à Desinformação) teria começado a operar como uma estrutura paralela de triagem criminal sem qualquer base legal. Equipes sob a direção do TSE, ainda segundo o texto, teriam acessado bancos de dados biométricos do tribunal e vasculhado perfis nas redes sociais, gerarando relatórios internos.

    Certidões produzidas com essas informações nunca foram compartilhadas e submetidas às defesas, nem fizeram parte dos autos, diz a organização na publicação.

    O texto afirma também que a equipe da AEED teria recebido acesso ao GestBio e começado a usá-lo para identificar manifestantes com base em imagens — GestBio é o sistema do TSE que armazena os dados biométricos dos eleitores, como impressões digitais, fotos do rosto e assinaturas coletadas durante o cadastro eleitoral, informações usadas para evitar fraudes e duplicidade de registros.

    O objetivo dessa busca seria encontrar uma foto recente de cada detido. Depois de associar um nome a um rosto, a equipe teria vasculhado as plataformas de mídia social em busca de postagens que pudessem ser interpretadas como “antidemocráticas”.

    “As mensagens mostram funcionários recebendo listas informais de detidos diretamente da polícia — incluindo nomes, fotos e números de identidade — sem qualquer cadeia de custódia formal. Em um áudio, um policial federal pediu para manter a confidencialidade porque os dados eram ‘muito procurados’. O pedido não era apenas por discrição – revelava a consciência de que o material estava sendo compartilhado fora dos canais legais adequados”, diz a publicação.

    CNN procurou as assessorias do STF e do TSE para comentar a publicação, mas ainda não recebeu retorno.

    CNN

  • Contra prisão de Bolsonaro, oposição promete obstrução e defende anistia

    Contra prisão de Bolsonaro, oposição promete obstrução e defende anistia

    Lideranças da oposição no Congresso Nacional anunciaram nesta terça-feira (5) que irão obstruir os trabalhos legislativos em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).Oposição anuncia obstrução no Congresso após prisão domiciliar de Bolsonaro

    O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que a oposição está se preparando para a “guerra”. Segundo ele, os parlamentares estarão “entrincheirados com uma série de ações” para pressionar as Casas legislativas em prol da anistia dos condenados do 8 de janeiro e do processo de impeachment de Moraes.

    “A partir de agora estamos nos adestrando e nos apresentando para a guerra. Se é guerra que o governo quer, guerra que o governo terá. Não haverá paz no Brasil enquanto não houver discurso de conciliação que passe pela anistia, pela mudança do fim do foro e impeachment de Moraes”, disse a jornalistas.

    As medidas fazem parte do chamado “pacote da paz”, anunciado por integrantes da oposição nesta terça durante declaração a jornalistas na rampa do Congresso. Na lista de prioridades, também consta a proposta de emenda à Constituição que acaba com o foro privilegiado de parlamentares.

    Os parlamentares também cobraram diálogo e uma reação dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

    “É importante que o presidente Davi Alcolumbre entenda e é necessário que ele tenha estatura neste momento e permita a abertura de processo de impedimento por crime de responsabilidade em desfavor do ministro Alexandre de Moraes”, declarou o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).

    Marinho criticou a falta de diálogo com Alcolumbre. Ele anunciou que a oposição se movimenta para ocupar as mesas dos plenários da Câmara e do Senado para obstruir as atividades legislativas.

    “Vamos obstruir as sessões. O Senado já está lá com cinco senadores sentados na Mesa e deputados também estão na Câmara. É uma medida extrema, entendemos, mas faz mais de 15 dias que eu, como líder da oposição, não consigo interlocução com o senador Davi Alcolumbre. É um desrespeito com a Casa”, disse.

    Anistia

    Na declaração a jornalistas, o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), primeiro vice-presidente da Câmara, anunciou ter avisado Motta que, caso assuma a presidência plena da Casa, irá colocar em pauta o projeto sobre a anistia. Isso ocorrerá, segundo ele, se Motta se ausentar do país.

    “Eu, como vice da Câmara e do Congresso, sempre busquei equilíbrio e diálogo. Sempre respeitei Motta, que tem a pauta na sua mão. Diante dos fatos, já comuniquei Motta que, no primeiro momento em que eu exercer a presidência plena da Câmara, quando Motta se ausentar do país, irei pautar a anistia”, disse.

    A proposta sobre a anistia está parada na Câmara desde o ano passado. Mesmo com a pressão de deputados, Motta decidiu, em abril, que não pautaria a urgência do projeto.

    O texto em análise não beneficia Bolsonaro, que está inelegível até 2030, mas a intenção da oposição é que o perdão se estenda ao ex-chefe do Executivo, para que ele retome seus direitos políticos e possa disputar as próximas eleições.

    CNN