Categoria: Mundo

  • ‘Justiça se equilibra para não tornar Bolsonaro mártir’, diz jornal argentino

    ‘Justiça se equilibra para não tornar Bolsonaro mártir’, diz jornal argentino

    A notícia sobre a operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro e alguns de seus mais próximos aliados e ex-ministros foi assunto em diversos jornais e canais de televisão pelo mundo.

    Em um texto analítico publicado nesta quinta-feira (8/2), o jornal argentino La Nación classificou as ordens de prisão e mandados de busca e apreensão executados pelo PF como “o golpe mais duro sobre o bolsonarismo” até hoje.

    O veículo também ouviu fontes do Supremo Tribunal Federal (STF) que entendem que qualquer ação contra o ex-presidente Bolsonaro “deve ser ‘calculada’ para evitar a construção de um ‘mártir político’”.

    A PF diz que as pessoas investigadas na operação, batizada de Tempus Veritatis e autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, buscavam “a manutenção do então presidente da República (Bolsonaro) no poder” por meio do planejamento de um golpe de Estado.

    Entre os alvos da polícia estão o próprio ex-presidente, que teve seu passaporte apreendido e não pode fazer contato com outros investigados, além de diversos aliados.

    Três deles já foram presos preventivamente: Filipe Martins, ex-assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro; o coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor especial da Presidência; e o major do Exército Rafael Martins de Oliveira. Também há um mandado de prisão contra o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto, que está no momento no exterior.

    Ainda foram alvo de mandados de busca e apreensão no círculo de aliados mais próximos de Bolsonaro: general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e vice na chapa de Bolsonaro em 2022; Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; general Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa; e o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha.

    Valdemar da Costa Neto foi preso em flagrante durante a operação por posse ilegal de arma de fogo.

    Segundo o editoral do La Nación, assinado pelo correspondente do jornal em Brasília, Moraes “deu um passo ambicioso para atingir criminalmente o cerne do bolsonarismo” ao autorizar a operação.

    “A operação desta quinta-feira, autorizada pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, inimigo de Bolsonaro, foi batizada pela Polícia Federal de ‘Tempus Veritatis’ (hora da verdade, em latim), um reconhecimento de que a situação do ex-presidente e seus aliados é cada vez mais delicada”, diz o texto.

    “Com as prisões e o material recolhido, o ‘momento da verdade’ sobre o alegado plano golpista pode estar mais próximo de ser exposto.”

    ‘Revés para o partido’

    O La Nación também classificou os acontecimentos desta quinta-feira como um “revés para o Partido Liberal (PL)” diante das eleições municipais marcadas para outubro.

    “A operação policial também foi um revés para o Partido Liberal (PL), onde estão reunidos os líderes bolsonaristas mais próximos do ex-presidente, em um ano de eleições municipais em que o partido pretende alavancar o seu número de prefeituras para preparar o terreno para as eleições presidenciais de 2026.”

    A sede do PL foi um dos locais visitados pela PF. Segundo o portal G1, a polícia encontrou no local um documento, não assinado, que defendia e anunciava a decretação de um estado de sítio e da garantia da lei e da ordem no país.

    Segundo o La Nación, a polícia entende que o escritório do PL em Brasília “serviu de sede para a fracassada trama golpista”.

    Texto publicado no jornal La Nación
    CRÉDITO,REPRODUÇÃO / LA NACIÓN -Texto publicado no jornal La Nación

    Demais coberturas

    Além do La Nación, veículos como o The New York Times e o The Washington Post, nos EUA, o The Guardian e o Financial Times, no Reino Unido, e o Le Monde, na França, também noticiaram a operação.

    A grande maioria optou por uma cobertura factual, destacando as investigações da Polícia Federal contra Bolsonaro e seus aliados por uma suposta tentativa de golpe.

    “Bolsonaro é apontado como alvo em investigação de golpe no Brasil e é instruído a entregar passaporte”, diz a manchete do Washington Post.

    “Polícia do Brasil acusa Bolsonaro e vários generais aposentados de golpismo”, afirma o espanhol El País.

    A emissora estatal do Catar, Al Jazeera, o jornal South China Morning Post, de Hong Kong, e a emissora americana CNN também cobriram a operação.

    A BBC News, em inglês, noticiou os fatos destacando que o ex-presidente Jair Bolsonaro entregou seu passaporte às autoridades.

    “Ex-presidente do Brasil, Bolsonaro entrega passaporte após tentativa de golpe”, diz a manchete.

    BBC

  • ‘Minha memória está boa’: as dúvidas sobre capacidade mental de Biden em relatório de conselho especial nos EUA

    ‘Minha memória está boa’: as dúvidas sobre capacidade mental de Biden em relatório de conselho especial nos EUA

    O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou uma investigação que revelou que ele lidou mal com arquivos ultrassecretos do governo e que concluiu que ele tinha dificuldade para se lembrar de eventos importantes de sua vida.

    Em uma coletiva de imprensa marcada de última hora na noite de quinta-feira (8/2), Biden insistiu: “Minha memória está boa”.

    Ele rebateu a uma alegação que afirmava que ele não conseguia se lembrar de quando seu filho morreu, dizendo: “Como diabos ousam citar isso?”

    O inquérito descobriu que Biden “reteve e divulgou intencionalmente” arquivos confidenciais, mas as autoridades decidiram não indiciá-lo.

    O conselheiro especial do Departamento de Justiça, Robert Hur, determinou que Biden manteve indevidamente documentos confidenciais relacionados à política militar e externa no Afeganistão depois de servir como vice-presidente.

    O relatório de 345 páginas, divulgado no início da quinta-feira, disse que a memória do presidente tinha “limitações significativas”.

    Hur entrevistou o presidente de 81 anos durante cinco horas como parte da investigação.

    O conselheiro especial, um republicano nomeado para o cargo pelo procurador-geral de Biden, Merrick Garland, disse que Biden não se lembrava de quando foi vice-presidente (de 2009 a 2017), ou “mesmo em um faixa de alguns anos, de quando seu filho Beau morreu” (2015).

    Na entrevista coletiva de quinta-feira à noite, um emocionado Biden atacou os trechos do relatório que lançavam dúvidas sobre sua lembrança dos acontecimentos.

    “Francamente, quando me fizeram essa pergunta, eu pensei comigo mesmo ‘isso não é da conta deles’”, disse ele.

    “Não preciso que ninguém me lembre quando ele [Beau Biden] faleceu.”

    Ele disse que estava “muito ocupado… no meio da gestão de uma crise internacional” quando foi entrevistado pelo conselheiro especial, de 8 a 9 de outubro do ano passado —exatamente quando eclodiu a guerra Israel-Gaza.

    O inquérito também disse que Biden compartilhou parte do material sensível de cadernos seus escritos à mão com um escritor que vai redigir suas memórias — algo que o presidente negou na entrevista coletiva.

    O procurador especial concluiu que seria difícil condenar o presidente pelo tratamento indevido de arquivos porque “no julgamento, Biden provavelmente se apresentaria a um júri, como fez durante a nossa entrevista com ele, como um homem idoso, simpático e bem-intencionado, mas com memória fraca”.

    As pesquisas de opinião indicam que a idade do presidente é uma preocupação para os eleitores dos EUA antes das eleições para a Casa Branca em novembro. Mas Biden disse aos repórteres na quinta-feira que ele é o candidato mais qualificado.

    “Sou bem-intencionado. E sou idoso. Sei o que diabos estou fazendo. Coloquei este país de pé. Eu não preciso da recomendação dele [o investigador].”

    No entanto, mesmo enquanto tentava refutar perguntas de repórteres sobre sua idade e acuidade mental, ele inadvertidamente se referiu ao líder egípcio Abdul Fattah al-Sisi como “presidente do México”.

    Solicitado a comentar os últimos acontecimento da guerra Israel-Gaza, ele disse: “Acho que, como vocês sabem inicialmente, o presidente do México, Sisi, não queria abrir as portas para permitir a entrada de material humanitário”.

    Garagem
    DOJ-Arquivos confidenciais foram mantidos ao lado de uma cama de cachorro na garagem de Biden, descobriu o relatório

    Questionado se assumia responsabilidade por ter documentos confidenciais em sua casa, Biden culpou sua equipe.

    Ele disse que não sabia que eles haviam colocado memorandos delicados em sua garagem – o lugar em que, segundo o promotor, eles estavam, ao lado de uma cama de cachorro.

    Quando um jornalista disse que o povo americano estava preocupado com a sua idade, Biden levantou a voz em resposta: “Isso é o que você pensa”.

    Ele insistiu que sua memória está “boa” e “não piorou” durante sua presidência.

    A equipe jurídica de Biden também criticou os comentários do procurador especial sobre os aparentes lapsos de memória de Biden.

    “O relatório utiliza uma linguagem altamente prejudicial para descrever uma ocorrência comum entre as testemunhas: a falta de recordação de acontecimentos ocorridos há anos”, escreveu o advogado da Casa Branca, Richard Sauber, em uma carta anexada ao relatório.

    Os arquivos ultrassecretos foram encontrados de 2022 e 2023 na casa de Biden em Wilmington, Delaware, e em um antigo escritório particular.

    A descoberta ocorreu depois que uma investigação separada acusou o ex-presidente Donald Trump, de 77 anos, de manuseio indevido de documentos confidenciais após sua saída da Casa Branca. Ele enfrentará um julgamento desse caso em maio deste ano.

    O relatório Hur distingue os dois casos, dizendo que Biden entregou os documentos a arquivistas do governo, enquanto Trump “supostamente fez o oposto”.

    “De acordo com a acusação, ele não só se recusou a devolver os documentos durante muitos meses, mas também obstruiu a justiça ao recrutar outros para destruir provas e depois mentir sobre isso”, diz o relatório sobre Trump.

    Trump, em resposta, disse que seu julgamento relativo a arquivos confidenciais deveria ser cancelado pelo promotor do departamento de Justiça.

    “Se o procurador especial Jack Smith quiser fazer bem ao nosso país e ajudar a unificá-lo, ele deveria abandonar todos os litígios contra o oponente político de Joe Biden, EU, e deixar nosso país se CURAR”, postou o líder republicano da Casa Branca em sua plataforma, Truth Social.

    O relatório também fala da oposição de Biden a políticas de Barack Obama no Afeganistão.

    Pouco depois de assumir a Presidência dos EUA, Obama se convenceu de que o envio de mais forças dos EUA no Afeganistão era a única forma de manter a estabilidade no país.

    Biden se opunha a essa política.

    O então vice-presidente se considerava “uma figura histórica” que frequentemente mantinha diários e registros com vista a escrever posteriormente sobre seu legado.

    O relatório diz que Biden tinha um forte motivo para manter documentos confidenciais sobre o Afeganistão: porque queria provar que se opunha à decisão de Obama de enviar tropas adicionais para lá.

    Biden “acreditava que o aumento de tropas do presidente Obama em 2009 foi um erro semelhante ao do Vietnã”, afirma o relatório, acrescentando: “Ele queria que os registros mostrassem que estava certo sobre o Afeganistão; que os seus críticos estavam errados”.

    escritório de Biden
    DOJ Os cadernos de Biden também foram recuperados em seu escritório residencial em Delaware

    Análise: uma granada política disfarçada de relatório

    Anthony Zurcher – Correspondente da BBC para América do Norte

    Foi uma granada política disfarçada de relatório de 345 páginas.

    A principal conclusão (do relatório) foi que o presidente não enfrentaria acusações criminais por suas ações, apesar das evidências de que ele havia “retido e divulgado intencionalmente materiais confidenciais… quando era um cidadão comum”.

    Entre as razões listadas por Hur para decidir não processar o presidente de 81 anos estava porque ele provavelmente seria uma figura simpática para um júri que o veria como um “homem idoso e bem-intencionado com memória fraca”.

    As questões sobre a idade e a competência de Joe Biden para servir mais quatro anos no cargo têm estado em debate praticamente desde que Biden chegou à Casa Branca. Este relatório fornecerá combustível para os ataques republicanos e alimentará preocupações entre alguns democratas de que o presidente não está à altura do cargo.

    É uma narrativa que a campanha de Biden tem tentado enfrentar, disse Chris Borick, diretor do Instituto de Opinião Pública do Muhlenberg College.

    “Nas sondagens, vemos repetidamente dados que sugerem que o seu maior risco nestas eleições é que os eleitores pensem que ele é simplesmente velho demais para concorrer”, diz ele.

    Não é surpresa, portanto, que o relatório Hur tenha levado a Casa Branca a lançar uma furiosa contraofensiva que incluiu o presidente convocando uma conferência de imprensa improvisada, onde afirmou que a sua memória estava “muito boa”.

    “Eu sei o que diabos estou fazendo”, disse ele.

    A equipe de Biden também foi rápida em atacar os erros verbais de seu provável oponente em novembro, Donald Trump, de 77 anos. O ex-presidente confundiu recentemente a sua principal oponente, Nikki Haley, com a ex-presidente democrata da Câmara, Nancy Pelosi, e referiu-se ao primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, como o líder da Turquia.

    O melhor argumento para a Casa Branca pode ser que esta granada em particular explodiu em fevereiro, nove meses antes do dia das eleições.

    Larry Sabato, diretor do Centro de Política da Universidade da Virgínia, diz que as preocupações com a idade de Biden já estavam essencialmente incorporadas na disputa, tornando o relatório prejudicial, mas não fatal.

    Quando os eleitores americanos finalmente forem às urnas, as afirmações contidas em um relatório do conselho especial que acabou por se recusar a considerar Biden criminalmente culpado serão menos preocupantes do que questões como economia e aborto.

    O pior cenário, por outro lado, é que este seja apenas o início de uma cavalgada de provas que minam o presidente por um dos seus atributos mais fracos.

    BBC

  • Crise mundial da dívida pública vai estourar em breve, alerta economista

    Crise mundial da dívida pública vai estourar em breve, alerta economista

    A dívida mundial chegou a um nível insustentável e pode provocar uma crise sem precedentes na próxima década, segundo o economista Arthur Laffer, presidente da Laffer Tengler Investments.

    Ele afirmou, em entrevista à CNBC, que a dívida dos países ricos e emergentes cresceu 100 trilhões de dólares em relação à década passada, representando 336% do produto interno bruto (PIB) global.

    “Os próximos dez anos serão a década da dívida. A dívida global está no limite. Isso vai acabar mal”, disse Laffer.

    De acordo com o relatório do Institute of International Finance, a relação dívida/PIB era, em média, de 110% para as economias avançadas e de 35% para as emergentes em 2012. No último trimestre de 2022, estava em 334%.

    Laffer alertou que cerca de cem países terão que cortar gastos em áreas sociais vitais, como saúde, educação e proteção social, para honrar suas dívidas.

    Ele disse que os países que conseguirem ajustar suas contas públicas poderão atrair mais recursos humanos, financeiros e produtivos, enquanto os que não conseguirem poderão perder competitividade, receita e até mesmo quebrar.

    “Alguns dos maiores países que não enfrentam seus problemas de dívida vão definhar fiscalmente”, afirmou Laffer, acrescentando que algumas economias emergentes “podem falir”.

    O economista ressaltou que o envelhecimento da população nos países desenvolvidos e a escassez de mão de obra tornarão o pagamento da dívida ainda mais difícil.

    “Existem duas formas principais de resolver esse problema: aumentar a arrecadação ou fazer o PIB crescer mais do que a dívida”, ele concluiu.

    A insustentabilidade da dívida dos EUA inevitavelmente afetará os mercados

    Arthur Laffer não é o único expressando preocupações com a dívida nos Estados Unidos e em outros países.

    Na segunda-feira, falando também à CNBC, o gestor de fundo de cobertura Paul Tudor Jones destacou que a robustez da economia americana está atrelada aos gastos governamentais, algo que ele considera insustentável a longo prazo.

    Jones alertou que as consequências dos substanciais gastos deficitários inevitavelmente repercutirão nos mercados, questionando apenas o momento em que esses efeitos se tornarão evidentes, ao passo que ressalta a certeza de que o caminho atual é insustentável.

    Ele prevê que a questão da dívida emergirá como um dos principais temas a moldar a economia nos anos vindouros, referindo-se a ela como uma “bomba de dívida” decorrente de uma negligência fiscal. No entanto, Jones admite que os impactos da dívida pública podem ser mitigados, em parte, pelos avanços em produtividade trazidos pela inteligência artificial, os quais podem ser surpreendentemente significativos no futuro.

    De forma geral, a aceleração dos gastos públicos tem alarmado economistas, com a dívida total dos EUA atingindo 34 trilhões de dólares no começo deste ano. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, também expressou sua preocupação em uma entrevista ao programa “60 Minutes”, alertando que os Estados Unidos seguem por uma trajetória fiscal que não pode ser sustentada a longo prazo.

    Investing.com

  • OMS: surto de dengue no Brasil faz parte de aumento em escala global

    OMS: surto de dengue no Brasil faz parte de aumento em escala global

    Em visita ao Brasil, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse nesta quarta-feira (7) que o surto de dengue registrado no país faz parte de um grande aumento de casos da doença em escala global. Segundo ele, foram relatados, ao longo de 2023, 500 milhões de casos e mais de 5 mil mortes em cerca de 80 países de todas as regiões, exceto a Europa.

    Durante a cerimônia de lançamento do programa Brasil Saudável, Tedros lembrou que o fenômeno El Niño, associado ao aumento das temperaturas globais, vem contribuindo para o aumento de casos de dengue no Brasil e no mundo. O diretor-geral da OMS comentou ainda a vacinação contra a doença e disse que o país tem uma capacidade gigantesca de produção de insumos desse tipo.

    “O Brasil está fazendo seu melhor. Os esforços são em interromper a transmissão e em melhorar o controle da doença”, disse. “Temos a vacina e isso pode ser usado como uma das ferramentas de combate”, completou.

    Agência Brasil

  • Morre Sebastián Piñera, ex-presidente do Chile, em acidente de helicóptero

    Morre Sebastián Piñera, ex-presidente do Chile, em acidente de helicóptero

    Outras três pessoas ficaram feridas, mas não correm risco de vida; Piñera comandou o Chile por dois mandatos

    O ex-presidente do Chile Sebastián Piñera morreu aos 74 anos nesta terça-feira (6) em um acidente de helicóptero, informaram o governo chileno e a equipe do empresário. A aeronave caiu no Lago Ranco, no sul do Chile. Outras três pessoas ficaram feridas.

    Segundo as autoridades, o acidente aconteceu às 14h57, no horário local, no Lago Ranco. O helicóptero seria de propriedade privada.

    Piñera tem uma casa na região rural onde aconteceu a queda, que usava durante as férias. Ele voltava de um almoço na casa do empresário José Cox.

    As condições meteorológicas da região eram ruins na hora do acidente, com muita chuva, segundo relatos.

    Até o momento, a identidade dos demais ocupantes não foi confirmada, mas a ministra do Interior do Chile afirmou que os feridos estão fora de perigo. Ainda segundo a autoridade, será realizado um funeral de Estado para Piñera.

    O atual presidente do Chile, Gabriel Boric, decretou três dias de luto nacional. Ele destacou ainda que entrou em contato com os ex-presidentes do Chile Eduardo FreiRicardo Lagos e Michele Bachelet.

    “Todos eles lamentam profundamente a morte do ex-presidente Sebastián Piñera. Farão todo o possível para participar de seu funeral”, anunciou.

    Líderes mundiais, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), lamentaram a morte do empresário de 74 anos, destacando seus feitos à frente do Chile.

    Quem era Sebastián Piñera

    O empresário governou o país duas vezes: entre 2010 e 2014; e entre 2018 e 2022.

    Piñera foi candidato da coalizão de centro-direita Chile Vamos, vencendo as eleições presidenciais no país sul-americano pela segunda vez em 2017.

    Engenheiro comercial com pós-graduação em Economia na universidade de Harvard, foi considerado um dos maiores empresários do Chile.

    Ele era acionista majoritário da principal companhia aérea anteriormente conhecida como LAN, do time de futebol local Colo-Colo e de uma estação de televisão, embora tenha vendido a maior parte dessas participações quando assumiu a Presidência em março de 2010.

    Em 2024, ele ficou em 1.176º lugar na lista global dos mais ricos da Forbes, com um patrimônio líquido de US$ 2,7 bilhões.

    Foi docente de várias universidades e consultor de organizações como Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Mundial.

    Em 1976, trabalhou em um projeto para a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

    Piñera começou a carreira política como senador, em 1990. Em 2006, disputou a Presidência, ano que Michelle Bachelet ganhou as eleições.

    Quatro anos depois, foi Bachelet quem entregou a faixa presidencial a Piñera. Seu governo foi o primeiro de centro-direita eleito democraticamente desde 1958, segundo informações da CNN Espanhol.

    Em 11 de março de 2010, assumiu um Chile destruído por um terremoto que deixou mais de 500 mortos e muito prejuízo. Meses depois, também houve o resgate dos 33 mineiros de Copiapó, que ficaram 70 dias presos.

    Sua popularidade passou por momentos críticos durante o primeiro governo, em parte por protestos estudantis, que demandavam mais acesso ao sistema educacional do país.

    Ao fim do primeiro mandato, tinha 50% de aprovação, segundo a consultoria Adimark. Analistas avaliaram que esse nível se deu pela diminuição do desemprego e recuperação da economia, por exemplo.

    Com o lema “Tempos Melhores”, tinha a redução do desemprego, crescimento econômico e melhora da qualidade de vida da classe média entre as propostas para o segundo mandato. Venceu a disputa eleitoral em dezembro de 2017.

    Entre 2019 e 2020, o Chile viveu intensos protestos, que começaram contra a alta tarifa do metrô e se desenvolveram na luta por uma nova Constituição, pois a atual remonta à ditadura de Pinochet.

    Em 2020, um plebiscito decidiu que uma nova Constituição deveria ser redigida. Entretanto, em 17 de dezembro de 2023, uma nova consulta pública rejeitou a proposta de Carta Magna.

    Piñera também comandou a luta contra a pandemia de Covid-19 no Chile. O país, que em maio de 2020 havia atingido as maiores taxas de infecção per capita do mundo junto com o Peru, se tornou um exemplo global com a campanha de vacinação.

    Até 9 de fevereiro de 2021, quando alguns países da região ainda não tinham recebido nenhuma vacina contra a Covid-19, mais de um milhão de doses da vacina já tinham sido administradas no Chile.

    Piñera se casou em 1973 com Cecília Morel e teve quatro filhos.

    *com informações da CNN Chile e CNN Espanhol

  • Novo tratamento para obesidade simula efeitos da bariátrica sem cirurgia

    Novo tratamento para obesidade simula efeitos da bariátrica sem cirurgia

    Descoberta pode ser um potencial tratamento para obesidade e redução do peso sem as restrições de outros procedimentos atualmente disponíveis

    Um novo tratamento para obesidade promete perda de peso sem a necessidade de fazer uma cirurgia bariátrica e sem os efeitos colaterais associados a outras drogas para emagrecimento, como enjoos e náuseas.

    Além disso, a droga levou à redução de cerca de 80% do apetite em ratos testados em laboratório e diminuiu, em média, 12% do peso em 16 dias de tratamento. Com isso, a descoberta pode ser um potencial tratamento para obesidade e redução do peso sem as restrições de outros procedimentos atualmente disponíveis.

    O experimento com a molécula, batizada de GEP44, foi feito em ratos obesos em laboratório e ainda precisa ser realizado e aprovado em humanos. Os resultados da pesquisa foram apresentados no encontro da Sociedade de Química Americana (ACS, na sigla em inglês).

    A droga injetável mimetiza os efeitos de uma cirurgia bariátrica por atuar de forma semelhante ao GLP-1 (peptídeo do tipo glucagon 1) e o PYY (peptídeo YY). O primeiro atua reduzindo o nível de glicose no sangue ao liberar insulina na corrente sanguínea, enquanto o segundo trabalha na sensação de saciedade. Combinados, eles reduzem o apetite, por isso são moléculas-alvo para a formulação de drogas para perda de peso.

    Já a molécula GEP44 simula os efeitos da cirurgia bariátrica sem a necessidade de um procedimento invasivo, afirma o pesquisador principal do estudo e professor da Universidade de Syracuse, Robert Doyle.

    “Redução da quantidade de ingestão de calorias é um mecanismo que leva à perda de peso mas não só, então nós fomos atrás do mecanismo metabólico que leva a essa redução, sem ter efeitos deletérios no organismo. O que vimos foi que as mudanças produzidas por esse composto mimetizam o efeito de uma bariátrica quando há uma espécie de ‘reprogramação’ do sistema endócrino associado à perda de peso”, afirma.

    Além disso, a droga não apresentou nenhum efeito colateral. “Tivemos uma incidência baixa de náusea nos ratos em experimentos mesmo com uma dose dez vezes maior da liraglutida [substância aprovada pela Anvisa para o tratamento da obesidade]”, indica o autor.

    Doyle pontua que como ratos não têm a capacidade de vomitar, o tratamento foi testado também em outro modelo animal (conhecidos como shrews, em inglês), que são pequenos mamíferos insetívoros semelhantes a ratos, e que podem apresentar vômitos como sintomas.

    Nestes, a droga também não provocou efeitos colaterais. Após 28 dias, os cientistas viram uma perda significativa de peso nos animais. Segundo o pesquisador, a expectativa é de iniciar os testes em humanos dentro de um período de 18 meses. A produção, escala e custos do medicamento serão comparáveis aos de outras drogas com princípios ativos semelhantes, como a liraglutida e semaglutida (presente nos medicamentos Saxenda, Wegovy e Ozempic).

    Para o endocrinologista Fábio Moura, diretor da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), a nova molécula parece promissora por atuar na classe que os médicos chamam de agonistas triplos, isto é, que agem em três receptores diferentes do GLP-1 e dos peptídeos PYY no cérebro.

    “Isto significa que vai ter uma possível ampliação de eficácia sem ampliação de efeitos colaterais, mas ainda é muito cedo afirmar porque esse estudo está ainda na fase pré-clínica [quando é testado em animais em laboratório]”, afirma o especialista.

     

    De acordo com Doyle, outro potencial benefício da droga é que ela atua em receptores no cérebro para opioides como fentanil, que são altamente viciantes. “Esse foi um efeito completamente inesperado mas que pode ter efeito a longo prazo no comportamento de vício, uma vez que ele aumenta a janela de tempo que leva à procura da droga”, diz o autor do estudo.

    Por fim, o pesquisador afirma que não foi observado o que ele chama de “compensação”, efeito comum em pessoas que passam por cirurgia bariátrica ou fazem uso de medicamentos para controle de obesidade. Nesses casos, os pacientes recuperam o peso perdido ao parar o tratamento –o chamado “efeito sanfona” ou “rebote”.

    “Até o momento, não vimos a compensação como efeito da droga, o que pode indicar um mecanismo de ação nos receptores cerebrais associados à saciedade e ao apetite. A próxima etapa irá focar em investigar os genes envolvidos diretamente com a ativação de neurônios que atuam na cadeia de receptores de saciedade no cérebro”, finaliza Doyle.

    O Estado de Minas

  • Atualização sobre o câncer a partir do cogumelo

    Atualização sobre o câncer a partir do cogumelo

    Recebi recentemente um DM de alguém que teve resultados INCRÍVEIS revertendo o câncer com um tipo específico de cogumelo. Os testes genéticos mostraram que ele tem a forma mais agressiva de câncer de próstata possível.
    Os médicos lhe disseram que não havia muito que pudessem fazer e que ele deveria se preparar para morrer. Ele viu minha postagem no Twitter e decidiu experimentar 20 cápsulas de cogumelo por dia. Após 12 semanas, com tratamento convencional ZERO, seu PSA (marcador de câncer) caiu MAIS de 60%.
    De 25 para apenas 9. Bem a caminho do normal (4 ng/mL). Isso NÃO deveria acontecer! Se você perguntasse a um médico, eles diriam que é impossível. —— Existe um tipo de cogumelo tão PODEROSO que na dose certa pode REVERTER o estágio 4 do câncer. Existem 3 relatos de casos humanos publicados em revistas médicas revisadas por pares sobre CANCER REVERSAL com este cogumelo.Seu Dr. “esqueceu” de te contar?! O cogumelo é conhecido por vários nomes: Mesima, cogumelo Black Hoof ou Phellinus Linteus. Foi demonstrado que P. Linteus aumenta poderosamente a atividade das células Natural Killer (elas procuram e matam o câncer). Provavelmente funciona para o câncer estimulando o sistema imunológico, para que o corpo possa “cuidar” do câncer por conta própria.
    • RELATO DE CASO 1: um homem de 79 anos apresentava CÂNCER DE FÍGADO avançado com múltiplos tumores pulmonares que “regrediram espontaneamente” após tomar o cogumelo Phellinus Linteus (Mesima).
    Ele não estava em nenhum outro tratamento. Após 6 meses, os “tumores pareciam estar em regressão completa” e permaneceram em regressão. O câncer de fígado avançado é “incurável”.
    • RELATO DE CASO 2: Um homem de 68 anos com CÂNCER DE PRÓSTATA agressivo e múltiplos tumores nos ossos e na bexiga começou a tomar o cogumelo Phellinus Linteus (Mesima) depois que seus médicos esgotaram todas as outras opções. “De repente” ele experimentou a “REMISSÃO DRAMÁTICA” de seu câncer. Depois disso, ele permaneceu saudável, com leituras normais de PSA. O câncer de próstata avançado é “incurável”.
    • RELATO DE CASO 3: Um homem de 65 anos, que bebeu pelo menos 7 doses de álcool por dia durante 30 anos, tinha tumores no fígado e um enorme TUMOR CEREBRAL. O homem “recusou todo o tratamento recomendado e recebeu alta”. Não se esperava que ele sobrevivesse. Ele começou a tomar o cogumelo Phellinus Linteus (Mesima). Após 10 meses ele sentiu-se muito bem e um exame revelou que TODOS os seus tumores tinham diminuído dramaticamente. Sem tratamento, seu tipo de câncer geralmente é “fatal em poucos meses”.
    Algumas fontes relatam que há cerca de 35 anos, o cogumelo Phellinus Linteus foi estudado no Japão e foi relatado que “ele tinha o MAIOR EFEITO ANTITUMORAL ENTRE TODOS OS COGUMELOS”. O cogumelo também reduziu drasticamente muitos tipos de tumores in vivo em estudos com animais. Estudos in vitro e em animais demonstraram que P. Linteus tem forte atividade contra: câncer de mama, cólon, fígado, pulmão, boca, próstata e pele. Também foi demonstrado que ajuda pacientes humanos com câncer de pâncreas.Surpreendentemente, o cogumelo Phellinus Linteus também demonstrou ter PODEROSOS benefícios antioxidantes e anti-inflamatórios, com efeitos impressionantes em doenças como: • Diabetes • Artrite reumatoide • Alergias • Até mesmo o vírus da gripe H1N1!Perfil de segurança incrível: estudos em animais sugerem que o cogumelo é provavelmente extremamente seguro, mesmo em doses massivas. Estudos em humanos também demonstraram que é muito seguro e geralmente sem efeitos colaterais.
    Resumindo, Mesima (Phellinus Linteus) tem um potencial INCRÍVEL para o Câncer e muito mais!
    Natural Immunity FTW
    @NaturallyFTW
    CANCER Update: I got a DM recently from someone who’s had AMAZING results reversing cancer w/a specific type of mushroom. Genetic testing showed he has the most Aggressive form of Prostate Cancer possible. Doctors told him there wasn’t much they could do, & he should prepare to…

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  • Golpistas roubam mais de R$ 125 milhões de empresa em reunião falsa gerada por IA

    Golpistas roubam mais de R$ 125 milhões de empresa em reunião falsa gerada por IA

    Um funcionário do departamento financeiro de uma multinacional em Hong Kong transferiu mais de US$ 25 milhões para golpistas após ser enganado por uma deepfake do seu chefe durante uma videoconferência falsa. A fraude, ocorrida em janeiro, foi revelada pelas autoridades locais no domingo (4).

    Segundo a polícia de Hong Kong, o colaborador foi convidado a participar da reunião online na qual estariam, supostamente, o líder do setor financeiro (CFO) da companhia, e outros colegas de trabalho. No entanto, o homem era a única pessoa real no chat — os demais participantes foram gerados por inteligência artificial.

    Na conversa, o suposto CFO solicitou ao trabalhador que fizesse 15 transferências para cinco contas bancárias em um total equivalente a mais de R$ 125 milhões pela cotação do dia. Inicialmente desconfiado, ele se convenceu de que conversava com o chefe após outras “pessoas” entrarem na reunião virtual.

    O funcionário só descobriu que havia sido alvo de golpistas após entrar em contato com a sede da corporação. Nomes e outras informações da empresa e da vítima envolvida no primeiro golpe de videoconferência deepfake em Hong Kong não foram revelados.

    Como o vídeo falso foi gerado?

    Conforme a investigação do caso, os autores da fraude teriam tido acesso a vídeos reais de videoconferências anteriores da empresa. Em seguida, aproveitaram ferramentas de IA para adicionar vozes falsas às pessoas que aparecem nas imagens, na tentativa de enganar a vítima.

    As autoridades alertaram que esse tipo de golpe tem crescido em Hong Kong, onde seis acusados de usarem a tecnologia em atividades criminosas acabaram presos nas últimas semanas. Além disso, foram registradas pelo menos 20 tentativas de uso de deepfakes para enganar softwares de reconhecimento facial na região.

    Verificar informações junto aos canais oficiais de comunicação da empresa é uma das medidas para evitar cair no golpe da videoconferência de deepfake, como destacou a polícia local. Além disso, também é válido e fazer perguntas para confirmar se as pessoas que estão participando de reuniões online suspeitas são reais.

    Recentemente, a cantora Taylor Swift foi alvo de cibercriminosos que usaram a tecnologia para criar imagens pornográficas geradas por IA com a aparência da estrela pop. Depois disso, senadores americanos apresentaram um projeto de lei para facilitar que as vítimas de campanhas como esta processem os autores.

    TecMundo

  • Irã alerta sobre resposta decisiva a qualquer ataque

    Irã alerta sobre resposta decisiva a qualquer ataque

    O Irã responderá a qualquer ameaça dos Estados Unidos, disse o chefe da Guarda Revolucionária iraniana, Hossein Salami, nesta quarta-feira, enquanto Washington avalia sua resposta ao assassinato de militares norte-americanos por militantes alinhados a Teerã.

    “Ouvimos ameaças vindas de autoridades norte-americanas, dizemos a elas que já nos testaram e agora nos conhecemos, nenhuma ameaça ficará sem resposta”, afirmou Salami, segundo a agência de notícias semi-oficial Tasnim.

    Em janeiro de 2020, a Guarda Revolucionária atacou a base norte-americana de Ain al-Asad no Iraque após um ataque de drone dos EUA em Bagdá que matou Qassem Soleimani, o comandante da Força Quds de elite da Guarda Revolucionária do Irã.

    O enviado do Irã às Nações Unidas, Amir Saeid Iravani, também alertou na quarta-feira que Teerã responderia de forma decisiva a qualquer ataque ao seu território, seus interesses ou cidadãos iranianos fora de suas fronteiras.

    Os comentários das autoridades iranianas foram feitos um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter anunciado que decidiu como responder a um ataque de drones realizado por grupos iraquianos alinhados ao Irã que matou militares norte-americanos na Jordânia, sem entrar em detalhes.

    Vários guardas revolucionários iranianos foram mortos após ataques israelenses na Síria, com cinco membros morrendo em 20 de janeiro e outros dois em 25 de dezembro.

    Na segunda-feira, outro ataque israelense atingiu o que Tasnim descreveu como um “centro de assessoria militar iraniano” na Síria, matando duas pessoas, mas o enviado do Irã à Síria negou os detalhes sobre o alvo e disse que as vítimas não eram iranianas.

    Em 15 de janeiro, o Irã atacou o que diz ser um “quartel-general de espionagem” israelense na região semi-autônoma do Curdistão iraquiano.

    Reuters

  • 7 motivos que fizeram Brasil piorar em ranking de corrupção no primeiro ano de Lula

    7 motivos que fizeram Brasil piorar em ranking de corrupção no primeiro ano de Lula

    O Brasil caiu dez posições e ficou em 104º lugar entre 180 países no Índice de Percepção da Corrupção de 2023, divulgado pela ONG Transparência Internacional nesta terça-feira (30/1).

    O índice classifica as nações de acordo com uma pontuação que vai de 0, no pior cenário de corrupção, a 100, no melhor. Enquanto a média mundial ficou estagnada em 43 pontos pelo 12º ano consecutivo, a pontuação brasileira caiu de 38 para 36 pontos em 2023.

    Essa é a pior queda do Brasil desde 2017, quando o país perdeu 17 posições no ranking em relação a 2016 (foi de 79º para 96º lugar).

    Segundo a Transparência Internacional, o declínio está ligado à dedicação à neutralização do sistema de freios e contrapesos da democracia durante os anos de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    Ao mesmo tempo, a organização aponta a falta de compromisso da administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em reconstruir esse sistema e os mecanismos de controle da corrupção em seu primeiro ano de mandato.

    A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, respondeu à divulgação do relatório afirmando que a ONG tem “longa trajetória de desinformação” contra o partido.

    “Acusar de retrocesso a indicação dos ministros Cristiano Zanin e Flavio Dino ao STF, além da escolha de Paulo Gonet para a PGR, revela apenas a má vontade e a oposição política da ONG a @LulaOficial e ao PT. Queriam que Lula indicasse procurador-geral e ministros lavajatistas? Expliquem antes quem financia vocês, abram suas contas”, disse Gleisi no X (antigo Twitter).

    A Controladoria-Geral da União (CGU) também reagiu ao relatório. Em nota oficial, o órgão afirmou que “reverteu quase duas centenas de sigilos abusivos e, mais importante, estabeleceu regras para prevenir novas violações da Lei de Acesso à Informação”.

    “O governo Lula vem restabelecendo a estrutura dos conselhos de políticas públicas, espaços essenciais – como reconhece o relatório da TI – para a prevenção e o controle da corrupção. Há de ressaltar, no entanto, que estudos internacionais discutem as limitações metodológicas de índices baseados em percepção, por isso seus resultados devem ser vistos com cautela.”

    “Diversos organismos internacionais – entre eles ONU, G20 e OCDE – têm discutido a elaboração de novas medidas sobre o tema. A corrupção é um fenômeno complexo e nenhum indicador consegue medir todos os seus aspectos”, acrescentou o texto.

    A BBC News Brasil selecionou alguns dos pontos principais que levaram a Transparência Internacional a fazer tais críticas e que ajudam a explicar a queda do Brasil no ranking de 2023, segundo o próprio relatório da organização.

    1. Ingerência e autonomia das instituições

    Um dos pontos apontados pelo relatório da instituição como parte dos esforços do governo Bolsonaro para o “desmanche do pilar de controle jurídico” é a ingerência em organismos como a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Polícia Federal (PF), a Controladoria-Geral da União (CGU), o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), a Advocacia-Geral da União (AGU), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Receita Federal, entre outros.

    Segundo a Transparência Internacional, a “peça central” desse esforço foi a nomeação do agora procurador-geral da República, Augusto Aras, que “desarticulou o enfrentamento à macrocorrupção” e foi “responsável por uma retração histórica nas funções de controle constitucional dos atos do governo”.

    “Se os ataques dos fanáticos golpistas destruíram fisicamente as sedes dos Três Poderes, a omissão da PGR contribuiu para sua destruição institucional”, diz o relatório sobre os ataques de 8 de janeiro de 2023 em Brasília – estes também apontados como pontos negativos do último ano pelo ranking de percepção da corrupção.

    Aras foi substituído em dezembro por Paulo Gonet.

    O estudo também indica um neglicenciamento do governo Lula em reerguer alguns dos pilares jurídicos ameaçados pelo seu antecessor, em especial no âmbito da autonomia do sistema de Justiça.

    Entre as principais ações que justificam tal conclusão estão a nomeação de Cristiano Zanin, ex-advogado particular de Lula, e de Flávio Dino, seu ministro da Justiça e Segurança Pública e aliado, para o Supremo Tribunal Federal (STF).

    A Transparência também aponta a nomeação do novo procurador-geral da República como “um forte indicativo de não haver compromisso real com a recuperação da independência deste órgão, cuja cooptação por Bolsonaro foi tão desastrosa para o país”.

    Lula nomeou o ex-subprocurador Paulo Gonet para comandar a PGR, ignorando as escolhas apontadas pela lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e rompendo com uma tradição que ele mesmo havia inaugurado.

    Bolsonaro também indicou Aras sem seguir a lista tríplice.

    Segundo a Transparência Internacional, “nunca o Judiciário brasileiro esteve tão permeado, até suas mais altas esferas, por interesses e transações políticas e econômicas – ou pelo menos nunca tão explicitamente”.

    O relatório diz que as relações impróprias entre Executivo e Judiciário poderiam ter sido mitigadas com duas tentativas regulatórias que fracassaram em 2023.

    A primeira foi barrada pelo plenário do STF, que julgou inconstitucional uma reforma aprovada em 2014 no Congresso para proibir que juízes atuem em processos em que alguma das partes for cliente de escritório de advocacia de parente do(a) magistrado(a).

    A segunda foi descartada no plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e previa dar mais transparência e controle à participação de juízes em eventos patrocinados ou organizados por pessoas jurídicas ou físicas que tenham alguma demanda judicial sob sua jurisdição.

    2. ‘Orçamento secreto’ e mecanismos de barganha

    A organização aponta um desmanche do pilar de controle político durante o governo Bolsonaro por meio do chamado ‘orçamento secreto’, apelido dado a uma modalidade de emendas ao Orçamento da União.

    “Sob um verniz de legalidade e um teatro de institucionalidade, o ‘orçamento secreto’ representou o maior esquema de apropriação orçamentária para fins escusos de que se tem registro no país”, diz o relatório.

    Entre os efeitos das novas regras aprovadas durante o governo Bolsonaro, a organização aponta a “perversão de parâmetros técnicos na formulação de políticas públicas e na alocação orçamentária” , “a pulverização da corrupção com municípios recebendo bilhões sem capacidade de gestão e controle” e a “manipulação eleitoral, favorecendo a reeleição e a ampliação do ‘Centrão’”.

    As emendas de relator, que estavam por trás do “orçamento secreto”, foram consideradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, mas segundo a Transparência “governo e Congresso encontraram rapidamente um arranjo para preservar o mecanismo espúrio de barganha”.

    “Durante a campanha, Lula criticou duramente o orçamento secreto e chegou a prometer substitui-lo por um mecanismo de orçamento participativo. Fez o oposto, criou o ‘orçamento secreto 2.0’.”

    Segundo o relatório, o modelo adotado no governo Lula segue essencialmente o mesmo padrão da administração de Bolsonaro, com o Centrão fortalecido e ampliado no Congresso

    “Tudo indica que as verbas disponíveis serão ainda maiores, com a reedição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um banquete para o ‘Centrão’”, nas eleições municipais de 2024, diz a organização.

    O ranking ainda aponta a reintrodução, no atual governo, de outra grande moeda de troca no Congresso: o loteamento das estatais.

    De acordo com o documento, a administração Lula pressiona pela fragilização da Lei das Estatais “e, portanto, da governança dessas empresas, com o objetivo de ampliar o loteamento político”.

    “No front judicial já obteve uma grande vitória, com uma decisão liminar do então ministro Lewandowski (hoje indicado ministro da Justiça e Segurança Pública), que derrubou este ponto central da lei, de freio a nomeações políticas, com o argumento de que se tratava de prática discriminatória.”

    3. Redução da transparência

    Outra crítica feita pela Transparência Internacional tem relação com a redução da transparência e do acesso à informação pública durante o governo de Jair Bolsonaro.

    Segundo a organização, houve um “apagão de dados governamentais, “emprego de sigilos abusivos e restrições de acesso e “extinção dos espaços institucionalizados de participação social”.

    Por outro lado, o relatório aponta uma melhora nesse setor em 2023, com a identificação da volta da participação social à agenda do país, além da implementação de mais mecanismos de transparência.

    “No entanto, a representatividade nos principais cargos do poder político ficou em segundo plano, apesar das cobranças da sociedade pela nomeação, por exemplo, de uma ministra mulher e, pela primeira vez na história do país, negra para o STF. O governo Lula ignorou estas demandas, usando uma das nomeações para indicar o advogado pessoal do presidente para o cargo.”

    Cristiano e Valeska Zanin em foto ao lado de Lula© REPRODUÇÃO/ INSTAGRAM LULAOFICIAL

    4. Fake news e discurso de ódio

    Juntamente com a redução do acesso à informação pública, o ranking aponta a disseminação sistemática de fake news e discurso de ódio como fatores que desestabilizaram o controle social no governo Bolsonaro.

    Segundo o relatório, essa disseminação aconteceu por meio de canais oficiais e de manifestações de autoridades públicas, da varticulação e do financiamento oculto de milícias digitais e da alocação de verbas de publicidade oficial para veículos de desinformação e mídia oficialista.

    A organização também lista os “ataques permanentes, inclusive violentos, a ativistas, acadêmicos, artistas e jornalistas” e “a estruturação de aparatos clandestinos de espionagem” como parte desse fenômeno.

    5. Lobby advocatício

    A Transparência Internacional também lista o poder alcançado pelo que chama de “lobby advocatício” como uma das razões para a queda do Brasil no ranking de 2023.

    O relatório relaciona diretamente esse ponto com a perda de autonomia das instituições e as relações impróprias entre Executivo e Judiciário.

    “Se no primeiro mandato de Lula, no início dos anos 2000, um grupo de jovens advogados constitucionalistas, especialistas em direito público e direitos humanos foi convocado a fazer parte do governo e esteve por trás de avanços significativos nas políticas de transparência e anticorrupção, hoje os advogados que compõem o entourage presidencial e ocupam cargos influentes são criminalistas de elite que ajudaram no desmonte desses marcos.”

    Segundo a organização, esse lobby conquistou influência política e explorou “o rico negócio da revogação de prisões e anulações em massa das condenações criminais da Lava Jato”.

    “Esgotado este mercado, agora exploram outro nicho, talvez ainda mais rentável: a anulação das multas dos acordos de leniência das empresas.”

    Esse esforço, segundo a Transparência, levou a ações inéditas em 2023, tal como o ajuizamento de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no STF, para pedir a suspensão generalizada de todas as multas aplicadas às grandes empresas que confessaram corrupção em acordos de leniência assinados nos últimos anos no Brasil (não apenas na Lava Jato).

    6. Exacerbação dos poderes do STF e TSE

    Outro ponto apontado pelo relatório é “a exacerbação dos poderes do STF e do TSE e a resistência em retornarem a um estado de normalidade constitucional”.

    Segundo o documento, diante de graves ameaças, de ataques efetivos aos tribunais e à democracia e do vácuo constitucional da PGR durante o governo de Jair Bolsonaro, os ministros exacerbaram seus papéis.

    “Mas se a subversão do regime acusatório serviu como uma traqueostomia no resgate de um sistema sufocado, a violação continuada de garantias processuais e direitos individuais traz consequências nefastas para o estado de direito e minam, progressivamente, a reserva de autoridade da Justiça”, diz a ONG.

    O ranking aponta como um dos mais graves exemplos dessa tendência algumas decisões feitas pelo ministro Dias Toffoli.

    Segundo a instituição, nessas ações “o magistrado decidiu, monocraticamente e com fortes evidências de conflitos de interesses e outras heterodoxias processuais, sobre demandas que tiveram imenso impacto sobre a impunidade de casos de corrupção que figuram entre os maiores da história mundial”.

    “No intervalo de pouco mais de dois meses, ele anulou todas as provas do acordo de leniência da Odebrecht (rebatizada de “Novonor”) e suspendeu multa de mais de R$ 10 bilhões aplicada ao grupo J&F, proprietário da JBS.”

    Ainda segundo a organização, “a busca obstinada do maior grupo empresarial brasileiro, a J&F, por reverter decisões judiciais e alcançar impunidade total pelos crimes que confessou, evidencia os problemas estruturais de conflitos de interesses no sistema de Justiça brasileiro.”

    Para a Transparência, a anulação generalizada de condenações e sanções aplicadas a políticos e empresários levou a um agravamento da percepção de impunidade nos casos de grande corrupção.

    Na decisão, Toffoli argumentou que as ações judiciais que culminaram com a prisão de Lula foram uma “armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado, por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações ilegais”.

    7. Fundo Eleitoral e flexibilização de mecanismos de transparência

    Outro caso específico apontado pela Transparência Internacional foi o aumento do Fundo Eleitoral para as eleições municipais de 2024.

    O Fundão, como é conhecido popularmente, foi aprovado pelo Congresso em 2017, e para 2024 teve seu valor definido em R$ 4,96 bilhões. A quantia foi aprovada pelo Congresso em dezembro do ano passado.

    A organização ressalta que esse total é mais que o dobro do disponibilizado para as eleições municipais de 2020 e que, juntamente com a redução de controles, pode ser prejudicial para o país e para os mecanismos de controle à corrupção.

    Os valores destinados a cada partido não são divididos igualmente, mas calculados de forma proporcional à quantidade de cadeiras de determinado partido no Congresso.

    Sobre isso, o relatório aconselha ao governo “aprimorar os mecanismos de transparência e prestação de contas dos partidos políticos considerando os riscos oriundos da ampliação do Fundo Eleitoral destinado às candidaturas municipais em 2024, especialmente de fraude às cotas para mulheres e pessoas negras”.

    Como ponto negativo, a Transparência Internacional ainda aponta a aprovação às pressas, pela Câmara dos Deputados, de projeto de reforma eleitoral, que flexibilizaria, já para as eleições de 2024, mecanismos de transparência e democratização de acesso à política.

    BBC