Categoria: Mundo

  • Suspeitos de ataque terrorista na Rússia podem ser condenados à prisão perpétua

    Suspeitos de ataque terrorista na Rússia podem ser condenados à prisão perpétua

    Tiroteio em casa de shows próxima de Moscou deixou mais de 130 mortos, segundo autoridades russas; todos os quatro suspeitos estão presos preventivamente

    Todos os quatro suspeitos do caso do ataque à sala de concertos de Crocus City, perto de Moscou, na Rússia, foram mantidos em prisão preventiva até 22 de maio.

    Eles são acusados ​​de cometer um ato terrorista, de acordo com os tribunais de jurisdição geral da cidade de Moscou, que, segundo o Código Penal Russo, é punível com prisão perpétua.

    Três dos réus se declararam culpados de todas as acusações, segundo a agência de notícias estatal TASS. Todos os quatro são do Tadjiquistão, uma ex-república soviética, e estiveram na Rússia com vistos temporários ou vencidos. Cada um deles foi levado ao tribunal individualmente no domingo (24).

    O ataque de sexta-feira deixou pelo menos 137 mortos, e é considerado o ataque mais mortal da Rússia em duas décadas.

    Putin presta homenagem

    O presidente russo, Vladimir Putin, acendeu uma vela no domingo em memória das vítimas do ataque mortal na sala de concertos Crocus City, na região de Moscou, na última sexta-feira.

    Putin também expressou condolências após o tiroteio em Moscou, chamando-o de “ato terrorista bárbaro” em um comunicado em vídeo divulgado no sábado.

    (Com informações de Masha Angelova, Michael Bodenhorst, Josh Pennington, Eve Brennan e Anna Chernova)

    CNN

  • Daniel Alves paga fiança de 1 milhão de euros e deve deixar prisão

    Daniel Alves paga fiança de 1 milhão de euros e deve deixar prisão

    Justiça determinou o pagamento de fiança de 1 milhão de euros

    O ex-lateral-direito da Seleção Brasileira Daniel Alves pagou fiança de 1 milhão de euros (cerca de R$ 5,4 milhões). Segundo a agência Reuters, ele poderá ser colocado em liberdade provisória na Espanha na manhã desta segunda-feira (21).

  • Rússia diz que EUA precisam compartilhar quaisquer informações sobre ataque em Moscou

    Rússia diz que EUA precisam compartilhar quaisquer informações sobre ataque em Moscou

    A Rússia disse nesta sexta-feira que, se os Estados Unidos souberem com certeza que a Ucrânia não está envolvida no ataque a tiros ocorrido casa de shows Crocus City Hall, perto de Moscou, Washington deveria compartilhar quaisquer informações que tiver a respeito do massacre.

    O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse nesta sexta-feira que “não há indicativos neste momento de que a Ucrânia ou ucranianos estejam envolvidos”.

    “A Casa Branca afirmou que não vê sinais de que a Ucrânia ou ucranianos estão envolvidos no ataque terrorista em Moscou”, afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova.

    “Com base em que autoridades em Washington tiram conclusões sobre a inocência de alguém em meio a uma tragédia?”, questionou.

    Ela afirmou que, caso tenham informações, os EUA devem compartilhá-las e que, caso não as tenha, não deveriam estar falando dessa forma.

    Vídeo relacionado: Estados Unidos negam envio de militares para lutar na Ucrânia (Dailymotion)

  • Novo oceano está se formando e África pode se dividir em dois continentes

    Novo oceano está se formando e África pode se dividir em dois continentes

    Uma grande fenda está dividindo aos poucos o continente africano, e cientistas preveem que isto formará um novo oceano — mas só daqui há muitos anos… talvez milhões.

    A fenda não para de crescer

    Em 2018, as terras do Quénia foram abaladas por um evento geológico homérico. Formou-se uma enorme fenda de 56 quilômetros e que envolve uma autoestrada que liga Nairobi a Narok. O pior de tudo é que ela continua aumentando todos os dias e cientistas acreditam que ela não parará.

    Este fenômeno denominado de East Africa Rift (Fenda da África Oriental em tradução livre) abriu margem para cientistas fazerem descobertas incríveis: um possível novo oceano e a divisão do continente em dois.

    Fenômenos do tipo, embora super lentos e graduais perante a vida humana, são importantes para o desenvolvimento do planeta e é por meio de tais cisões que nosso planeta foi moldado ao longo do tempo. Isto influencia no clima, a topografia e até a evolução da vida no planeta Terra.

    Oceano e continente novos

    A fenda já se estende, atualmente, em cerca de 3.000 quilômetros desde o Golfo de Aden até Zimbabué. Desde 2018 um artigo da Sociedade Geológica alertou para a divisão do continente em dois, o que geraria um novo oceano na Terra. Existem outros pesquisadores que concordam, como neste estudo publicado no Daily Mail.

    Nesta publicação, na HAL Open Science, a equipe responsável analisa a evolução da fenda e também calcula possíveis consequências. Além disso, também relacionam a função do magma e movimentação das placas tectônicas com a expansão da fenda.

    No entanto, este processo pode levar cerca de dezenas de milhões de anos (talvez menos, especialmente com intervenções humanas). O fato é que é possível que a humanidade nem mesmo esteja no planeta quando o novo oceano se formar.

    IGN Brasil

  • Rússia coloca “movimento LGBT” em lista de terroristas e extremistas

    Rússia coloca “movimento LGBT” em lista de terroristas e extremistas

    Medida abre caminho para que membros da comunidade sejam punidos de forma mais dura

    A Rússia adicionou o que chama de “movimento LGBT” a uma lista de organizações extremistas e terroristas, disse a mídia estatal nesta sexta-feira (22).

    A mídia estatal da Rússia informou que o governo inseriu o que chama de “movimento LGBT” na lista de organizações terroristas do país. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (22) e tem como base uma decisão da Suprema Corte que autorizou ativistas LGBT+ a serem designados como extremistas.

  • Defesa de Robinho apresenta novo recurso ao STF

    Defesa de Robinho apresenta novo recurso ao STF

    A defesa de Robinho apresentou um novo recurso ao Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira (22) contra a autorização concedida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que o ex-jogador de futebol fosse preso de maneira imediata.

    Os advogados alegam que o STJ não tinha competência para determinar a prisão imediata do ex-jogador. O novo habeas corpus deve ficar sob a responsabilidade do ministro Luiz Fux, que nesta quinta-feira (21) negou um outro pedido da defesa.

    Segundo a defesa, o STJ só podia se limitar a homologar a sentença estrangeira, sem determinar prisão imediata nem o regime da pena, já que esta segunda parte seria responsabilidade do Supremo Tribunal Federal.

    Cela isolada, sem banho de sol: como serão primeiros dias de Robinho preso em Tremembé

    O presídio, a cerca de 220 quilômetros de Santos, onde o ex-jogador de SantosMilan e seleção brasileira foi preso, é conhecido por receber detentos de casos de grande repercussão popular. Robinho será tratado como todos eles e passará por um período de adaptação nos próximos dias.

    É somente após esse período que Robinho se juntará ao convívio com os demais presos. No local, por exemplo, existe um campo de futebol, além de outras funcionalidades, como locais para os detidos trabalharem, salas de aula, biblioteca ou igreja.

    Na chegada ao presídio de Tremembé, Robinho já recebeu o uniforme que é comum a todos os presos, camisa branca e calça bege e passou pelo corte de cabelo também padrão.

    Durante esse período de adaptação, Robinho é acompanhado por diferentes profissionais, de assistentes sociais a médicos, que avaliam sua condição periodicamente.

    Além de Robinho, a Penitenciária 2 de Tremembé tem outros presos de casos de grande repercussão, como Alexandre Nardoni (condenado pela morte da filha Isabella), Cristian Cravinhos (envolvido no assassinato do casal Richthofen) e Lindemberg Alves (assassinato de Eloá Pimentel).

    O presídio foi inaugurado em 1955, tem capacidade para 584 pessoas e hoje é ocupado por 434 presos.

    Defesa também vai apresentar outro recurso

    A defesa de Robinho também deve apresentar ainda nesta sexta-feira (22) mais um recurso chamado agravo regimental, pedindo que Fux reconsidere a decisão de quinta (21). Os advogados vão pedir que, caso não reconsidere, o ministro leve o pedido da defesa ao plenário ou para a Primeira Turma.

  • Entenda o que é e como conseguir o Blue Card da UE

    Entenda o que é e como conseguir o Blue Card da UE

    Visto criado em 2012 para atrair profissionais qualificados em áreas de grande demanda no país já contempla mais de 70 mil estrangeiros com a residência alemã

    Criado em agosto de 2012, o Blue Card, ou Cartão Azul da UE, é um título de residência especial para acadêmicos e trabalhadores estrangeiros de fora da União Europeia com habilidades comparáveis que pretendem obter emprego qualificado na bloco.

    O documento é válido por até quatro anos, mas a partir dele é possível conseguir uma residência permanente na Alemanha se a pessoa conseguir provar que possui ao menos o nível A1 (básico) de alemão.

    A Alemanha é um país muito procurado para estudar e trabalhar, especialmente por jovens de fora da União Europeia. Dos 458 mil estudantes estrangeiros que hoje frequentam universidades alemãs, mais de 175 mil vêm de países de fora da União Europeia, o que corresponde a pelo menos 38% de todos os estudantes.

    A índia lidera essa estatística, com mais de 42 mil alunos estudando no país europeu. Em seguida vem a China, com 39 mil, e a Síria, com 15 mil.

    E o interesse pelo blue card também é grande: os dados mais recentes de 2021 mostram que desde seu surgimento, cerca de 70 mil profissionais estrangeiros de fora da União Europeia foram contemplados com a permissão de residência na Alemanha.

    Quem pode solicitar?

    Para ser elegível ao Blue Card é preciso ter um diploma de curso superior, seja de uma universidade alemã, ou de uma instituição de ensino estrangeira. É importante que o documento seja reconhecido pelo governo alemão e, para isso, é necessário submetê-lo a uma declaração de comparabilidade.

    O aplicante também precisa provar que tem uma oportunidade de emprego correspondente à sua qualificação por um período de pelo menos seis meses e com salário bruto de €45.300 euros por ano.

    Já para estudantes que se formaram há pelo menos 3 anos ou profissionais de áreas com grande demanda de trabalho qualificado como engenharia, tecnologia da informação, medicina, educação, entre outros, basta um emprego com renda anual de €41.041,80.

    No caso de profissionais de TI, não é obrigatória uma qualificação formal para conseguir a cidadania, mas é necessário comprovar experiência de nível universitário na área de pelo menos três dos últimos sete anos.

    O passo a passo

    Primeiro, é necessário submeter a aplicação de visto referente ao Blue Card para a Alemanha no próprio país de origem – no caso de brasileiros, no próprio Brasil.

    É possível iniciar o processo de forma online por meio do site do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha. Após carregar a candidatura e documentos no site, os dados serão verificados e quaisquer ambiguidades serão esclarecidas com o requerente através do próprio Consular Services Portal.

    O site também indicará em qual representação consular o requerente deverá se apresentar. Na ocasião, a identidade do requerente será verificada, os dados biométricos (impressão digital e fotografia) registados e a taxa paga.

    Épossível ver toda a documentação necessária e agendar um horário. O processo de tramitação é de até seis semanas e custa €75. Se a aplicação for concluída com sucesso, será concedido um visto de entrada no país europeu.

    O processo de obtenção do visto pode ser acelerado se o empregador pedir em conjunto com o aplicante o chamado “fast-track procedure for skilled Workers” (procedimento acelerado para trabalhadores qualificados na tradução livre).

    Depois que a pessoa chegar na Alemanha e entrar com o visto, é necessário declarar o endereço no departamento local de registro de moradores e, a partir daí, é possível solicitar o título de residência. É importante que a inscrição seja feita antes que o visto de entrada expire.

    O título de residência proporcionado pelo Blue Card vale por todo o período do contrato com um adicional de três meses, lembrando que esse tempo não pode ser maior do que quatro anos.

    Residência Permanente

    Portadores do Blue Card podem solicitar um pedido de residência permanente na Alemanha antes mesmo do documento expirar.

    O pedido pode ser feito após 27 meses de trabalho se o titular puder comprovar o domínio básico (nível A1) de alemão. Esse período pode ser reduzido para após 21 meses se o aplicante conseguir demonstrar o nível B1 de proficiência na língua.

    Também é necessário comprovar a experiência profissional na área de qualificação, o sustento financeiro e residência fixa durante o período que passou na Alemanha.

    DW Brasil

  • Lula é ‘um gerente muito ruim’ de sua coalizão de poder, diz cientista político Carlos Pereira

    Lula é ‘um gerente muito ruim’ de sua coalizão de poder, diz cientista político Carlos Pereira

    O segundo ano de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa marcado por reveses para o presidente. Apesar do desempenho acima do esperado da economia, o petista vê sua popularidade cair nas pesquisas de opinião e sofre derrotas no Congresso, como a eleição de nomes da oposição para a presidência de comissões estratégicas na Câmara dos Deputados.

    Seria um sinal de fracasso do presidencialismo de coalizão, modelo político em que a governabilidade é garantida através da distribuição de cargos e verbas aos diferentes partidos?

    Carlos Pereira, professor de Ciência Política da Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que não.

    “O presidencialismo de coalizão está mais firme do que nunca. O problema é que o presidente Lula é um mau gerente de coalizão. Ele montou uma coalizão grande demais – tem 16 partidos, é uma coalizão gigante, muito difícil de coordenar”, diz Pereira, em entrevista à BBC News Brasil.

    Para o analista, a queda de popularidade de Lula se deve principalmente à inflação resiliente, que é impactada pela política fiscal frouxa adotada pelo governo. A boa notícia é que ainda dá tempo de mudar, diz Pereira.

    “Ainda é cedo. Início do segundo ano de mandato, o governo ainda tem tempo para recuperar. Mas ele não dá sinais críveis de que irá implementar uma política responsável do ponto de vista fiscal e orçamentário. Pelo contrário, o governo tem sinalizado que a saída para aumentar sua popularidade é aumentar gasto”, critica.

    Em meio ao avanço das investigações sobre suposta tentativa de golpe conduzida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o cientista político tem sido uma das poucas vozes a defender reiteradamente que não houve chance real de ruptura ou mesmo fragilização da democracia no governo Bolsonaro.

    “Minha interpretação é de que os generais se recusaram [a embarcar no golpe] porque os custos políticos, institucionais e reputacionais, para qualquer um que pudesse enveredar em uma tentativa de ataque à democracia, são impagáveis”, afirma.

    “No momento em que esses generais peitam Bolsonaro, eles não o fazem apenas motivados pelas suas preferências individuais ou pelo seu heroísmo individual, mas porque estão inseridos em um contexto institucional que os constrange.”

    Pereira discute este e outros temas no livro Por que a democracia brasileira não morreu?, escrito em coautoria com Marcus André Melo, e que deverá ser lançado pela Companhia das Letras em maio.

    Para o cientista político, o cenário que se coloca para as eleições municipais com Lula com a popularidade em queda e Bolsonaro pressionado pela Justiça é de oportunidade.

    “Bolsonaro, com os custos políticos de uma eventual condenação judicial, possivelmente vai perder capital político. E Lula vai perder esse antagonismo, que também o beneficia”, afirma.

    “Com um dos polos se tornando carta fora do baralho e o outro fragilizado, é uma oportunidade para os partidos e os candidatos tentarem outras agendas e não essa agenda nacional polarizada.”

    Confira os principais trechos da entrevista.

    BBC News Brasil – O senhor tem defendido que não houve chance real de ruptura no governo Bolsonaro, devido à resiliência das instituições brasileiras. À luz dos depoimentos dos comandantes das Forças Armadas que revelaram que o ex-presidente chegou a conduzir reuniões para discutir documentos com teor golpista, o senhor ainda avalia que a democracia do país não correu risco?

    Carlos Pereira – Sim. Acredito que os depoimentos confirmam exatamente o que eu venho defendendo.

    BBC News Brasil – Por quê?

    Pereira – Porque existem duas avaliações nisso. Quanto a esse general e esse tenente-brigadeiro [os ex-comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior] que foram os que deram depoimentos e que, de certa forma, se opuseram à ideia golpista de Bolsonaro, uma interpretação é percebê-los como heróis.

    O próprio presidente Lula disse isso na reunião ministerial [realizada na segunda-feira, 18/3]. Ele faz uma análise individual, como se o Brasil tivesse escapado do risco porque esses generais se recusaram a embarcar no golpe.

    Já a minha interpretação é de que esses generais se recusaram porque os custos políticos, institucionais e reputacionais para qualquer um que pudesse enveredar em uma tentativa de ataque à democracia são impagáveis.

    'Generais se recusam a embarcar no golpe e peitam Bolsonaro, não motivados por preferências individuais ou heroísmo, mas porque estão inseridos em um contexto institucional que os constrange', diz cientista política da FGV
    ‘Generais se recusam a embarcar no golpe e peitam Bolsonaro, não motivados por preferências individuais ou heroísmo, mas porque estão inseridos em um contexto institucional que os constrange’, diz cientista política da FGV © Reuters

    A sociedade brasileira é uma sociedade muito sofisticada, que tem múltiplos interesses, mas que tem a democracia como um valor de agregação importante e revela essa agregação em vários momentos.

    BBC News Brasil – Quais momentos, por exemplo?

    Pereira – Por exemplo, quando o governo Bolsonaro se recusou a compartilhar os dados de contaminação e mortes na pandemia, ocorreu um movimento espontâneo de competidores no mercado de mídia – Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, G1, Extra e UOL – todos eles montarem um consórcio de imprensa em que eles se responsabilizaram por pesquisar dados sobre contaminação e morte das pessoas na pandemia.

    Isso mostra uma capacidade absurda, mesmo de competidores, de abrir mão da sua competição diante de um bem coletivo maior.

    Outro exemplo importante foi quando Bolsonaro chamou aquela fatídica reunião com os embaixadores contra a urna eletrônica e organizou uma parada militar em Brasília no dia da votação [na Câmara dos Deputados da proposta de emenda constitucional] do voto impresso.

    A sociedade deu uma resposta fortíssima, com mobilizações puxadas pelo departamento de Direito da USP, em que mais de 1 milhão de pessoas assinaram a carta em defesa da democracia, mostrando que uma diversidade enorme de pessoas que pensam diferente, que têm ideologias diferentes, que têm preferências políticas e partidárias diferentes, se agregaram em torno da democracia.

    BBC News Brasil – E quanto às instituições?

    Pereira – Você tem o multipartidarismo, que torna muito difícil para um populista, seja ele de esquerda ou de direita, fazer valer sua preferência de forma autoritária. Ele vai ter que convencer muita gente, porque são muitos partidos, com vários pontos de veto em potencial.

    Temos o federalismo, constituições estaduais, judiciários estaduais, governadores.

    Quer dizer, é um gama tão grande de atores que um populista tem que convencer em torno de um projeto autoritário, que esse projeto não tem chance de vingar.

    Então, no momento que esses generais se recusam e peitam Bolsonaro, eles não o fazem apenas motivados pelas suas preferências individuais ou pelo seu heroísmo individual, mas porque eles estão inseridos em um contexto institucional que os constrange e que restringe o leque de opções que esses caras teriam para atuar fora do campo democrático.

    Então o golpe fracassou porque esse conjunto complexo de instituições da sociedade impõe custos muito altos – custos impagáveis – para quem decide trilhar um caminho dessa natureza.

    BBC News Brasil – O senhor citou a questão do multipartidarismo e como é difícil para um populista fazer valer suas preferências nesse cenário. Isso leva à minha próxima pergunta: por que o presidencialismo de coalizão parece não ter sido capaz de moderar Bolsonaro, já que ele aparentemente cogitou a possibilidade de golpe até o fim do governo?

    Pereira – Eu acredito que moderou sim. Veja, Bolsonaro foi eleito negando a própria política. Ele fez uma associação direta entre o presidencialismo de coalizão e a corrupção do PT no passado.

    Com poucos meses de governo, em que ele não tinha maioria [no Congresso], não tinha coalizão, ele saiu de seu próprio partido [então o PSL] e governou por quase um ano e meio sem qualquer partido.

    Nesse momento, Bolsonaro era muito perigoso, porque ele estava negando as instituições e surfando de forma não institucional.

    Mas veio a pandemia e uma série de pedidos de impeachment começaram a chegar na mesa do presidente da Câmara – ainda um presidente da Câmara hostil a Bolsonaro, que era Rodrigo Maia [então do DEM-RJ] na época. E Bolsonaro saiu desesperado tentando construir uma coalizão.

    No momento em que Bolsonaro faz uma coalizão com o Centrão, ele se domestica, ele perde esse discurso antipolítica, e ele começa a fazer política.

    Entretanto, todo bom populista não pode abrir mão na sua totalidade do discurso que o faz viável eleitoralmente.

    Então ele foi nesse fio da navalha até o final de seu governo, namorando com o perigo, mas com as instituições o tempo inteiro dando limites para ele.

    Por exemplo, o governo Bolsonaro foi o governo que mais enfrentou derrotas sucessivas no Judiciário e derrotas sucessivas no Legislativo.

    Isso significa que as instituições estavam muito atentas e muito vigilantes, a despeito de ele ficar namorando com o perigo não institucional o tempo inteiro, enquanto também jogava o jogo institucional o tempo inteiro.

    Foi esse jogo duplo que Bolsonaro jogou a partir do momento em que procurou o Centrão em 2020.

    BBC News Brasil – Falando então de derrotas do governo, mas agora puxando para o governo atual. O governo petista tem enfrentado sucessivas derrotas no Congresso, sendo a mais recente a vitória da oposição para o comando de comissões estratégicas, como CCJ [Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania] e Educação. Na sua visão, ainda faz sentido falar em presidencialismo de coalizão na conjuntura atual ou isso parou de funcionar?

    Pereira – O presidencialismo de coalizão está mais firme do que nunca. O problema é que o presidente Lula é um mau gerente de coalizão. Ele montou uma coalizão grande demais – tem 16 partidos na sua coalizão, é uma coalizão gigante, muito difícil de coordenar.

    E ele chamou 16 partidos muito heterogêneos, completamente diferentes um do outro, com preferências ideológicas e políticas muito díspares.

    Há desde a extrema esquerda, como Psol, PCdoB, até partidos de direita, como União Brasil, PSD, como partidos de centro, como o MDB.

    Então o presidente Lula enfrenta altíssimos custos de coordenação. Além disso, o governo Lula também não compartilha poder e recursos com os parceiros, levando em consideração o peso proporcional de cada um deles no Congresso.

    Por exemplo, dos 37 ministérios do governo Lula atual, o PT tem 22 ministérios.

    Então se coloque na posição do União Brasil, que tem mais ou menos o mesmo número de cadeiras do PT no Congresso, e tem três ministério. Por que que ele vai ser disciplinado na coalizão, se não está sendo recompensado?

    Isso obviamente vai criar animosidades entre os parceiros, vai criar ressentimentos. E esses parceiros vão se posicionar estrategicamente a cada votação.

    Quando o presidente sinaliza que precisa muito aprovar alguma coisa, esse é o momento por excelência de um parceiro que está sendo sub recompensado de tentar equilibrar o jogo.

    Então o problema não é do presidencialismo de coalizão, o problema é do gerente. O problema é que o gerente é muito ruim.

    ‘Problema não é do presidencialismo de coalizão, o problema é do gerente, que é muito ruim’, diz Pereira, sobre Lula© Lula Marques/Agência Brasil

    BBC News Brasil – Como o senhor avalia o cenário atual do governo Lula? Esse momento de perda de popularidade do presidente, que realizou até essa reunião ministerial na última segunda-feira.

    Pereira – Nos meus estudos, a popularidade impacta muito pouco sobre a taxa de sucesso do presidente no Congresso, bem como sobre o custo de governabilidade. A popularidade não é a variável mais importante. Entretanto, ela é fundamental para a relação do presidente com a sociedade.

    Então é um momento em que o governo sinaliza vulnerabilidade. Em que, de certa forma, a política econômica do governo está em xeque, porque, em última instância, a população está reagindo à inflação de alimentos. Acho que esse é o ponto-chave.

    Normalmente, a popularidade tem duas variáveis-chaves: a inflação e o desemprego. O eleitor brasileiro é avesso à inflação. E o governo Lula tem tido políticas frouxas do ponto de vista fiscal, e isso tem gerado déficits crescentes, que têm um impacto inflacionário.

    Então é uma escolha também do presidente namorar com o perigo.

    Ainda é muito cedo. Início do segundo ano [de mandato], o governo ainda tem tempo para recuperar. Mas ele não dá sinais críveis de que irá implementar uma política responsável do ponto de vista fiscal e orçamentário. Pelo contrário, o governo tem sinalizado que a saída para aumentar sua popularidade é aumentar gasto.

    Então essa é uma lição de casa que o PT e o governo Lula não aprenderam. Porque eles já viveram isso no passado e eles continuam se comportando do mesmo jeito, acreditando que o Estado tem um papel importante na economia. E essa postura mais frouxa em relação ao controle das contas públicas tem um preço.

    Cedo ou tarde, [a conta] vai chegar. A grande oportunidade do governo Lula é que tenha chegado cedo. Então dá tempo para o governo fazer ajustes no sentido de sinalizar mas crivelmente compromissos com o equilíbrio macroeconômico.

    BBC News Brasil – E como essa questão da popularidade em queda pesa sobre as relações entre Executivo e Legislativo?

    Pereira – Eu interpreto isso muito mais com uma restrição do que com um impeditivo. Então vai dificultar, vai criar mais um barulho, mas não vai impedir o presidente de desenvolver uma relação boa com o Legislativo, se ele fizer as escolhas certas de como se relacionar com seus parceiros.

    O problema é que, como o presidente Lula não sinaliza nenhuma reforma ministerial que pudesse acomodar melhor os seus parceiros, e cortar na própria carne, no próprio PT, esses problemas vão estar presentes sempre no governo.

    Vai ter momentos em que o governo vai conseguir aprovar mais, gastando mais, e vai ter momentos que vai aprovar menos.

    O custo de governabilidade vai ser diretamente proporcional à necessidade que o governo terá de aprovar essa ou aquela matéria.

    Quanto mais o governo sinalizar que precisa muito que o legislador vote com ele, mais o Legislativo vai se posicionar de forma estratégica, inflacionando o custo do voto dele.

    BBC News Brasil – E que cenário Lula com popularidade em queda e Bolsonaro pressionado pelas investigações sobre a tentativa de golpe colocam para as eleições municipais desse ano?

    Pereira – Estamos com um cenário muito polarizado. Tem algumas pessoas até defendendo a ideia de que essa polarização está calcificada.

    Mas um cenário em que Bolsonaro muito provavelmente vai enfrentar punições judiciais daqui a algum tempo, e com Lula perdendo conexões eleitorais, é uma oportunidade para os partidos que não estão diretamente vinculados a esses dois polos e para que o eleitorado busque alternativas.

    Então talvez seja uma oportunidade boa para diminuir essa polarização entre Lula e Bolsonaro.

    Porque Bolsonaro, com os custos políticos de uma eventual condenação judicial, possivelmente vai perder capital político. E Lula vai perder esse antagonismo, que também o beneficia, porque ele também nutre essa polarização.

    E quanto mais o jogo é polarizado, mais difícil é para uma alternativa aos polos se tornar competitiva.

    Com um dos polos se tornando carta fora do baralho e o outro fragilizado, é uma oportunidade para os partidos e os candidatos tentarem outras agendas e não essa agenda nacional polarizada.

    É uma oportunidade para os outros partidos se livrarem desse karma, se livrarem desses pesos. Porque, se por um lado Lula e Bolsonaro são um ativo, uma ferramenta, são ferramentas muito pesadas. A esquerda já teve chance de se livrar de Lula no passado e não conseguiu.

    Está se aproximando uma oportunidade para a direita se livrar de Bolsonaro e buscar outros candidatos melhores, mais comprometidos com a democracia, com as instituições, então pode ser uma chance, pode ser uma oportunidade.

    Ainda é muito cedo para dizer, mas talvez abra-se essa janela para que os partidos considerem outras estratégias, ao ancorar suas candidaturas a prefeito em 2024 em outros temas e outras alternativas.

    BBC

  • Em audiência com Netanyahu, Caiado diz que fala de Lula sobre conflito em Gaza “foi infeliz”

    Em audiência com Netanyahu, Caiado diz que fala de Lula sobre conflito em Gaza “foi infeliz”

    Governador foi recebido pelo primeiro-ministro de Israel no terceiro dia de agendas oficiais no país

    Ronaldo Caiado foi recebido, nesta terça-feira (19/3), pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para uma audiência que abordou a guerra contra o Hamas e também a relação do país com o Brasil. O goiano esclareceu ao líder israelense que a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de comparar a situação da Faixa de Gaza ao Holocausto, não representa o pensamento dos brasileiros. “Deixamos claro que foi uma fala infeliz”, esclareceu.

    “Vocês são bons amigos de Israel, e estou muito contente em tê-los aqui”, disse Netanyahu a Caiado e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O encontro, que durou cerca de uma hora, foi realizado a portas fechadas na sede oficial do governo israelense, em Jerusalém. Depois da audiência, Caiado explicou, em vídeo, que o primeiro-ministro agradeceu a presença da comitiva brasileira e “deixou claro a sua amizade pelo Brasil”.

    Netanyahu deu detalhes sobre o ataque sofrido por Israel, em 7 de outubro do ano passado, que resultou na morte de 1,2 mil pessoas e o sequestro de outras centenas. “A barbárie que fizeram é algo inimaginável”, pontuou Caiado. Sobre o conflito, que já dura mais de cinco meses, o governador explicou que a meta de Israel é libertar “todos os que foram sequestrados para que possa, aí sim, ter o momento de pacificação”. Pelo menos 134 pessoas seguem reféns do Hamas, entre elas, um brasileiro.

    Caiado disse, ainda, que o primeiro-ministro israelense está convicto do triunfo sobre o grupo terrorista que se articulou para matar judeus. Na audiência, Netanyahu lamentou a morte de tantos civis e relatou a estratégia do Hamas de usar as pessoas sequestradas, e a sua própria população, como escudos humanos na Faixa de Gaza.

    Mais compromissos

    Caiado cumpre, nesta terça-feira (19), o terceiro dia de agenda em Israel. Pela manhã, se encontrou com o presidente Isaac Herzog. O anfitrião agradeceu o apoio e a “demonstração de solidariedade”. “Amamos o povo brasileiro, e sabemos que ele nos ama também. Juntos, temos de construir a base para um mundo melhor”, declarou o líder israelense ao explicar que o país está empenhado em se defender. “Não estamos atacando o povo palestino. Estamos numa guerra contra o Hamas. Somos uma nação que ama a paz.”

    Caiado declarou que o ódio cultuado contra judeus é preocupante, e que Israel tem tentado “conduzir o território à paz”. Sobre o atentado sofrido em 7 de outubro, contou ao presidente que o Governo de Goiás homenageou as vítimas com a recente inauguração do parque “Am Israel Chai”, em Goiânia. “Instalamos o primeiro memorial [fora de Israel], com 1,2 mil árvores plantadas”.

    Na sequência, a comitiva brasileira esteve no Yad Vashem, que é o Museu do Holocausto localizado em Jerusalém. Ali, Caiado deixou uma coroa de flores em homenagem às vítimas do nazismo. Durante a visita, o governador ainda teve um momento de reflexão no Hall da Memória, ambiente do museu onde está instalada a Chama Eterna, que nunca apaga. Ela é o símbolo de que os seis milhões de judeus mortos jamais serão esquecidos.

    “É muito forte, não é fácil. Você sai de lá até ansioso com tudo que assiste. São cenas pesadíssimas. Eles deram conta de reproduzir a maneira com que os judeus foram tratados na Segunda Guerra e também fizeram uma réplica dos campos de concentração. Foram mais de seis milhões de judeus assassinados no Holocausto”, contou Caiado.

    A missão internacional segue até quinta-feira (21/03) com visitas a indústrias aeroespaciais; a startups das áreas de mobilidade e acessibilidade; e aos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores. O governador goiano também deve se encontrar com parentes dos reféns do Hamas e com uma comunidade brasileira na cidade de Ra’anana.

    O HOJE

  • Caiado pede desculpas a presidente de Israel por “fala infeliz” de Lula sobre conflito no Oriente Médio

    Caiado pede desculpas a presidente de Israel por “fala infeliz” de Lula sobre conflito no Oriente Médio

    No mês passado, chefe do Executivo afirmou que cenário enfrentado pelo povo palestino em Gaza era equivalente ao vivido pelos judeus durante o Holocausto

    O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se encontraram nesta terça-feira (19) com o presidente de Israel, Isaac Herzog. O compromisso faz parte da agenda que os líderes cumprem no país do Oriente Médio, a convite do governo local e de entidades civis.

    Nas redes sociais, Caiado afirmou ter conversado com o presidente israelense sobre os impactos do conflito entre Israel e Hamas e aproveitou a ocasião para pedir desculpas pela fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que comparou a situação na Faixa de Gaza ao Holocausto.

    No mês passado, Lula disse que o cenário enfrentado pelo povo palestino na Faixa de Gaza era equivalente ao que o ditador nazista Adolf Hitler decidiu fazer quando promoveu o extermínio em massa de judeus durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

    “Nossa agenda do dia em Israel começou com uma visita ao presidente do país. Conversamos sobre os impactos do conflito, o rastro de destruição deixado e reforçamos a importância do diálogo e da promoção da paz”, escreveu o governador goiano.

    “Fiz questão também de levar o meu pedido de desculpas a todos os israelenses por uma fala infeliz do presidente da República comparando a guerra ao Holocausto. Saibam que serão sempre bem-vindos ao nosso estado”, acrescentou Caiado.

    Já o governador paulista declarou nas redes ter discutido possibilidades de cooperação com Israel na agricultura, inovação, tecnologia e segurança pública.

    “Agradeci pessoalmente o trabalho e suporte da comunidade judaica em São Paulo, que atendeu ao nosso chamado sempre que precisamos, a exemplo do apoio recebido na tragédia de São Sebastião”, expressou Tarcísio.

    “Externei a minha solidariedade ao povo de Israel e sinceros votos de sucesso nas negociações para trazer de volta os reféns para suas casas, além da nossa torcida para que seja pavimentado um caminho para a paz”, concluiu o chefe do Executivo paulista.

    Tarcísio encontra Netanyahu em Israel e defende liberação de reféns

    Tarcísio viajou a Israel nesta semana a convite de Netanyahu em meio à crise diplomática entre Brasil e Israel após declaração de Lula

    Ronaldo Caiado, Benjamin Netanyahu e Tarcísio de Freitas - Metrópoles

    No Instagram, Tarcísio divulgou uma imagem ao lado de Herzog, mas sem mencionar o nome de Netanyahu. Foi o premiê quem convidou Tarcísio e o governador goiano Ronaldo Caiado (União) a visitar Israel durante esta semana, em meio à crise diplomática com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    “Externei a minha solidariedade ao povo de Israel e sinceros votos de sucesso nas negociações para trazer de volta os reféns para suas casas, além da nossa torcida para que seja pavimentado um caminho para a paz”, escreveu Tarcísio.

    CNN