Categoria: Política

  • Kamala faz comício na Pensilvânia, e Trump visita três estados-chave; veja como foram as campanhas

    Kamala faz comício na Pensilvânia, e Trump visita três estados-chave; veja como foram as campanhas

    Os candidatos Kamala Harris e Donald Trump têm uma agenda cheia nesta segunda-feira (4), na véspera das eleições presidenciais nos Estados Unidos. Com eventos finais de campanha planejados em busca de votos que podem decidir a disputa, ambos vão à Pensilvânia, estado-chave mais decisivo do pleito.

    Kamala e Trump travam uma disputa acirrada pela Casa Branca, e isso se traduz nas pesquisas de intenção de voto nos estados-chave da eleição. Eles estão em uma situação de empate técnico em todos sete estados considerados determinantes para eleger o vencedor.

    O candidato republicano e ex-presidente Donald Trump fará quatro comícios em três estados nesta segunda: ele discursou em evento em Raleigh, na Carolina do Norte, e depois vai para Reading e Pittsburgh, na Pensilvânia. Trump encerra sua campanha em um evento noturno em Grand Rapids, no Michigan — da mesma forma que encerrou as duas primeiras.

    Já vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris passará o dia todo na Pensilvânia, cujos 19 votos eleitorais oferecem o maior prêmio entre os estados que devem decidir o resultado do Colégio Eleitoral. Kamala visitará áreas de classe trabalhadora, incluindo Allentown, e encerrará com um comício noturno na Filadélfia, que contará com a presença de Lady Gaga e Oprah Winfrey.

    Nas últimas semanas, os candidatos têm concentrado seus esforços de campanha nos estados-chave (Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Pensilvânia, Michigan, Nevada e Wisconsin), com diversos comícios e eventos com indecisos e grupos étnicos segmentados para roubar votos do adversário.

    A corrida eleitoral nas eleições de 2024 foi marcada por momentos-chave em 2024, que reveleram uma campanha fora do comum, ou “tumultuada”, como chamou o jornal americano “The New York Times”. Veja alguns desses momentos decisivos:

    Os principais pontos da campanha até aqui

    • Biden perde para Trump no debate e começa pressão por desistência

     

    Donald Trump e Joe Biden em debate presidencial, em 27 de junho de 2024 — Foto: Gerald Herbert/AP

    Donald Trump e Joe Biden em debate presidencial, em 27 de junho de 2024 — Foto: Gerald Herbert/AP

    A campanha presidencial em 2024 teve uma reviravolta em 27 de junho: o debate travado entre Donald Trump e o presidente Joe Biden, que encabeçava a chapa democrata após vencer as primárias do partido sem concorrentes, transmitido pela emissora CNN.

    O presidente democrata, de 81 anos, teve um desempenho desastroso: estava rouco e hesitante, se enrolava ao falar e às vezes parecia perdido.

    O pânico se apoderou dos democratas e cresceu de vez a pressão sobre o estado mental de Biden. Para surpresa de todos, Donald Trump optou pela moderação diante dos problemas do rival.

    • Trump é alvo de tentativa de assassinato em comício

     

    Trump com os punhos cerrados logo depois de levar um tiro na orelha — Foto: Evan Vucci/AP

    Trump com os punhos cerrados logo depois de levar um tiro na orelha — Foto: Evan Vucci/AP

    Em 13 de julho, Trump sobreviveu a uma tentativa de assassinato durante um comício na cidade de Butler, no estado da Pensilvânia. Ele ficou ferido na orelha direita, ao ser alvejado por tiros disparados por um homem que estava em um telhado.

    Com um punho para cima, ele foi retirado do local por agentes do Serviço Secreto que o cercaram no palanque, enquanto o murmurava a palavra “Lutem”.

    • Biden desiste da corrida e Kamala é indicada para candidatura democrata

     

    Imagem do presidente dos EUA, Joe Biden, em entrevista durante coletiva no dia 11 de julho de 2024, em Washington. O presidente Joe Biden desistiu da corrida para a Casa Branca neste domingo (21). — Foto: AP Photo/Jacquelyn Martin

    Imagem do presidente dos EUA, Joe Biden, em entrevista durante coletiva no dia 11 de julho de 2024, em Washington. O presidente Joe Biden desistiu da corrida para a Casa Branca neste domingo (21). — Foto: AP Photo/Jacquelyn Martin

    • Kamala se sai melhor em debate contra Trump, que fala em fake news de haitianos comedores de pets

     

    Donald Trump e Kamala Harris trocam acusações no debate da ABC News, em 10 de setembro de 2024 — Foto: REUTERS/Brian Snyder

    Donald Trump e Kamala Harris trocam acusações no debate da ABC News, em 10 de setembro de 2024 — Foto: REUTERS/Brian Snyder

    Em 10 de setembro, Donald Trump e Kamala Harris se enfrentaram em seu primeiro e único debate. O republicano se recusou a participar de outro confronto cara a cara com a adversária.

    A democrata se impôs, atacando o rival nos temas que mais ferem seu ego: sua capacidade de mobilização em seus comícios e sua reputação internacional.

    O momento alto do debate foi quando o republicano foi desmentido ao vivo quando disse que imigrantes haitianos estão comendo pets de cidadãos americanos em Springfield, no estado de Ohio. Ao fim do debate, ele atacou os moderadores, questionando sua imparcialidade. A alegação de Trump sobre os pets foi falseada por diversas autoridades.

    Embora o debate tenha sido acompanhado por mais de 67 milhões de telespectadores, não está claro que tenha tido impacto na campanha. As pesquisas de opinião antecipam eleições extremamente acirradas em 5 de novembro.

    • Disputa acirrada pelos estados-chave na reta final

     

    Kamala e Trump (montagem home um de frente para o outro) — Foto: Reuters

    Kamala e Trump (montagem home um de frente para o outro) — Foto: Reuters

    A reta final da campanha mostra um cenário acirrado e imprevisível: Kamala e Trump estão em um empate técnico em todos os sete estados-chave da eleição.

    Eleição histórica

     

    Cerca de 77 milhões de americanos já votaram antecipadamente, mas Kamala e Trump estão empenhados em mobilizar milhões de apoiadores adicionais para o dia da votação. Qualquer que seja o resultado no Dia da Eleição, será um resultado histórico.

    Uma vitória de Trump o tornaria o primeiro presidente eleito a ter sido indiciado e condenado criminalmente, após seu julgamento por fraude em Nova York. Ele ganharia o poder de encerrar outras investigações federais pendentes contra ele. Trump também se tornaria o segundo presidente da história a conquistar mandatos não consecutivos na Casa Branca, após Grover Cleveland, no final do século XIX.

    Kamala Harris disputa para se tornar a primeira mulher, primeira mulher negra e primeira pessoa de ascendência sul-asiática a chegar à presidência, quatro anos após romper as mesmas barreiras no governo nacional ao se tornar vice-presidente.

    Kamala ascendeu ao topo da chapa democrata após o desempenho desastroso de Biden em um debate em junho, que culminou em sua saída da corrida eleitoral. Mas esse foi apenas um dos vários eventos tumultuados que abalaram a campanha deste ano.

    Aos 60 anos, Kamala minimizou o caráter histórico de sua candidatura, que se concretizou apenas depois que o presidente de 81 anos encerrou sua candidatura à reeleição após o debate de junho contra Trump, de 78 anos, intensificar questionamentos sobre a idade de Biden.

    Em vez disso, Kamala se apresentou como uma mudança geracional, enfatizando seu apoio aos direitos ao aborto após a decisão da Suprema Corte de 2022 que encerrou o direito constitucional ao serviço de aborto, e regularmente lembrou o papel do ex-presidente no ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos EUA. Montando uma coalizão que vai de progressistas como a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova York, ao ex-vice-presidente republicano Dick Cheney, Harris chamou Trump de ameaça à democracia e, no final da campanha, até abraçou a crítica de que Trump pode ser descrito com precisão como um “fascista”.

    A eleição provavelmente será decidida em sete estados. Trump venceu Pensilvânia, Michigan e Wisconsin em 2016, mas viu esses estados virarem para Biden em 2020. Carolina do Norte, Geórgia, Arizona e Nevada completam o mapa de batalha eleitoral.

    Trump venceu na Carolina do Norte duas vezes e perdeu em Nevada duas vezes. Ele venceu no Arizona e na Geórgia em 2016, mas os viu passar para os democratas em 2020.

    A equipe da democrata projetou confiança nos últimos dias, apontando para uma grande diferença de gênero nos dados de votação antecipada e pesquisas mostrando que os eleitores indecisos de última hora têm preferido Kamala. Eles também acreditam na força de sua infraestrutura de campanha. Neste final de semana, a campanha de Kamala Harris contava com mais de 90.000 voluntários ajudando a mobilizar eleitores — e bateu em mais de 3 milhões de portas nos estados decisivos. Ainda assim, assessores de Harris insistem que ela continua sendo a azarã.

    A equipe de Trump também demonstrou confiança, argumentando que o apelo populista do ex-presidente atrairá eleitores mais jovens e da classe trabalhadora, de diversas origens raciais e étnicas. A ideia é que Trump pode formar uma coalizão republicana atípica, mesmo enquanto outros blocos tradicionais do Partido Republicano — notadamente eleitores com ensino superior — se tornam mais democratas.

    G1

  • Potencial volta de Trump à Casa Branca deixa Brasil em estado de apreensão

    Potencial volta de Trump à Casa Branca deixa Brasil em estado de apreensão

    Integrantes do governo brasileiro estão apreensivos com um retorno de Donald Trump à Casa Branca e se preparam para o que um interlocutor descreveu como um “maior potencial de conflito”. A lista de preocupações inclui agenda climática, Venezuela, Elon Musk e as articulações internacionais de extrema direita.

    Na sexta-feira (1º), o presidente Lula (PT) disse que está torcendo por Kamala Harris e incluiu o republicano no que vê como uma volta do “nazismo e fascismo com outra cara” no mundo. “Como sou amante da democracia, acho a coisa mais sagrada que nós humanos conseguimos construir para bem governar o nosso país, obviamente estou torcendo para Kamala ganhar as eleições”, disse.

    A boa relação pessoal entre Lula e Joe Biden, que deve ir a Manaus e Brasília em novembro para a reunião do G20, não deve se manter entre Lula e Trump. Ao mesmo tempo, membros do governo brasileiro dizem que há boa vontade para trabalhar com quem for e afirmam ver um lado pragmático no republicano.

    Mas algumas derrotas já são vistas como prováveis. A primeira é o retrocesso na cooperação ambiental. Quando presidente, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris e revogou uma série de regulações ambientais e incentivos à transição energética. Neste ano, prometeu continuar apoiando os combustíveis fósseis —quarta maior doadora da campanha, a indústria de petróleo e gás deu US$ 14 milhões ao ex-presidente.

    O Brasil se prepara para sediar a COP, a conferência do clima da ONU, em Belém, no ano que vem, e contava com a ajuda financeira e política dos EUA para transformar o evento em uma plataforma para novos mecanismos de financiamento para transição energética.

    O Brasil também apostava na cooperação dos EUA para desenvolvimento sustentável —Biden havia prometido repassar US$ 500 milhões ao Fundo Amazônia em cinco anos. No entanto, o grosso do montante ficou travado no Congresso. Com Trump na Presidência e previsão de domínio republicano ao menos do Senado, diplomatas estimam que será o fim definitivo de qualquer esperança de o dinheiro chegar.

    No restante dos temas, domina a incerteza. A principal delas é sobre a proximidade entre o republicano e Elon Musk. O bilionário, que recentemente entrou em choque com o ministro Alexandre de Moraes (STF), é um dos principais apoiadores de Trump, e sua influência em um governo dele é dada como certa, seja com um cargo formal ou não.

    <cs-card “=”” class=”card-outer card-full-size undefined” card-fill-color=”#FFFFFF” card-secondary-color=”#E1E1E1″ gradient-angle=”112.05deg” id=”native_ad_inarticle-2-611c3c24-de23-4544-a5b6-f00fd8917a8a” size=”_2x_1y” part=””>

    Já o analista Ian Bremmer, presidente da consultoria de risco Europa e colunista da Folha, diz que acredita que o confronto entre o dono do X e autoridades brasileiras deve escalar em um governo do republicano.

    Bruna Santos, presidente do Brazil Institute, principal think tank sobre o país em Washington, relembra que já houve articulações no Congresso americano para tentar emplacar a pauta de supostas violações da liberdade de expressão no Brasil. Para ela, isso deve ganhar mais espaço sob Trump.

    O movimento não teve um impacto maior, como queriam aliados de Jair Bolsonaro —que chegaram a falar em sanções, diante da falta de apoio do Senado e da Casa Branca, ambos dominados por democratas. Mas, se houver uma inversão de forças, o temor é que essas investidas consigam avançar.

    Para Santos, a relação entre os países seria marcada por uma guerra de narrativas “extremamente exaustiva e pouco produtiva”. A declaração recente de Lula sobre a corrida americana não surpreende, em sua visão. Mas ela ressalta que, da parte do Itamaraty, já houve conversas com pessoas ligadas ao Partido Republicano para indicar que há uma intenção de manter o diálogo sob um governo Trump.

    Uma ala do governo não acha que ele vai privilegiar a relação com os bolsonaristas e hostilizar o governo Lula. Em contatos com pessoas ligadas à campanha e ao Partido Republicano, essa ala do governo brasileiro ouviu que Trump será um “presidente transacional”, que vai priorizar interesses econômicos —e no caso do Brasil, uma aliança estratégica de olho em minerais críticos para reduzir dependência da China no fornecimento dessas matérias-primas essenciais para alta tecnologia.

    Na mesma linha, Bremmer diz que Bolsonaro perdeu a posição de principal aliado de Trump na América Latina. “Trump se importa mais com gente que está no poder”, afirma. Para o analista, o argentino Javier Milei, em primeiro lugar, e o salvadorenho Nayib Bukele, em segundo, serão os pontos de apoio do republicano na região.

    Na América Latina, a visão é que um governo Trump se chocaria com a política externa de Lula. Durante o primeiro mandato do republicano, foram impostas sanções duras contra a Venezuela e houve apoio a Juan Guaidó em uma tentativa de isolar e derrubar o ditador Nicolás Maduro.

    Segundo um interlocutor, seria impensável, em um governo Trump, o apoio que Biden deu ao acordo de Barbados, que previa alívio de sanções em troca de garantias para realização de eleições livres na Venezuela —descumprido por Maduro.

    Outro membro do governo também diz esperar uma postura mais agressiva do republicano em relação a Caracas, piorando ainda mais a já complicada situação. Por outro lado, aponta que é preciso ver como será a relação entre Trump e o russo Vladimir Putin e em que medida isso pode causar algum impacto. Bremmer acrescenta que há ainda a proximidade entre o republicano e a indústria do petróleo, que já têm feito lobby junto à campanha para proteger seus negócios na Venezuela.

    De forma geral, o governo brasileiro acredita que um governo Trump poderia aumentar a instabilidade global. Em relação à China, tanto Kamala quanto Trump manteriam a rivalidade e a guerra fria, mas Brasília acredita que Trump seria ainda mais agressivo, algo que o Brasil considera contraproducente.

    Trump já declarou que iria parar de enviar armas e ajuda à Ucrânia, algo que está em linha com a visão do governo Lula de que é preciso fechar um acordo de paz. Mas, no caso de Israel, o Planalto acredita que o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu se sentiria ainda mais empoderado para manter os ataques em Gaza e no Líbano.

    No caso de uma vitória de Trump, dificilmente Lula ligaria para parabenizá-lo. Os cumprimentos seriam mais formais por meio de comunicado do Itamaraty e, possivelmente, alguma postagem em rede social celebrando o povo americano e a eleição, a exemplo do que foi feito na vitória de Milei na Argentina.

    Já no caso de Kamala, há pouca expectativa em relação à estratégia da democrata para o Brasil, caso seja eleita, a visão é de continuidade em relação a Biden. O atual presidente chegou à Casa Branca com ampla experiência em política externa havia comandado a Comissão de Relações Exteriores do Senado e, como vice-presidente, abraçou várias missões internacionais. Uma delas foi se reaproximar do governo Dilma Rousseff após o escândalo de espionagem da NSA, que grampeou a presidente brasileira.

  • Gilmar vota para diminuir pena de Collor e placar está 2 a 2 no STF

    Gilmar vota para diminuir pena de Collor e placar está 2 a 2 no STF

    O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira (1) para diminuir a pena imposta ao ex-presidente Fernando Collor de Mello, condenado pela Corte por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

    Gilmar seguiu o voto de Dias Toffoli, para fixar a pena em 4 anos de prisão, atendendo – em parte – ao recurso apresentado pela defesa de Collor. O relator, Alexandre de Moraes, e o ministro Edson Fachin, votaram para rejeitar o recurso, mantendo a pena de 8 anos e 10 meses de prisão. A análise do caso foi retomada em sessão virtual nesta sexta-feira (31). O julgamento vai até 11 de novembro.

    No formato virtual de julgamento, não há debate entre os ministros, que apresentam os votos em um sistema eletrônico. Em maio de 2023, o STF condenou Collor à prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um esquema na BR Distribuidora, que envolveu recebimento de propina para viabilizar contratos com a estatal. A punição estabeleceu pagamento de multa, indenização e proibição para exercer funções públicas. Pela decisão, o cumprimento da pena seria em regime inicial fechado. A posição de Gilmar e Toffoli, caso vencedora, abre a possibilidade da pena começar a ser cumprida em regime menos restrito que o fechado.

    Em regra, penas de 4 a 8 anos são cumpridas em regime inicial semiaberto. Menores que 4, em regime aberto. Condenados Também foram condenados, pelo caso, os empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos. Ambos recorreram da condenação e têm os pedidos analisados na mesma sessão virtual que julga o recurso de Collor. Bergamaschi, apontado como operador particular e amigo de Collor, foi condenado a uma pena de quatro anos e um mês de prisão em regime inicial semiaberto e pagamento de multa. Amorim, apontado como diretor financeiro das empresas do ex-senador, foi condenado a uma pena de três anos de prisão em regime inicial aberto e multa. Collor e os demais condenados só serão presos quando não houver mais possibilidades de recursos e ocorrer o encerramento do processo.

    Isso caso a Corte não reavalie os pontos da condenação trazidos pelas defesas. Relator Durante o voto, Moraes rejeitou todas as contestações feitas pelos três condenados. “Como se vê, todas as questões trazidas pelos embargantes foram devidamente contempladas pelo acórdão impugnado”, disse ministro. De acordo com Moraes, o trio buscou “rediscutir pontos já decididos” pelo STF no julgamento da ação, “invocando fundamentos que, a pretexto de buscar sanar omissões, obscuridades ou contradições, revelam mero inconformismo com a conclusão adotada”.

    CNN

  • Saiba quais governadores foram e quais não foram à reunião com Lula no Planalto

    Saiba quais governadores foram e quais não foram à reunião com Lula no Planalto

    Na reunião convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta-feira (31), praticamente metade dos governadores compareceu. Outros estados optaram por mandar os vices ou secretários para o encontro, que tinha como objetivo a apresentação do texto da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública. E houve até o caso de estados que não enviaram representante algum.

    Confira, a seguir, quem foi e quem não foi à reunião: Governadores presentes no Palácio do Planalto Antônio Denarium (PP), de Roraima Carlos Brandão (PSB), do Maranhão Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro Clécio Luís (Solidariedade), do Amapá Elmano de Freitas (PT), do Ceará Fábio Mitidieri (PSD), de Sergipe Gladson Cameli (PP), do Acre Jerônimo Rodrigues (PT), da Bahia Rafael Fonteles (PT), do Piauí Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo Ronaldo Caiado (União), de Goiás Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo Wanderlei Barbosa (Republicanos), do Tocantins

    Outros cinco estados mandaram os governadores em exercício: Hana Ghassan Tuma (MDB), governadora em exercício do Pará (vice-governadora) Priscila Krause (Cidadania), governadora em exercício de Pernambuco (vice-governadora) Otaviano Pivetta (Republicanos), governador em exercício do Mato Grosso (vice-governador) Celina Leão (PP), governadora em exercício do Distrito Federal (vice-governadora) José Carlos Barbosa (PSD), governador em exercício do Mato Grosso do Sul (vice-governador) Mais três estados mandaram vice-governadores: Lucas Ribeiro (PP), vice-governador da Paraíba Tadeu de Souza Silva (Avante), vice-governador do Amazonas Sérgio Gonçalves da Silva (União), vice-governador de Rondônia E outros três estados mandaram secretários de Segurança Pública: Flávio Saraiva da Silva, Secretário de Segurança Pública de Alagoas Edgard Estevo da Silva, Secretário Adjunto de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais Mário Ikeda, Secretário Adjunto de Segurança Pública do Rio Grande do Sul Sem representantes

    Os estados que não foram citados acima não mandaram representantes, casos de: Paraná, de Ratinho Júnior (PSD), Rio Grande do Norte, de Fátima Bezerra (PT), Santa Catarina, de Jorginho Mello (PL). A CNN procurou os governos estaduais e aguarda posicionamento. Outro lado Em nota à CNN, o governo do Rio Grande do Sul — representado pelo secretário adjunto de segurança — informou que o governador Eduardo Leite (PSDB) não compareceu porque “tinha agendas a cumprir” no estado.

    A reportagem aguarda o posicionamento dos demais estados que enviaram representantes para saber por que os governadores não estiveram presentes na reunião.

    CNN

  • Proposta de segurança do governo Lula que desagradou governadores

    Proposta de segurança do governo Lula que desagradou governadores

    Uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que reformula a política de segurança pública do País foi apresentada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta-feira, 31, aos governadores das 27 unidades da federação.

    A medida amplia a atuação da Polícia Federal (PF) e converte a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em um novo efetivo, chamado de Polícia Ostensiva Federal (POF), que terá atribuições ampliadas em relação à PRF. A criação de um fundo para o custeio de políticas de segurança pública também está previsto no anteprojeto.

    O projeto, segundo a justificativa apresentada pelo governo federal, pretende aprimorar a coordenação do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), o “SUS da Segurança”, ampliando as competências da União.

    O intuito da PEC é expandir a atuação do governo federal na segurança pública, uma das áreas de pior avaliação do governo Lula, como indicam pesquisas de opinião. O texto, porém, não foi bem recebido por todos os governadores estaduais. O receio de parte deles é de que a medida reduza a influência das polícias estaduais nas políticas de segurança.

    Mudanças na Polícia Federal

    A Polícia Federal, por ora, atua em crimes de competência federal. O projeto do governo Lula prevê que a corporação também possa atuar em casos de repercussão interestadual, ou seja, entre dois ou mais Estados. A PF também passaria a agir nos ilícitos “em matas, florestas, áreas de preservação, ou unidades de conservação”.

    Polícia Ostensiva Federal (POF)

    A Polícia Rodoviária Federal seria convertida na Polícia Ostensiva Federal (POF). O novo órgão incorporaria as atribuições da PRF e, além dessas, contaria com um escopo de atuação ampliado. A principal mudança é para que o policiamento ostensivo passe a ser feito não só no modal rodoviário, mas também em ferrovias e hidrovias.

    A POF também poderia ser destinada à proteção de “bens, serviços e instalações federais”, além de “prestar auxílio, emergencial e temporário, às forças de segurança estaduais ou distritais”, se requisitada.

    Fundo Nacional de Segurança Pública e Política Penitenciária

    A PEC também cria um novo fundo para o custeio das corporações e de programas na área de segurança pública, denominado de Fundo Nacional de Segurança Pública e Política Penitenciária. O fundo, segundo o projeto, não poderia ter os seus recursos contingenciados.

    Estadão

  • PT e MDB decidem apoiar Hugo Motta para sucessão na Câmara

    PT e MDB decidem apoiar Hugo Motta para sucessão na Câmara

    Após uma série de reuniões ao longo desta quarta-feira (30), o PT e o MDB decidiram que vão apoiar a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara dos Deputados. Motta é o candidato apoiado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que oficializou o endosso à candidatura do deputado na terça-feira (29).

    Na avaliação de Lira, Hugo Motta é o “nome que demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez”. A candidatura de Motta foi viabilizada pela desistência de Marcos Pereira, que ensaiava concorrer ao cargo mas desistiu da disputa para dar lugar a Motta. Nas últimas semanas, Hugo Motta tem se reunido com diversas bancadas em busca de apoio na campanha à presidência da Câmara. Além do PT e do MDB, o deputado também encontrou parlamentares do PL.

    Apoio de partidos

    O PT integra a Federação Brasil da Esperança, que também conta com a participação do PCdoB e do PV. Juntas, as siglas somam 80 deputados, formando a segunda maior bancada da Câmara — atrás apenas do PL, que tem 92 congressistas. O MDB tem 44 deputados, assim como o Republicanos, partido de Motta. Nesta quarta, o Podemos, que tem 14 deputados, também anunciou o apoio à candidatura do paraibano As três legendas fazem parte do mesmo bloco partidário. Nesta semana, o partido de Arthur Lira, PP, também anunciou apoio a Motta. A sigla tem 50 deputados e integra o maior bloco partidário da casa.

    CNN

  • Declaração de Biden vira combustível para Trump, que vai a comício vestido de gari, em caminhão de lixo

    Declaração de Biden vira combustível para Trump, que vai a comício vestido de gari, em caminhão de lixo

    Faltando cinco dias para a eleição nos Estados Unidos, o candidato à presidência Donald Trump chegou a um comício na noite desta quarta-feira (30) vestido de gari, a bordo de um caminhão de lixo com o logotipo de sua campanha. O ato foi uma resposta a uma declaração do presidente Joe Biden, que chamou os apoiadores do republicano de “lixo”.

    “O que vocês acham do meu caminhão de lixo? Este caminhão é uma homenagem a Kamala e Joe Biden“, disse Trump no banco do passageiro, referindo-se à sua adversária nas eleições, durante o evento no estado de Wisconsin.

    Ainda para tentar tirar proveito da fala de Biden, Donald Trump foi além e subiu ao palco vestindo um colete laranja, que os garis costumam usar no trabalho do dia a dia, permanecendo assim durante seu discurso.

    “250 milhões de americanos não são lixo (…) O comentário de Joe Biden é uma consequência direta da decisão de Kamala Harris de considerar todos que não votam nela como sub-humanos malignos. Na verdade, eles tratam você como lixo e tratam nosso país como lixo”, disparou o candidato diretamente contra as declarações de Joe Biden.

    A polêmica com os republicanos começou no dia anterior, após um dos participantes de um comício de Trump em Nova York dizer que Porto Rico é como “uma ilha flutuante de lixo”. Ao comentar o assunto, Biden disse: “O único lixo que vejo flutuando por aí são seus apoiadores. Sua demonização dos latinos é inconcebível e antiamericana”.

    Mais tarde, na rede social X, Biden tentou minimizar a questão e explicou que se referia “à retórica odiosa sobre Porto Rico lançada por um apoiador de Trump”.

    Pouco adiantou. O comentário se tornou um trunfo para Trump e uma pedra no sapato da vice-presidente do país, adversária eleitoral do magnata republicano.

    “Joe Biden finalmente disse o que ele e Kamala Harris realmente pensam sobre os nossos apoiadores. Ele os chamou de lixo”, afirmou Trump na quarta-feira, em comícios nos estados da Carolina do Norte e do Wisconsin.

    “Minha resposta para Joe e Kamala é muito simples: você não pode governar os Estados Unidos se não ama os americanos”, disse o republicano.

    Combustível do populismo trumpista

    Em 2016, Hillary Clinton descreveu os apoiadores de Trump como “deploráveis”, um comentário que permaneceu para os eleitores republicanos como um sinal do desprezo de classe das elites democratas. Esse é um dos principais combustíveis do populismo trumpista.

    Desta vez, no final do dia, Joe Biden fez uma tentativa pouco convincente de voltar atrás, emitindo um comunicado à imprensa. Na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos cancelou todas as aparições públicas de sua agenda.

  • Elmar desiste da presidência da Câmara e diz que perdeu ‘melhor amigo’, Lira, que apoia Motta

    Elmar desiste da presidência da Câmara e diz que perdeu ‘melhor amigo’, Lira, que apoia Motta

    O deputado Elmar Nascimento (BA) desistiu de concorrer à presidência da Câmara. Ele disse que não colocaria sua vontade pessoal acima do que desejam os partidos que o apoiaram. A decisão foi comunicada na sede do União Brasil, em Brasília, na manhã desta quinta-feira, 31. “Eu já cheguei muito longe do que eu achava que poderia chegar. Esse processo eu já comecei perdendo. Perdi um amigo que eu considerava que era o meu melhor amigo, o presidente Arthur Lira”, disse Elmar.

    O líder do União estava sendo pressionado desde quarta-feira, 30, pela cúpula de seu partido a abandonar a candidatura. A sigla deve aderir a Hugo Motta (Republicanos-PB) para não perder espaços de poder na Casa, após o deputado paraibano formar uma ampla aliança, que vai do PT ao PL. Na próxima terça-feira, 5, Elmar deverá reunir a bancada para tratar dos termos da negociação com Motta.

    “Recebi, hoje pela manhã, uma ligação do candidato Hugo Motta pedindo um diálogo e nossa bancada deliberou, por bem, que a conversa e o diálogo é sempre salutar. Vamos ouvi-los”, afirmou Elmar.

    As articulações com o deputado do Republicanos serão lideradas por Elmar, pelo presidente do União, Antonio de Rueda, e pelo secretário-geral da sigla, ACM Neto. “Essas negociações estão colocadas e eles conduzirão essas negociações e, portanto, por consequência, a retirada da candidatura do deputado Elmar”, disse o deputado Pauderney Avelino (União-AM), após reunião na sede do partido.

    “Não posso desistir do que não é meu. A candidatura é do meu partido e dos outros que estavam me acompanhando”, emendou o deputado. “Se todos decidirem (pela desistência), eu tenho que refletir sobre isso. Não posso colocar a minha vontade pessoal acima da vontade dos companheiros. Além disso, é uma questão de que eu sou o líder do partido”, disse Elmar, antes da reunião.

    Elmar chegou a ser considerado o favorito de Lira para sua sucessão, mas acabou preterido pelo alagoano, que lançou Motta para a eleição que ocorrerá em fevereiro. O líder do União tem dito a aliados que houve quebra de confiança por parte de Lira e que está decepcionado o deputado alagoano.

    Após ser preterido por Lira em setembro, Elmar rompeu relações com o presidente da Câmara, de quem era amigo pessoal. Os dois só voltaram a conversar neste mês, de forma protocolar, quando Lira fez uma ligação ao deputado do União para falar sobre votações no plenário da Casa.

    Para tentar se contrapor a Motta e Lira, Elmar fez uma aliança com o deputado Antonio Brito (PSD-BA), que agora também é pressionado a abandonar a candidatura à presidência da Câmara.

    Motta já conseguiu o apoio de PT, PL, MDB, Podemos, PP e PCdoB, além de seu próprio partido, o Republicanos.

    Nas últimas semanas, Elmar fez também uma imersão no petismo para tentar conquistar o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele procurou os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, e Alexandre Padilha, das Relações Institucionais.

    O líder do União se encontrou ainda com integrantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), berço político de Lula, e com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

    Até setembro, quando ainda era considerado o favorito de Lira na disputa, Elmar tinha a simpatia de parte da bancada do PT, embora acumule um histórico de atritos com o partido na Bahia. No entanto, após Motta tornar-se o candidato de Lira, a liderança da bancada petista passou a negociar com o líder do Republicanos.

    A resistência a Elmar no PT vem não só do histórico de disputas na Bahia com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, mas também do fato de ele já ter chamado Lula de “ladrão” e ter atuado a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff desde o início do processo.

    Motta diz não ter dificuldade em construir ‘convergência’ com adversários

    Hugo Motta afirmou não ter dificuldades em construir uma “convergência” com os seus adversários na disputa pela sucessão no comando da Casa, os líderes Elmar Nascimento e Antonio Brito (PSD-BA). As declarações ocorreram nesta quinta-feira, ao receber o apoio do PCdoB para a eleição da Câmara, prevista para fevereiro.

    “Vamos buscar, à exaustão do diálogo, o entendimento para que possamos construir a candidatura mais ampla possível”, afirmou. “Tanto o deputado Elmar Nascimento como o deputado Antonio Brito são amigos. Nós temos uma relação no colégio de líderes, sempre nos respeitamos, nos entendemos nas matérias que são apreciadas. Não tenho dificuldade nenhuma em construir com eles essa convergência.”

    Motta disse que vai “respeitar os anseios e as pretensões de cada um”, mas disse que o diálogo está aberto para “buscar entendimento”. Além disso, o deputado disse que manterá o “contato pessoal” com o eleitorado da Câmara para buscar votos.

    “Nada substituirá o nosso contato pessoal com os deputados. Eleição só se ganha depois que se contam os votos”, afirmou. “Por mais consolidada que transpareça estar a eleição, nós não vamos relaxar, nem vamos ter salto alto nessa condução.”

    Estadão

  • 8 de janeiro: relatório da PF aponta omissão de autoridades

    8 de janeiro: relatório da PF aponta omissão de autoridades

    A Polícia Federal (PF) concluiu que falhas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal foram “fatores decisivos” que contribuíram para a “ineficiência da resposta” aos ataques de 8 de janeiro de 2023 a prédios dos Três Poderes, em Brasília. Em documento encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o delegado responsável pela investigação, Raphael Soares Astini, aponta que “a ausência inesperada” de Anderson Torres, então secretário de Segurança, evidenciou esse cenário. “Embora houvesse várias informações críticas disponíveis sobre o risco de violência, essas informações não foram devidamente compiladas, analisadas ou retransmitidas às forças de segurança competentes”, diz o relatório.

    A apuração indicou ainda a suposta omissão de agentes públicos nos ataques às sedes dos Três Poderes. Núcleos Os investigadores dividiram os responsáveis em quatro núcleos: Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), Forças Armadas, Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Secretaria de Segurança Pública. No primeiro caso, foram usadas informações da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) relativa ao trabalho da cúpula da PM. “Consta da denúncia que, após o resultado das eleições presidencial de 2022, os oficiais da PM-DF, incluindo os acusados, compartilharam informações falsas sobre fraudes eleitorais e discutiram estratégias ilegais para contestar o resultado das eleições”.

    São listados: coronel Fábio Augusto Vieira, que à época dos fatos exercia o cargo de comandante da PMDF; coronel Klepter Rosa Gonçalves, que exerceu a função de subcomandante; coronel Jorge Eduardo Barreto Naime, que foi chefe do Departamento de Operações (DOP) durante os eventos; coronel Paulo José Ferreira de Sousa, que atuou como subchefe do Departamento; coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues; major Flávio Silvestre de Alencar; e tenente Rafael Pereira Martins. “Os oficiais, todos em posições de comando na PMDF, foram denunciados por se omitirem dolosamente em suas funções, permitindo que os atos de violência e vandalismo se concretizassem”, diz o documento. “Essa omissão, conforme alegado, constituiu como contribuição direta para a materialização dos crimes e para a falha na proteção dos bens públicos”. Acampamentos No núcleo “Forças Armadas” não são listados responsáveis. No entanto, o relatório diz que as mobilizações e acampamentos após as eleições de 2022 evidenciaram a gravidade e o caráter antidemocrático das ações. “A defesa de intervenção militar e a alegação de fraude eleitoral mobilizaram manifestantes, que se estabeleceram em frente a quartéis e bloquearam rodovias estratégicas, gerando impacto social significativo”, diz o texto. “As evidências sugerem que os envolvidos tinham clara consciência das intenções subversivas e dos riscos das suas ações, mostrando uma contestação violenta ao processo eleitoral e à ordem democrática, não podendo ser justificadas sob a alegação de desconhecimento ou simples liberdade de expressão”.

    “Série de falhas”

    Quanto ao GSI, foi relatado que, “como parte integrante do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), tinha a obrigação de manter suas informações atualizadas e compartilhar os dados críticos com outros órgãos, como a Abin e as forças de segurança do Distrito Federal”. São apontados por “falhas na condução das medidas de segurança”: o coronel Alexandre Santos de Amorim, então chefe da Coordenação-Geral de Análise de Risco; o coronel André Luiz Garcia Furtado, que foi coordenador de Segurança das Instalações; e os generais Carlos José Russo Assumpção Penteado e Carlos Feitosa Rodrigues, que eram secretários do GSI. “A invasão e depredação do Palácio do Planalto, ocorrida em 8 de janeiro de 2023, revela uma série de falhas estruturais e operacionais no Gabinete de Segurança Institucional.

    A falta de ação dos agentes responsáveis, a má gestão das informações de inteligência e a insuficiência do Plano Escudo para conter os manifestantes foram fatores determinantes para as invasões”, conclui o relatório. “Vasta experiência” Já no núcleo Secretaria de Segurança Pública, são listados: Anderson Torres, ex-secretário; Fernando Sousa Oliveira, então secretário executivo da pasta; Marília Ferreira de Alencar, subsecretária de Inteligência; e Cíntia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações Integradas. “Considerando a vasta experiência prévia dos envolvidos, que já haviam atuado em eventos de grande complexidade e porte, era razoável esperar que estivessem plenamente preparados para lidar com a situação que se desenrolou no dia 8”.

    Segundo o relatório, dada a posição de destaque que ocupavam e o conhecimento acumulado ao longo de suas carreiras, seria natural presumir que as medidas necessárias seriam implementadas de forma “coordenada e eficiente”, de modo a prevenir ou mitigar os efeitos das manifestações violentas. Outro lado A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou que não comenta sobre investigações e processos judiciais em andamento. A defesa de Torres disse que não teve acesso ao relatório final e que, “no curto trecho publicado no despacho, percebe-se grave equívoco cometido pela autoridade policial, pois não houve ‘ausência inesperada’, já que Anderson Torres tinha férias planejadas e comprou as passagens para toda família no mês de novembro de 2022, quando sequer se imaginava a realização de qualquer manifestação”.

    Os defensores do ex-secretário também alegam que ele “teve o cuidado de preparar um PAI (Protocolo de Ações Integradas), antes das férias, diante das informações sobre as manifestações”. “Se o PAI tivesse sido cumprido, teria evitado os reprováveis atos do fatídico 8 de janeiro”. A CNN tenta contato com os advogados dos demais citados no relatório.

    CNN

  • Suprema Corte dos EUA influenciou eleição de maneira sem precedentes

    Suprema Corte dos EUA influenciou eleição de maneira sem precedentes

    À medida que o dia 5 de novembro se aproxima, analistas políticos e a imprensa dos Estados Unidos (EUA) se debruçam cada vez mais sobre pesquisas eleitorais, avanços em estados-chave e movimentações de eleitores indecisos na reta final da disputa entre Kamala Harris e Donald Trump.

    Mas a corrida eleitoral de 2024, mais do que qualquer outra na história recente dos EUA, teve seus temas e até própria seleção de candidatos em grande parte definida pela atuação da Suprema Corte nos anos e meses anteriores, com decisões momentosas —como a que derrubou o direito ao aborto a nível nacional, em 2022, e a que deu a presidentes ampla imunidade, favorecendo Trump.

    Parte desse protagonismo da Suprema Corte na disputa eleitoral se deve ao fato, também inédito na cultura política americana, de que o candidato republicano à Casa Branca responde a uma série de acusações na Justiça por diversas razões diferentes.

    A começar pelos processos que tramitam em esfera estadual, Trump foi considerado culpado por um júri em Nova York no caso em que era acusado de pagar pelo silêncio da atriz pornô Stormy Daniels na véspera da eleição de 2016. Com a decisão, cuja sentença deve ser anunciada somente após a eleição, o republicano se tornou o primeiro ex-presidente da história dos EUA a ser condenado pela Justiça. No mesmo estado onde fez fortuna, Trump responde ainda por acusações de fraude e abuso sexual.

    O caso em Nova York, entretanto, é o único no qual ele teve um revés até aqui. Na Geórgia, o ex-presidente responde a uma acusação de interferência eleitoral por suas ações logo após a derrota em 2020 para Joe Biden —o republicano pressionou autoridades estaduais para que “encontrassem votos” que dessem a ele a vitória no estado decisivo.

    Mas o caso está paralisado depois que um juiz rejeitou as acusações contra Trump, e a defesa do ex-presidente tenta remover a promotora responsável pelo caso depois de revelações de que ela se envolveu sexualmente com outro membro da equipe jurídica da promotoria.

    Em nível federal, o republicano responde a um processo movido pelo Departamento de Justiça, que o acusa de remover documentos confidenciais da Casa Branca e guardá-los na sua mansão em Mar-a-Lago, na Flórida. A investigação chegou a render uma operação do FBI contra o imóvel, mas a juíza responsável pelo caso, indicada ao cargo por Trump, acatou uma tese considerada pouco ortodoxa da defesa do ex-presidente e arquivou a acusação. Ainda cabe recurso contra a decisão

    Os outros dois casos importantes que constituíam as ameaças mais concretas à candidatura de Trump foram resolvidos diretamente pela instância mais alta da Justiça americana. Em março, o tribunal entendeu que uma decisão da Suprema Corte do Colorado de dezembro de 2023, que barrou a candidatura de Trump naquele estado, era inconstitucional.

    O Judiciário do Colorado havia dito que o fato de Trump ter instigado apoiadores a invadir o Capitólio no 6 de Janeiro para tentar impedir a certificação da vitória de Biden caracterizava insurreição se recuperou uma emenda pouco conhecida da Constituição americana, adotada logo após a Guerra Civil, que impedia pessoas que se insurgiram contra o governo federal de concorrer ao cargo de presidente.

    Em março deste ano, a Suprema Corte derrubou a tese. Evitando julgar o mérito da acusação (ou seja, sem decidir se Trump cometeu insurreição ou não), o tribunal disse que os estados não têm autoridade para tomar uma medida como essa sobre um cargo federal, em especial o de presidente.

    A decisão foi tomada de forma unânime, sem as tradicionais divisões entre juízes progressistas, indicados por presidentes democratas, e conservadores, indicados por republicanos. Entretanto, a maioria conservadora do tribunal, sem o apoio das três juízas mais à esquerda, aproveitou o ensejo e aprovou uma tese mais expansiva, dizendo que só o Congresso tem poder para barrar um possível candidato com base na emenda citada pelo Colorado.

    Foi essa nova tese, para além da decisão unânime do tribunal de manter a elegibilidade de Trump, que acendeu alertas para analistas e estudiosos da Suprema Corte. Ao fechar a porta para qualquer futuro questionamento jurídico sobre a elegibilidade de candidatos ligados ao 6 de Janeiro e colocar a decisão na mão de um Legislativo altamente polarizado, o tribunal extrapolou o caso que analisava.

    Assim, pareceu favorecer diretamente Trump e buscou se proteger do desgaste de julgar, em um eventual caso futuro, se o ex-presidente de fato cometeu insurreição. As juízas Sonia Sotomayor, Elena Kagan e Ketanji Brown Jackson ecoaram essa preocupação ao votar contra a tese, ainda que tenham apoiado manter Trump elegível no Colorado e em todos os outros estados.

    Ainda assim, quando essa decisão foi publicada, analistas e parte da imprensa americana enxergaram um cálculo político em curso: ao julgar uma tese altamente polêmica (barrar Trump no Colorado abriria caminho para um caos eleitoral, com estados onde ele seria inelegível) em favor de Trump, a corte estaria preparando o terreno para impor uma derrota ao ex-presidente no seu pedido por imunidade em outra acusação.

    Isso porque, no caso no qual o Departamento de Justiça buscava responsabilizá-lo criminalmente por suas tentativas de ficar no poder após a derrota em 2020, Trump alegava que presidentes americanos têm imunidade completa e não podem ser processados por quaisquer ações tomadas enquanto estiverem no cargo.

    Esse era considerado o caso mais perigoso para o ex-presidente, e juristas esperavam que a tese, bastante expansiva, fosse facilmente derrotada na Suprema Corte depois de ser rejeitada nas instâncias inferiores.

    Entretanto, em uma decisão bombástica que colocou expectativas de analistas de cabeça para baixo, a maioria conservadora dos juízes acatou parcialmente a tese da imunidade, dizendo que ela se aplica para atos oficiais do presidente, mas não para atos “não oficiais” sem especificar em qual categoria se encaixariam as ações de Trump em questão.

    A decisão foi compreendida como uma vitória inequívoca para Trump. Causou tanto alarme em setores progressistas (a hipótese foi levantada de que, agora, um presidente poderia mandar matar adversários sem ser responsabilizado por isso) que a frase de Sotomayor ao concluir seu voto contrário viralizou entre democratas: “com medo pela nossa democracia, apresento minha divergência”.

    Mas a centralidade do tribunal nas eleições de 2024 não se explica apenas pelas decisões tomadas pelos juízes que afetam Trump diretamente. Passa também pelo intenso processo de politização, partidarização e guinada à direita da Suprema Corte nos últimos anos, um processo influenciado por Trump, responsável por indicar três dos nove juízes, e guiado por dois magistrados considerados a linha dura conservadora do tribunal: Samuel Alito e Clarence Thomas.

    A dupla sofre uma série de acusações de parcialidade: Thomas aceitou presentes de um bilionário próximo ao Partido Republicano por anos, e o New York Times revelou que bandeiras e símbolos trumpistas foram hasteados em imóveis de Alito em mais de uma ocasião.

    Alito foi o principal arquiteto da decisão que derrubou o direito ao aborto em todo o país em 2022. Essa medida foi resultado de décadas de lobby de setores religiosos da sociedade americana e de manobras do Partido Republicano que garantiram a maioria conservadora de seis a três —uma maioria composta por juízes cuja oposição ao direito ao aborto era conhecida.

    Qualquer que seja o resultado da eleição no próximo dia 5, a politização da corte, cuja importância nos cálculos políticos dos dois partidos é a maior em décadas, deve se aprofundar. Caso Trump vença, é possível que a maioria conservadora, cujo alinhamento ao republicano está claro, depare-se com questões ainda mais graves para a democracia americana, uma vez que o ex-presidente dá indícios claros de que vai testar os limites de seu poder em um eventual novo mandato.

    Por outro lado, se Kamala vencer, e a depender da força que tiver no Legislativo, pode sofrer pressões de seu partido para ampliar o número de vagas no tribunal e retomar um certo equilíbrio entre progressistas e conservadores. Mas a medida é polêmica e associada a regimes autoritários ao redor do mundo —o próprio ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro considerou uma proposta parecida em meio aos seus embates com o STF (Supremo Tribunal Federal).

    Afastada essa hipótese, não é possível saber se novas vagas serão abertas na corte: nos EUA, o cargo é vitalício sem aposentadoria compulsória, e o mais comum é que juízes permaneçam no posto até morrer. Mas, se Trump vencer e indicar mais magistrados, será o presidente com a maior influência sobre o tribunal desde Ronald Reagan —uma influência que perdurará por décadas.

    Folha de São Paulo