Categoria: Saúde

  • Similar do Ozempic chega ao Brasil: como afeta varejistas do setor?

    Similar do Ozempic chega ao Brasil: como afeta varejistas do setor?

    A partir de segunda-feira (4), o Brasil conta com o lançamento de sua primeira caneta para emagrecimento fabricada localmente: a Olire, desenvolvida pela EMS, similar do Ozempic.

    Inicialmente, o produto estará disponível nas redes RD Saúde (RADL3), dona das marcas Raia e Drogasil, e Grupo DPSP, resultado da fusão entre as Drogarias Pacheco e a Drogaria São Paulo. O medicamento é à base de liraglutida, o mesmo princípio ativo do Saxenda, da Novo Nordisk, cuja patente expirou no Brasil em novembro de 2024.

    Embora a liraglutida seja diferente da semaglutida — princípio ativo do Ozempic e Wegovy —, o desempenho da Olire pode oferecer uma prévia do que esperar quando os genéricos do Ozempic chegarem ao mercado no próximo ano, aponta o Itaú BBA em relatório.

    Para o banco, não se espera impacto relevante da Olire nas vendas de farmácias neste momento. Apesar de estar disponível desde 2016, a liraglutida provavelmente representa uma fatia pequena do mercado brasileiro de canetas para emagrecimento, estimado em R$ 5,5 bilhões.

    Na RD Saúde, por exemplo, a estimativa é de que Wegovy/Ozempic respondam por cerca de 5% das vendas, enquanto a participação do Saxenda é ainda menor. O Itaú BBA aponta duas razões para a menor popularidade da liraglutida: eficácia e conveniência.

    Estudos mostram que pacientes com semaglutida perdem cerca de 15,8% do peso corporal, contra aproximadamente 6,4% com liraglutida. A proporção de pacientes que alcançam perda de peso significativa (acima de 15%) também é bem maior com semaglutida: 56% versus 12%. A conveniência também pesa: a liraglutida exige injeções diárias (cada caneta dura seis dias na dose máxima), enquanto a semaglutida é administrada semanalmente, fator relevante considerando a duração do tratamento.

    O preço, porém, favorece a liraglutida. Um kit de Saxenda com três canetas custa cerca de R$ 725, aproximadamente 60% mais barato que o Wegovy, vendido por R$ 1.699. A Olire será comercializada de 20% a 30% abaixo do Saxenda, reduzindo o custo de um tratamento anual para cerca de 30% abaixo do Wegovy, levando em conta a duração das canetas e a progressão recomendada da dose.

    Para o Itaú BBA, embora essa diferença dificilmente leve usuários de semaglutida a migrar para a liraglutida, pode ampliar o mercado potencial, ainda que de forma limitada devido à eficácia menor.

    O banco avalia que o verdadeiro divisor de águas será a chegada dos genéricos de Ozempic, esperada para o segundo semestre de 2026. Várias empresas, incluindo EMS, Cimed, Hypera e Biomm, já se preparam para lançar suas versões. A Novo Nordisk tentou estender sua patente no Brasil, alegando que o processo de aprovação de 13 anos reduziu seu período de exclusividade. Até agora, a Justiça rejeitou o argumento, e aguarda-se decisão final do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o mercado trabalha com a expectativa de entrada dos genéricos no próximo ano.

    Segundo o Itaú BBA, a grande questão para investidores é o que os genéricos do Ozempic significarão para as redes de farmácias. De um lado, a tendência é de preços menores; de outro, margens possivelmente mais altas e expansão do mercado. Ainda é cedo para definir onde preços e margens vão se estabilizar. Na RD, os medicamentos genéricos têm, em média, margem bruta de 50% a 55%, mas a semaglutida é uma molécula complexa, o que pode limitar tanto o ganho de margem quanto a queda de preços.

    Para medir possíveis impactos nas estimativas de lucro ao fim de 2026, o banco realizou duas análises de sensibilidade para a RD. Na primeira, modelou diferentes reduções de preço e margens brutas, sem expansão de mercado e com SG&A (despesas de vendas, gerais e administrativas) constante em valores nominais. Mesmo em um cenário conservador, com queda de 35% nos preços e margem bruta de 25%, a categoria já seria positiva para o lucro.

    Na segunda análise, assumiu uma redução fixa de 35% no preço e testou diferentes níveis de demanda adicional. Num cenário com margem bruta de 30% e aumento de volume de 20%, as estimativas de lucro líquido para o fim de 2026 subiriam 11%.

    Na visão do Itaú BBA, embora ainda haja incertezas, as análises indicam que o fim da patente do Ozempic pode se tornar um importante vento favorável para as redes de farmácias.

    Infomoney Brasil

  • Justiça homologa acordos e encerra mais de 200 ações na falência do Hospital Lúcio Rebêlo

    Justiça homologa acordos e encerra mais de 200 ações na falência do Hospital Lúcio Rebêlo

    Mais de 220 processos judiciais relacionados à falência do Hospital Lúcio Rebêlo foram encerrados em apenas cinco dias pela 30ª Vara Cível de Goiânia. A medida foi resultado de uma força-tarefa conduzida pelo juiz Rodrigo Brustolin, que promoveu a conciliação entre credores e a massa falida, resultando na homologação de acordos e arquivamento definitivo de 224 incidentes processuais.

    A iniciativa representa um marco na agilidade da prestação jurisdicional na Comarca de Goiânia e atende à prioridade de tramitação prevista no artigo 189-A da Lei nº 11.101/2005. Segundo o magistrado, o feito contribui para a redução da taxa de congestionamento do Judiciário goiano e garante maior efetividade aos credores.

    A coordenação dos atos de conciliação foi realizada pela administradora judicial Cincos – Consultoria Organizacional de Resultado Ltda., sob responsabilidade de Stenius Lacerda Bastos. As tratativas possibilitaram a resolução de disputas envolvendo créditos da massa falida, promovendo economia processual e maior celeridade ao processo falimentar.

    O processo teve início com o pedido de recuperação judicial protocolado em 4 de novembro de 2019. A solicitação foi indeferida, inicialmente, pela 28ª Vara Cível de Goiânia, sob o fundamento de inexistência de atividade empresarial desde meados de 2018, conforme apontado em laudo de constatação prévia. No entanto, o Tribunal de Justiça de Goiás reformou a decisão e deferiu o processamento da recuperação judicial em 6 de abril de 2020.

    Posteriormente, em 14 de agosto de 2023, o juízo convolou a recuperação judicial em falência do hospital. Essa decisão foi mantida pelo TJGO em 13 de maio de 2025. A partir desse marco, iniciou-se formalmente o processo falimentar.

    Confira os principais eventos do processo:

    • 04/11/2019 – Protocolo do pedido de recuperação judicial;

    • 24/01/2020 – Realização da constatação prévia;

    • 12/02/2020 – Sentença de extinção do processo com indeferimento da recuperação;

    • 10/03/2020 – Interposição de apelação;

    • 06/04/2020 – TJGO defere o processamento da recuperação judicial;

    • 14/08/2023 – Sentença que convola a recuperação judicial em falência;

    • 23/08/2023 – Interposição de agravo de instrumento contra a decretação da falência;

    • 13/05/2025 – TJGO mantém a decretação da falência e nega provimento ao recurso.

    Com os acordos homologados e os incidentes arquivados, o processo segue agora para as fases de arrecadação de bens, consolidação do quadro geral de credores e realização do ativo, conforme estabelece a Lei de Falências.

    Rota Jurídica

  • Saúde divulga funcionamento das unidades durante feriado da fundação da cidade de Goiás

    Saúde divulga funcionamento das unidades durante feriado da fundação da cidade de Goiás

    A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informa que a maioria dos hospitais e demais unidades de saúde estaduais funcionará normalmente na próxima segunda-feira (28/07), em função do feriado da fundação da cidade de Goiás e do Dia de Nossa Senhora de Sant’Ana, padroeira do estado.

    Apesar de a data ser celebrada em 26 de julho, o ponto facultativo foi transferido para a próxima semana, quando haverá a transferência da capital e da sede do Poder Executivo Estadual para o município.

    O atendimento ao paciente internado em todos os hospitais será mantido, sem interrupção.

    Na grande maioria das unidades localizadas em Goiânia e na região metropolitana, não haverá mudanças. Entre elas os hospitais estaduais de:

    • Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol),
    • Urgência de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo),
    • Criança e do Adolescente (Hecad),
    • Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (HEMNSL),
    • Aparecida de Goiânia (Heapa),
    • Dr. Alberto Rassi (HGG),
    • Dermatologia Sanitária – Colônia Santa Marta (HDS),
    • Trindade Walda Ferreira dos Santos (Hetrin),
    • bem como o Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (Cora),
    • Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer)
    • Complexo de Referência Estadual em Saúde Mental (Cresm).

    No Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT) e no Centro Estadual de Atenção Prolongada e Casa de Apoio Condomínio Solidariedade (Ceap-Sol), os atendimentos de emergência permanecem em funcionamento normal, em período integral. Já os ambulatórios de ambas as unidades estarão fechados, na segunda-feira (28/07), retornando ao funcionamento normal na terça-feira (29/07).

    No HDT, a farmácia ambulatorial também não abrirá na segunda-feira. Outra unidade que terá alterações é o Hospital Estadual da Mulher (Hemu), que não terá funcionamento dos serviços de ambulatório e banco de leite (atendimento externo ao público) na segunda-feira (28/07). Os demais setores do hospital funcionarão normalmente.

    Saúde: o que abre e o que fecha no feriado de fundação da cidade de Goiás
    Na Policlínica Estadual Brasil Bruno de Bastos Neto, na Região Rio Vermelho, na cidade de Goiás, todos os serviços estão suspensos nesta sexta-feira (25/07). Na segunda-feira (28/07), dia da transferência da capital, unidade estará funcionando normalmente (Foto: Secom-GO)

    A maioria das unidades do interior do estado manterá o atendimento normal na segunda-feira, incluindo os hospitais estaduais de:

    • Anápolis (Heana),
    • Santa Helena de Goiás (Herso),
    • São Luís de Montes Belos (HSLMB),
    • Itumbiara (HEI), de Jataí (HEJ),
    • Luziânia (HEL),
    • Águas Lindas (Heal),
    • Pirenópolis (HEELJ),
    • Centro-Norte Goiano (HCN),
    • Formosa Dr. César Saad Fayad (HEF),
    • além das Policlínicas de
      • São Luís, Formosa,
      • Quirinópolis,
      • Posse
      • Goianésia.

    No Hospital Estadual de Jaraguá Dr. Sandino de Amorim (Heja), apenas a equipe assistencial estará em atividade na segunda (28/07), retornando integralmente na terça-feira.

    Já na Policlínica Estadual Brasil Bruno de Bastos Neto, na Região Rio Vermelho (PLCGO), localizada na cidade de Goiás, todos os serviços estarão suspensos na sexta-feira (25/07), véspera da data oficial de aniversário e feriado municipal. Na segunda-feira (28/07), dia da transferência da capital, as atividades funcionarão normalmente.

    Saúde: o que abre e o que fecha no feriado de fundação da cidade de Goiás - Hemocentro Prof. Nion Albernaz
    Na segunda-feira (28/07), Hemocentro Coordenador, em Goiânia, e unidades do interior do estado, abrirão normalmente, das 8h às 18h (Foto: SES-GO)

    Rede Hemo

    A Rede Estadual de Serviços Hemoterápicos (Rede Hemo) não terá alterações no funcionamento em função do ponto facultativo. Tanto o Hemocentro Coordenador, em Goiânia, quanto as unidades do interior do estado, abrem na segunda-feira, das 8 às 18 horas. A Rede Hemo oferece agendamento prévio das doações pelo site agenda.hemocentro.org.br ou pelo telefone 0800 642 0457.

    Outras unidades e serviços

    O Centro Estadual de Medicação de Alto Custo Juarez Barbosa (Cemac JB) não terá atendimento presencial na segunda-feira (28/07). As solicitações de abertura de processo, alteração e/ou inclusão de medicamentos de alto custo, contudo, ainda poderão ser feitas normalmente pelo site: https://www.go.gov.br/servicos/servico-id/238. A unidade retoma o atendimento normal na terça-feira (29/07), a partir de 6 horas.

    Saúde: o que abre e o que fecha no feriado de fundação da cidade de Goiás - Cemac Juarez Barbosa
    Cemac JB não terá atendimento presencial na segunda-feira (28/07) (Foto: SES-GO)

    A Gerência de Transplantes de Goiás funcionará em regime de plantão, para atender os casos de notificação, captação e distribuição de órgãos. O telefone para os profissionais de saúde acionarem a equipe é o (62) 3201-2200.

    O Laboratório Estadual de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO) funcionará em regime de plantão na segunda-feira (28/07), com recebimento de amostras para rotina de cultura microbiana, surtos e emergências, das 8 às 16 horas. Serviços administrativos, retirada de kits e outros insumos estarão suspensos, voltando à normalidade na terça-feira (29/07).

    O Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Goiás (Ciatox) permanece em plantão 24 horas. O Disque Intoxicação (0800 646 4350 e 0800 722 6001) repassa à população e aos profissionais de saúde orientações sobre intoxicações, envenenamentos e acidentes com animais peçonhentos.

    Secretaria de Estado da Saúde (SES) – Governo de Goiás

  • Estupro no Brasil bate recorde e atinge uma vítima a cada seis minutos

    Estupro no Brasil bate recorde e atinge uma vítima a cada seis minutos

    Brasil registrou 87.545 vítimas de estupro e estupro de vulnerável em 2024, o que representa o maior número da série histórica iniciada em 2011 e equivale a uma pessoa estuprada a cada seis minutos. Os dados da 19ª Edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam um crescimento de 0,9% em relação a 2023.

    As mulheres negras correspondem a 55,6% do total de vítimas. O levantamento também indica que a violência sexual é um crime majoritariamente intrafamiliar.

    De acordo com o estudo, 65,7% dos estupros registrados ocorreram na residência da vítima. A análise dos agressores mostra que 45,5% eram familiares e 20,3% eram parceiros ou ex-parceiros íntimos.

    Desafios no registro

    Apesar do número recorde, o FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) destaca a subnotificação histórica como um fator que impede a real dimensão do problema, já que muitos crimes não chegam ao conhecimento das autoridades.

    CNN

  • Como Trump quer mudar receita da Coca-Cola nos EUA

    Como Trump quer mudar receita da Coca-Cola nos EUA

    O presidente americano, Donald Trump, disse que a Coca-Cola concordou em usar açúcar de cana para adoçar suas bebidas vendidas nos Estados Unidos.

    Atualmente, a Coca-Cola usa xarope de milho em seus produtos americanos, mas o secretário de Saúde de Trump, Robert F. Kennedy Jr., manifestou preocupação com os impactos do ingrediente na saúde.

    “Tenho conversado com a Coca-Cola sobre o uso de açúcar de cana de verdade na Coca nos Estados Unidos, e eles concordaram em fazer isso”, escreveu Trump nas redes sociais. “Gostaria de agradecer a todos aqueles em posição de autoridade na Coca-Cola.”

    Sem confirmar explicitamente o ajuste da receita, um porta-voz da Coca-Cola disse que eles “agradeciam o entusiasmo do presidente Trump”, e que “mais detalhes sobre novas ofertas inovadoras em nossa linha de produtos Coca-Cola serão compartilhados em breve”.

    Enquanto a Coca-Cola vendida nos EUA é normalmente adoçada com xarope de milho, a Coca-Cola em outros países, como México, Reino Unido, Austrália e Brasil, tende a usar açúcar de cana.

    Em abril, o CEO da Coca-Cola, James Quincey, disse aos investidores que “continuamos a avançar na redução do açúcar em nossas bebidas”.

    Ele afirmou que a empresa sediada em Atlanta “fez isso mudando as receitas, assim como usando nossos recursos globais de marketing e rede de distribuição para aumentar a conscientização e o interesse em nosso portfólio em constante expansão”.

    Mas qualquer decisão de usar açúcar de cana em vez de xarope de milho pode deixar um gosto amargo para os agricultores de milho americanos.

    John Bode, presidente e CEO Associação de Refinadores de Milho, disse em um comunicado: “Substituir o xarope de milho com alto teor de frutose por açúcar de cana custaria milhares de empregos americanos na fabricação de alimentos, reduziria a renda agrícola e aumentaria as importações de açúcar estrangeiro, tudo isso sem nenhum benefício nutricional”.

    O secretário de Saúde dos EUA e seu movimento Make America Healthy Again (“Torne a América saudável novamente”, em tradução livre) tem defendido que as empresas removam de seus produtos ingredientes como xarope de milho, óleos de sementes e corantes artificiais, associando-os a uma série de problemas de saúde.

    Kennedy Jr. também tem sido crítico em relação à quantidade de açúcar que os americanos consomem e, segundo relatos, planeja atualizar as diretrizes alimentares nacionais em breve.

    Trump toma regularmente Diet Coke — que usa o adoçante artificial aspartame. Ele mandou instalar, inclusive, um botão na mesa dele no Salão Oval da Casa Branca para solicitar que o refrigerante seja servido.

    BBC

  • Ubá: o que está por trás da ‘capital das plásticas’, que oferece cirurgias a preços imbatíveis

    Ubá: o que está por trás da ‘capital das plásticas’, que oferece cirurgias a preços imbatíveis

    Dulcineia Luz, 47, saiu de Rondonópolis, Mato Grosso, e passou dois dias viajando de ônibus rumo a Ubá, em Minas Gerais, uma cidade que nunca havia visitado — e da qual, até poucas semanas antes, nunca sequer havia ouvido falar.

    Foram vídeos no TikTok que a apresentaram, por acaso, à cidade de cerca de 100 mil habitantes que, nas redes sociais, se vende como a “capital das plásticas”.

    “Minha irmã já tinha feito cirurgia e ficou maravilhosa. Eu não pensava em fazer também, mas quando vi no TikTok… Olhei para minha barriga caída e pensei: ‘Tô precisando’. Aí eu vim realizar esse sonho.”

    O principal atrativo que faz com que vídeos de mulheres recém-operadas dançando, ainda com suas cintas e drenos pós-cirúrgicos, somem milhões de visualizações e atraiam pessoas como Dulcineia, é o preço acessível.

    Dulcineia Luz
    João da Mata/BBC News Brasil -Dulcineia Luz fotografada durante sua estadia na Casa das Irmãs Condé, local que oferece cuidados pós-operatórios para mulheres que vêm de outras cidades para realizar cirurgias em Ubá

    Em Ubá, é possível encontrar, por exemplo, a famosa cirurgia “x-tudo” (que consiste em elevação dos seios, remoção de gordura das costas com retirada do excesso de pele e gordura da barriga e possível aumento dos glúteos) por um total de R$ 18 mil — um valor que, em muitas capitais brasileiras, corresponde apenas ao custo de internação em hospitais de alto padrão.

    Também há ofertas de mastoplastia (cirurgia nas mamas) por menos de R$ 11 mil, incluindo custos de hospital e anestesista, e abdominoplastia (cirurgia no abdômen), por menos de R$ 9 mil — um preço mais de 50% abaixo da média em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

    A depender do profissional escolhido, a única opção é pagar em dinheiro vivo.

    Diariamente, mulheres de diferentes partes do Brasil — e até algumas brasileiras morando no exterior — chegam a Ubá atraídas pela chance de renovar a autoestima por um preço acessível.

    Mas, para algumas pacientes, o que era um sonho se transformou em pesadelo, com resultados muito diferentes de suas expectativas, infecções e falta de assistência médica.

    Hoje, pelo menos seis cirurgiões plásticos realizam procedimentos diariamente em Ubá. Dois deles — Maurino Grossi e Júlio Cesar Ferreira, considerados pioneiros da especialidade na cidade — acumulam, cada um, mais de 30 processos na Justiça.

    Ao investigar o histórico de Júlio Cesar, a reportagem encontrou cerca de 40 ações contra ele. As acusações se concentram principalmente em supostos erros médicos, especialmente em mamoplastias. Dos 16 processos que já tiveram sentença, ele foi condenado em 7. Em outros 4 casos, o processo foi extinto — por acordo ou desistência do paciente — e 5 foram julgados improcedentes.

    Já contra Maurino Grossi, a BBC News Brasil localizou cerca de 40 processos. Dos 28 já sentenciados, ele foi condenado em 5. Outros 2 foram considerados improcedentes. Nos 21 restantes, o processo foi extinto, seja por desistência dos pacientes ou por acordo entre as partes.

    A BBC News Brasil procurou ambos e foi recebida por Maurino Grossi em seu consultório, em dezembro de 2024, como descreveremos ao decorrer do texto.

    Júlio Cesar Ferreira não aceitou dar entrevista, mas foi contatado por mensagem com questionamentos sobre os casos relatados aqui e enviou uma nota por meio de seu advogado, descrita ao longo deste texto.

    O cirurgião Maurino Grossi com a paciente Claudineia Dias
    João da Mata/BBC News Brasil – O cirurgião Maurino Grossi com a paciente Claudineia Dias

    ‘Uma máfia que deu certo’

    Pelas ruas de Ubá, nada indica que a cidade, mais famosa pela venda de móveis de madeira, esteja tão economicamente aquecida pela cirurgia plástica. Mas as redes sociais fizeram com que o engajamento nas redes se convertesse, de fato, em negócios.

    A fama criada online impulsionou uma rede de novos trabalhos: motoristas especializados no transporte de pacientes, lojas de material hospitalar, casas de cuidado e até uma modalidade financeira voltada especialmente para quem deseja operar.

    Lucilene Queiroz é a responsável pela Pag Crédito Ubá, que tem atraído clientes com um financiamento programado, pensado especificamente para cirurgias estéticas.

    Ela recebeu a reportagem em um coworking e contou como as redes sociais têm feito com que ela receba mais de 80 mensagens de interessadas por dia e quais são as opções das clientes.

    “Funciona basicamente como um consórcio: a cliente escolhe o plano, começa a pagar as parcelas e já sabe quando vai operar — sem lance e sem sorteio”, explica Lucilene.

    Lucilene Queiroz, responsável pela Pag Crédito Ubá
    João da Mata/BBC News Brasil – Lucilene Queiroz, responsável pela Pag Crédito Ubá

    Segundo ela, é possível aderir ao programa mesmo com o nome negativado, com valores que variam entre R$ 5 mil e R$ 100 mil e parcelamento fixo que pode chegar a até 120 vezes.

    “Muitas vêm só pela curiosidade, mas ainda assim o movimento é grande. Nos meses de férias, temos uma média de 40 mulheres operando por mês só pelo plano, fora as que vêm com recurso próprio.”

    Lucilene relata que esse movimento começou há cerca de um ano e meio, quando as casas de cuidados pós-operatório e fisioterapeutas que oferecem esse serviço começaram a viralizar no Instagram e, principalmente, no TikTok, com posts sobre o quão baratas são as cirurgias na cidade.

    “Não foram nem os médicos que apareceram primeiro — foram elas que puxaram todo mundo junto, e aí virou esse boom que até hoje impressiona.”

    “Eu brinco que é uma máfia que deu certo, uma máfia ‘do bem’. A gente já consegue girar tudo em torno da cidade — do médico a essas casas que recebem as mulheres no pós-operatório, que é tão importante quanto a cirurgia em si.”

    A Casa das Irmãs Condé

    No Whatsapp, dezenas de grupos com os nomes dos cirurgiões — mas, usualmente, sem a presença deles — compartilham fotos de “antes e depois”, expectativas, indicações de serviços (como as casas de cuidados) e orçamentos.

    Há também dicas de como levar o dinheiro vivo — no caso de médicos que não aceitam pix ou cartão.

    Algumas mulheres colocam as notas em fraldas, pochetes, ou avisam o banco antecipadamente para conseguir sacar as quantias altas depois de chegar à cidade.

    Grupos das casas de cuidados também são usados para divulgar seus serviços, e alguns compartilham arquivos em PDF com informações detalhadas sobre médicos.

    “A gente não indica médico, tá? Hoje temos vários aqui em Ubá. O que eu faço é orientar: temos um grupo no WhatsApp onde as meninas postam fotos de antes e depois, comentam sobre as cirurgias, e cada uma escolhe com base nessas trocas. Sempre falo que é uma decisão muito pessoal. Para ajudar, até montei um guia com o trabalho de todos os médicos — assim, cada uma pode olhar e dizer: ‘é com esse que eu quero operar’”, diz Ana Paula Condé, uma das donas da casa de cuidados conhecida como Casa das Irmãs Condé.

    Ela, enfermeira, e sua irmã gêmea, Juliana, que é fisioterapeuta, recebem mulheres de diferentes lugares e, em alguns meses, têm uma fila de espera.

    Há outros estabelecimentos na cidade que parecem também receber muitas pacientes, como a Casa de Cuidados Shekinah e o Spa de Cuidados Fernanda Varella. As responsáveis pelas casas disseram “não ter interesse” em conversar com a reportagem.

    Quando questionadas sobre por que a cirurgia em Ubá é tão mais barata, as irmãs Condé dizem que, para quem é da cidade, o preço não é barato, mas simplesmente o valor que se cobra usualmente.

    “Eu falo pra vocês, gente: fiz minha cirurgia há 13 anos, abdômen e mama, e paguei R$ 3.600. Pra gente, aqui em Ubá, isso é um preço normal. Normal! Aí as meninas comentam: ‘Na minha cidade custa R$ 100 mil!’ Gente, como assim? Cem mil por uma plástica? Pra gente, isso não existe. Não sei se é pela cidade, pela economia local… mas esse é o valor aqui em Ubá”, diz Juliana.

    Ana Paula conta que a demanda já cruzou o país — e até o oceano.

    “A gente recebe pessoas do mundo inteiro. Tem gente de Londres, da Guiana, do Suriname — vem bastante gente de lá, muitas vezes com pepitas de ouro. E do Brasil todo: Paraná, Mato Grosso, Bahia, Acre, Belém, Tocantins, Belo Horizonte… Mato Grosso, então, tem vindo demais. É o Brasil inteiro e um pouquinho do mundo.”

    Apesar das origens diferentes, na “pousada”, a reportagem encontrou algo em comum entre as dezenas de mulheres que se recuperavam das cirurgias e aceitaram conversar sobre suas experiências: a visão da cirurgia plástica como um sonho e como resgate da autoestima.

    Irmãs Ana Paula e Juliana Condé
    João da Mata/BBC News Brasil -Casa das irmãs Condé recebe mulheres de diferentes lugares e, em alguns meses, tem fila de espera

    A reconstrução da autoestima

    Talita, 25, natural de Niterói, no Rio de Janeiro, acompanhava o trabalho de uma cirurgiã que atua em Ubá há 4 anos, até que conseguiu ter dinheiro para realizar diferentes procedimentos de uma vez: mamoplastia com aumento, abdominoplastia e lipo com enxerto de glúteo.

    “Bastante coisa, né? Meu sonho mesmo era só o abdômen, mas já que eu vinha, falei: ‘vou recauchutar tudo e nunca mais entro em centro de cirurgia’. Agora é atividade física e manter uma vida mais saudável.”

    O total saiu por cerca de R$ 34 mil.

    Para ela, a vontade de mudar o corpo surgiu depois do nascimento de suas duas filhas.

    “Depois das gestações, fiquei com uma diástase enorme, o que abalou muito minha autoestima. Claro que foi por um bom motivo — minhas filhas são tudo para mim. Mas queria voltar a me sentir confortável usando um biquíni”, diz.

    Claudineia Dias tem 33 anos e foi de Rondônia até Minas Gerais para conseguir realizar a cirurgia, um sonho que cultivava há dois anos.

    “Eu queria muito fazer, mas queria fazer na minha cidade, no meu Estado — só que lá era muito caro, e eu não tinha o dinheiro. Aí engravidei, tive meu bebê, esperei um tempo… agora ele tá com um ano e dois meses. Foi quando conheci a casa das irmãs Condé, com os médicos e tudo mais, e pensei: agora eu consigo.”

    Para fazer uma abdominoplastia e mamoplastia com o cirurgião Maurino Grossi, ela viajou por mais de um dia, entre avião e ônibus.

    “Foi cansativo, mas valeu a pena. Nossa, como valeu a pena! Meu Deus! Eu faria tudo de novo. Tem mulheres que dizem: ‘Ah, eu fiz cirurgia plástica, mas nunca mais faria’. Eu não. Eu faria novamente, passaria por todo o processo outra vez, sem pensar duas vezes.”

    ‘O barato sai caro’

    Gelva Consuelo
    João da Mata/BBC News Brasil – Gelva Consuelo acusou médico de ter feito lipoaspiração ‘ultra superficial’ em suas costas

    Já Gelva Consuelo, 56, diz que a cirurgia com o mesmo médico, feita em 2016, não valeu a pena. Ela acusou Maurino Grossi de ter feito uma lipoaspiração “ultra superficial” em suas costas.

    “Decidi operar em Ubá depois de ouvir muitas propagandas sobre os cirurgiões de lá, que eram maravilhosos, e porque o preço estava mais acessível do que aqui em Belo Horizonte, onde moro. Mas, infelizmente, não deu certo.”

    O médico ofereceu outra cirurgia, reparadora, e Gelva aceitou — mas continuou insatisfeita após o procedimento, que ocorreu no ano seguinte, em 2017.

    Os prontuários hospitalares dos procedimentos mostram que o primeiro durou 15 minutos, e o segundo, 25 minutos.

    “Eu sou esteticista há 20 anos, trabalho muito com drenagem pós-cirúrgica e eu mesma já tinha feito uma lipo de costas antes, então eu sei reconhecer quando uma cirurgia não foi bem feita. Eu percebi que a cânula só passou pela camada superficial.”

    Gelva decidiu levar o caso à Justiça, e chegou a um acordo com o médico. Ele devolveu o dinheiro que ela investiu na cirurgia.

    À reportagem, ela mostrou fotos de seu antes e depois como um indicativo de que não houve mudança.

    “Se eu não tivesse essas fotos e não soubesse do assunto, eu seria só mais um caso perdido, como milhares de mulheres que esperam que a cirurgia seja a solução para tudo. E sabe o que ele diz para elas? ‘Foi o melhor que eu pude fazer por você, porque você estava muito ruim’.”

    A reportagem questionou Maurino Grossi, cirurgião plástico especialista pelo Hospital Barata Ribeiro, no Rio de Janeiro, sobre o caso de Gelva. Ele disse que não se lembra especificamente da paciente, e que é impossível que uma lipo de costas tenha durado apenas 15 minutos.

    “Não, isso não existe. Olha, deixa eu te falar — eu não sei exatamente do que estão falando, mas é o seguinte: às vezes, a paciente volta para fazer algum retoque, corrigir uma irregularidade, entende? Por exemplo, se for uma correção de lipo e a queixa for pequena, aí o tempo de cirurgia pode variar. Mas uma lipo nas costas em 15 minutos? Isso não existe.”

    Quando questionado sobre os mais de 30 processos em seu nome, Grossi respondeu:

    “Eu tenho 20 anos de profissão, devo ter feito quase 10 mil cirurgias. Você acha essa estatística tão alta assim? Hoje em dia, é muito fácil para uma paciente dizer ‘meu médico errou’ e levar o caso para a Justiça. Mas quem decide isso não é o paciente, nem o advogado — é o perito. É ele, um médico indicado, que vai avaliar se houve ou não erro médico. Só ele.”

    Nos processos, também é possível ver que Grossi optou por acordo, como fez com Gelva, com várias das pacientes.

    “Hoje, não faço mais. Porque quanto mais a gente faz acordo, mais eles acham que a culpa é do médico, que é fácil tirar algum dinheiro. Já cheguei a receber muitas ameaças de paciente, sabe? Agora eu não faço mais. Se quiser levar pra Justiça, pode levar. Porque senão vira chantagem — casos que seriam simples de resolver viram uma tentativa de conseguir o dinheiro de volta à força.”

    Além de Gelva, a reportagem conversou com mais mulheres que ficaram insatisfeitas com o resultado das cirurgias performadas por Grossi. A maioria delas não quis levar o caso à Justiça. Muitas relatam que acreditam que o médico realizava várias cirurgias no mesmo dia, com duração curta, mas não apresentaram evidências.

    A isso, Grossi responde que hoje faz uma ou duas cirurgias no dia — e que, no passado, fazia, no máximo, quatro.

    “Quanto mais cirurgias você faz, mais cansativo é — e maior a chance de complicações. Então, foi uma escolha que eu fiz. Já são 20 anos operando, e agora eu quero menos complicações. Quero viver uma vida mais tranquila.”

    A reportagem também encontrou casos mais graves de complicações por cirurgias realizadas na cidade.

    Rosimar Cordeiro Messias, 53, foi atraída pelos preços baixos de Ubá antes da fama chegar às redes sociais.

    Em 2015, circulava por Crucilândia, sua cidade natal, a cerca de cinco horas de Ubá, a notícia de cirurgias plásticas acessíveis — e com resultados considerados excelentes.

    “Quando eu fiz 40 anos, já tinha passado por três gestações, e minha barriga ficou bem grande. Era um sonho meu ter uma barriga bonita. Com o tempo, fui juntando dinheiro pra fazer essa cirurgia lá em Ubá, com o doutor Júlio Cesar. Era o meu sonho, porque eu ia pra praia em janeiro, e operei no dia 2 de novembro — achei que até lá já estaria tudo bem. Achei que a cirurgia ia ser maravilhosa, só que não foi. Era um sonho meu ficar com o corpão bonito, sabe? Mas nada deu certo. Fiz também a retirada do excesso dos seios, e também deu errado, ficou torto.”

    Rosimar Cordeiro, fotografada em sua casa, em Crucilândia (MG), a cerca de cinco horas de carro de Ubá
    João da Mata/BBC News Brasil – Rosimar Cordeiro, fotografada em sua casa, em Crucilândia (MG), a cerca de cinco horas de carro de Ubá

    Rosi, como é conhecida, sabia de duas vizinhas que já tinham passado pelo procedimento e, animada com os relatos, decidiu embarcar na jornada com outras duas amigas.

    “Uma dessas vizinhas teve um problema e ficou sem jeito de me contar. Era uma coisa simples, uma inflamação, mas ela ligava lá e ninguém dava atenção. Meses depois, quando ela viu o que aconteceu comigo… Teve um dia que ela me ligou chorando, dizendo que ficou com muito remorso por não ter me contado.”

    O que aconteceu com Rosi começou também, aparentemente, como uma inflamação simples. Mas se tornou um quadro sério que a deixou de cama durante sete meses.

    As duas cirurgias escolhidas por ela, mamoplastia (para tirar excesso dos seios) e abdominoplastia (para diminuir a gordura e excesso de flacidez na região), custaram um total de R$ 6.400.

    “Eu achei muito barato, mas só não sabia que esse barato ia ficar muito, muito caro no final.”

    “Depois da cirurgia, senti dor a noite inteira. Quando foi no outro dia, na hora de tirar o curativo, minha barriga já estava vermelha. A enfermeira me deu alta e disse como eu precisava limpar, se não teria uma infecção. Eu respondi: ‘Mas eu não tô bem, como é que eu vou embora? Vou viajar assim?’. E ela disse: ‘Ué, você quer morar aqui?’. Ela era sempre grosseira. Eu fiquei sem reação.”

    Dias após a abdominoplastia, a região operada começou a se abrir. Em pouco tempo, a incisão se transformou numa ferida profunda, com secreção amarelada e sinais claros de infecção. Rosi relata que sentia dor extrema, não conseguia trabalhar ou se alimentar.

    Por e-mail, uma de suas filhas enviava imagens e pedia orientações ao consultório do cirurgião. As respostas, assinadas por uma secretária do médico, mostram indicação de limpar o local com gaze e soro, e recomendação de remédios para dor.

    Procurado pela BBC News Brasil, o advogado do médico Júlio Cesar Ferreira argumentou que pontos se abrem em razão de a paciente não obedecer ao repouso absoluto orientado no momento da alta ou se a paciente não toma os devidos cuidados após voltar para casa.

    Ele disse ainda que, para que ocorra o acompanhamento pós-cirúrgico, é necessário que a paciente retorne ao consultório nas datas pré-agendadas, mas que algumas pacientes que não moram na cidade se recusam a retornar.

    Rosimar diz que voltou quatro vezes para consultas pós-operatórias e afirma que seguiu os cuidados indicados pela equipe do médico no pós-operatório.

    Ao pesquisar o histórico do doutor Júlio Cesar, a reportagem descobriu que ele é alvo de dezenas de processos na Justiça.

    Neles, ele é acusado principalmente de erros médicos, em especial em mamoplastias. Muitos ainda estão em andamento, mas dos 16 processos em que a sentença já foi proferida, ele foi condenado em sete. Em outros quatro casos, o processo foi extinto ou porque houve um acordo, ou porque os pacientes desistiram. E cinco processos foram considerados improcedentes, ou seja, não houve condenação.

    A BBC News Brasil também questionou o médico sobre esses processos.

    Na mesma nota, o advogado disse que “alguns já tiveram proferida a sentença de improcedência”.

    Rosimar Cordeiro mostra sua cicatriz pós-cirúrgica
    João da Mata/BBC News Brasil – Rosimar Cordeiro mostra sua cicatriz pós-cirúrgica

    “Foi só piorando. A gente mandava foto pro doutor todo dia. Quando comecei a chorar de tanta dor, a Carla tentou de novo o contato com o consultório, mas eles só diziam que era normal.”

    Rosi conta que chegou a voltar a Ubá duas vezes para ser avaliada pessoalmente pelo médico, encarando novamente viagens de 10 horas de carro, ida e volta. Em uma das visitas, relata ter sido atendida apenas pela enfermeira, que chegou a cortar uma parte da gordura que saía da ferida, sem que o cirurgião a visse.

    Durante esse período, a recuperação foi marcada por dor intensa, secreção com mau cheiro e tentativas de aliviar o sofrimento com medicamentos fortes e chás caseiros. “Quando fui ao clínico geral, ele olhou e disse: ‘Você devia processar esse médico. Não tem condição. Ele deveria ter te internado’. Eu viajei daquele jeito, com dor, e ele ainda mandou eu ir embora. Eu não aguentava nem fazer o curativo. Quando colocavam a gaze, ela entrava no buraco e a dor era insuportável. Tiveram que usar compressa aberta. Se colocasse gaze, ela ficava lá dentro.”

    Após meses de tratamento, Rosi conseguiu fechar a ferida com sessões de laser, que ajudam a regenerar a pele e a estimular a cicatrização. Ela conta que precisou gastar grande parte de suas economias para arcar com os custos do procedimento e dos cuidados posteriores.

    Quando estava melhor, Rosi procurou o médico Júlio Cesar pessoalmente. “Eu disse que queria o meu dinheiro de volta para poder consertar essa cicatriz. Aí ele falou que ele mesmo poderia fazer isso, mas eu jamais confiaria nele de novo”, diz.

    Na saída do consultório, desabafou com outras mulheres que aguardavam atendimento.

    “O lugar estava sempre lotado. Eu estava nervosa e gritei: ‘Vocês vão ter coragem de fazer cirurgia com esse médico? Ele não dá atenção. Se passar mal, se não der certo, ele não tá nem aí.’”

    Rosi chegou a considerar uma ação judicial. “Eu falei que ia processar. Ele me desafiou a tentar, dizendo que tinha mais de cinco advogados. Aí eu desisti, fiquei desanimada. Mas ainda penso em tanta gente que continua fazendo cirurgia com ele…”

    Em nota, o advogado de Júlio Cesar Ferreira afirma que o médico jamais disse que Rosimar não poderia entrar na Justiça porque ele teria “uma variedade de advogados à sua disposição”.

    A cicatriz profunda na barriga não foi a única marca deixada pela experiência. Cerca de um mês após a cirurgia, Rosi parou de se alimentar e precisou de atendimento médico. Ela relata que desenvolveu depressão em decorrência do trauma.

    “Tinha um mês, mais ou menos, que eu realmente não comia. Fui ao posto de saúde e tive que ficar no soro. Achei que ia morrer, porque já não tinha força física ou mental nem pra sair da ambulância e entrar no posto. Estava muito fraca, sabe? Foi uma fase em que eu pensei que não ia dar conta. Não mesmo.”

    A reportagem também conversou com mulheres que ficaram satisfeitas com o resultado de cirurgias feitas pelo doutor Júlio Cesar. Uma delas é Daniela Vieira, de 45 anos, que foi de Primavera do Leste, no Mato Grosso, até Ubá, para ser operada pelo médico.

    “Eu fiquei muito feliz com o resultado, foi exatamente o que eu esperava. Não tive nenhum problema na cirurgia, graças a Deus. Em 2023, eu fiz abdominoplastia, redução de mama com prótese e lipoaspiração — tudo com o doutor Júlio, que foi o médico que eu escolhi pra mim. A experiência foi excelente, fiquei realmente muito satisfeita.”

    O que considerar antes de optar por uma cirurgia plástica

    Tanto Rosi como Gelva recomendam que, antes de decidir pela cirurgia em Ubá ou em qualquer outra cidade, a pessoa interessada faça muita pesquisa e não se deixe atrair tanto pelo preço.

    “É um barato que pode sair caro”, diz Gelva.

    O médico Marcelo Sampaio, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, indica que há fatores importantes a se considerar na hora de escolher um procedimento cirúrgico.

    “O primeiro passo para uma cirurgia segura é buscar indicações confiáveis. Quem te indicou? Conhece alguém que já operou com esse médico? Como foi a experiência no pré e no pós-operatório? Depois, é importante confirmar se o profissional é habilitado para o procedimento. Dá pra checar no site do CRM ou da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.”

    Na consulta, diz Sampaio, o médico precisa te explicar os resultados possíveis e também os riscos.

    “Se ele só mostra o lado bom, desconfie. Por fim, veja onde ele opera. É um hospital autorizado, com estrutura adequada e registrado na Anvisa? Tudo isso faz diferença na sua segurança.”

    Consultado pela BBC News Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) disse que não há nenhum processo administrativo em curso contra os dois médicos citados na reportagem.

    O CFM alerta que, por vezes, valores atrativos podem ocorrer às custas da supressão de condições mínimas de segurança para o paciente e precariedade da estrutura dos estabelecimentos assistenciais onde os procedimentos são realizados. E diz que tais práticas colocam em risco a vida, a saúde e a segurança das pessoas.

    Fonte: BBC

  • Marina Lima diz que morte assistida do irmão foi em sigilo

    Marina Lima diz que morte assistida do irmão foi em sigilo

    Marina Lima,  de 69 anos, tocou em um assunto delicado nesta terça-feira (15): a morte assistida do irmão, o poeta Antonio Cícero. Ele escolheu  morrer, aos 79 anos, por morte assistida e passou pelo procedimento na Suíça, território onde isso é legalizado.

    Durante o “Conversa com Bial”, da Globo, a cantora abriu o jogo sobre a decisão do artista, com quem trabalhou em várias composições ao longo da carreira. Segundo ela, o irmão foi fiel a si próprio e isso a deixa orgulhosa.

    “A morte dele faz parte da obra dele. Isso é incrível, tenho um orgulho danado disso. Porque o Cícero não deixou barato em nenhum momento, não traiu as convicções dele em nenhum momento”, começa.

    Ela ainda reforça que a eutanásia deveria ser liberada em solo nacional, para que as pessoas não precisassem viajar ao exterior, com o intuito de passar pelo procedimento. Além da Suíça, países como  Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Espanha, Portugal, Cuba e Colômbia são alguns dos locais onde é possível recorrer ao processo de morte assistida.

    “É um orgulho danado. Faz todo mundo pensar de novo sobre isso… Sobre eutanásia, sobre permissão. Por que tem que ir para o exterior fazer isso? Como várias coisas no Brasil, devia ser permitido no Brasil também”, diz Marina.

    Segredo

    Em seguida, a cantora afirmou que o Antonio Cícero agiu em sigilo para o procedimento. “Ele não conversou com ninguém sobre isso, porque acho que ele tinha medo que alguém interferisse”, lembra.

    “Jamais iria interferir, porque conheço ele desde que nasci. Sei como ele é, sei como ele era racional e decidido em relação a tudo. Ele conversou com o Marcelo, marido dele de mais de 40 anos”, conclui.

    Fonte IG

  • INSS vai ampliar atendimento presencial para aperfeiçoar serviços aos cidadãos

    INSS vai ampliar atendimento presencial para aperfeiçoar serviços aos cidadãos

    O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deu um passo importante para reforçar sua atuação junto ao cidadão. A partir do dia 22 de julho, entra em vigor uma nova estrutura interna que vai melhorar a gestão do atendimento nas agências, na Central 135 e no Meu INSS, preparando o caminho para a ampliação do atendimento presencial com foco em acolhimento, agilidade e respeito ao segurado.

    A mudança foi oficializada por uma portaria publicada nesta segunda-feira (14), com o objetivo de aperfeiçoar a gestão, o controle e a supervisão das atividades do Instituto.

    Estamos mudando o caminho do INSS. O Instituto, que vinha com foco na tecnologia da informação e digitalização de documentos, agora assume uma nova direção: a humanização do nosso atendimento junto ao segurado”, afirmou o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior.

    O que vai mudar para o cidadão?

    Melhoria no atendimento presencial nas agências

    A nova estrutura prepara a ampliação dos serviços que poderão ser resolvidos diretamente nas 1.587 Agências da Previdência Social (APS) espalhadas pelo país. A ideia é que, além dos serviços já ofertados hoje, novos atendimentos — especialmente relacionados à manutenção de benefícios — possam voltar a ser feitos presencialmente, respeitando a capacidade operacional de cada agência.

    Reforço na Gestão dos Canais de Atendimento –  Central 135 e Meu INSS mais integrados

    A Central de Atendimento 135 e o aplicativo Meu INSS passam a integrar uma nova coordenação-geral dedicada exclusivamente à gestão dos canais de atendimento ao cidadão. Isso garante mais supervisão, respostas mais rápidas e um serviço mais eficiente.

    Redução do tempo de espera para análise de benefícios

    Uma nova área será responsável pela gestão das Centrais de Análise de Benefícios , com foco em reduzir o tempo de espera para quem solicita aposentadoria, pensão ou outros direitos. Essa medida ajuda a acelerar a concessão de benefícios.

    Atendimento mais humano e próximo

    O INSS quer garantir que nenhum segurado seja deixado para trás. Por isso, a nova estrutura quer fortalecer o atendimento para quem tem menos familiaridade com o mundo digital, como idosos e pessoas com dificuldade de acesso à internet. A ideia é criar um ambiente mais acolhedor e resolutivo nas agências.

    Vai mudar algo agora?

    Por enquanto, os serviços ao cidadão continuam os mesmos. Com essa portaria, o INSS está fortalecendo as áreas responsáveis para que elas tenham melhores condições de gestão e possam, em breve, oferecer um atendimento ainda mais eficiente e acolhedor ao segurado.

    Ao longo dos próximos dias, o INSS vai anunciar, com clareza e antecedência, quais serviços voltarão a ser oferecidos nas agências. Tudo será feito com respeito à realidade de cada local e sempre com foco na qualidade do atendimento.

    Fonte: EBC

  • Sandro Mabel se reúne com ministro Alexandre Padilha em busca de recursos para a saúde de Goiânia

    Sandro Mabel se reúne com ministro Alexandre Padilha em busca de recursos para a saúde de Goiânia

    O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, se reuniu nesta quarta-feira (9/7), em Brasília, com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para apresentar demandas e buscar recursos destinados à melhoria da saúde pública da capital. Ao lado do secretário municipal de Saúde, Luiz Pellizzer, Mabel detalhou projetos da atual gestão e reforçou o compromisso com a ampliação da oferta de serviços à população.

    Durante o encontro, o prefeito destacou a adesão de Goiânia ao programa Mais Especialistas, lançado recentemente pelo governo federal. O objetivo é ampliar o número de profissionais atuando em áreas essenciais da rede pública de saúde. “Estamos entusiasmados com a possibilidade de integrar esse programa, que certamente vai melhorar o atendimento à população goianiense”, afirmou Mabel.

    O prefeito também expôs ao ministro as dificuldades herdadas da gestão anterior em Goiânia, e os esforços empenhados por ele antes mesmo de tomar posse, para reorganizar a saúde do município. Entre as ações implementadas, citou a retomada do atendimento pediátrico 24 horas em unidades de saúde, a renovação de mobílias, a parceria com hospitais particulares e os ajustes nos pagamentos de fornecedores.

    “Nós estivemos com todos os hospitais particulares e garantimos para eles a regularização dos pagamentos e uma tabela que os atenda. Com isso, vamos conseguir realizar muitas cirurgias e dar vazão à fila de espera. Goiânia vai se tornar referência”, garantiu o prefeito.

    Mabel também solicitou apoio do Ministério da Saúde para a ampliação do Teto MAC (Média e Alta Complexidade), que define o limite de repasses federais à capital para procedimentos de maior complexidade, além da construção de novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

    O ministro Alexandre Padilha elogiou o empenho da gestão e disse que a pasta está à disposição para apoiar a capital. “O prefeito Sandro Mabel tem nos animado com sua determinação. Desde os primeiros dias à frente da prefeitura demonstrou compromisso em transformar Goiânia em exemplo na atenção especializada. Pode contar com o Ministério da Saúde e com toda a bancada federal. Estamos juntos para enfrentar os desafios da saúde pública”, afirmou Padilha.

    O secretário Luiz Pellizzer também considerou o encontro positivo. “O ministro demonstrou comprometimento e entendeu o momento que a capital vive atualmente. Tenho certeza de que a parceria será importante para alcançarmos mais recursos e oferecer um atendimento digno à população.”

  • Semad propõe TAC após empresa proprietária do lixão de Padre Bernardo prometer ações

    Semad propõe TAC após empresa proprietária do lixão de Padre Bernardo prometer ações

    Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis, propôs a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a empresa proprietária do lixão Ouro Verde, em Padre Bernardo. A empresa afirmou que vai agir para controlar e reduzir os danos ambientais causados pelo desmoronamento de uma pilha de lixo, que contaminou o córrego Santa Bárbara e o Rio do Sal.

    A decisão foi tomada durante reunião de alinhamento com representantes do ICMBio, Corpo de Bombeiros, prefeitura de Padre Bernardo e Defesa Civil), bem como a Polícia Civil e Ministério Público Federal, órgãos que compõem o gabinete de crise criado em razão do episódio.

    Para a secretária, a assinatura do TAC serve como uma espécie de garantia de que a empresa cumprirá com suas responsabilidades dentro de prazos estabelecidos. Isso porque, desde que o desastre aconteceu, há quase 20 dias, a empresa pouco tem agido para lidar com a situação, obrigando o Estado a intervir no comando de ações de reparação dos impactos ambientais.

    “Isso precisa ser assinado de hoje para amanhã. Não havendo resposta, nós vamos assumir, porque nós precisamos tomar essa decisão. Era pra tomar essa decisão hoje, mas como vocês (da empresa Ouro Verde) estão se posicionando de que a empresa vai assumir, estou sugerindo da gente assinar um TAC preliminar”, afirmou.

    A equipe jurídica da empresa concordou com a assinatura do TAC e informou que algumas das respostas que já foram exigidas pelo gabinete de crise serão repassadas até o dia 9 de julho. “Cronograma de ação, o prazo que vai ser preciso, a forma de atuação, o que a empresa está fazendo para fazer a remediação, enfim, isso tudo já está praticamente pronto, isso já está sendo levantado”, disse a advogada Ana Carolina Malafaia.

    Vulcanis afirmou que “não se trata de uma questão de penalidade, mas sim de ação”, já que o lixão pertence à empresa e, portanto, cabe a ela arcar, com a agilidade devida, com todas as consequências ambientais, sanitárias e sociais causadas pela operação ilegal que acontecida no local. Segundo ela, a Semad e todos os órgãos que compõem o gabinete de crise se colocam à disposição para o diálogo e trabalho integrado.

    A secretária classificou o desastre no lixão de Padre Bernardo como o maior já enfrentado por ela à frente da pasta e, provavelmente, a maior tragédia ocorrida em Goiás desde o Césio-137, em 1987. Isso porque, o córrego Santa Bárbara e o Rio do Sal foram completamente contaminados pelos resíduos, afetando diretamente famílias da zona rural da cidade, que faziam uso da água para agricultura, criação de peixes e consumo.

    Além disso existem agravantes, como a existência de lixo hospitalar no local, a contaminação do solo, a transmissão de doenças por conta de moscas e outros animais que circulam a área do lixão, o risco de novos desmoronamentos a partir da chegada do período chuvoso e, ainda, chances de que a água contaminada atinja outras bacias hidrográficas.

    “Sem dúvida nenhuma, é o maior (desastre) que a gente já enfrentou nessas condições. É claro que a gente sabe que em Goiânia tivemos o problema do césio, que era um problema muito grave também, causou mortes, impactos ambientais graves, mas do ponto de vista de meio ambiente, de contaminação do território, de afetação da população, é um dos maiores acidentes que a gente já enfrentou”, afirmou a secretária

    Multa

    O desmoronamento de mais de 42 mil metros cúbicos de resíduos sólidos no lixão de Padre Bernardo, ocorrido no último dia 18 de junho, resultou na aplicação de uma multa ambiental de R$ 37,5 milhões pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad). O auto de infração, lavrado na terça-feira, 1º, é o primeiro passo formal do governo estadual contra a empresa Ouro Verde, responsável pelo espaço, e ocorre após a conclusão da etapa inicial de avaliação técnica dos danos ambientais provocados pelo acidente.

    Desde o colapso da pilha de lixo, a Semad intensificou o monitoramento dos corpos hídricos da região, especialmente o córrego Santa Bárbara e o rio do Sal, ambos utilizados por agricultores e moradores rurais da cidade para irrigação e consumo. Como medida de precaução, a secretaria determinou a suspensão do uso da água desses mananciais até que a contaminação seja completamente eliminada.

    A prefeitura, por sua vez, iniciou a distribuição de galões de 20 litros e de caminhões-pipa para abastecer as famílias afetadas.

    As coletas de amostras de água foram realizadas no último domingo, 30, e segunda-feira, 1º, e, segundo a Semad, os materiais foram encaminhados para análise em Goiânia. Uma nova etapa de coleta está prevista para esta quinta-feira, 3, como parte da estratégia de avaliação contínua da qualidade da água na região.

    O desmoronamento de um lixão em Goiás contaminou dois rios e expôs novamente os perigos desses depósitos que continuam funcionando em mais de 2,2 mil municípios brasileiros.

    Os tanques de criação de peixes do produtor rural Jeorge Maurício Vidal Lima só não secaram porque caminhões-pipa estão abastecendo as propriedades. A água vinha do Rio do Sal, que, agora, está contaminada por chorume.

    “Era água transparente. Limpinha, limpinha. A gente bebia, banhava. Aí agora, depois desse acidente aí, a gente não pode banhar, não pode nada. Não pode usar a água”, conta Jeorge.
    O produtor rural José Lúcio Sales Coelho ainda não sabe quando vai poder usar a água do rio:

    “O meio ambiente falou que essa despoluição pode levar anos, que são metais pesados, que não é só matéria orgânica”.
    No dia 18 de junho, o lixão Ouro Verde, no município de Padre Bernardo, colapsou, levando para o córrego uma quantidade de resíduos equivalente a 16 piscinas olímpicas. A Secretaria de Meio Ambiente de Goiás proibiu o uso da água de três mananciais que atendem comunidades rurais.

    A contaminação já chegou ao Rio Maranhão, a mais de 50 km do local do desastre. Todo o lixo que se acumulou dentro do córrego Santa Bárbara precisa ser retirado. A Secretaria de Meio Ambiente estima que serão necessárias mais de 4 mil viagens. E como é impossível subir o morro com os caminhões carregados, a secretaria e a prefeitura estão abrindo uma nova estrada.

    Fonte: Jornal Nacional