Poucas horas após o ex-presidente Jair Bolsonaro ser preso preventivamente pela Polícia Federal em Brasília na manhã deste sábado (22/11), o caso já é destaque em diversos veículos da imprensa internacional.
Bolsonaro foi detido após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-presidente foi transferido para a Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, onde deve permanecer em local de custódia especial.
Em sua cobertura sobre os últimos acontecimentos do caso, o jornal americano The Washington Post destacou que “assim como a maioria de seus colegas” do STF, Moraes “raramente toma decisões aos sábados, a menos que haja riscos de segurança envolvidos”.
A nova prisão preventiva foi decretada a pedido da Polícia Federal, que apontou risco concreto de fuga. Segundo a decisão, esse risco foi identificado após o senador Flávio Bolsonaro convocar uma “vigília” em apoio ao pai nas proximidades da residência onde o ex-presidente cumpria prisão domiciliar.
Além disso, ainda segundo a decisão, o sistema de monitoramento registrou, na madrugada deste sábado, uma ocorrência de violação da tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro, o que reforçou o entendimento de que havia risco iminente de evasão.
“A prisão preventiva deste sábado não significa que Bolsonaro permanecerá na sede da Polícia Federal para cumprir sua pena. A lei brasileira exige que todos os condenados iniciem suas penas na prisão”, diz a reportagem do Post sobre a prisão.
O jornal britânico The Guardian destaca o caso com uma matéria intitulada “Ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro preso no Brasil”.
“Em setembro, Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por arquitetar um golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, vencedor das eleições de 2022. No entanto, o tribunal ainda não decretou a prisão de Bolsonaro por esses crimes, enquanto uma série de procedimentos e recursos judiciais estão em andamento”, contextualiza a reportagem.
O diário ainda destacou o fato de que apoiadores de Bolsonaro estavam planejando uma “vigília” para a noite deste sábado.
“O protesto havia sido convocado pelo filho de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro, em um vídeo publicado nas redes sociais”, diz o Guardian.
Em sua reportagem a respeito do caso, o argentino Clarín destaca a ocorrência de uma violação da tornozeleira eletrônica identificada pelo sistema de monitoramento do ex-presidente: “relatos indicam que ele tentou romper sua tornozeleira eletrônica”, diz o jornal.
A decisão do STF sobre a prisão não detalha que a violação foi registrada por volta da meia-noite de sábado. “A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, diz o documento.
O também argentino La Nación destacou os problemas de saúde enfrentados por Jair Bolsonaro nos últimos anos e os pedidos de sua defesa para cumprimento da pensa em regime domiliciar por “razões humanitárias”.
“O ex-presidente sofre de sequelas permanentes da facada que recebeu no abdômen em 2018, durante um evento de campanha. Na petição apresentada ao juiz, sua equipe de defesa listou as inúmeras cirurgias pelas quais ele passou desde o incidente, a mais recente em abril”, diz a reportagem do jornal argentino.
Na página principal de seu site, o espanhol El País destaca a reportagem intitulada “Polícia prende o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro após meses de prisão domiciliar”.
“O ex-presidente da ultra direita estava em prisão domiciliar há vários meses, após ter sido condenado em setembro pelo Supremo Tribunal Federal a 27 anos de prisão por uma tentativa fracassada de golpe de Estado em 2022, depois de perder as eleições presidenciais para o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva”, diz a notícia.
Crédito-Bolsonaro foi detido após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF)
A rede de televisão americana CBS News também noticiou a prisão.
Em um texto em seu site, o canal também lembrou que Bolsonaro é aliado do presidente americano Donald Trump, que classificou seu julgamento pelo STF como uma “caça às bruxas”.
“Bolsonaro foi mencionado em uma ordem executiva de julho do governo dos EUA que aumentou em 50% as tarifas sobre diversas exportações brasileiras. Na sexta-feira, Trump revogou a maior parte dessas tarifas mais altas”, diz a CBS.
“Ex-presidente do Brasil Bolsonaro preso dias antes de começar a cumprir sua pena de 27 anos de prisão”, diz ainda o título da reportagem reproduzida pelo israelense The Times of Israel.