O Ministério Público Federal (MPF) decidiu arquivar a investigação que envolvia Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, por sua suposta participação nas depredações dos edifícios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal em 8 de Janeiro do ano passado. Apesar de ter sido detido por quatro meses e ainda estar sob monitoramento por tornozeleira eletrônica, a equipe liderada pelo procurador Carlos Henrique Martins Lima concluiu que não houve intenção dolosa nas ações de Torres.
Carlos Henrique salientou que, embora falhas nos serviços de inteligência possam ser apontadas, não se identificou uma conduta deliberada de Torres para facilitar os atos ilícitos. “A falha na antecipação das intenções dos manifestantes ou erros na comunicação não configuram, em relação a Anderson Torres, uma ação intencional de promover o vandalismo”, explicou o procurador.
A decisão enfatizou que, nas vésperas dos eventos, as informações disponíveis sugeriam uma “baixa adesão ao movimento” e uma “alteração súbita no perfil dos participantes”, distanciando-se da natureza pacífica observada nos meses anteriores. “Fica evidente que o secretário de segurança pública não dispunha dos recursos necessários para evitar as consequências das invasões”, concluiu Carlos Henrique após análise de diligências, depoimentos, vídeos de segurança e documentos oficiais.
Além disso, o procurador revisou o relatório da CPI do 8 de Janeiro, reconhecendo seu caráter político, mas não encontrou evidências suficientes para responsabilizar Torres. “Apesar das conclusões da CPMI pelo indiciamento de Anderson Gustavo Torres, é preciso considerar o contexto político do relatório”, observou.
O MPF destacou ações de Torres que visavam à segurança do Distrito Federal e à contenção dos atos de vandalismo, refutando a ideia de que ele tivesse intenção de permitir os ataques. Mensagens do celular de Torres, instruindo a Polícia Militar a impedir a entrada dos manifestantes no STF, reforçaram sua defesa.
A decisão foi celebrada pelos advogados de Torres, Eumar Novacki, Raphael Menezes e Ricardo Peres, como uma “vitória na Justiça”, evidenciando a independência e a competência técnica do MPF. Contudo, Torres ainda enfrenta investigações criminais no STF, sob supervisão do ministro Alexandre de Moraes.
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