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‘Justiça se equilibra para não tornar Bolsonaro mártir’, diz jornal argentino

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A notícia sobre a operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro e alguns de seus mais próximos aliados e ex-ministros foi assunto em diversos jornais e canais de televisão pelo mundo.

Em um texto analítico publicado nesta quinta-feira (8/2), o jornal argentino La Nación classificou as ordens de prisão e mandados de busca e apreensão executados pelo PF como “o golpe mais duro sobre o bolsonarismo” até hoje.

O veículo também ouviu fontes do Supremo Tribunal Federal (STF) que entendem que qualquer ação contra o ex-presidente Bolsonaro “deve ser ‘calculada’ para evitar a construção de um ‘mártir político'”.

A PF diz que as pessoas investigadas na operação, batizada de Tempus Veritatis e autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, buscavam “a manutenção do então presidente da República (Bolsonaro) no poder” por meio do planejamento de um golpe de Estado.

Entre os alvos da polícia estão o próprio ex-presidente, que teve seu passaporte apreendido e não pode fazer contato com outros investigados, além de diversos aliados.

Três deles já foram presos preventivamente: Filipe Martins, ex-assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro; o coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor especial da Presidência; e o major do Exército Rafael Martins de Oliveira. Também há um mandado de prisão contra o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto, que está no momento no exterior.

Ainda foram alvo de mandados de busca e apreensão no círculo de aliados mais próximos de Bolsonaro: general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e vice na chapa de Bolsonaro em 2022; Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; general Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa; e o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha.

Valdemar da Costa Neto foi preso em flagrante durante a operação por posse ilegal de arma de fogo.

Segundo o editoral do La Nación, assinado pelo correspondente do jornal em Brasília, Moraes “deu um passo ambicioso para atingir criminalmente o cerne do bolsonarismo” ao autorizar a operação.

“A operação desta quinta-feira, autorizada pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, inimigo de Bolsonaro, foi batizada pela Polícia Federal de ‘Tempus Veritatis’ (hora da verdade, em latim), um reconhecimento de que a situação do ex-presidente e seus aliados é cada vez mais delicada”, diz o texto.

“Com as prisões e o material recolhido, o ‘momento da verdade’ sobre o alegado plano golpista pode estar mais próximo de ser exposto.”

‘Revés para o partido’

O La Nación também classificou os acontecimentos desta quinta-feira como um “revés para o Partido Liberal (PL)” diante das eleições municipais marcadas para outubro.

“A operação policial também foi um revés para o Partido Liberal (PL), onde estão reunidos os líderes bolsonaristas mais próximos do ex-presidente, em um ano de eleições municipais em que o partido pretende alavancar o seu número de prefeituras para preparar o terreno para as eleições presidenciais de 2026.”

A sede do PL foi um dos locais visitados pela PF. Segundo o portal G1, a polícia encontrou no local um documento, não assinado, que defendia e anunciava a decretação de um estado de sítio e da garantia da lei e da ordem no país.

Segundo o La Nación, a polícia entende que o escritório do PL em Brasília “serviu de sede para a fracassada trama golpista”.

Texto publicado no jornal La Nación
CRÉDITO,REPRODUÇÃO / LA NACIÓN -Texto publicado no jornal La Nación

Demais coberturas

Além do La Nación, veículos como o The New York Times e o The Washington Post, nos EUA, o The Guardian e o Financial Times, no Reino Unido, e o Le Monde, na França, também noticiaram a operação.

A grande maioria optou por uma cobertura factual, destacando as investigações da Polícia Federal contra Bolsonaro e seus aliados por uma suposta tentativa de golpe.

“Bolsonaro é apontado como alvo em investigação de golpe no Brasil e é instruído a entregar passaporte”, diz a manchete do Washington Post.

“Polícia do Brasil acusa Bolsonaro e vários generais aposentados de golpismo”, afirma o espanhol El País.

A emissora estatal do Catar, Al Jazeera, o jornal South China Morning Post, de Hong Kong, e a emissora americana CNN também cobriram a operação.

A BBC News, em inglês, noticiou os fatos destacando que o ex-presidente Jair Bolsonaro entregou seu passaporte às autoridades.

“Ex-presidente do Brasil, Bolsonaro entrega passaporte após tentativa de golpe”, diz a manchete.

BBC

‘Minha memória está boa’: as dúvidas sobre capacidade mental de Biden em relatório de conselho especial nos EUA

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou uma investigação que revelou que ele lidou mal com arquivos ultrassecretos do governo e que concluiu que ele tinha dificuldade para se lembrar de eventos importantes de sua vida.

Em uma coletiva de imprensa marcada de última hora na noite de quinta-feira (8/2), Biden insistiu: “Minha memória está boa”.

Ele rebateu a uma alegação que afirmava que ele não conseguia se lembrar de quando seu filho morreu, dizendo: “Como diabos ousam citar isso?”

O inquérito descobriu que Biden “reteve e divulgou intencionalmente” arquivos confidenciais, mas as autoridades decidiram não indiciá-lo.

O conselheiro especial do Departamento de Justiça, Robert Hur, determinou que Biden manteve indevidamente documentos confidenciais relacionados à política militar e externa no Afeganistão depois de servir como vice-presidente.

O relatório de 345 páginas, divulgado no início da quinta-feira, disse que a memória do presidente tinha “limitações significativas”.

Hur entrevistou o presidente de 81 anos durante cinco horas como parte da investigação.

O conselheiro especial, um republicano nomeado para o cargo pelo procurador-geral de Biden, Merrick Garland, disse que Biden não se lembrava de quando foi vice-presidente (de 2009 a 2017), ou “mesmo em um faixa de alguns anos, de quando seu filho Beau morreu” (2015).

Na entrevista coletiva de quinta-feira à noite, um emocionado Biden atacou os trechos do relatório que lançavam dúvidas sobre sua lembrança dos acontecimentos.

“Francamente, quando me fizeram essa pergunta, eu pensei comigo mesmo ‘isso não é da conta deles'”, disse ele.

“Não preciso que ninguém me lembre quando ele [Beau Biden] faleceu.”

Ele disse que estava “muito ocupado… no meio da gestão de uma crise internacional” quando foi entrevistado pelo conselheiro especial, de 8 a 9 de outubro do ano passado —exatamente quando eclodiu a guerra Israel-Gaza.

O inquérito também disse que Biden compartilhou parte do material sensível de cadernos seus escritos à mão com um escritor que vai redigir suas memórias — algo que o presidente negou na entrevista coletiva.

O procurador especial concluiu que seria difícil condenar o presidente pelo tratamento indevido de arquivos porque “no julgamento, Biden provavelmente se apresentaria a um júri, como fez durante a nossa entrevista com ele, como um homem idoso, simpático e bem-intencionado, mas com memória fraca”.

As pesquisas de opinião indicam que a idade do presidente é uma preocupação para os eleitores dos EUA antes das eleições para a Casa Branca em novembro. Mas Biden disse aos repórteres na quinta-feira que ele é o candidato mais qualificado.

“Sou bem-intencionado. E sou idoso. Sei o que diabos estou fazendo. Coloquei este país de pé. Eu não preciso da recomendação dele [o investigador].”

No entanto, mesmo enquanto tentava refutar perguntas de repórteres sobre sua idade e acuidade mental, ele inadvertidamente se referiu ao líder egípcio Abdul Fattah al-Sisi como “presidente do México”.

Solicitado a comentar os últimos acontecimento da guerra Israel-Gaza, ele disse: “Acho que, como vocês sabem inicialmente, o presidente do México, Sisi, não queria abrir as portas para permitir a entrada de material humanitário”.

Garagem
DOJ-Arquivos confidenciais foram mantidos ao lado de uma cama de cachorro na garagem de Biden, descobriu o relatório

Questionado se assumia responsabilidade por ter documentos confidenciais em sua casa, Biden culpou sua equipe.

Ele disse que não sabia que eles haviam colocado memorandos delicados em sua garagem – o lugar em que, segundo o promotor, eles estavam, ao lado de uma cama de cachorro.

Quando um jornalista disse que o povo americano estava preocupado com a sua idade, Biden levantou a voz em resposta: “Isso é o que você pensa”.

Ele insistiu que sua memória está “boa” e “não piorou” durante sua presidência.

A equipe jurídica de Biden também criticou os comentários do procurador especial sobre os aparentes lapsos de memória de Biden.

“O relatório utiliza uma linguagem altamente prejudicial para descrever uma ocorrência comum entre as testemunhas: a falta de recordação de acontecimentos ocorridos há anos”, escreveu o advogado da Casa Branca, Richard Sauber, em uma carta anexada ao relatório.

Os arquivos ultrassecretos foram encontrados de 2022 e 2023 na casa de Biden em Wilmington, Delaware, e em um antigo escritório particular.

A descoberta ocorreu depois que uma investigação separada acusou o ex-presidente Donald Trump, de 77 anos, de manuseio indevido de documentos confidenciais após sua saída da Casa Branca. Ele enfrentará um julgamento desse caso em maio deste ano.

O relatório Hur distingue os dois casos, dizendo que Biden entregou os documentos a arquivistas do governo, enquanto Trump “supostamente fez o oposto”.

“De acordo com a acusação, ele não só se recusou a devolver os documentos durante muitos meses, mas também obstruiu a justiça ao recrutar outros para destruir provas e depois mentir sobre isso”, diz o relatório sobre Trump.

Trump, em resposta, disse que seu julgamento relativo a arquivos confidenciais deveria ser cancelado pelo promotor do departamento de Justiça.

“Se o procurador especial Jack Smith quiser fazer bem ao nosso país e ajudar a unificá-lo, ele deveria abandonar todos os litígios contra o oponente político de Joe Biden, EU, e deixar nosso país se CURAR”, postou o líder republicano da Casa Branca em sua plataforma, Truth Social.

O relatório também fala da oposição de Biden a políticas de Barack Obama no Afeganistão.

Pouco depois de assumir a Presidência dos EUA, Obama se convenceu de que o envio de mais forças dos EUA no Afeganistão era a única forma de manter a estabilidade no país.

Biden se opunha a essa política.

O então vice-presidente se considerava “uma figura histórica” que frequentemente mantinha diários e registros com vista a escrever posteriormente sobre seu legado.

O relatório diz que Biden tinha um forte motivo para manter documentos confidenciais sobre o Afeganistão: porque queria provar que se opunha à decisão de Obama de enviar tropas adicionais para lá.

Biden “acreditava que o aumento de tropas do presidente Obama em 2009 foi um erro semelhante ao do Vietnã”, afirma o relatório, acrescentando: “Ele queria que os registros mostrassem que estava certo sobre o Afeganistão; que os seus críticos estavam errados”.

escritório de Biden
DOJ Os cadernos de Biden também foram recuperados em seu escritório residencial em Delaware

Análise: uma granada política disfarçada de relatório

Anthony Zurcher – Correspondente da BBC para América do Norte

Foi uma granada política disfarçada de relatório de 345 páginas.

A principal conclusão (do relatório) foi que o presidente não enfrentaria acusações criminais por suas ações, apesar das evidências de que ele havia “retido e divulgado intencionalmente materiais confidenciais… quando era um cidadão comum”.

Entre as razões listadas por Hur para decidir não processar o presidente de 81 anos estava porque ele provavelmente seria uma figura simpática para um júri que o veria como um “homem idoso e bem-intencionado com memória fraca”.

As questões sobre a idade e a competência de Joe Biden para servir mais quatro anos no cargo têm estado em debate praticamente desde que Biden chegou à Casa Branca. Este relatório fornecerá combustível para os ataques republicanos e alimentará preocupações entre alguns democratas de que o presidente não está à altura do cargo.

É uma narrativa que a campanha de Biden tem tentado enfrentar, disse Chris Borick, diretor do Instituto de Opinião Pública do Muhlenberg College.

“Nas sondagens, vemos repetidamente dados que sugerem que o seu maior risco nestas eleições é que os eleitores pensem que ele é simplesmente velho demais para concorrer”, diz ele.

Não é surpresa, portanto, que o relatório Hur tenha levado a Casa Branca a lançar uma furiosa contraofensiva que incluiu o presidente convocando uma conferência de imprensa improvisada, onde afirmou que a sua memória estava “muito boa”.

“Eu sei o que diabos estou fazendo”, disse ele.

A equipe de Biden também foi rápida em atacar os erros verbais de seu provável oponente em novembro, Donald Trump, de 77 anos. O ex-presidente confundiu recentemente a sua principal oponente, Nikki Haley, com a ex-presidente democrata da Câmara, Nancy Pelosi, e referiu-se ao primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, como o líder da Turquia.

O melhor argumento para a Casa Branca pode ser que esta granada em particular explodiu em fevereiro, nove meses antes do dia das eleições.

Larry Sabato, diretor do Centro de Política da Universidade da Virgínia, diz que as preocupações com a idade de Biden já estavam essencialmente incorporadas na disputa, tornando o relatório prejudicial, mas não fatal.

Quando os eleitores americanos finalmente forem às urnas, as afirmações contidas em um relatório do conselho especial que acabou por se recusar a considerar Biden criminalmente culpado serão menos preocupantes do que questões como economia e aborto.

O pior cenário, por outro lado, é que este seja apenas o início de uma cavalgada de provas que minam o presidente por um dos seus atributos mais fracos.

BBC

Gonet se manifestou a favor de prisões, mas discordou de restrições a Valdemar

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O procurador-geral da República, Paulo Gonet, concordou com a maior parte das medidas solicitadas pela Polícia Federal desta quinta-feira (8) relacionadas a uma suposta tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota eleitoral para o presidente Lula (PT).

Gonet, porém, não viu a necessidade de algumas medidas contra o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto: a de proibir o dirigente de se comunicar com outros investigados e a proibição de viajar para fora do Brasil.

O PGR afirmou, em manifestação feita ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que as busca e apreensão contra Valdemar era legítima e se justificava, para que fossem coletadas e analisadas provas obtidas em seu endereço.

Mas disse que o Ministério Público “não vê motivo suficiente para que se acolha o pedido de que se imponha, com relação ao sr. Valdemar Costa Neto, a proibição de manter contato com os demais investigados, inclusive através de advogados, e a proibição de se ausentar do país”.

“O propósito de coleta de evidências úteis não parece depender dessas constrições de ordem pessoal, nem se assoma indicativo de risco para aplicação da lei penal que recomende as limitações sugeridas”, afirmou Gonet.

O ministro Alexandre de Moraes, porém, decidiu a favor das proibições ao presidente do PL. Valdemar acabou preso em flagrante durante a operação porque tinha uma arma irregular e pepitas de ouro.

Em relação a medidas como buscas e apreensões, Gonet foi favorável.

Ele também defendeu prisões como a de Filipe Martins, ex-assessor-especial para assuntos internacionais da Presidência da República na gestão de Bolsonaro.

A prisão de Martins, segundo o PGR, seria necessária para evitar que “deliberadamente, atue para destruir elementos probatórios imprescindíveis para a instrução criminal”.

Martins teria sido o responsável por entregar a minuta do golpe a Bolsonaro, que previa a prisão dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

“Jair Bolsonaro teria lido e solicitado que Filipe alterasse as ordens contidas na minuta”, diz a manifestação do PGR.

“[Ele], então, retronou alguns dias depois ao Palácio da Alvorada (…) com o documento alterado, conforme as diretrizes dadas.”

Folha de São Paulo

Toffoli age para manter leniência em turma anti-Lava Jato após ter herdado casos

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O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), deve tentar manter o julgamento de pedidos de suspensão de multas dos acordos da J&F e Novonor (a antiga Odebrecht) na Segunda Turma da corte, com maioria de ministros críticos à Operação Lava Jato e mais chance de manutenção da decisão.

Toffoli está desde o ano passado à frente do caso, que em seu início abordava as mensagens hackeadas de integrantes da Lava Jato, e agiu naquela época para ficar com essa relatoria.

As decisões do ministro em favor dos dois conglomerados empresariais têm dividido o Supremo.

Na segunda-feira (5), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, recorreu da decisão de Toffoli relativa à J&F na tentativa de derrubar a suspensão da multa, que tinha sido fixada em 2017 em R$ 10 bilhões. A medida do ministro tinha sido despachada em dezembro.

Caso o pedido do procurador-geral vá mesmo para a Segunda Turma, as chances de as decisões serem mantidas são maiores.

Nesse cenário, o ministro Kassio Nunes Marques tem sido apontado nos bastidores como um voto decisivo no possível julgamento sobre a suspensão de multas.

A avaliação de integrantes do Supremo em conversas reservadas é a de que os magistrados Edson Fachin e André Mendonça, que têm histórico em favor da Lava Jato, provavelmente votarão para derrubar a ordem judicial de Toffoli.

O ministro Gilmar Mendes, por sua vez, é visto como um apoiador da suspensão das multas. Kassio, portanto, passou a ser visto nos bastidores como um provável voto de desempate no julgamento -o ministro também tem histórico critico à operação.

Antes da análise do mérito do caso, os magistrados deverão julgar o pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) para que o processo seja discutido no plenário da corte. Uma maioria em favor da retirada da ação da turma poderia forçar o julgamento no plenário, com a presença dos 11 ministros do tribunal.

Há outro elemento que pode embaraçar ainda mais o quadro relativo às multas das duas empresas. Mendonça indicou a interlocutores que em breve deve liberar para ser julgado pelo plenário do STF uma ação que discute todos os acordos de leniência firmados antes de agosto de 2020.

A partir do gesto de Mendonça, caberá ao presidente da corte, Luís Roberto Barroso, marcar uma data para o julgamento.

O processo sob responsabilidade de Mendonça discute os acordos de leniência firmados antes de agosto de 2020, quando STF, PGR, órgãos do Executivo e TCU (Tribunal de Contas da União) firmaram um termo de cooperação técnica para atuação nesses casos.

Caberá ao plenário da corte definir o alcance da decisão a ser tomada no processo sob responsabilidade de Mendonça. Uma possibilidade, para não confrontar a Segunda Turma, seria aproveitar que se trata de uma ação ampla para fazer uma discussão mais genérica e estabelecer balizas para acordos dessa natureza.

As medidas de Toffoli revendo compromissos e decisões dos tempos da Lava Jato têm despertado críticas. No mais recente episódio, na segunda-feira, o magistrado autorizou uma investigação sobre a participação da ONG Transparência Internacional no acordo de colaboração da J&F, grupo empresarial dos irmãos Joesley e Wesley Batista, e que não tinha sido firmado na operação deflagrada em Curitiba.

A direção mundial da ONG chamou a decisão de retaliação.

Lista **** No pedido para rever a suspensão da multa da J&F, o procurador-geral defendeu que o processo seja redistribuído pelo magistrado a um colega ou, se ele discordar dessa tese, que reveja seu posicionamento. Caso mantenha o decidido, Gonet pede que ele submeta a controvérsia ao plenário do tribunal.

Gonet busca o plenário como alternativa à maioria anti-Lava Jato na Segunda Turma. Para isso, o PGR argumenta que o pleito da J&F deve tramitar juntamente com a ação relatada por Mendonça, que discute de forma genérica os parâmetros adotados no âmbito da operação.

O acordo de leniência foi celebrado em 2017 entre a empresa e a Procuradoria da República do Distrito Federal.

O chefe da Procuradoria disse em sua manifestação que o acordo é fruto da Operação Greenfield, originária de investigação sobre rombos nos maiores fundos de pensão do país.

Ele também afirmou que reverter a decisão de Toffoli impedirá “grave risco ao sistema previdenciário complementar brasileiro, com vultoso prejuízo especificamente à Funcef e à Petros”, em referência aos dois fundos alvos de irregularidades investigadas pela Greenfield.

Um temor nos bastidores da corte é que as decisões de Toffoli possam ir além da redução da multa e que, eventualmente, também sirvam para anular provas contra investigados no âmbito das ações.

Isso porque Toffoli afirmou, na decisão em que suspendeu as multas, que diálogos dos procuradores entre si e com o então juiz Sergio Moro levantam “dúvidas razoáveis sobre o requisito de voluntariedade” na negociação do acordo.

Nas decisões, o ministro cita que as “informações obtidas até o momento na Operação Spoofing”, na qual constam as conversas hackeadas entre integrantes da Lava Jato, “no sentido de que teria havido conluio entre juiz processante e órgão de acusação” justificam a paralisação dos pagamentos.

Dessa forma, há a avaliação nos bastidores de que, se chegarem à conclusão de que houve conluio de fato, o processo estaria viciado na origem e poderia gerar a anulação de todas as provas -inclusive em que já houve admissão de culpa por parte dos envolvidos.

Toffoli está na relatoria do procedimento, ligado à Lava Jato, desde a aposentadoria do antigo relator, Ricardo Lewandowski, hoje ministro da Justiça. O magistrado atuou para herdar os processos relativos às mensagens de integrantes da Lava Jato que deram origem às ações em que J&F e Novonor solicitaram a suspensão de multas dos acordos de leniência.

O magistrado pediu para assumir o assento de Lewandowski na Segunda Turma do STF após a aposentadoria do colega. Caso ele tivesse permanecido na Primeira Turma do tribunal, não seria o atual relator dos processos sobre os dois grupos.

Devido à troca de colegiado, Toffoli ficou com os processos que estavam na alçada de Lewandowski, inclusive os casos dos diálogos entre integrantes da operação.

Foi com base nessas conversas que Toffoli afirmou que “dúvidas razoáveis sobre o requisito de voluntariedade” na negociação dos acordos de leniência justificam a suspensão do pagamento das multas pelas empresas para que elas sejam recalculadas.

Crise mundial da dívida pública vai estourar em breve, alerta economista

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A dívida mundial chegou a um nível insustentável e pode provocar uma crise sem precedentes na próxima década, segundo o economista Arthur Laffer, presidente da Laffer Tengler Investments.

Ele afirmou, em entrevista à CNBC, que a dívida dos países ricos e emergentes cresceu 100 trilhões de dólares em relação à década passada, representando 336% do produto interno bruto (PIB) global.

“Os próximos dez anos serão a década da dívida. A dívida global está no limite. Isso vai acabar mal”, disse Laffer.

De acordo com o relatório do Institute of International Finance, a relação dívida/PIB era, em média, de 110% para as economias avançadas e de 35% para as emergentes em 2012. No último trimestre de 2022, estava em 334%.

Laffer alertou que cerca de cem países terão que cortar gastos em áreas sociais vitais, como saúde, educação e proteção social, para honrar suas dívidas.

Ele disse que os países que conseguirem ajustar suas contas públicas poderão atrair mais recursos humanos, financeiros e produtivos, enquanto os que não conseguirem poderão perder competitividade, receita e até mesmo quebrar.

“Alguns dos maiores países que não enfrentam seus problemas de dívida vão definhar fiscalmente”, afirmou Laffer, acrescentando que algumas economias emergentes “podem falir”.

O economista ressaltou que o envelhecimento da população nos países desenvolvidos e a escassez de mão de obra tornarão o pagamento da dívida ainda mais difícil.

“Existem duas formas principais de resolver esse problema: aumentar a arrecadação ou fazer o PIB crescer mais do que a dívida”, ele concluiu.

A insustentabilidade da dívida dos EUA inevitavelmente afetará os mercados

Arthur Laffer não é o único expressando preocupações com a dívida nos Estados Unidos e em outros países.

Na segunda-feira, falando também à CNBC, o gestor de fundo de cobertura Paul Tudor Jones destacou que a robustez da economia americana está atrelada aos gastos governamentais, algo que ele considera insustentável a longo prazo.

Jones alertou que as consequências dos substanciais gastos deficitários inevitavelmente repercutirão nos mercados, questionando apenas o momento em que esses efeitos se tornarão evidentes, ao passo que ressalta a certeza de que o caminho atual é insustentável.

Ele prevê que a questão da dívida emergirá como um dos principais temas a moldar a economia nos anos vindouros, referindo-se a ela como uma “bomba de dívida” decorrente de uma negligência fiscal. No entanto, Jones admite que os impactos da dívida pública podem ser mitigados, em parte, pelos avanços em produtividade trazidos pela inteligência artificial, os quais podem ser surpreendentemente significativos no futuro.

De forma geral, a aceleração dos gastos públicos tem alarmado economistas, com a dívida total dos EUA atingindo 34 trilhões de dólares no começo deste ano. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, também expressou sua preocupação em uma entrevista ao programa “60 Minutes”, alertando que os Estados Unidos seguem por uma trajetória fiscal que não pode ser sustentada a longo prazo.

Investing.com

Os argumentos da PF e de Alexandre de Moraes para operação que atingiu Bolsonaro

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A operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) na quinta-feira (8/02) contra Jair Bolsonaro (PF), ex-ministros militares e aliados do ex-presidente foi baseada em investigações que apontaram que uma tentativa de golpe de Estado teve o envolvimento de Bolsonaro.

De acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação Tempus Veritatis, a PF obteve evidências de que:

  • Bolsonaro tinha conhecimento da existência de uma minuta de decreto com medidas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PF) e mantê-lo no poder;
  • militares organizaram manifestações contra o resultado das eleições e atuaram para garantir que os manifestantes tivessem segurança;
  • e que o grupo em torno de Bolsonaro monitorou os passos de Moraes, incluindo acesso à sua agenda de forma antecipada.

A investigação da PF aponta para uma suposta organização criminosa que teria tentado abolir o Estado Democrático de Direito.

A operação de quinta-feira envolveu, entre outras medidas, ordens de prisão contra quatro ex-assessores de Bolsonaro e da entrega do passaporte do ex-presidente.

Trata-se de um desdobramento do inquérito das “milícias digitais”, que tramita no STF e que investiga um grupo ligado a Bolsonaro com o objetivo de promover ataques a autoridades. Bolsonaro é um dos investigados no inquérito.

A investigação também contou com informações repassadas pela colaboração premiada firmada pelo ex-Ajudante de Ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid.

Foram alvo de mandados de busca e apreensão o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha, e Valdemar da Costa Neto, presidente do PL.

A operação é a que se aproximou de mais integrantes do chamado “núcleo duro” do governo Bolsonaro até o momento.

Os documentos divulgados pelo STF após a sua deflagração trazem informações sobre como funcionaria o esquema supostamente montado nos gabinetes do Palácio do Planalto para impedir que Lula tomasse posse.

Bolsonaro e a ‘minuta do golpe’

Os investigadores da PF apontam que Bolsonaro não apenas teve conhecimento de uma minuta que previa sua manutenção no poder como sugeriu alterações no documento que teria recebido de seu então assessor especial para assuntos internacionais, Filipe Garcia Martins e pelo advogado Amauri Feres Saad.

Além de manter Bolsonaro no governo, o decreto previa a prisão de ministros do STF como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

“Conforme descrito, os elementos informativos colhidos revelaram que Jair Bolsonaro JAIR recebeu uma minuta de decreto apresentado por Filipe Martins e Amauri Feres Saad para executar um Golpe de Estado, detalhando supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo e ao final decretava a prisão de diversas autoridades, entre as quais os ministros do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do Presidente do Senado Rodrigo Pacheco e por fim determinava a realização de novas eleições”, diz um trecho da representação da PF feita ao STF.

Ainda de acordo com a PF, após receber o documento, Bolsonaro sugeriu mudanças.

“Posteriormente foram realizadas alterações a pedido do então Presidente permanecendo a determinação de prisão do Ministro Alexandre de Moraes e a realização de novas eleições”, diz o documento.

A PF afirma ainda que após as mudanças terem sido feitas, Bolsonaro concordou com a versão do documento e convocou uma reunião com militares.

“Após a apresentação da nova minuta modificada, Jair Bolsonaro teria concordado com os termos ajustados e convocado uma reunião com os Comandantes das Forças Militares para apresentar a minuta e pressioná-los a aderirem ao Golpe de Estado”, diz a PF ao STF.

Segundo a PF, a minuta teria sido apresentada por Bolsonaro aos então comandantes das três forças militares (Aeronáutica, Marinha e Exército) em uma reunião no dia 7 de dezembro de 2023.

De acordo com trecho de parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) com base nos dados colhidos pela PF, a reunião teria o objetivo de pressionar os comandantes militares a aderirem a um suposto golpe no mesmo dia, a fim de apresentar-lhes a minuta e pressioná-los a aderir ao golpe de Estado.

Esta não é a primeira vez que a PF encontra evidências sobre minutas prevendo a manutenção de Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022. Em 2023, a PF encontrou uma minuta prevendo a convocação de novas eleições na casa do ex-ministro da Justiça durante o governo Bolsonaro, Anderson Torres.

Desde então, Bolsonaro vem negando ter conhecimento sobre a existência do documento.

“Não tomei conhecimento desse documento, dessa minuta. Nas perícias, só encontraram digitais do delegado da operação e de um agente, de mais ninguém. Papéis, eu recebia um monte. Então, é óbvio que não tem cabimento você dar golpe com respaldo da Constituição”, disse Bolsonaro em junho de 2023.

Militares organizaram manifestações e segurança de manifestantes

De acordo com a decisão de Alexandre de Moraes, a PF conseguiu obter informações que apontam que parte das manifestações contrárias ao resultado das eleições de 2022 em Brasília teriam sido organizadas por militares próximos ao então presidente Jair Bolsonaro.

As manifestações e acampamentos realizados em Brasília logo após as eleições resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

De acordo com a PF, essas ações eram organizadas pelo chamado “núcleo operacional” da organização investigada.

Segundo os investigadores, esse grupo ficou encarregado de planejar e executar “medidas no sentido de manter as manifestações em frente aos quarteis militares, incluindo mobilização, logística e financiamento de militares das forças especiais em Brasília”.

As ações seriam executadas por militares como o major do Exército Rafael Martins, alvo de um dos mandados de prisão expedidos pela PF.

“No dia 12/11/2022, o major Rafael Martins participou de reunião em Brasília/DF juntamente com Mauro Cid e outros militares investigados para tratar de assuntos relacionados a estratégia golpista”, diz um trecho da representação da PF.

Os investigadores obtiveram trocas de mensagens entre Mauro Cid e Rafael Martins em que o major faz uma estimativa de custos para as ações organizadas por ele de R$ 100 mil e repassa o valor para Cid.

A PF diz ainda que Mauro Cid teria orientado Martins a destinar os manifestantes para pontos estratégicos como o Congresso Nacional e o STF.

“O ajudante de ordens do Presidente Jair Bolsonaro (Mauro Cid) confirma que os alvos seriam o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal e sinaliza que as tropas garantiriam a segurança dos manifestantes”, diz a PF.

Em outro trecho da representação feita ao STF, a polícia avalia que as manifestações não teriam tido origem apenas na mobilização popular.

“Logo após, os dois (Rafael Martins e Mauro Cid) trocam mensagens de chamamento para as manifestações do feriado de 15/11/2022 (Proclamação da República), o que demonstra que os protestos convocados não se originavam da mobilização popular, mas sim da arregimentação e do suporte direto do grupo ligado ao então Presidente Jair Bolsonaro, como estratégia de demonstração de ‘apoio popular’ aos intentos criminosos”, diz o documento encaminhado ao STF.

Grupo monitorou voos de Moraes

Os investigadores da PF apontam ainda que militares e assessores próximos de Bolsonaro monitoraram os passos de Alexandre de Moraes e avaliam que esse monitoramento poderiam ainda estar em andamento.

Segundo a PF, o monitoramento de Alexandre de Moraes seria importante para o grupo porque se um golpe de Estado fosse dado, uma das medidas a serem implementadas era a prisão de Alexandre de Moraes, que, na ocasião, também era o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A investigação demonstra, também, a existência de um núcleo de inteligência, formado por assessores próximos ao então Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, que teria monitorado a agenda, o deslocamento aéreo e a localização de diversas autoridades, dentre elas o Ministro Relator do presente inquérito (Alexandre de Moraes), com o escopo de garantir sua captura e a detenção nas primeiras horas do início daquele plano, como acentuado pela Polícia Federal”, diz um trecho da decisão de Alexandre de Moraes.

A PF suspeita, ainda, que o grupo investigado pudesse ter acesso a informações privilegiadas sobre a agenda de Moraes e o uso de equipamentos tecnológicos para fazer o monitoramento do ministro.

CGU aplica multas de R$ 4,8 milhões em cinco empresas

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A Controladoria-Geral da União (CGU) aplicou sanções de diferentes natureza a cinco empresas envolvidas em atos ilícitos praticados contra a administração pública. As empresas são acusadas de fraude em licitação de unidade do Comando do Exército, irregularidade no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) e comercialização de dados extraídos de sistemas internos da Receita Federal. As multas somam um total de R$ 4.851.409,42. As decisões foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 7.

Uma das sanções foi para a empresa ON Arquitetura e Construções EIRELI, antes chamada Leão & Santos Soluções e Serviços. Nas investigações, foram descobertos elementos que provaram fraudes no caráter competitivo de um pregão eletrônico do 10º Batalhão Logístico do Comando Militar Sul, em Alegrete (RS). A empresa combinou preços e lances nos processos licitatórios. A CGU aplicou para a ON Arquitetura penalidades, sendo uma delas a multa no valor de R$ 6 mil e o impedimento de licitar e contratar com a União por três anos.

A segunda empresa a receber a decisão da União foi a Novatec Educacional Ltda por conta de fraude no sistema informatizado do programa FIES. A operação permitiu que a empresa adquirisse Certificados Financeiros do Tesouro (CFT-E), isto é, títulos de dívida pública emitidos pelo Tesouro Nacional que remuneram mensalmente.

No final do processo administrativo, a Novatec foi multada no valor de R$ 121.375,33, além de condenada a publicar o extrato de sua sentença em jornal de grande circulação, em seu site e em edital no próprio estabelecimento. As duas últimas sentenças devem ser aplicadas em até 45 dias.

Já as outras três empresas punidas pelo CGU foram alvo da Operação Spy, deflagrada em 2017, que apurou a comercialização de dados extraídos de sistemas internos da Receita Federal. Nesta decisão, as empresas reconhecem suas responsabilidades pela aquisição de informações sigilosas extraídas de forma irregular por servidores públicos federais de bancos de dados da Receita. Desta forma, as empresas Ipel-Itibanyl Produtos Especiais LTDA., Metachem Industrial e Comercial LTDA., e Innovative Water Care Indústria de Comércio de Produtos Químicos Brasil LTDA., tiveram seu pedido de julgamento antecipado atendidos pela CGU. As multas aplicadas foram no valor de R$ 256 mil, R$ 2,7 milhões e R$ 1,7 milhão, respectivamente.

Estadão

Weintraub diz que vai recorrer de demissão e acusa ‘CGU do Lula’ de ‘perseguição

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O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (PMB) afirmou na noite desta quarta-feira, 7, que irá recorrer da decisão da Controladoria-Geral da União (CGU) que o demitiu da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) por faltas injustificadas e o tornou inelegível por oito anos. Segundo Weintraub, a ação foi uma “perseguição” empreendida após ele ter se lançado pré-candidato à Prefeitura de São Paulo há duas semanas.

Weintraub era professor de ciências contábeis desde 2014, mas já estava com os vencimentos suspensos desde abril de 2023, quando foi iniciado o processo administrativo para apurar faltas injustificadas dele e de Daniela Weintraub, sua mulher e também professora da universidade.

Em uma live para apoiadores no YouTube, o ex-ministro afirmou que não teve direito de defesa no processo e que o seu advogado não foi intimado antes da publicação da sua demissão no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta.

“Coincidentemente, andou rápido sem ter ainda a plena defesa e com o cerceamento de defesa. O meu advogado, por exemplo, estava cuidando de ambos os processos (de Weintraub e da sua mulher) não foi intimado e não foi lá pessoalmente”, afirmou.

Weintraub afirmou que irá recorrer judicialmente da decisão que o tornou inelegível para continuar com o seu projeto eleitoral. O ex-ministro se lançou “pré-candidato” de forma independente. A legislação brasileira, porém, não permite que um candidato dispute a eleição sem filiação partidária.

“A gente vai protocolar, lutar judicialmente, não vou arredar o pé. Vamos judicializar e vamos conseguir sim. Eu acredito que ainda tem espaço, estou bem confiante, reverter isso no Judiciário e conseguir a garantia de que eu concorra, de forma independente aos partidos, à Prefeitura de São Paulo, afirmou Weintraub.

O ex-ministro também disse que não retornou para as salas de aula da Unifesp após deixar o Banco Mundial, em abril de 2022, por conta de ameaças físicas feitas por estudantes. “O ambiente ficou horrível, agressivo e perigoso”, disse.

Weintraub também disse na live que esse seria o seu único processo investigativo em que ele já foi alvo. Porém, o ex-ministro já foi investigado pela universidade por utilizar, sem autorização, o logotipo da instituição em consultorias particulares. Essa sindicância foi arquivada por falta de provas em 2022.

Estadão procurou a Controladoria-Geral da União (CGU), mas não obteve retorno.

Quem é Abraham Weintraub?

Abraham Weintraub foi o segundo ministro da Educação do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele deixou a pasta após 14 meses no cargo, após a divulgação de um vídeo em que chamava magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) de “vagabundos” durante uma reunião ministerial.

Após deixar o MEC, ele ocupou o Banco Mundial entre 2020 e 2022, deixando o órgão para se lançar pré-candidato ao governo de São Paulo. Bolsonaro, porém, preferiu o seu então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o que levou ao rompimento entre os dois.

Weintraub concorreu, então, ao cargo de deputado federal pelo PMB, partido no qual está filiado até hoje. Ele teve 4.057 votos e não conseguiu se eleger.

Fim das saidinhas para presos: projeto é aprovado no Senado Federal, mas com ressalvas

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A Comissão de Segurança Pública do Senado Federal aprovou nesta terça-feira (6) o projeto de lei que extingue as “saidinhas” de presos em feriados.

O texto, relatado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), prevê algumas exceções, como a possibilidade de saída para atividades educacionais fora da prisão.

“Acolhi a emenda do senador Moro que permite a autorização para estudar fora da unidade prisional a presos que não cometeram crime hediondo ou crime com violência, ou grave ameaça. O que é diferente das saídas em feriados, que estão sendo proibidas para todos os presos!”, afirmou o relator a CNN.

Entre os pontos principais da aprovação estão: a extinção das saidinhas em feriados para todos os presos; Permissão para saída temporária de presos em regime semiaberto para atividades educacionais, como os que possuem o ensino médio e superior, os que fazem cursos profissionalizantes.

Porém, o tempo de saída limitado ao necessário para as atividades, com exceções para a autorização de saída para estudar fora da prisão: presos que não cometeram crime hediondo, crime com violência ou grave ameaça.

A nova medida se chama Lei Sargento PM Dias, em homenagem a policial assassinado por um foragido da saidinha de Natal de 2023.

Porém algumas medidas ainda estão em debate, como: o exame criminológico para progressão de regime;  a boa conduta carcerária; e o indícios de baixa periculosidade.

Já no que tange a utilização de tornozeleira eletrônica,  o novo projeto estipula em três novas situações: livramento condicional; execução da pena nos regimes aberto e semiaberto; e a restrição de direitos relativa à proibição de frequentar lugares específicos.

Agora, o próximo passo do projeto é ele ser analisado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Entrar em votação no plenário do Senado. E no retorno à Câmara dos Deputados, entrar na análise das alterações feitas no Senado. E por fim, a sanção pela Presidência da República.

A aprovação do projeto na Comissão de Segurança Pública representa um passo importante na discussão sobre o sistema prisional brasileiro. As medidas propostas visam a garantir a segurança da sociedade e, ao mesmo tempo, promover a ressocialização dos presos.

Bolsonaro e aliados: investigados em operação da PF

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Operação investiga organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no Poder após a derrota nas eleições de 2022

A operação da Polícia Federal (PF) desta quinta-feira (8) mirou aliados políticos e militares próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A PF investiga organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito para manter o ex-presidente no Poder após a derrota nas eleições de 2022.

Bolsonaro também foi alvo de medida cautelar e precisa entregar o passaporte em 24h, além de estar proibido de manter contato com demais investigados.

Ao todo são 33 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão preventiva e 48 medidas cautelares.

As buscas foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

alvos já confirmados com fontes da PF

Mandados de busca e medidas cautelares

  1. Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;
  2. Valdemar Costa Neto, presidente do PL;
  3. Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;
  4. Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  5. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública;
  6. General Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército;
  7. Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;
  8. General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
  9. Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”;
  10. Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército expulso após punições disciplinares;
  11. Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como “mentor intelectual” da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;
  12. Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello;
  13. Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
  14. Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que teria ajudado a montar falso dossiê apontando fraude nas urnas eletrônicas;
  15. Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
  16. Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;

Mandados de prisão

  1. Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro;
  2. Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro;
  3. Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército;
  4. Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército.

O que dizem as defesas dos alvos

Jair Bolsonaro

O advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, confirmou nas redes sociais que o ex-presidente entregará seu passaporte à PF.

“Em cumprimento às decisões de hoje, o Presidente @jairbolsonaro entregará o passaporte às autoridades competentes”, escreveu no X, antigo Twitter.

Wajngarten disse ainda que Bolsonaro “já determinou que seu auxiliar direto, que foi alvo da mesma decisão, que se encontrava em Mambucaba [em Angra dos Reis] retorne para sua casa em Brasília, atendendo a ordem de não manter contato com os demais investigados”.

À analista da CNN Jussara Soares, o ex-presidente relatou que seu passaporte está em Brasília e, por isso, não foi entregue aos agentes que foram até sua casa em Angra dos Reis.

“Meu passaporte está em Brasília, estou providenciando a entrega do meu passaporte o mais rápido possível. Uma operação em cima dos generais, a prisão de mais um assessor meu, coronel Marcelo Câmara, mais um coronel e um major que de nome não sei quem são”, disse.

Segundo Bolsonaro, a PF chegou em sua residência às 07h.

Almir Garnier

Em nota, a defesa de Almir Garnier informou que o almirante teve seu celular e papéis apreendidos.

“Prezados amigos, participo que face à situação política de nosso país, fui acordado em minha casa hoje, as 6h15m da manhã, pela Polícia Federal. Estando acompanhado apenas do Espírito Santo, em virtude de viagem da minha esposa. Levaram meu telefone e papéis de projetos que venho buscando atuar na iniciativa privada. Peço a todos que orem pelo Brasil e por mim. Continuamos juntos na fé, buscando sempre fazer o que é certo, em nome de Jesus”, declarou.

Marcelo Câmara

A defesa do coronel do Exército Marcelo Câmara informou que solicitou ao ministro Alexandre de Moraes acesso aos autos.

Tércio Arnaud

A defesa de Tercio Arnaud afirmou que pediu para o ex-assessor retornar a Brasília. Por enquanto, segundo o advogado Luiz Eduardo Kuntz, não há intimação para prestar depoimento. O advogado solicitou acesso aos autos para preparar a defesa.

CNN tenta contato com todos os envolvidos.