O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (PMB) afirmou na noite desta quarta-feira, 7, que irá recorrer da decisão da Controladoria-Geral da União (CGU) que o demitiu da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) por faltas injustificadas e o tornou inelegível por oito anos. Segundo Weintraub, a ação foi uma “perseguição” empreendida após ele ter se lançado pré-candidato à Prefeitura de São Paulo há duas semanas.
Weintraub era professor de ciências contábeis desde 2014, mas já estava com os vencimentos suspensos desde abril de 2023, quando foi iniciado o processo administrativo para apurar faltas injustificadas dele e de Daniela Weintraub, sua mulher e também professora da universidade.
Em uma live para apoiadores no YouTube, o ex-ministro afirmou que não teve direito de defesa no processo e que o seu advogado não foi intimado antes da publicação da sua demissão no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta.
“Coincidentemente, andou rápido sem ter ainda a plena defesa e com o cerceamento de defesa. O meu advogado, por exemplo, estava cuidando de ambos os processos (de Weintraub e da sua mulher) não foi intimado e não foi lá pessoalmente”, afirmou.
Weintraub afirmou que irá recorrer judicialmente da decisão que o tornou inelegível para continuar com o seu projeto eleitoral. O ex-ministro se lançou “pré-candidato” de forma independente. A legislação brasileira, porém, não permite que um candidato dispute a eleição sem filiação partidária.
“A gente vai protocolar, lutar judicialmente, não vou arredar o pé. Vamos judicializar e vamos conseguir sim. Eu acredito que ainda tem espaço, estou bem confiante, reverter isso no Judiciário e conseguir a garantia de que eu concorra, de forma independente aos partidos, à Prefeitura de São Paulo, afirmou Weintraub.
O ex-ministro também disse que não retornou para as salas de aula da Unifesp após deixar o Banco Mundial, em abril de 2022, por conta de ameaças físicas feitas por estudantes. “O ambiente ficou horrível, agressivo e perigoso”, disse.
Weintraub também disse na live que esse seria o seu único processo investigativo em que ele já foi alvo. Porém, o ex-ministro já foi investigado pela universidade por utilizar, sem autorização, o logotipo da instituição em consultorias particulares. Essa sindicância foi arquivada por falta de provas em 2022.
O Estadão procurou a Controladoria-Geral da União (CGU), mas não obteve retorno.
Quem é Abraham Weintraub?
Abraham Weintraub foi o segundo ministro da Educação do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele deixou a pasta após 14 meses no cargo, após a divulgação de um vídeo em que chamava magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) de “vagabundos” durante uma reunião ministerial.
Após deixar o MEC, ele ocupou o Banco Mundial entre 2020 e 2022, deixando o órgão para se lançar pré-candidato ao governo de São Paulo. Bolsonaro, porém, preferiu o seu então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o que levou ao rompimento entre os dois.
Weintraub concorreu, então, ao cargo de deputado federal pelo PMB, partido no qual está filiado até hoje. Ele teve 4.057 votos e não conseguiu se eleger.