InícioBrasilSimilar do Ozempic chega ao Brasil: como afeta varejistas do setor?

Similar do Ozempic chega ao Brasil: como afeta varejistas do setor?

A partir de segunda-feira (4), o Brasil conta com o lançamento de sua primeira caneta para emagrecimento fabricada localmente: a Olire, desenvolvida pela EMS, similar do Ozempic.

Inicialmente, o produto estará disponível nas redes RD Saúde (RADL3), dona das marcas Raia e Drogasil, e Grupo DPSP, resultado da fusão entre as Drogarias Pacheco e a Drogaria São Paulo. O medicamento é à base de liraglutida, o mesmo princípio ativo do Saxenda, da Novo Nordisk, cuja patente expirou no Brasil em novembro de 2024.

Embora a liraglutida seja diferente da semaglutida — princípio ativo do Ozempic e Wegovy —, o desempenho da Olire pode oferecer uma prévia do que esperar quando os genéricos do Ozempic chegarem ao mercado no próximo ano, aponta o Itaú BBA em relatório.

Para o banco, não se espera impacto relevante da Olire nas vendas de farmácias neste momento. Apesar de estar disponível desde 2016, a liraglutida provavelmente representa uma fatia pequena do mercado brasileiro de canetas para emagrecimento, estimado em R$ 5,5 bilhões.

Na RD Saúde, por exemplo, a estimativa é de que Wegovy/Ozempic respondam por cerca de 5% das vendas, enquanto a participação do Saxenda é ainda menor. O Itaú BBA aponta duas razões para a menor popularidade da liraglutida: eficácia e conveniência.

Estudos mostram que pacientes com semaglutida perdem cerca de 15,8% do peso corporal, contra aproximadamente 6,4% com liraglutida. A proporção de pacientes que alcançam perda de peso significativa (acima de 15%) também é bem maior com semaglutida: 56% versus 12%. A conveniência também pesa: a liraglutida exige injeções diárias (cada caneta dura seis dias na dose máxima), enquanto a semaglutida é administrada semanalmente, fator relevante considerando a duração do tratamento.

O preço, porém, favorece a liraglutida. Um kit de Saxenda com três canetas custa cerca de R$ 725, aproximadamente 60% mais barato que o Wegovy, vendido por R$ 1.699. A Olire será comercializada de 20% a 30% abaixo do Saxenda, reduzindo o custo de um tratamento anual para cerca de 30% abaixo do Wegovy, levando em conta a duração das canetas e a progressão recomendada da dose.

Para o Itaú BBA, embora essa diferença dificilmente leve usuários de semaglutida a migrar para a liraglutida, pode ampliar o mercado potencial, ainda que de forma limitada devido à eficácia menor.

O banco avalia que o verdadeiro divisor de águas será a chegada dos genéricos de Ozempic, esperada para o segundo semestre de 2026. Várias empresas, incluindo EMS, Cimed, Hypera e Biomm, já se preparam para lançar suas versões. A Novo Nordisk tentou estender sua patente no Brasil, alegando que o processo de aprovação de 13 anos reduziu seu período de exclusividade. Até agora, a Justiça rejeitou o argumento, e aguarda-se decisão final do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o mercado trabalha com a expectativa de entrada dos genéricos no próximo ano.

Segundo o Itaú BBA, a grande questão para investidores é o que os genéricos do Ozempic significarão para as redes de farmácias. De um lado, a tendência é de preços menores; de outro, margens possivelmente mais altas e expansão do mercado. Ainda é cedo para definir onde preços e margens vão se estabilizar. Na RD, os medicamentos genéricos têm, em média, margem bruta de 50% a 55%, mas a semaglutida é uma molécula complexa, o que pode limitar tanto o ganho de margem quanto a queda de preços.

Para medir possíveis impactos nas estimativas de lucro ao fim de 2026, o banco realizou duas análises de sensibilidade para a RD. Na primeira, modelou diferentes reduções de preço e margens brutas, sem expansão de mercado e com SG&A (despesas de vendas, gerais e administrativas) constante em valores nominais. Mesmo em um cenário conservador, com queda de 35% nos preços e margem bruta de 25%, a categoria já seria positiva para o lucro.

Na segunda análise, assumiu uma redução fixa de 35% no preço e testou diferentes níveis de demanda adicional. Num cenário com margem bruta de 30% e aumento de volume de 20%, as estimativas de lucro líquido para o fim de 2026 subiriam 11%.

Na visão do Itaú BBA, embora ainda haja incertezas, as análises indicam que o fim da patente do Ozempic pode se tornar um importante vento favorável para as redes de farmácias.

Infomoney Brasil

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