Um dos palestrantes mais aguardados no “Gilmarpalooza”, evento realizado em Lisboa por instituto de ensino superior do ministro Gilmar Mendes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto acabou falando para um auditório longe de sua lotação máxima. Campos Neto era a principal autoridade no painel “Integração global e blocos econômicos”, nesta sexta-feira, 28.
Com viagem marcada para a Basileia, na Suíça, onde participará da reunião anual promovida pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), Campos Neto, que completou 55 anos nesta sexta, demonstrou preocupação quando a organização lhe avisou que haveria algum atraso.
Os painéis anteriores, que contavam com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino e Cristiano Zanin e que foram realizados pela manhã, acabaram se estendendo até às 14h. Por isso, os participantes do fórum saíram para almoçar próximo a este horário. A participação de Campos Neto começaria às 14h30, e a maioria ainda não havia retornado.
Outro participante preocupado com o horário era o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, hoje diretor de estratégia econômica e relações com mercados do Safra. “Você fala e depois dá no pé também”, aconselhou o ex-ministro a Campos Neto.
Na roda de conversa antes de subir ao palco, Campos Neto e Levy debatiam o desempenho do presidente americano Joe Biden no debate com Donald Trump no dia anterior. “Estava na forminha né, mas fora da pergunta”, comentou Levy sobre as respostas de Biden, cuja performance ruim tem levado parte dos apoiadores do Partido Democrata a defender a troca de candidato. “Pois é, tem o da Califórnia?, completou Levy a Campos Neto, referindo-se ao governador da Califórnia, Gavin Newsom, especulado como possível substituto de Biden na corrida eleitoral.
Logo após o fim do evento, Campos Neto pediu desculpas ao ministro Gilmar Mendes, organizador do evento, e saiu apressado, sem responder perguntas da imprensa. “Acho que estão me dando uma importância maior do que tenho”, disse ao Estadão/Broadcast quando questionado sobre seu futuro após deixar o BC.
Na quinta-feira 27, o ministro Dias Toffoli, do STF, deu palestra numa sala menor, mas lotada. Toffoli defendeu a atuação da Corte, que é acusada por membros do Executivo e do Legislativo de invadir as competências dos outros Poderes. “Se tudo vai parar no Judiciário, é uma falência dos outros órgãos decisórios da sociedade”, disse.
Estadão