A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o presidente da Argentina, Javier Milei, fez uma “molecagem”, ao compartilhar mensagens sobre o ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na avenida Paulista neste domingo (25).
“Javier Milei fez molecagem nas redes sociais, divulgando mentiras de bolsonaristas sobre @LulaOficial. Falar em ditadura no Brasil é total irresponsabilidade, mais grave ainda se é reproduzida pelo presidente de país vizinho, amigo e parceiro comercial”, afirmou.
O argentino divulgou também postagens que associam o presidente brasileiro ao Hamas.
“Milei devia cuidar primeiro de resolver os graves problemas do povo da Argentina. Foi eleito para isso, mas prefere ofender Lula e perseguir estudantes brasileiros em seu país”, declarou a petista.
Há cerca de duas semanas, um homem de 79 anos deu entrada no pronto-socorro de um hospital particular de Matão, cidade no interior de São Paulo, com falta de ar e dores no corpo.
Primeiro, especulou-se que ele poderia ter contraído dengue – já que o Brasil vive uma explosão de casos desde o fim do ano passado.
Mas, como o protocolo de atendimento exige que, diante desses sintomas, os pacientes também façam o teste para covid-19, ele passou pelo exame já na triagem.
Horas depois, enquanto se encaminhava para a internação, saiu o diagnóstico: ele estava, de fato, infectado pelo novo coronavírus.
O homem ficou quatro dias na UTI e faleceu – foi o primeiro óbito registrado na cidade por covid-19 em meses.
Segundo a Secretaria de Saúde local, o paciente havia tomado duas doses de vacina, mas seu quadro clínico foi agravado, entre outras coisas, pela obesidade.
A notícia caiu como uma bomba em Matão: além de outros pacientes internados na mesma situação, o município viu o número de casos de covid-19 triplicar em pouco tempo.
Em apenas 15 dias de fevereiro, 539 contaminações foram confirmadas pelas autoridades locais, sendo que, em janeiro inteiro, haviam sido 180.
“A gente até consultou o CVE [Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo] para saber se existe alguma medida que podemos tomar para conter essa onda de contágio”, diz o secretário de saúde do município, Orivaldo Reguin, à BBC News Brasil.
Essa mesma preocupação tem crescido em todo o país. No Rio de Janeiro, a média móvel foi de 66 casos no último dia de 2023 para 383 no fim de janeiro – alta de 480%, segundo os dados do Data Rio. Foram 14 óbitos no período.
Há dois dias, a Secretaria de Saúde do Estado publicou relatório mostrando que a taxa de testes positivos hoje é de 30%, o triplo do registrado em janeiro (10%).
Em São Paulo, o número de contaminados subiu de 892 na primeira semana do ano para 3.196 na semana entre 11 e 17 de fevereiro, um aumento de 258%.
Na maior metrópole do Brasil, 25 pessoas morreram de covid-19 neste ano, sendo 10 só na semana epidemiológica de 4 a 10 de fevereiro, segundo dados da Secretária Municipal de Saúde.
Em Salvador, na Bahia, as contaminações aumentaram 19% depois do Carnaval, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), e 95 óbitos foram contabilizados desde janeiro em todo o Estado, segundo dados do governo.
Regiões como Norte e Nordeste também viram o volume de casos graves subir a partir da segunda metade de janeiro, segundo um boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Dados do Ministério da Saúde mostram ainda que a média móvel de casos de covid-19 do Brasil está em alta desde a segunda semana do ano.
Passou de 19,9 mil registros para pouco mais de 38 mil, se mantendo neste patamar desde então.
Em 2023, nessa mesma época, eram 21 mil casos – ou seja, a média é, atualmente, 80% maior do que há um ano.
Na cidade de São Paulo, uma plataforma ligada ao Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), da Universidade de São Paulo (USP), segue atualizando os números da pandemia em tempo real e apontou que o número de pacientes subiu 140% no começo de fevereiro.
Desde o início de 2024 até 17 de fevereiro, o Brasil já teve 1.325 mortes por covid-19, segundo o Conass.
Para além da subnotificação, não entram nas contas sobre a covid-19 uma série de outros registros considerados apenas como suspeitos, ou seja, ainda não foi confirmado que a causa da morte foi covid-19.
Ainda assim, o Brasil é o segundo país com mais óbitos pela doença no mundo neste ano.
O Brasil chegou a ter 21 mil mortes por covid-19 em uma única semana de abril de 2021
Fica atrás apenas dos Estados Unidos, onde mais de 10,6 mil pessoas morreram infectadas pelo coronavírus nesse período, segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), agência que mensura as tendências da pandemia no país, e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Isso ocorre quatro anos depois de ser confirmado o primeiro caso de covid-19 no Brasil, em 25 de fevereiro de 2020.
Um homem de 61 anos foi internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, dias depois de voltar de uma viagem à Itália.
De lá para cá, 19% da população brasileira contraiu a doença e, dentro desse universo, quase 710 mil pessoas morreram em decorrência dela.
No ápice da crise sanitária, em 2021, o Brasil teve 423,3 mil óbitos.
Especialistas afirmam que a covid-19 caminha muito lentamente para se tornar uma doença semelhante à gripe, com baixíssima taxa de mortalidade, remédios acessíveis e maior conhecimento dos sintomas pela população.
Enquanto isso não acontece, ela continuará a causar um número significativo de mortes, avaliam profissionais de saúde ouvidos pela reportagem.
Somente na última semana epidemiológica já consolidada em âmbito nacional, entre 11 e 17 de fevereiro, 198 brasileiros perderam a vida por complicações da covid-19, de acordo com dados do Ministério da Saúde e do Conass.
“São números bem preocupantes”, diz Ralcyon Teixeira, diretor da Divisão Médica do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo.
Para se ter uma dimensão, esse número registrado em apenas uma única semana é maior do que as 184 pessoas que morreram devido à dengue em 2024, segundo o monitoramento de arboviroses mantido pelo Ministério da Saúde.
A chikungunya, por sua vez, teve oito óbitos. Com base na média anual de registros, a Sociedade Brasileira de Cardiologia estima, por sua vez, que pouco mais de 57 mil brasileiros morreram por doenças cardiovasculares somente neste ano.
No último boletim sobre doenças respiratórias da Fiocruz, apenas 5% dos óbitos registrados foram causados pelo vírus influenza A, da gripe.
O SARS-CoV-2, que causa a covid-19, foi responsável por 88%.
Em quantidade de casos, a situação atual se assemelha à do período entre abril e maio de 2020, quando a covid-19 começava a se espalhar pelo Brasil e tinha uma média móvel de 39 mil casos.
É parecida também ao dos últimos meses de 2022, ano em que a doença voltou a se espalhar com mais força por causa da chegada da variante ômicron.
As mortes, porém, estão em queda desde então: em 2023, pouco mais de 14,7 mil brasileiros perderam a vida por causa do vírus. Foi o ano menos letal desde o início da pandemia.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que “monitora e avalia permanentemente a situação epidemiológica da covid-19 no Brasil e no mundo”.
“Os dados revelam que, apesar dos números de casos e óbitos por covid-19 serem menores em 2024 em comparação com anos anteriores, a doença continua causando a perda de muitas vidas na população brasileira, além de consequências graves como a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P)”, reconheceu a pasta.
O ministério reforçou a importância de medidas não-farmacológicas (como uso de máscaras e redução da aglomeração) e da vacinação para prevenir a doença.
A pasta afirmou ainda que está investindo no planejamento alinhado com autoridades locais, na divulgação de informações e transparência, além do combate a notícias falsas e desinformação.
Quem ainda morre de covid?
Entre especialistas que seguem na linha de frente do combate à doença, um dos consensos é que, no médio prazo, o Brasil seguirá com um volume de mortes por covid-19 parecido ao de agora, embora por motivos diferentes do período mais crítico.
Ralcyon Teixeira, que está à frente de um dos principais centros de infectologia da América Latina, observa que os óbitos estão se concentrando em grupos clinicamente mais vulneráveis da população, assim como foi nos primeiros meses da pandemia.
“É difícil que alguém contraia a covid-19 e morra puramente por causa dela hoje”, afirma Teixeira.
“O que está acontecendo é uma descompensação de doenças crônicas que os pacientes já possuíam antes de serem infectados pelo vírus. Daí, o que ele faz é intensificar essa base, e as pessoas vão a óbito.”
Entre essas complicações, estão a diabetes, que atinge 7% da população brasileira, e doenças cardiovasculares, que afetam cerca 14 milhões de pessoas pelo país, segundo dados recentes do Ministério da Saúde.
O infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz no Rio de Janeiro, concorda e acrescenta: “Muitas vítimas são idosas também”.
Pesquisas recentes identificaram que a pandemia conseguiu diminuir a faixa etária da mortalidade brasileira, movimentando o maior volume de óbitos para o intervalo entre 40 e 79 anos. Antes da pandemia, ele ficava na faixa após os 80 anos.
Essas são grandes preocupações sobre os impactos da circulação atual do vírus no Brasil, na visão da infectologista Margareth Dalcolmo, que acabou de ser eleita para uma cadeira na Academia Nacional de Medicina.
“Algumas comorbidades, como a hepatite C ou a hipertensão arterial, por exemplo, estão totalmente fora de controle no país. Isso significa que há mais gente vulnerável”, diz Dalcolmo, que também é pesquisadora da Fiocruz.
Até o ano passado, imunossuprimidos, pessoas sem a imunização adequada ou idosos conformavam o perfil da mortalidade por covid-19 no país, segundo ela.
Para Croda, a idade dos doentes colabora na explicação das desigualdades regionais.
O Sul é um bom exemplo: embora tenha uma boa estrutura de saúde pública, além de uma ampla rede de atendimento, a região tem uma taxa de mortalidade relativamente alta (0,58 por 100 mil habitantes).
Na região, 12,1% da população tem mais de 65 anos. É o segundo maior índice do país, de acordo com o Censo 2022, quase empatado com o Sudeste, que tem 12,2%.
“Mas não é apenas a idade, é a comorbidade que pode estar atrelada a ela”, diz Croda.
Um relatório de 2023 do Conass mostrou que o Brasil teve um excesso de 18% em mortes naturais no ano passado.
O dado é calculado comparando os óbitos registrados desta forma e uma expectativa definida a partir de uma média histórica.
Em números absolutos, foram 48 mil mortes a mais do que o esperado.
Para o conselho, isso se explica principalmente pelas vítimas de covid-19, porque as taxas de mortalidade por outras doenças, como cardiovasculares, por exemplo, caíram no mesmo período.
CRÉDITO,GETTY IMAGES
O microbiologista Átila Iamarino, que se tornou um dos principais porta-vozes da comunidade científica durante a pandemia, coloca mais uma camada nesse diagnóstico: a capacidade de circulação das variantes do SARS-CoV-2 e, especialmente, a ômicron, que hoje é a cepa dominante no território brasileiro.
“Ela é extremamente transmissível e, quando infecta alguém, causa sintomas mais graves do que a gripe comum”, diz Iamarino.
“Como existem ciclos contínuos da doença acontecendo, que se movimenta também mais do que as síndromes gripais já conhecidas, é de se esperar que ela mate mais gente ao longo desse processo.”
Iamarino ressalta como a ômicron também é uma variante mais resistente do que suas anteriores – o que ajuda a entender sua prevalência.
“Ela escapa muito bem da imunidade das pessoas, ao ponto de continuar sendo transmitida meses após ter causado um surto”, diz o microbiologista.
“Isso significa que a ômicron tem capacidade de voltar a circular rapidamente e, assim, gerar novos casos.”
Com o aumento relativo de óbitos nas últimas semanas, a taxa de mortalidade brasileira se movimentou nesse intervalo: era de 0,37 para cada 100 mil habitantes no início do ano e, agora, já é de 1 para 100 mil.
Ainda assim, é um indicador muito longe do de 2021, quando chegou a ser de 201 para cada grupo de 100 mil pessoas.
Por outro lado, a letalidade desses dois primeiros meses está igual à de todo o ano 2022 (0,5%), o que indica a manutenção do volume de pessoas que, uma vez contaminadas, estão morrendo por causa da covid-19.
Tratamentos disponíveis
Para Ralcyon Teixeira, do Emílio Ribas, outro motivo que ajuda a entender por que a covid-19 ainda vitima tanta gente é a desinformação – tanto da maioria da população quanto dos próprios profissionais de saúde.
De um lado, na análise dele, falta conhecimento público sobre os medicamentos já disponíveis em farmácias ou até oferecidos gratuitamente em dispositivos do Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a doença.
É o caso do Paxlovid, elaborado pela americana Pfizer e aprovado na metade de 2022 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para venda no país.
De outro, ele vê que muitos médicos ainda não têm lançado mão dessas alternativas quando atendem pessoas infectadas.
“Na verdade, é preciso repensar todo o acesso ao tratamento da covid no Brasil. O uso desses medicamentos ajudaria a reduzir significativamente o número de mortes”, analisa.
Trata-se também de um medicamento caro: uma caixa com 30 comprimidos sai por cerca de R$ 4,5 mil.
O governo federal comprou diversos lotes de Paxlovid desde que ele foi regulamentado e os distribuiu no SUS.
Dalcolmo, da Fiocruz, lembra que a prescrição correta do Paxlovid é para casos moderados.
“É uma indicação muito precisa. Quem tem sintomas leves precisa apenas de analgésico e de isolamento por cinco dias”, afirma a médica.
“Casos graves necessitam de internação. Mas, para quem está em uma situação moderada, é um excelente medicamento.”
CRÉDITO,GETTY IMAGES-A vacinação é importante para frear novas infecções, segundo a OMS
Vacinação insuficiente
Outro consenso entre os especialistas são as brechas na vacinação.
Hoje, o Brasil tem perto de 82% da população imunizada com as duas primeiras doses das vacinas monovalentes – um universo de 167 milhões de pessoas.
Metade do país (53%) está totalmente coberta pelos reforços disponíveis.
Mas a baixíssima adesão à vacina bivalente, que foi aplicada em cerca de 16% dos brasileiros (33,3 milhões de doses) é o ponto considerado mais alarmante.
“Significa que pouquíssima gente está protegida contra as novas cepas circulantes, oriundas da ômicron, já que as vacinas monovalentes carregam apenas cepas antigas”, explica Dalcolmo.
Há ainda um fenômeno social envolvido na cobertura vacinal brasileira, diz Átila Iamarino.
Para ele, a percepção pública da gravidade da doença determina a adesão massiva à imunização.
Foi assim que, quando as primeiras doses foram disponibilizadas no SUS, em janeiro de 2021, quando a média móvel de óbitos estava em 4 mil, quase a totalidade da população correu para os postos de saúde.
“Naquele desespero todo, as pessoas sabiam que a proteção que a vacina oferecia era uma necessidade aguda”, afirma o microbiologista.
“No entanto, conforme a campanha foi tendo efeito e o número de mortos foi caindo, elas passaram a não se preocupar com reforços, e isso se seguiu sucessivamente a cada nova dose que foi sendo disponibilizada”.
Além disso, há uma crítica latente ao desenho da campanha vacinal feito pelo Ministério da Saúde em 2021 e, principalmente, à comunicação em torno dela. “Ficou tudo muito confuso”, avalia Ralcyon Teixeira.
No seu cotidiano no Emílio Ribas, ele diz ainda encontrar muita gente que não entende que a vacina não foi elaborada para evitar totalmente a contaminação, mas para diminuir os efeitos da doença.
Há muitas dúvidas também sobre a duração da imunidade fornecida em cada dose.
“A população ficou muito atrapalhada sobre quando ir se vacinar, quais são os grupos prioritários, qual é a necessidade de seguir se imunizando, etc. As pessoas foram se cansando”, reflete.
O último movimento dentro da campanha foi em janeiro, quando o Ministério da Saúde colocou três doses da vacina da Pfizer como parte do Programa Nacional de Imunização (PNI).
Desde então, elas são obrigatórias dentro do ciclo vacinal de crianças entre 6 meses e menores de 5 anos.
No caso de idosos e de pessoas imunossuprimidas, os reforços devem ser tomados semestralmente.
“O problema é nossa cobertura para esse grupo está baixa. É por isso que ainda temos uma mortalidade bastante concentrada nele”, lamenta Julio Croda.
Para o infectologista, a inserção das vacinas no PNI também foi uma reação à campanha do movimento antivacina contra a imunização de crianças, que teve bastante penetração no Brasil.
Essa é, aliás, uma percepção corroborada entre todos os especialistas.
“A diferença entre o risco percebido e o que existe de fato para as crianças fez com que muita gente não vacinasse pessoas nessa faixa etária”, comenta Iamarino.
“De fato, elas têm menos chances de morrer, mas ainda assim não deveríamos assumir esse risco de forma alguma.”
Ralcyon Teixeira diz que a desinformação envolvendo crianças potencializaram bastante a baixa adesão dessa parte da população à vacina.
Ele aponta que mensagens circularam durante a pandemia relacionando a imunização a reações fatais piores do que a própria covid-19 ou a projetos supostamente políticos, como a implementação de rastreamento na população como forma de monitorá-las.
“Esse é realmente um problema grave da vacinação no Brasil hoje”, diz Dalcolmo.
Levando em conta o período desde o início da pandemia de covid-19, em 2020, o Brasil permanece como o segundo país onde o vírus mais matou no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que estão perto de registrar 1,8 milhão de óbitos nesses quatro anos. Índia (533 mil mortes), Rússia (402 mil) e México (334 mil) também possuem números altos.
Pelos dados da OMS, 11,6 mil pessoas morreram de covid-19 no mundo em 2024: a maioria delas nos EUA.
A Johns Hopkins, universidade norte-americana que serviu como banco global de informações sobre a covid-19, deixou de coletar números dos países em outubro do ano passado, mas manteve seus gráficos abertos.
Neles, o Brasil ocupa o quarto lugar no índice de mortalidade, com 328 mortes ao longo da pandemia para cada 100 mil habitantes.
À frente do país estão o Chile (336 para cada 100 mil), os Estados Unidos (341) e o Peru (665).
A Rússia ordenou nesta terça-feira a proibição das exportações de gasolina por seis meses a partir de 1º de março para manter os preços estáveis em meio ao aumento da demanda dos consumidores e agricultores e para permitir a manutenção de refinarias no segundo maior exportador de petróleo do mundo.
A proibição, noticiada primeiramente pela russa RBC, foi confirmada por uma porta-voz do vice-primeiro-ministro Alexander Novak, o homem de confiança do presidente Vladimir Putin para o setor de energia da Rússia.
A RBC, citando uma fonte não identificada, disse que o primeiro-ministro Mikhail Mishustin havia aprovado a proibição depois que Novak a propôs em uma carta datada de 21 de fevereiro.
“A fim de compensar a demanda excessiva por produtos petrolíferos, é necessário tomar medidas para ajudar a estabilizar os preços no mercado interno”, disse Novak na proposta, conforme reportado pela RBC.
Os preços domésticos da gasolina são um fator sensível para motoristas e fazendeiros no maior exportador de trigo do mundo antes da eleição presidencial de 15 a 17 de março, enquanto algumas refinarias russas foram atingidas por ataques de drones ucranianos nos últimos meses.
A Rússia e a Ucrânia têm atacado a infraestrutura de energia uma da outra em uma tentativa de interromper linhas de suprimento e a logística e desmoralizar seus oponentes, conforme buscam vantagem em um conflito de quase dois anos que não mostra sinais de acabar.
Os principais produtores de gasolina na Rússia em 2023 foram a refinaria Omsk da Gazprom Neft, a refinaria de petróleo NORSI da Lukoil em Nizhny Novgorod e a refinaria Ryazan da Rosneft.
Em 2023, a Rússia produziu 43,9 milhões de toneladas de gasolina e exportou cerca de 5,76 milhões de toneladas, ou cerca de 13% de sua produção. Os maiores importadores de gasolina russa são principalmente os países africanos, incluindo Nigéria, Líbia, Tunísia e também os Emirados Árabes Unidos.
No mês passado, a Rússia reduziu as exportações de gasolina para países não pertencentes à Comunidade de Estados Independentes para compensar reparos não planejados em refinarias em meio a incêndios e ataques de drones em sua infraestrutura de energia.
As interrupções incluem a paralisação de uma unidade na NORSI, a quarta maior refinaria do país, localizada perto da cidade de Nizhny Novgorod, cerca de 430 km a leste de Moscou, após o que se acredita ser um incidente técnico.
No ano passado, a Rússia proibiu as exportações de gasolina entre setembro e novembro para combater os altos preços internos e a escassez.
Desta vez, a proibição não se estenderá aos Estados membros da União Econômica Eurasiática, Mongólia, Uzbequistão e duas regiões separatistas da Geórgia apoiadas pela Rússia — Ossétia do Sul e Abkhazia.
Empresário se manifestou por meio de sua rede social e disse ainda que ama o Brasil
O empresário Elon Musk usou sua rede social X (antigo Twitter) para comentar sobre a manifestação pró-Jair Bolsonaro realizada, neste domingo (25), na Avenida Paulista, em São Paulo.
– O Brasil parece bem lotado – disse.
Em seguida ele continuou reagindo a declarações de outros usuários sobre o ato que aconteceu na capital paulista. Musk destacou que ama o Brasil.
– Amo o Brasil – escreveu.
– Orando [para que aconteça] o melhor – disse ele ainda, em resposta a outra mensagem.
Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, em um anfiteatro o presidente russo, Vladimir Putin, passa pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para cumprimentar o mandatário francês, Emmanuel Macron. A sequência, visualizada centenas de vezes desde 4 de fevereiro de 2024, circula com a alegação de que o líder israelense teria sido “ignorado” por Putin. No entanto, outras fotografias e vídeos do evento, o Quinto Fórum Mundial do Holocausto, realizado em janeiro de 2020, mostram o chefe de Estado russo conversando e até abraçando Netanyahu.
“O presidente russo Putin IGNORA o aperto de mão com Netanyahu de ISRAEL”, diz a legenda de publicações no Facebook, no X e no Telegram.
Publicações semelhantes também circulam em espanhol e inglês.
O conteúdo é compartilhado no contexto da guerra entre Israel e o Hamas. O ataque do Hamas em 7 de outubro matou mais de 1.160 pessoas em Israel, a maioria delas civis, de acordo com um levantamento da AFP baseado em números oficiais israelenses.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre em Gaza que deixou mais de 29.700 palestinos mortos até agora, a grande maioria civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do governo do Hamas.
Evento de 2020
A gravação, de 17 segundos, mostra Putin sendo conduzido até seu assento pelo então presidente de Israel, Reuven Rivlin. Ao longo do caminho, passa pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sentado em uma cadeira, e continua a caminhar até seu lugar, onde aperta a mão do seu homólogo francês, Emmanuel Macron.
As publicações compartilham um vídeo de 21 segundos em que, ao fundo, é possível visualizar uma tela azul com as frases em inglês “lembrando o Holocausto” e “combatendo o antissemitismo”.
Uma busca por essas frases e os nomes “Vladimir Putin” e “Benjamin Netanyahu” no Google exibiu artigos sobre o Quinto Fórum Mundial do Holocausto 2020. O evento, que celebrou o 75º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, contou com a presença de cerca de “50 membros da realeza, presidentes, primeiros-ministros e líderes parlamentares da Europa, América do Norte e Austrália”.
Uma nova pesquisa no Google pelas palavras-chave em inglês “Quinto Fórum Mundial do Holocausto” e “Putin” levou ao vídeo original, publicado no canal da AFP em inglês no YouTube, em 23 de janeiro de 2020, sob o título “Líderes mundiais participam do Quinto Fórum Mundial do Holocausto em Jerusalém”.
Vários eventos no mesmo dia
Outras imagens registradas pela AFP mostram ainda que no mesmo dia do fórum, em 23 de janeiro de 2020, Netanyahu e sua esposa Sara receberam Putin anteriormente.
O Governo russo também compartilhou registros do encontro entre as lideranças, explicando que se reuniram na residência do primeiro-ministro israelense, onde Putin agradeceu a Netanyahu pela sua hospitalidade: “Senhor primeiro-ministro, gostaria de agradecer a você e à sua esposa Sara. Obrigado pelo convite e pela hospitalidade.”
No mesmo dia, eles também participaram de uma cerimônia onde juntos inauguraram o monumento “Vela Memorial”, dedicado aos defensores da cidade de Leningrado durante a Segunda Guerra Mundial. Após a intervenção de Putin, ambos se abraçaram, como pode ser visto aos 7 minutos e 50 minutos de uma gravação publicada no canal i24News.
O presidente russo também cumprimentou Netanyahu posteriormente no Fórum Mundial do Holocausto, onde o vídeo viral foi gravado, como capturaram fotografias da AFP.
Além disso, houve um aperto de mãos entre os dois após o discurso de Netanyahu no Fórum, como pode ser visto a partir de 36 minutos e 50 segundos da transmissão do evento, e interagiram e conversaram antes da intervenção de Putin.
No seu discurso, o presidente russo se referiu a Netanyahu como o “ilustre primeiro-ministro” e agradeceu aos líderes israelenses pela “recepção calorosa”.
Relações entre Rússia e Israel
Após o colapso da União Soviética em 1991, a recém-renascida Rússia estabeleceu laços com Israel, o que resultou em um aumento no turismo e uma onda massiva de migração judaica russa para o país. A relação entre os territórios tornou-se ainda mais estreita sob o governo de Netanyahu.
No entanto, após a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 e a guerra entre Israel e o Hamas, que se intensificou em outubro de 2023, as relações entre os países pioraram, agravadas pela aproximação entre Rússia e Irã.
Lateral ganhou ação na Justiça contra agente que intermediou sua renovação de contrato com o Barcelona
Condenado a quatro anos e seis meses por estupro, o lateral Daniel Alves teve uma decisão favorável na Justiça.
Segundo informação do jornal catalão “La Vanguardia”, o jogador vai receber 1,2 milhão de euros (R$ 6,45 milhões) do Fisco da Espanha. A decisão judicial foi conhecida no mesmo dia no qual o atleta recebeu a condenação.
Daniel Alves (novo) Reprodução/Instagram
O ex-jogador do Barcelona e São Paulo tinha acionado judicialmente a Receita Federal espanhola por discordar dos impostos que incidiram sobre a intermediação do agente Joaquín Macanás, na altura da renovação de contrato com o Barcelona entre 2013 e 2014. De acordo com a defesa de Daniel Alves, o empresário agiu em nome do clube e não dele.
Ainda de acordo com o jornal, os advogados de Daniel Alves pretendem receber a verba o mais depressa possível para tentar usar o montante para ajudar na sua libertação. A defesa do atleta alega pretende propor o pagamento de um depósito como garantia perante a Justiça de que não vai escapar da Espanha.
A condenação
A sentença de Daniel Alves foi anunciada nesta quinta-feira (22), pela juíza Isabel Delgado Pérez, da 21ª Seção da Audiência de Barcelona. Além da pena de quatro anos e meio, também foi decidido pela Justiça que o atleta seja supervisionado pelo período de cinco anos, após ele ganhar liberdade.
Além disso, o brasileiro terá de ficar afastado da vítima por nove anos e deve pagar a ela uma indenização de 150 mil euros (aproximadamente R$ 804 mil). A defesa do atleta irá recorrer da decisão.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) renovou o mandato do influencer goiano João Vitor de Paiva Bittencourt como Conselheiro Jovem, sendo o primeiro integrante do Conselho Consultivo de Adolescentes e Jovens do Unicef no Brasil com síndrome de down.
No primeiro ano como conselheiro, João Vitor levou propostas e o olhar diferenciado das pessoas com deficiência para debate. Recebeu elogios pela participação e dedicação.
João Vitor é o primeiro aluno com trissomia 21 no curso de Educação Física da PUC-Goiás – está no sétimo período e deve se formar no fim de 2024. Nas redes sociais, tem mais de 530 mil seguidores no Instagram e 265 mil no Tik Tok. Como ativista pela inclusão, é a principal referência da sindrome de down no Brasil e faz palestras sobre o combate ao preconceito, o capacitismo e a discriminação.
O trabalho dele nas redes, em palestras e participação em eventos pela desconstrução do preconceito, é reconhecido em todo o país. O Instituto Mano Down o apontou como um dos cinco mais importantes influenciadores com deficiência no Brasil. Em 2023, a Câmara dos Deputados o homenageou no Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência.
O influencer também é um dos protagonistas do filme Colegas e o Herdeiro, do diretor Marcelo Galvão, que tem um elenco formado por atores com a síndrome.
Unicef
O Unicef está presente no Brasil desde 1950, apoiando as mais importantes transformações na área da infância e da adolescência no País. O órgão participou das grandes campanhas de imunização e aleitamento materno; da mobilização que resultou na aprovação do artigo 227 da Constituição Federal e na elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente; do movimento pelo acesso universal à educação; dos programas de enfrentamento ao trabalho infantil; entre outros grandes avanços para a garantia dos direitos de meninas e meninos brasileiros.
Para ouvir as opiniões, vozes e sugestões dos adolescentes e jovens, o Unicef criou o Conselho Jovem, um espaço de fortalecimento dos valores e princípios da instituição para avançar na participação e desenvolvimento de adolescentes através do diálogo propositivo deles com a equipe do órgão. Este colegiado é um grupo composto de adolescentes e jovens com engajamento nas ações do Unicef no Brasil e representativo da diversidade de identidades, territórios e questões que envolvem adolescentes em situação de vulnerabilidade em todo o país.
O Conselho tem um papel chave nas seguintes áreas:
Colaborar com o UNICEF na elaboração de campanhas e canais de comunicação com adolescentes, considerando a diversidade de linguagens e contextos.
Promover reflexões que contribuam para o desenho das estratégias do UNICEF na área de mobilização e participação de adolescentes.
Fortalecer a mobilização e engajamento de coletivos, redes e grupos de adolescentes em todo o Brasil.
Propor temas, conteúdos e ações relacionados à defesa, promoção e garantia dos direitos de crianças e adolescentes.
Todas as propostas e sugestões do conselho serão analisadas pelo Unicef a partir do seu mandato institucional, seu programa de país e suas prioridades. O Conselho é um espaço seguro, de apoio mútuo, no qual as perspectivas críticas são bem-vindas, e a construção coletiva junto com a equipe do Unicef deve ser livre de discriminações como etarismo, racismo, classismo, machismo, LGBTfobia, xenofobia e capacitismo.
As atividades e propostas do Conselho serão articuladas por consenso, assegurada a autonomia do conselho e a liberdade dos participantes de se engajarem. Os participantes do Conselho vão elaborar suas regras específicas de funcionamento, periodicidade das reuniões, número de presença mínima nas atividades para continuar participando e outras regras que queiram estabelecer de comum acordo.
Para facilitar o funcionamento do Conselho Jovem, o Unicef apoia a conexão digital a partir da solicitação específica de cada participante. As reuniões ocorrem de forma remota e presencial.
Prováveis rivais na eleição para Presidente dos Estados Unidos em novembro, Joe Biden e Donald Trump emitiram raras opiniões semelhantes ao criticarem a decisão da Suprema Corte do Alabama que considera como crianças embriões congelados em laboratório e levanta dúvidas sobre a proteção legal de pais e clínicas de reprodução assistida.
Biden disse em um comunicado na quinta-feira (22) que a decisão colocou o acesso ao tratamento “em risco para famílias que estão desesperadamente tentando engravidar” e mostrou “desprezo ultrajante e inaceitável” pela escolha pessoal.
Biden chamou a decisão de “resultado direto” da decisão da Suprema Corte dos EUA de 2022 de revogar Roe versus Wade, entendimento de 1973 que reconhecia o direito constitucional ao aborto.
Nesta sexta-feira (23), o ex-presidente Donald Trump cobrou do Legislativo do Alabama que “agisse rápido para encontrar uma solução imediata” e preservasse a viabilidade dos tratamentos de fertilização in vitro, em publicação na Truth, sua rede social.
A decisão pode causar “exatamente o tipo de caos que esperamos quando a Suprema Corte [do país] derrubou Roe versus Wade e pavimentou o caminho para que políticos ditem algumas das decisões mais pessoais que uma família pode tomar”, disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.
Ao menos três instituições de fertilização in vitro do Alabama interromperam os tratamentos desde a decisão do Supremo do estado.
A Universidade de Alabama em Birmingham afirmou na quarta-feira (21) que havia pausado procedimentos do tipo por medo de que pacientes e médicos “pudessem ser processados criminalmente ou enfrentar punições por seguir o padrão de cuidados para tratamentos de fertilização in vitro”.
A opinião da maioria dos juízes do estado usou como base argumentos de cunho religioso para chegar ao entendimento de que embriões congelados são equiparáveis a fetos e crianças e que, portanto, a ação poderia se basear em legislação do estado que versa sobre homicídio culposo em casos de morte de menores de idade.
O juiz Tom Parker, apontado por alguns críticos e apoiadores como o arquiteto da argumentação jurídica que sustentou a reversão do entendimento sobre o aborto na Suprema Corte do país, afirma no texto que “mesmo antes de nascer, todo ser humano carrega a imagem de Deus, e suas vidas não podem ser destruídas sem que a glória dele seja erradicada”.
A Suprema Corte dos EUA tem hoje maioria conservadora construída durante o mandato de Trump na Presidência, quando ele indicou 3 dos 9 magistrados do tribunal e consolidou a maioria em 6 contra 3 juízes liberais. Foi nesta configuração que Roe versus Wade foi revertida.
A corte do Alabama chegou ao entendimento sobre fertilização in vitro em julgamento de um recurso de três casais que haviam processado uma clínica na qual um paciente havia manipulado, derrubado e destruído os embriões dos casais.
Um tribunal anterior havia chegado à conclusão de que embriões não podiam ser definidos como pessoas ou crianças, de modo que a ação não poderia prosseguir com base na legislação estadual sobre homicídio culposo em casos de morte de menores –a acusação entrou com o recurso julgado pela Suprema Corte do estado.
A corte decidiu que a Constituição do Alabama considerava embriões como “crianças não nascidas, sem exceção com base no estágio de desenvolvimento, localização física ou quaisquer outras características acessórias”, citando uma emenda constitucional aprovada pelos eleitores do estado em 2018 que concedeu a fetos plenos direitos humanos, incluindo o direito à vida.
Uma suposta mensagem do Google comunicando o fim do Gmail circulou nesta quinta-feira (22) em redes sociais. Especialmente no X, o antigo Twitter, posts apontavam para um comunicado da empresa alertando sobre o fim do serviço.
A publicação sugere que o Gmail vai acabar em 1º de agosto de 2024 e, depois dessa data, você vai deixar de receber, enviar ou até armazenar mensagens. O texto informa que a companhia teria tomado a decisão devido ao “cenário digital em evolução” e no desenvolvimento de “novas tecnologias e plataformas” de comunicação.
Uma das postagens falsas que viralizou, já desmentidas com a Nota da Comunidade. Fonte: Reprodução/X
Ele usa até mesmo a palavra “sunsetting” para se referir ao suposto fim. Esse é um termo que significa literalmente “pôr-do-sol” em inglês e, no meio corporativo, é usado para sinalizar o encerramento gradual de um serviço.
Porém, você não precisa entrar em pânico ou sair em um busca de outra “@” para cadastros e contatos. Essa captura de tela sobre o fim do Gmail é completamente falsa e não há qualquer confirmação de que o serviço deixará de existir.
Até mesmo a conta oficial do serviço no X publicou uma mensagem de que “o Gmail está aqui para ficar”, encerrando de vez qualquer especulação em torno do possível fim.
As publicações com o recado foram sinalizadas como falsas a partir de recursos como as Notas da Comunidade. Ainda assim, ao fazer uma busca pelo termo “Gmail” na rede social, é possível notar que ainda são muitos os usuários em dúvida sobre o futuro do serviço.
Gmail está em fase de transformação
O Gmail não está prestes a acabar em especial por dois motivos. O primeiro deles é a atual importância que o serviço tem para a Google como um todo: mais do que apenas uma forma de acessar emails, ele é hoje um dos principais meios de acesso e autenticação para outras plataformas da empresa, incluindo o ecossistema Android.
Além disso, de acordo com estimativas de 2022, o serviço conta com 1,8 bilhão de usuários — o que significa que ele é altamente popular e também rentável, em especial pela exibição de mensagens publicitárias personalizadas.
Em vez de acabar, o Gmail está mudando aos poucos. No ano passado, a Google confirmou que iria começar a descontinuar a visualização em HTML básico do Gmail para navegadores. Isso significa que a versão simplificada e limitada do site não deve mais abrir, substituída pelo serviço convencional.
O recado da Google sobre o fim do HTML básico, que perde suporte neste mês. Fonte: Google
Além disso, o cliente de emails tem recebido adições de inteligência artificial com recursos do Gemini, a plataforma da empresa.
Google tem costume de matar serviço
Apesar dessa mensagem ser falsa, não é tão difícil acreditar que a Google vai encerrar um serviço em definitivo. A companhia é famosa por iniciar e descontinuar projetos em larga escala, incluindo nomes recentes como Stadia e Google Pay.
Muitos multimilionários têm tentado, ansiosamente, descobrir como sobreviver ao colapso social e/ou planetário.
Pelo menos é o que garante o renomado intelectual nova-iorquino, Douglas Rushkoff , em seu livro ‘Survival of the Richest: Escape Fantasies of the Tech Billionaires’ (‘Sobrevivência dos Mais Ricos: Fuja das Fantasias dos Bilionários Tecnológicos’, em tradução livre), lançado em 2022.
Rushkoff relata sua experiência, no deserto, com um grupo de multimilionários da tecnologia. Alguns o interrogaram sobre o lugar ideal para construírem seus bunkers e outros revelaram que já tinham os seus funcionando, com guardas de prontidão, mas queriam mais dicas do pensador humanista.
A Nova Zelândia é o destino mais requisitado pelos ultrarricos que pretendem renascer das cinzas da civilização. No entanto, em 2022, os planos do multimilionário americano Thiel para a construção de um bunker de luxo foram rejeitados naquele país.
Sam Altman, CEO da OpenAI, tem um acordo com Thiel (chefe da empresa de inteligência americana Palentir) para o caso de o apocalipse estourar. Em 2016, antes de ser famoso, Thiel relatou que Altman planejava voar com ele para a Nova Zelândia, em seu jato particular, caso algo terrível acontecesse.
O CEO do Reddit, Steve Huffman, disse ao The New Yorker, em 2017, que sua decisão de submeter-se a uma cirurgia ocular não foi por conveniência ou razões estéticas.
Ele queria, na verdade, melhorar suas chances de sobreviver a uma catástrofe. “Se o mundo acabar – ou se tivermos problemas – conseguir lentes de contato ou óculos vai ser um grande problema. Sem isso, estou acabado”, explicou.
Steve Huffman revelou que sua principal preocupação era “o colapso temporário de nosso governo e estruturas”. Por via das dúvidas, ele disse que tem algumas motocicletas, armas, munições e comida. “Acho que, com isso, posso me esconder em minha casa por algum tempo”, concluiu.
“Os temores variam, mas muitos se preocupam com o fato de que, à medida que a inteligência artificial tira uma parcela crescente dos empregos, haverá uma reação contra o Vale do Silício”, disse Huffman ao The New Yorker.
Como esperado, surgiu toda uma indústria que atende e até alimenta todas estas fantasias dos ultrarricos. Uma das mais bem-sucedidas, a Vivos, oferece desde bunkers de luxo privados a vagas em outros comunitários, a partir de US$ 35.000.
Nos arredores de Jena, uma cidade alemã, um bunker da Vivos promete acomodações 5 estrelas para famílias com alto patrimônio. Esta enorme estrutura de sobrevivência subterrânea, originalmente construída pelos soviéticos, durante a Guerra Fria, em uma montanha, contém piscinas e até uma falsa rua comercial.
A Vivos diz, em seu site, que está preparada para todos os possíveis cenários apocalípticos (desastre nuclear, bioterrorismo, anarquia, pulsos eletromagnéticos, cometas assassinos, mega tsunamis e assim por diante). “Os membros só precisam chegar antes de que suas instalações sejam fechadas e protegidas do caos”, escreve a empresa, com refúgios para mais de 10 mil pessoas.
A Oppidum, por sua vez, oferece o que descreve como “o melhor santuário sob medida”. O espaço opulento tem candelabros de vidro feitos à mão, móveis sob medida e piso de madeira maciça de granulação fina. Tudo escondido sob a superfície da terra e cercado por camadas de concreto armado.
Em março de 2020, vários americanos superricos conseguiram escapar para a Nova Zelândia, antes de que suas fronteiras fechassem, devido à pandemia de COVID-19. A Rising S Co, fabricante de bunkers apocalípticos, chegou a receber telefonemas frenéticos de um executivo que não sabia como usar seu bunker subterrâneo, informou a Bloomberg.
Mas há quem pense em uma escala bem superior a meros bunkers na Terra. Elon Musk, dono do X e da Tesla, entre outras grandes empresas, está convencido da necessidade de colonizar Marte para preservar a humanidade. Em 2018, ele afirmou que planeja gastar metade de sua fortuna para “garantir a continuação da vida (de todas as espécies), caso a Terra seja atingida por um meteoro ou se a 3ª Guerra Mundial acontecer e nós nos destruirmos”.
Jeff Bezos, outro multimilionário obcecado pelo espaço, informou à revista Wired que a Terra está a ficar sem recursos e a catástrofe é inevitável. “As pessoas apreciarão nosso trabalho, diz ele, quando a devastação da mudança climática, recursos esgotados e ar irrespirável chegarem à hora de descartar…”
Em vez de aplaudir os multimilionários por seu pragmatismo, Rushkoff não os exime de culpa neste futuro para o qual se preparam.
Multimilionários podem determinar o futuro
O intelectual argumenta que estas pessoas têm um poder significativo para determinar se a IA vai devastar o mundo, se sociedades polarizadas entrarão em colapso em uma guerra civil, ou se a Terceira Guerra Mundial ou o esgotamento ambiental e de recursos destruirão o planeta.
A grande ironia: quem trabalhará para eles se a sociedade entrar em colapso?
Além do fato de que muitos desses bunkers de luxo não têm funcionamento comprovado (sistemas hermeticamente fechados são difíceis de manter), surgem outros problemas importantes. Uma questão crítica é como os multimilionários conseguiriam contratar guardas de segurança, chefs e outros empregados se o dinheiro se tornasse obsoleto?
Uma desculpa para acumular quantias infinitas de dinheiro e focar em si mesmo
O escritor Rushkoff disse: “Eles rejeitaram a política coletiva o tempo todo e abraçaram a noção arrogante de que, com dinheiro e tecnologia suficientes, o mundo pode ser redesenhado de acordo com as especificações pessoais de cada um”.