Categoria: Mundo

  • Sociedade civil protesta contra enterro do PL das Fake News por Arthur Lira

    Sociedade civil protesta contra enterro do PL das Fake News por Arthur Lira

    Elon Musk deve estar mesmo muito contente. Na mesma semana em que sua equipe começou a fazer uma “limpa” em contas robotizadas no ex-Twitter, extinguindo um número não divulgado de contas (pela costumeira falta de transparência), ele conseguiu apontar o dedo para a lua – no caso o Brasil – e esconder o fato da direita, enquanto desafiava a nossa Justiça e mexia nos embates políticos de um país inteiro.

    Conseguiu mais: com uma série de tuítes revoltantes, acusou Alexandre de Moraes de ter agido a favor de Lula para elegê-lo, ressoando teorias da conspiração aventadas por Steve Bannon e os seus. Conseguiu, como resultado, acelerar duas movimentações essenciais para a regulação das Big Techs por aqui. Primeiro, o próprio Moraes decidiu liberar seu voto a respeito da constitucionalidade de um artigo do Marco Civil da Internet, em especial pela não responsabilização das plataformas pelos conteúdos publicados pelos seus usuários.

    Inserida no Marco Civil como uma versão brasileira da Section 230, norma americana da qual já falei aqui, o artigo 19 foi construído para garantir a liberdade de expressão, mas, ao mesmo tempo, isentou as plataformas de qualquer obrigação proativa de mediação de conteúdo. Essas corporações – Google, Facebook, WhatsApp, Instagram –, como sabemos, deitaram e rolaram, lucrando largamente com desinformação sem nenhuma consequência legal.

    A liberação do voto por Moraes – todos sabemos como ele vota – significa um alerta: se o Congresso não agir para regular as Big Techs, o Supremo vai agir, provavelmente estabelecendo algumas responsabilidades legais. A votação deve ocorrer até junho.

    O outro movimento foi no sentido contrário. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anunciou a criação de um grupo de trabalho para discutir uma lei que regule o setor, em substituição ao PL 2.630, que estava tramitando desde 2020, tendo passado por dezenas de audiências públicas.

    Lira enterrou o PL das Fake News, assim como o trabalho duro do seu relator, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), alegando que o texto em tramitação “está fadado a ir a lugar nenhum e não tivemos tranquilidade do apoio parlamentar para votar com a maioria”.

    Vale lembrar que o PL das Fake News estava pronto para ser votado há exatamente um ano, quando foi alvo de um ataque sem precedentes das Big Techs, em especial do Google, que usou seu site de busca para dizer aos brasileiros que a lei “podia piorar a internet”. Segundo levantamento do NetLab, centro de pesquisa da UFRJ, o Google também alterou seus algoritmos de busca para amplificar mentiras sobre a lei, em especial as propagadas pelos bolsões bolsonaristas que afirmavam que sua aprovação significaria “censura”.

    Orlando Silva, que diligentemente, nos últimos quatro anos, reuniu-se com representantes de todos os setores, seja a sociedade civil, sejam especialistas, evangélicos, jornalistas, representantes do grupo Globo, do Google, do Facebook, foi pego de surpresa. “Fui surpreendido com a informação”, escreveu no ex-Twitter. “Saibam que sigo na mesma trincheira e que cada ataque dos bolsonaristas eu recebo como uma condecoração pela minha luta por liberdade e democracia.”

    A “demissão” de Orlando surpreendeu e revoltou a sociedade civil e os especialistas em direitos digitais. A Coalizão Direitos na Rede, união de 40 organizações que trabalham com direitos, internet e democracia, expressou “preocupação” pela criação do grupo de trabalho e pediu a aprovação do PL 2.630. “Consideramos que o texto representa anos de debates e acordos possíveis entre diferentes setores.” A nota ressalta que a postura de Musk “não apenas compromete a integridade do sistema democrático brasileiro, mas também evidencia uma preocupante interferência estrangeira nos assuntos internos do país, minando sua soberania”.

    Rafael Zanatta, diretor da organização Data Privacy, também lamenta a exclusão de Orlando Silva. “O Orlando tem uma posição muito privilegiada na discussão de direitos digitais porque ele construiu a LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados], domina o tema de dados e regulação, ou seja, tem o domínio técnico e uma abordagem de diálogo, ouve democraticamente todos os setores”, explica. Em especial, ressalta, graças ao relator, o texto tinha atingido “maturidade”, conseguindo estar de acordo com recomendações internacionais sobre regulação de plataformas feitas, por exemplo, pela Unesco.

    Bia Barbosa, integrante do Direito à Comunicação e Democracia (DiraCom) e representante do terceiro setor no Comitê Gestor da Internet no Brasil, afirma que a decisão de Lira pegou todos de surpresa. “Não há muita clareza sobre o que esse grupo de trabalho vai fazer. Ele vai trabalhar a partir do PL 2.630? Vai considerar todas as discussões que aconteceram em audiências públicas, ouvindo mais de 150 pessoas na Câmara? Ou ele vai começar do zero?”

    Ela acredita que a jogada tem a ver com a corrida de Lira para eleger um aliado seu como presidente da Câmara. “Isso reflete o desejo do presidente Arthur Lira de ter controle total sobre essa agenda. Está muito claro que a criação desse grupo de trabalho é fruto de um acordo que o presidente Lira fez com os setores conservadores e do bolsonarismo na casa, visando à sua sucessão na presidência, cujo mandato termina agora em maio e junho.”

    Bia lembra que o tema, entretanto, é “muito maior que a Câmara dos Deputados”. Nos últimos meses, o governo Lula vinha se empenhando em construir, em reuniões com as plataformas, uma nova versão do texto, com bons avanços. Mas, apesar desse engajamento, Bia avalia que levar o projeto à “estaca zero” é uma vitória dessas corporações.

    “Sem dúvida nenhuma é uma vitória das plataformas, porque foram elas que se aliaram à extrema direita no Brasil para, desde o início, impedir a votação de qualquer texto regulatório”, diz. “O discurso público das plataformas é que elas não são contra a regulação, que elas são contra alguns problemas que elas vinham no texto, mas é muito claro o quanto elas operaram fortemente, politicamente e economicamente para barrar qualquer avanço. E conseguiram criar um ambiente de muita instabilidade para a votação do projeto.”

    Zanatta teme que, caso se proponha um novo texto, ele isente as plataformas de custos que terão que ocorrer para criar um ambiente mais saudável de discussão online. “A proposta que estava sendo feita pela Câmara implicaria gastos de profissionalização, equipes, metodologias de avaliação de riscos e treinamento”, diz. “É evidente que isso mexe com interesses corporativos. Para as grandes corporações, a modelagem de uma legislação afeita aos interesses delas é superestratégico. Por isso, o jogo do Legislativo se torna muito chave”.

    Além disso, a legislação brasileira é ainda mais estratégica no debate mundial de regulação das plataformas porque o Brasil assumiu este ano presidência do G20 e propôs como pauta prioritária a “integridade informacional” como um eixo a ser considerado por governos e empresas.

    É também no plano internacional que essa guerra tem sido jogada, segundo Bia Barbosa: os ataques demonstram que a extrema direita segue articulada globalmente.

    “O episódio deixou muito clara a necessidade de avançarmos na regulação das plataformas digitais”, diz. De agora em diante, toda a sociedade civil deve se mobilizar para adotar essa bandeira como uma prioridade. “É preciso que os pesquisadores e as organizações da sociedade civil de diferentes setores defendam como uma agenda democrática urgente para o Brasil.”

    Agência Pública

  • Israel diz que responderá ao ataque de mísseis e drones do Irã

    Israel diz que responderá ao ataque de mísseis e drones do Irã

    Israel responderá ao ataque de mísseis e drones do Irã em seu território no fim de semana, disse o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas nesta segunda-feira.

    “Esse lançamento de tantos mísseis, mísseis de cruzeiro e drones em território israelense será respondido”, disse o chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi, falando da base da Força Aérea de Nevatim, no sul de Israel, que sofreu alguns danos no ataque.

    O ataque do Irã foi uma resposta à morte de sete oficiais iranianos em um ataque ao complexo da embaixada iraniana em Damasco em 1º de abril.

    Estados Unidos estão “comprometidos” com a segurança de Israel, diz Biden

    Presidente dos EUA, Joe Biden
    Presidente dos EUA, Joe Biden 29/02/2024REUTERS/Kevin Lamarque

    O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, abordou publicamente pela primeira vez o ataque do Irã contra Israel no fim de semana,

    O presidente fez os comentários ao dar as boas-vindas ao primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, no Salão Oval, em meio à tensão contínua na região e às preocupações com as forças dos EUA.

    “Também estamos comprometidos com a segurança do nosso pessoal e parceiros na região, incluindo o Iraque”, disse Biden. “A parceria entre o Iraque e os Estados Unidos é crítica.”

    dizendo que continua focado na segurança de Israel e em buscar um cessar-fogo e um acordo de reféns, enquanto trabalha para impedir que o conflito se transforme em uma guerra regional mais ampla.

    “Os Estados Unidos estão comprometidos com a segurança de Israel. Estamos comprometidos com um cessar-fogo que trará os reféns para casa e evitará que o conflito se espalhe além do que já se espalhou”, disse Biden na Casa Branca.

    Reuters/ CNN

  • Bandeira de Lula, projeto global contra fome enfrenta questionamentos no G20

    Bandeira de Lula, projeto global contra fome enfrenta questionamentos no G20

    O lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, principal bandeira do presidente Lula (PT) para o G20, enfrenta uma série de questionamentos levantados por outros membros do bloco. Países do G20 resistem a criar e a financiar uma nova organização internacional e afirmam que ela pode concorrer com entidades já existentes.

    Em paralelo a ressalvas feitas pelos sócios estrangeiros, o Executivo passou a considerar a criação de uma estrutura mais enxuta e com número reduzido de funcionários. Mais do que isso: o Brasil diz estar disposto a arcar sozinho com os custos para manter a iniciativa funcionando nos seus primeiros anos.

    O Brasil assumiu em novembro de 2023 a presidência do G20, bloco que reúne as maiores economias do globo, e o governo Lula considera a Aliança Global contra a Fome a mais relevante contribuição do mandato brasileiro ao fórum.

    Logo nas primeiras reuniões com os sócios do G20 sobre o tema, no entanto, auxiliares de Lula viram que o desenho final da proposta precisará ser mais modesto do que o pensado inicialmente.

    No final de março, em um encontro realizado em Brasília, representantes de diferentes países disseram respaldar o objetivo do Brasil de mobilizar um esforço internacional de enfrentamento à pobreza. Mas disseram que é preciso simplificar a governança proposta para a nova organização.

    O Brasil advoga que a organização tenha um secretariado próprio e um comitê diretivo, financiados pelos governos que venham a aderir à iniciativa —um dos pontos mais questionados por outros membros do G20, de acordo com relatos colhidos pela Folha de S.Paulo.

    Segundo um diplomata estrangeiro, que falou sob condição de anonimato, existe hoje pouco apoio no mundo para o lançamento de uma nova organização internacional.

    Os representantes de outros países afirmaram ainda que a declaração ministerial sobre a iniciativa que Lula quer lançar precisa ser bem mais concisa e focada na ideia em si, sem referências a questões que vinham sendo tratadas nas presidências anteriores do G20 —a primeira versão da declaração tem dez páginas e 35 parágrafos.

    Os representantes dos países também argumentaram que não está claro no que essa nova aliança será diferente do trabalho já realizado por organismos como a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e o PMA (Programa Mundial de Alimentos).

    A preocupação é que, se a iniciativa de Lula se sobrepuser ao trabalho da FAO e do PMA, acabe drenando energia dessas agências.

    A ideia de Lula é anunciar o desenho consolidado da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza em julho, durante uma reunião de ministros da área do G20 no Rio de Janeiro.

    O objetivo da Aliança, segundo o governo, é “angariar recursos e conhecimentos para a implementação de políticas públicas e tecnologias sociais comprovadamente eficazes para a redução da fome e da pobreza no mundo”.

    O governo quer criar uma espécie de balcão com boas práticas de combate à pobreza que países em desenvolvimento poderão consultar e pedir apoio técnico caso queiram implementar políticas semelhantes em seus territórios.

    Auxiliares de Lula também defendem que a Aliança seja usada para articular as diferentes fontes de financiamento de ações contra a pobreza que hoje existem espalhadas pelo mundo.

    Do ponto de vista político, a ideia foi pensada para aproveitar a imagem internacional de Lula como líder comprometido com a redução das desigualdades. O Bolsa Família, marca dos governos petistas, servirá de vitrine das políticas sociais que o país espera difundir globalmente.

    Negociadores brasileiros trabalham para que os países organizem anualmente uma cúpula de chefes de Estado da Aliança, outro pleito que tem enfrentado objeções diante de um calendário em que os governantes já estão comprometidos com diversas agendas internacionais todos os anos.

    Sobre isso, assessores de Lula dizem que essa cúpula poderia ocorrer à margem da Assembleia-Geral da ONU, que acontece todo mês setembro em Nova York (EUA), ou mesmo como parte do calendário permanente da reunião de líderes do G20.

    Diante das ressalvas apresentadas, o governo Lula trabalha com uma estratégia alternativa para garantir que a estrutura saia do papel —mesmo que menos ambiciosa. Negociadores afirmam que o Brasil está disposto a bancar sozinho o secretariado da nova organização até pelo menos 2030.

    Nesse horizonte, a previsão é que o governo precise desembolsar entre R$ 15 milhões e R$ 30 milhões.

    Após mapear as resistências, o governo Lula avaliou que o importante é o G20 endossar a proposta da Aliança mesmo que nem todos os membros venham a aderir formalmente. A presidência brasileira aposta que, no fim, países refratários se sentirão constrangidos por não apoiar uma proposta que tem como propósito lutar contra a fome no mundo.

    Auxiliares brasileiros discordam da visão de que a Aliança pode ter funções concorrentes com as agências da ONU. Segundo eles, o Brasil propõe que a nova estrutura tenha como missão ajudar a identificar as necessidades dos países e cruzá-las com as experiências mais adequadas que existem à disposição.

    Eles ainda citam que, no passado, as organizações ligadas à ONU já foram criticadas por suas ações acabarem danificando a economia local.

    No Haiti, por exemplo, após o terremoto de 2010, o PMA buscou atender a população local com a distribuição de arroz. No entanto, houve pouca compra de produção local e os países doaram seus excedentes. Um dos resultados foi que a distribuição afetou a já frágil economia haitiana, que dependia da produção do grão.

    Folha de São Paulo

  • Japão se torna um dos maiores aliados da Ucrânia

    Japão se torna um dos maiores aliados da Ucrânia

    Em meio à falta de acordo entre republicanos e democratas nos Estados Unidos sobre um novo pacote de ajuda bilionário à Ucrânia, situação que já vem se arrastando há meses, um novo aliado internacional despontou, modesta e discretamente, no horizonte dos ucranianos: o Japão.

    Assim como outros países do Ocidente, a nação asiática de tradição pacifista aumentou sua parcela de assistência a Kiev, tornando-se um de seus mais importantes financiadores – e até mesmo o principal, nos primeiros meses de 2024 –, segundo o Ministério das Finanças da Ucrânia.

    De acordo com o Instituto Kiel de Economia Mundial, em janeiro deste ano o Japão estava em sexto lugar no ranking de assistência internacional à Ucrânia, somando 7,5 bilhões de euros (R$ 40,8 bilhões). Somando a ajuda disponibilizada e prometida, porém, esse valor passaria dos 12 bilhões de dólares (R$ 65,3 bilhões), segundo anunciado pelo primeiro-ministro ucraniano Denys Shmygal em uma conferência no Japão em fevereiro.

    O dinheiro japonês ajuda a manter a economia ucraniana de pé – segundo estimativas do Banco Central da Ucrânia, o país perdeu um terço de seu Produto Interno Bruto (PIB) desde a invasão russa em fevereiro de 2022.

    Por razões históricas e jurídicas, Tóquio não pode fornecer armas letais a Kiev. Em vez disso, envia alimentos, medicamentos, geradores, carros, coletes à prova de balas e equipamentos para remoção de minas.

    Entrega indireta de mísseis via EUA?

    Para Kiev, porém, o mais importante é obter armas. E o Japão, apesar do seu pacifismo estabelecido pela Constituição, poderia ajudar. A imprensa japonesa noticiou uma possível entrega de mísseis produzidos sob licença no Japão para os sistemas de defesa aérea Patriot dos Estados Unidos, para que Washington possa repassá-los à Ucrânia.

    Representantes do Ministério do Exterior da Rússia reagiram afirmando que a presença de mísseis japoneses na Ucrânia teria “consequências” para as relações entre Moscou e Tóquio.

    Professora da Universidade Tsukuba, Atsuko Higashino apoia a entrega de mísseis à Ucrânia afirmando não se tratar de “armas para matar, mas para proteger o povo ucraniano”. Mas ela diz não acreditar que isso aconteça “em breve”, já que o Japão, segundo ela, tem um “sério déficit” em sistemas de defesa.

    James Brown, professor da Universidade Temple em Tóquio, aposta que as entregas de mísseis Patriot aos EUA já estão “praticamente acordadas”, e que os atrasos se devem a regulamentações do lado japonês. Para o governo nipônico, afirma Brown, é muito importante garantir que seus mísseis não acabem na Ucrânia.

    Sistema de defesa aérea do tipo Patriot no Japão
    Sistema de defesa aérea do tipo Patriot no Japão © Kyodo/IMAGO

    Uma “mudança radical” nas relações com a Rússia

    Mas por que justamente o Japão se tornou um dos principais parceiros da Ucrânia? “Ao ajudar a Ucrânia a resistir à agressão russa, o Japão está pensando em como proteger o sistema internacional contra uma mudança violenta no status quo“, explica Brown. Segundo ele, isso inclui “deter tentativas semelhantes da China contra Taiwan”.

    O tema foi assunto de conversas entre o primeiro-ministro Fumio Kishida e o presidente dos EUA, Joe Biden, em uma cúpula trilateral do Indo-Pacífico em Washington.

    Para Higashino, a postura do Japão em relação à Ucrânia e à Rússia “mudou radicalmente”. Enquanto em 2014 o país “aceitou a anexação ilegal da Crimeia” e “a propaganda russa”, a invasão em larga escala da Ucrânia mudou tudo – em parte, segundo ela, devido à “clara violação da Carta das Nações Unidas” e à “brutalidade” das tropas russas em Bucha no início de 2022.

    Gás russo ainda é importante para o Japão

    Um fator importante nessa mudança de postura do Japão em relação à Ucrânia foi a troca de liderança no governo. “Sob a liderança anterior, do primeiro-ministro Shinzo Abe, o Japão estava muito empenhado em se aproximar da Rússia. Ele queria construir parcerias, resolver a disputa territorial [sobre as Ilhas Curilas] e assinar um tratado de paz”, diz Brown. “Mas depois de 2022, o governo japonês percebeu que esses esforços não dariam certo. A prioridade deixou de ser construir uma parceria com a Rússia e passou a ser garantir o fracasso da agressão russa contra a Ucrânia.”

    Diferentemente de Abe, o primeiro-ministro Kishida adotou “sanções muito abrangentes contra a Rússia”, diz Higashino. “Isso era impensável antes.”

    O Japão, porém, não cortou completamente os laços com a Rússia. É o caso de algumas áreas da economia, especialmente no setor energético. Fabricantes japonesas de carros se retiraram do lucrativo mercado russo, mas o Japão continua envolvido no projeto de petróleo e gás Sakhalin-2, do qual outras empresas ocidentais deixaram de participar. O projeto fornece gás natural liquefeito (GNL) para o Japão – o país, que praticamente não tem combustíveis fósseis próprios, obtém cerca de 9% de seu gás da Rússia. A Japan Tobacco também continua operando na Rússia.

    Kiev faz aceno a Tóquio

    Em outubro de 2022, o Parlamento ucraniano aprovou um decreto apoiando Tóquio no conflito russo-japonês sobre as Ilhas Curilas. O decreto reconhece que os “Territórios do Norte”, como as ilhas são chamadas no Japão, “continuam ocupados pela Federação Russa”. Uma medida semelhante foi assinada pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.

    DW Brasil

  • Ex-vice-presidente do Equador vai ao STF contra depoimentos de delatores da Odebrecht

    Ex-vice-presidente do Equador vai ao STF contra depoimentos de delatores da Odebrecht

    O ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas, que foi preso à força dentro da embaixada do México em Quito, no último dia 5, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que proíba depoimentos de delatores da Odebrecht (atual Novonor) a autoridades estrangeiras.

    O pedido foi enviado ao ministro Dias Toffoli, que no ano passado declarou nulas as provas da empreiteira contra Glas.

    Segundo os advogados do ex-vice, a continuidade de uma cooperação internacional sobre o caso “equivale a cooperar com a continuidade de um processo penal baseado em prova ilícita, porque indiscutivelmente inidônea, conforme já fora devidamente reconhecido e transitado em julgado por esse Supremo Tribunal Federal”.

    Toffoli ainda não decidiu sobre o pedido. Os advogados pedem que todos os executivos e ex-executivos da Odebrecht “abstenham-se de prestar depoimentos para autoridades estrangeiras, sem o devido controle jurisdicional brasileiro, com fins de se evitar uma pandemia jurídica de nulidades através da proliferação de elementos de provas ilícitas”.

    Também pedem que seja expedido ofício ao DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), órgão do Ministério da Justiça, para informar ao Equador sobre nulidade das provas apresentadas pelos delatores da Odebrecht.

    Quando foi preso, Glas, outrora um dos políticos mais importantes do país, refugiava-se junto à missão oficial mexicana desde dezembro para evitar o cumprimento de um mandado de prisão. Ele foi levado para a prisão de segurança máxima La Roca, em Guayaquil.

    O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, anunciou em seguida a ruptura com o Equador e afirmou que a invasão era uma “flagrante violação do direito internacional e da soberania do México”. “Instruí nossa chanceler a […] declarar a suspensão imediata das relações diplomáticas com o governo do Equador”, afirmou na rede social X.

    O Brasil também se manifestou condenando a ação “nos mais firmes termos”. “A medida levada a cabo pelo governo equatoriano constitui grave precedente, cabendo ser objeto de enérgico repúdio, qualquer que seja a justificativa para sua realização”, afirmou o Itamaraty, em nota. “O governo brasileiro manifesta, finalmente, sua solidariedade ao governo mexicano.”

    A Convenção de Viena, assinada pelo Equador em 1961, determina que os países signatários devem tomar todas as medidas para proteger a missão diplomática de outras nações em seu território e que seus prédios e propriedades são imunes a buscas e apreensões.

    Glas tentava fugir das autoridades equatorianas, refugiando-se na embaixada do México no Equador desde o dia 17 de dezembro -pesam contra o político uma acusação de peculato e duas condenações por corrupção, crimes pelos quais ele já cumpriu cinco anos de prisão antes de obter liberdade condicional a partir de um habeas corpus, em 2022. Sua defesa costuma argumentar que os processos são casos de perseguição judicial dos últimos governos e do atual, chefiado por Daniel Noboa.

    É a mesma alegação de Rafael Correa, cujo segundo mandato na Presidência do Equador, de 2013 a 2017, foi acompanhado por Glas na vice-Presidência. Antes de ocupar o cargo, o político detido nesta sexta havia sido ministro das Telecomunicações, entre 2009 e 2010, e de Setores Estratégicos, entre 2010 e 2012.

    Folha de São Paulo

  • Em viagem a Pequim, Gleisi elogia ‘democracia efetiva’ da China

    Em viagem a Pequim, Gleisi elogia ‘democracia efetiva’ da China

    A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), elogiou na quinta-feira (11) o modelo de desenvolvimento da China, que classificou como “democracia efetiva”, segundo o jornal “O Globo”.

    A parlamentar liderou uma comitiva de integrantes do PT em uma viagem de intercâmbio a Pequim, onde participou de três dias de seminários promovidos pelo Partido Comunista Chinês.

    Segundo o jornal, a deputada afirmou que o Ocidente tem que parar de dar lição de democracia e elogiou o sistema chinês.

    “O que eu vejo aqui, inclusive na organização do partido e da sociedade, é uma democracia e uma participação nos extratos mais baixos da sociedade aos mais altos no desenvolvimento do país. Quisera tivéssemos isso nos países em que o capitalismo é o coordenador da economia”, disse Gleisi em entrevista na embaixada do Brasil em Pequim.

    O sistema de partido único e as restrições às liberdades no país são alvos frequentes de críticas da comunidade internacional ao país.

    De acordo com a reportagem, questionada sobre a desaprovação dos brasileiros sobre essa proximidade do PT de governos autoritários, como o da China, Gleisi disse que “há muita desinformação e preconceito do Ocidente”.

    “Narciso acha feio o que não é espelho’, como diz a música [“Sampa”, de Caetano Veloso]. Como não conhecem, não consideram todo o processo cultural como está sendo construído. Muitas vezes os países adotam sistemas que podem parecer ruins aos olhos de outros para se defender, para poder cuidar de seu povo, já que não encontram solidariedade”, afirmou a presidente do PT.

    G1

  • O conflito esquecido que pode provocar a maior crise alimentar do mundo

    O conflito esquecido que pode provocar a maior crise alimentar do mundo

    Um ano se passou desde que eclodiu o conflito entre o Exército do Sudão e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), mergulhando o país em uma guerra civil.

    A violência começou na capital Cartum e espalhou-se por todo o território, causando a morte de milhares de pessoas, além da destruição generalizada de edifícios e infraestruturas.

    Um alto funcionário da ONU (Organização das Nações Unidas) disse à BBC Arabic, serviço de notícias em árabe da BBC, que o Sudão está em vias de se tornar a pior crise de fome no mundo.

    “Temos uma catástrofe nas mãos, e o meu receio é de que fique ainda pior”, diz Michael Dunford, coordenador de emergência para o Sudão do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU.

    Especialistas em ajuda humanitária também alertam que 220 mil pessoas podem morrer nos próximos meses.

    Michael Dunford conversando com uma família que fugiu pela fronteira para o Sudão do Sul
    WFP/GEMMA SNOWDON-Michael Dunford também é diretor regional do PMA para a África Oriental – e atende famílias sudanesas desalojadas pela crise dentro e fora do país

    Os combates começaram em 15 de abril de 2023, quando as tensões entre o Exército do país e as RSF, seu antigo aliado, explodiram abertamente.

    O estopim foi um plano político apoiado internacionalmente para avançar em direção a um regime civil.

    Os especialistas temem que o número oficial da ONU de quase 14 mil mortos seja demasiado baixo, e que o número real seja provavelmente muito mais alto.

    Mais de 8 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas, muitos delas estão desalojadas dentro do país, enquanto outras fugiram pela fronteira para os países vizinhos do Sudão.

    Uma cidade histórica em ruínas

    A capital Cartum, junto às cidades vizinhas de Omdurman e Bahri, compõem a Grande Cartum. Este era o lar de mais de 7 milhões de pessoas antes da guerra.

    As RSF controlam grandes partes da região, mas o Exército tem partido para o ataque — e recentemente assumiu o controle da sede da televisão estatal em Omdurman.

    Mapa mostrando ambos os lados controlam diferentes partes de Cartum

    Fotos e vídeos analisados pela BBC Verify, o serviço de verificação da BBC, e pela BBC Arabic mostram danos a lojas, hospitais, universidades e bancos.

    Entre os edifícios destruídos, está o Greater Nile Petroleum Oil Company Tower, um dos arranha-céus mais icônicos da capital, que foi consumido pelas chamas em setembro do ano passado.

    Esta foto tirada em 17 de setembro de 2023 mostra as chamas na torre da Greater Nile Petroleum Oil Company, em Cartum
    GETTY IMAGES -O Greater Nile Petroleum Oil Company Tower era um marco importante da capital

    Pelo menos três hospitais e uma universidade sofreram danos de diferentes graus devido aos confrontos.

    O médico Alaa El-Din El-Nour, de Cartum, contou à BBC Arabic que os hospitais estavam enfrentando uma grave escassez de suprimentos médicos.

    “Não nos sentimos seguros como médicos. Suprimentos e equipamentos médicos também foram saqueados”, diz ele.

    O PMA afirma que a destruição de infraestruturas está agravando a situação humanitária.

    “Está intensificando os níveis de insegurança alimentar”, diz Dunford.

    A BBC Verify e a BBC Arabic reuniram mais exemplos de destruição em Cartum que estão contribuindo para a crise humanitária.

    Ponte Shambat antes e depois

    A ponte Shambat, que liga as cidades de Omdurman e Bahri, desabou em novembro do ano passado. Era um local estratégico para as RSF, que utilizava a estrutura no deslocamento de combatentes e equipamentos pelo Rio Nilo.

    Em janeiro, a refinaria de petróleo al-Jaili, localizada ao norte de Cartum, pegou fogo após relatos de combates. A instalação esteve no centro de uma disputa de poder entre os dois lados em conflito.

    Leon Moreland, pesquisador do Observatório de Conflitos e Meio Ambiente, com sede no Reino Unido, diz que 32 tanques de armazenamento grandes foram danificados em três incidentes distintos entre novembro de 2023 e janeiro deste ano.

    “Os vazamentos de petróleo podem atingir o lençol freático e as áreas agrícolas na encosta abaixo em direção ao Nilo sem nenhum tipo de intervenção”, afirma à BBC Arabic.

    “Esta nova poluição vai exacerbar a contaminação pré-existente do solo no local, que as imagens de satélite sugerem que já era extensa.”

    Refinaria de petróleo antes e depois

    As imagens de satélite também revelam que os reservatórios de três estações de bombeamento de água em Cartum estão vazios. Não está claro como isso aconteceu.

    Hassan Mohammed, um morador de 31 anos de Cartum, disse à BBC Arabic que tem sofrido com a falta de água e eletricidade nos últimos quatro meses.

    “Caminhamos longas distâncias para obter água potável ou dependemos da água dos rios, que não é adequada para beber, o que provoca a propagação de doenças”, relata.

    Reservatório de Bahri antes e depois

    Os voos no Aeroporto Internacional de Cartum foram suspensos no início da guerra, depois de ter se tornado um grande campo de batalha, impactando a entrega de ajuda humanitária dentro do país.

    A BBC Verify analisou e classificou como autênticos vários vídeos do aeroporto divulgados nas primeiras 48 horas do conflito.

    Aeroporto Internacional de Cartum antes e depois

    O primeiro vídeo ao qual a BBC Verify assistiu em 15 de abril foi do extremo norte da pista de pouso e decolagem — as RSF podiam ser vistas correndo pela pista e efetuando disparos perto dos principais edifícios do aeroporto.

    Sem fim à vista

    Os combates também estão acontecendo em outras partes do Sudão, particularmente em Darfur, no oeste, que sofre há anos com a violência entre suas comunidades africanas e árabes.

    Uma pesquisa recente realizada pelo Centro de Resiliência da Informação – um grupo de pesquisa financiado pelo governo do Reino Unido – descobriu que mais de 100 vilarejos no oeste do Sudão foram incendiados.

    Foto tirada em 20 de março de 2024 mostra crianças que fugiram de Cartum e Jazira brincando perto de tendas num acampamento para desalojados no sul do estado de Gadaref, no Sudão
    GETTY IMAGES – A menos que haja um cessar-fogo, as crianças do país vão sofrer para sobreviver

    O analista econômico sudanês Wael Fahmy afirma que o efeito da guerra na economia e no sistema alimentar tem sido catastrófico.

    “A economia contraiu em 50%, e cerca de 60% da atividade agrícola parou”, diz ele.

    A perspectiva do Programa Mundial de Alimentos da ONU é igualmente sombria.

    “O que está acontecendo hoje no Sudão é uma tragédia absoluta. Consideramos que passou do limite”, afirma Michael Dunford.

    Várias tentativas internacionais de mediar um cessar-fogo fracassaram, embora haja um nova expectativa para negociações na cidade saudita de Jeddah.

    BBC

  • Ataque matou seis pessoas em Sydney

    Ataque matou seis pessoas em Sydney

    Seis pessoas morreram após vários esfaqueamentos em um shopping em Sydney, na Austrália, segundo a polícia.

    O suposto agressor foi morto por uma policial.

    Outras vítimas foram levadas ao hospital em estado grave e uma criança pequena foi identificada entre os feridos neste sábado (13/4).

    Após o ataque, a polícia afirmou que não há “ameaça contínua” ao público e que o agressor “agiu sozinho”.

    Embora, segundo autoridades australianas, o ataque ainda esteja em investigação, a polícia disse que provavelmente não foi um ataque terrorista.

    Vítimas mortas: cinco mulheres e um homem

    Das seis vítimas mortas, estavam cinco mulheres e um homem. Entre as mulheres, uma morreu no hospital devido aos ferimentos e as outras morreram no local.

    Segundo a polícia, oito pessoas estão sendo tratadas em hospitais devido aos ferimentos, incluindo um bebê de nove meses, que foi levado para cirurgia.

    Webb foi especificamente questionada por jornalistas sobre se a polícia acredita ou não que os ataques de hoje foram direcionados, visto que cinco das seis vítimas mortas eram mulheres.

    A comissária Karen Webb respondeu que a polícia neste momento “não sabe” e acrescentou que é “muito cedo para especular”.

    A polícia investiga os antecedentes do agressor, acrescentou ela.

    “Dado o ambiente, é possível que seja aleatório, mas é muito cedo para especular”.

    Força tática da polícia atua na área de Bondi Junction após pessoas serem esfaqueadas em shopping de Sydney
    REUTERS – Força tática da polícia atua na área de Bondi Junction após pessoas serem esfaqueadas em shopping de Sydney

    O que aconteceu com o agressor?

    O homem suspeito de ser o agressor foi morto por uma policial que estava próxima ao local.

    “Ela confrontou o infrator”, disse o comissário assistente da polícia Anthony Cooke a jornalistas em entrevista próxima ao shopping onde ocorreu o ataque.

    “Enquanto ela andava rapidamente atrás dele para alcançá-lo, ele se virou, encarou-a e ergueu uma faca. Ela disparou uma arma de fogo e essa pessoa morreu”, descreveu.

    Em um vídeo, um homem aparece confrontando o suposto agressor em uma escada rolante.

    Segundo a imagem, gravada do alto, o suposto agressor (com camiseta de cor escura) sobe a escada rolante, enquanto outro homem é visto no topo da escada, carregando um objeto que parece ser uma barra, em posição para enfrentá-lo.

    Reprodução de vídeo
    Em um vídeo, um homem aparece confrontando o suposto agressor em uma escada rolante

    A polícia australiana informou que o agressor era um homem de 40 anos “conhecido pelas autoridades policiais”.

    “Sabemos um pouco sobre essa pessoa, mas estamos aguardando para confirmar sua identificação”, disse Karen Webb.

    O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse que “os corações estão com os feridos” e agradeceu às equipes de socorro.

    BBC

  • Bilionário do petróleo fatura bilhões com o golfe

    Bilionário do petróleo fatura bilhões com o golfe

    “O golfe foi o único benefício da Covid”, afirma o bilionário Robert Rowling, refletindo sobre a sorte de seu investimento de US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) no esporte durante a pandemia. “É uma daquelas raras ocasiões em que a realidade supera as expectativas”, comenta ele sobre o Resort Omni PGA Frisco, localizado no Texas.

    Com capacidade para 700 festas, o hotel frequentemente tem uma lista de espera para alugar um dos seis lugares disponíveis na área de golfe coberta, que oferece um serviço completo de alimentos e bebidas. “Enquanto em muitos lugares o golfe é considerado uma simples atividade, aqui é diferente. Aqui, o golfe gera lucro”, diz Rowling. No ano passado, a Omni registrou uma receita estimada em US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões), resultando em um fluxo de caixa (Ebitda) de cerca de US$ 700 milhões (R$ 3,5 bilhões).

    O Omni PGA Frisco Resort representa o mais recente investimento da TRT Holdings, empresa de Rowling fundada há 35 anos, que possui uma cadeia de hotéis e investimentos em outras empresas. A Forbes estima a fortuna de Rowling em US$ 8,9 bilhões (R$ 45,7 bilhões).

    Durante o auge dos lockdowns da pandemia, houve um aumento significativo na prática do golfe. “Devido à Covid, as pessoas buscavam ambientes privados onde se sentissem seguras”, observa James J. Keegan, consultor da indústria do golfe. “Mesmo com o fim da pandemia, isso se tornou um estilo de vida, resultando em grandes aumentos na indústria.”

    Do petróleo ao campo de golfe

    Rowling cresceu no ramo do petróleo. Seu pai, Reese, que faleceu em 2001, começou como geólogo para a empresa Standard Oil do Texas, mas depois optou por empreender por conta própria. Ele prospectava petróleo enquanto vendia partes de negócios para levantar fundos para perfuração.

    Em meio à queda dos preços da commodity no início dos anos 1980, os Rowlings e sua empresa Tana Oil & Gas lutaram para encontrar parceiros que apoiassem um prospecto promissor. Com o prazo do arrendamento prestes a expirar, eles decidiram arriscar perfurando um poço. Foi um risco total, mas eles encontraram um campo de petróleo produtivo o suficiente para sustentar mais 17 poços. Apenas alguns anos depois, em 1989, a Texaco comprou quase todos os ativos da Tana por US$ 480 milhões (R$ 2,4 bilhões) em ações preferenciais. “Fomos pagos e continuamos sendo pagos”, diz Rowling, que foi encarregado de diversificar a fortuna.

    Com o dinheiro no bolso, Rowling decidiu adquirir dois hotéis em Corpus Christi, no Texas. Ele diz que os comprou simultaneamente para reduzir a concorrência e foi atraído para o setor porque, assim como os poços de petróleo, os hotéis bem-sucedidos geram um fluxo constante de dinheiro. Ao contrário dos poços, que se esgotam com o tempo, o dinheiro da hospitalidade pode continuar a crescer. “Eu queria algo com valor duradouro.”

    Em 1996, ignorando os avisos de seu pai de que poderia perder tudo, Rowling comprou os Hotéis Omni por US$ 500 milhões. Os ativos de destaque incluíam oito hotéis premium, incluindo o Berkshire em Nova York. Em 2010, ele adquiriu um resort de golfe em Amelia Island, na Flórida, em falência, por US$ 67 milhões (R$ 344 bilhões). Em 2013, comprou seis propriedades da KSL Resorts, sediada em Irvine, na Califórnia, por US$ 1,1 bilhão (R$ 5 bilhões). Dois anos depois, comprou o resort Mt. Washington em New Hampshire. Foi uma grande aposta no golfe, em um momento em que o interesse pelo jogo estava diminuindo, com mais campos fechando do que abrindo.

    Rowling afirma que nenhuma outra grande cadeia de hotéis desenvolve, opera e possui um portfólio tão amplo de ativos, enquanto financia projetos de crescimento com dinheiro das operações. A maioria das grandes marcas de hotéis, como Marriott e Hyatt, apenas gerencia e licencia, sem realmente possuir a propriedade. “Não estamos apenas tentando ganhar dinheiro com taxas ou como um operador de pedágio”, diz o presidente da Omni, Kurt Alexander. “E não temos contingências de financiamento.”

    Ao longo de 15 anos, a TRT Holdings estabeleceu uma dúzia de parcerias público-privadas para construir hotéis de centro de convenções, parcialmente financiados por generosos descontos fiscais. Em Fort Worth, a Omni obteve cerca de US$ 50 milhões (R$ 257 milhões) em incentivos fiscais para construir um hotel de US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão) em 2009.

    A Omni não para por aí com seus grandes projetos. O próximo é o favorito de Rowling, um projeto de golfe que está em construção perto de Puerto Vallarta, México, na Baía de Banderas – onde ele pretende competir com o resort Four Seasons nas proximidades. “Agora entendemos de golfe e temos uma visão do que estamos entrando.”

    Forbes

  • Biden diz que espera um ataque do Irã a Israel em breve e alerta: “Não façam”

    Biden diz que espera um ataque do Irã a Israel em breve e alerta: “Não façam”

    O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta sexta-feira que ele espera um ataque do Irã contra Israel “mais cedo do que mais tarde” e alertou o governo iraniano a não proceder com qualquer ação do tipo.

    Questionado por repórteres sobre sua mensagem para o Irã, Biden simplesmente afirmou: “Não façam”.

    Ele também salientou o compromisso dos EUA de defender Israel: “Somos devotos da defesa de Israel. Vamos ajudar Israel. Ajudaremos a defender Israel e o Irã não vai ser bem-sucedido”.

    Biden afirmou que não divulgará informações sigilosas, mas disse esperar que um ataque ocorra “mais cedo do que mais tarde”. Ele conversou com repórteres na Casa Branca, após realizar um discurso virtual em uma conferência de direitos civis.

    Israel se preparava nesta sexta-feira para um ataque do Irã ou de seus aliados, em um momento de alerta para uma possível retaliação a um bombardeio contra o complexo da embaixada iraniana em Damasco, na semana passada, que resultou na morte de um comandante da Força Quds, da Guarda Revolucionária Iraniana. Outros seis militares também morreram.

    Países como Índia, França, Polônia e Rússia alertaram seus cidadãos a não viajarem para a região, que já enfrenta tensão com a guerra na Faixa de Gaza, agora em seu sétimo mês. Nesta sexta-feira, a Alemanha pediu que seus cidadãos deixem o Irã.

    Israel não reivindicou a autoria do ataque aéreo em Damasco no dia 1º de abril. Mas o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que Israel “precisa ser punido e será”, por uma operação que disse ser equivalente a um ataque em solo iraniano.

    Folha de São Paulo