Categoria: Política

  • Câmara aprova suspensão da dívida do Rio Grande do Sul por três anos

    Câmara aprova suspensão da dívida do Rio Grande do Sul por três anos

    A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (15) o projeto que suspende os pagamentos de 36 parcelas mensais da dívida do Rio Grande do Sul com a União para o dinheiro ser aplicado em ações de enfrentamento da situação de calamidade pública provocada pelas chuvas nas últimas semanas. A matéria será enviada ao Senado.

    De autoria do Poder Executivo, o Projeto de Lei Complementar 85/24 foi relatado pelo deputado Afonso Motta (PDT-RS), que fez pequenos ajustes na redação original.

    Embora o texto tenha surgido para esta situação específica das enchentes, a mudança beneficiará qualquer ente federativo em estado de calamidade pública futuro decorrente de eventos climáticos extremos após reconhecimento pelo Congresso Nacional por meio de proposta do Executivo federal.

    Afonso Motta defendeu a suspensão da dívida do governo gaúcho. “A tragédia incalculável que se abateu sobre o Rio Grande do Sul prova sem sombra de dúvida que é necessário haver um dispositivo legal autorizando o governo federal a refinanciar as dívidas dos Estados eventualmente atingidos por calamidades públicas”, disse, ao ressaltar que a proposta não é restrita ao caso gaúcho, mas a estado e município com calamidade pública decretada.

    O deputado Jilmar Tatto (PT-SP) lembrou que a proposta não privilegia apenas um estado, porque a autorização é para todos estados e municípios em casos de calamidade pública. “É uma medida responsável e não existe privilégio a um estado apenas.”

    O estoque da dívida gaúcha com a União está em cerca de R$ 100 bilhões atualmente e, com a suspensão das parcelas, o estado poderá direcionar cerca de R$ 11 bilhões, nesses três anos, para as ações de reconstrução em vez de pagar a dívida nesse período.

    No entanto, há que se observar a possibilidade de queda da arrecadação do estado devido à situação persistente de paralisia da atividade industrial e comercial em várias áreas do estado. É essa receita de arrecadação que normalmente o Rio Grande do Sul usa para pagar as parcelas da dívida com a União.

    Em 2023, o superávit orçamentário do estado foi de R$ 3,6 bilhões, semelhante ao de 2022 (R$ 3,3 bilhões).

    Segundo dados do portal Tesouro Nacional Transparente, entre 2021 e 2023, a União repassou ao Rio Grande do Sul, por força de dispositivos constitucionais ou legais cerca de R$ 8,8 bilhões, ligados, por exemplo, a royalties (recursos minerais e hídricos), parcela Cide-Combustíveis, repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE), restituições da Lei Kandir e outros não vinculados a uma finalidade específica, como Fundeb.

    Essas receitas e a adesão do estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) em 2022 ajudaram a equilibrar suas contas.

    Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
    Discussão e votação de propostas. Dep. Afonso Motta (PDT - RS)
    Afonso Motta: proposta não é restrita ao caso gaúcho

    Regras
    O PLP 85/24 prevê, para esse caso e para outros vindouros, a suspensão do pagamento das parcelas (principal mais juros) por até 36 meses em calamidades provocadas por eventos climáticos extremos.

    Durante o período a ser fixado em decreto, a dívida não sofrerá incidência de juros do refinanciamento fixado em 4% ao ano pela Lei Complementar 148/17, valendo inclusive se o estado estiver no RRF, que tem condições especiais.

    Por outro lado, o montante que deixou de ser pago continuará a ser atualizado monetariamente pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

    Essa lei complementar prevê a correção total das dívidas com a União pelo menor de dois índices: IPCA mais 4% ao ano (juros) ou variação da taxa Selic, comparados mensalmente.

    Como o projeto suspende o pagamento das parcelas e isenta esses valores da incidência de juros de 4%, a correção pelo IPCA não estará mais limitada à Selic durante esse período.

    Todos os valores cujos pagamentos foram suspensos serão contabilizados à parte e incorporados ao saldo devedor depois do fim da suspensão, sem extensão do prazo total de refinanciamento.

    Haverá atualização pelos encargos financeiros contratuais normais, trocando-se os juros do período pela taxa zero.

    Termo aditivo
    Todas as condições especiais em função de calamidade por eventos climáticos extremos deverão ser pactuadas em termo aditivo a ser assinado em até 180 dias após o encerramento da vigência do estado de calamidade pública.

    Caso o termo aditivo não seja celebrado nesse prazo, as dívidas com pagamento suspenso serão recalculadas com os encargos contratuais normais, as taxas de juros originais dos contratos ou as condições financeiras aplicadas em função de regime de recuperação fiscal.

    Plano de enfrentamento
    Os valores das parcelas com pagamento suspenso, corrigidos com base nas taxas de juros originais dos contratos ou segundo as condições do RRF, deverão ser direcionados a um fundo público específico a ser criado pelo ente federativo beneficiado. Assim, os juros não contam para a retomada do pagamento suspenso, mas devem entrar no montante a ser aplicado nas ações de reconstrução.

    Esse dinheiro do fundo deverá ser direcionado integralmente a um plano de investimentos em ações de enfrentamento e mitigação dos danos decorrentes da calamidade pública e de suas consequências sociais e econômicas.

    O ente federativo beneficiado terá 60 dias, contados do reconhecimento do estado de calamidade pública, para encaminhar ao Ministério da Fazenda o plano de investimentos com os projetos e as ações a serem executados com os recursos de dívidas suspensas, inclusive as operações de crédito que pretende contratar.

    Caso o ente federativo não use os valores suspensos do serviço da dívida nas ações propostas, a diferença entre o que deveria ser utilizado e o que foi efetivamente gasto deverá ser aplicada em ações a serem definidas em ato do Executivo federal.

    Outra exceção prevista no texto permite ao governador ou prefeito beneficiado com a suspensão enviar relatório específico ao Ministério da Fazenda pedindo autorização excepcional para criar ou aumentar despesas correntes ou renúncias de receitas que não estejam relacionadas ao enfrentamento da calamidade pública.

    Sem IPCA
    No âmbito do regime de recuperação fiscal, do qual o Rio Grande do Sul faz parte, todas as despesas primárias (exclui despesas com juros) devem ser limitadas ano a ano à variação do IPCA.

    Para o caso específico das despesas bancadas com as parcelas suspensas da dívida junto à União e das despesas bancadas com empréstimos, o texto dispensa esse limite porque os recursos serão utilizados em ações de enfrentamento dos danos.

    De igual forma, os participantes do RRF não precisarão incluir as despesas bancadas com o dinheiro reservado da suspensão da dívida nas metas e compromissos fiscais assumidos com o governo federal para aderir à recuperação fiscal.

    Operações de crédito
    Quanto aos empréstimos (operações de crédito), a mudança na Lei Complementar 159/17 não faz referência à calamidade pública provocada por eventos climáticos extremos para permitir aos participantes do RRF contraírem empréstimos enquanto estiverem nesse regime, fazendo referência apenas à calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional por meio de proposta do Executivo federal.

    As despesas devem ser usadas em ações de enfrentamento e mitigação dos danos decorrentes de calamidade pública e de suas consequências sociais e econômicas, mas poderiam, assim, referir-se a qualquer situação de calamidade, como uma nova pandemia, por exemplo.

    Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
    Discussão e votação de propostas. Dep. Marcel van Hattem (NOVO - RS)
    Van Hattem defendeu anistia total da dívida do Estado

    Responsabilidade fiscal
    Já na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), outra mudança é mais abrangente. Atualmente, essa lei proíbe um ente da Federação de realizar empréstimos junto a bancos de outro ente se for para financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes (funcionalismo, água, luz, serviços).

    Com a mudança proposta, poderão ser financiadas despesas correntes se for para estruturar projetos ou para garantir contraprestações em contratos de parceria público-privada ou de concessão. No entanto, valerá não somente para situações de calamidade pública.

    Certas modelagens de parcerias público-privadas preveem, por exemplo, o pagamento de uma contraprestação pelo poder público em troca do investimento do parceiro privado, o que caracteriza uma despesa corrente. E isso poderá ser custeado com empréstimos de banco estatal.

    Publicidade e relatórios
    Quanto aos mecanismos de publicidade e transparência no gasto dos recursos liberados com a suspensão da dívida, o ente federativo beneficiado deverá demonstrar como foram aplicados, correlacionando as ações desenvolvidas e os recursos não pagos à União, sem prejuízo da supervisão dos órgãos de controle competentes.

    Após 90 dias do encerramento de cada exercício, deverá enviar relatório de comprovação de aplicação dos recursos.

    Ações judiciais
    O PLP 85/24 impõe como condição para a assinatura do termo aditivo a suspensão, por parte do ente beneficiado, de qualquer ação judicial existente e o compromisso de não propor ações questionando as dívidas ou contratos ou mesmo a execução de garantias ou contragarantias da União contra o ente pela falta de pagamentos.

    Isso valerá enquanto durar a suspensão das parcelas da dívida e no que for relacionado ao decreto legislativo de reconhecimento de calamidade.

    Anistia
    Deputados gaúchos defenderam a anistia e não suspensão da dívida. A deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) lembrou que a dívida foi contraída em R$ 7 bilhões, na década de 1990, paga ano a ano, mas chega a atuais R$ 92 bilhões. “É evidente que era necessário o perdão de uma dívida que já foi paga. Garroteia o estado do Rio Grande do Sul, obrigando a não ter concurso público, exigindo privatizações”, afirmou.

    O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) defendeu que o valor da dívida suspenso seja aplicado em um fundo soberano para o governo recuperar o estado.

    “O estado do Rio Grande do Sul não tem como pagar essa dívida de R$ 90 bilhões. Da onde vão sair os recursos?”, questionou o deputado Afonso Hamm, ao pedir o cancelamento de 3 anos de dívida.

    Outro a defender a anistia da dívida foi o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS). “No passado dizia que a dívida mal feita precisava ser paga porque, afinal de contas, contratos precisam ser cumpridos. Entendo que é hora de discutirmos a anistia de toda a dívida”, afirmou. Segundo ele, ainda que toda a dívida fosse anistiada, o valor não seria suficiente para a reconstrução do estado. “Só os primeiros cálculos dão conta de mais de R$ 20 bilhões, só a parte pública. Olha o tanto de destruição privada”.

     

     

     

    Fonte: Agência Câmara de Notícias

  • Tribunal ordena que Musk preste novo depoimento em investigação sobre compra do Twitter

    Tribunal ordena que Musk preste novo depoimento em investigação sobre compra do Twitter

    Um tribunal federal ordenou nesta terça-feira que Elon Musk preste depoimento novamente para a investigação da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) sobre sua aquisição de 44 bilhões de dólares do Twitter.

    A SEC entrou com uma ação judicial contra Musk em outubro para obrigar o CEO da fabricante de carros elétricos Tesla e da empresa de foguetes SpaceX a prestar depoimento, após ele se recusar a comparecer a uma entrevista em setembro para o inquérito. O bilionário disse que a SEC estava tentando “assediá-lo” usando várias intimações.

    A investigação tenta determinar se Musk quebrou leis federais de valores mobiliários em 2022 quando comprou ações do Twitter, posteriormente rebatizado de X. Além disso, a investigação está analisando declarações e registros na SEC que ele fez em relação ao acordo, havia dito a agência anteriormente.

    A juíza Laurel Beeler decidiu em fevereiro a favor da agência para obrigar o depoimento, mas Musk pediu uma revisão da decisão.

    “Como a juíza Beeler explicou, as investigações que Musk alega constituírem assédio são ‘investigações legítimas do governo’”, afirmou a juíza federal Jacqueline Scott Corley nesta terça-feira.

    “Musk não cumpriu o ônus de demonstrar que a intimação não é razoável.”

    Em 2022, Musk entregou documentos para o inquérito da SEC e prestou depoimento por videoconferência em duas sessões de meio dia em julho daquele ano, afirmou a SEC em documentos judiciais. Advogados da agência disseram que têm mais perguntas para Musk após receberem os documentos. Por isso, solicitaram mais depoimentos.

    Musk não estava disponível para comentar em um primeiro momento.

    (Reportagem de Hyunjoo Jin e Mike Scarcella)

    Reuters

  • Deputados Gayer e Silvye trocam graves acusações na Câmara Federal

    Deputados Gayer e Silvye trocam graves acusações na Câmara Federal

    Eleitos com o apoio do segmento bolsonarista, os deputados federais Gustavo Gayer (PL) e Silvye Alves (União Brasil), ambos de Goiás entraram em briga direta e trocaram acusações no plenário da Câmara nesta terça-feira (14/5). Ele afirma que foi agredido pela colega. Ela, que foi vítima de uma mentira do parlamentar.

    Mais uma vez, os deputados federais goianos Gustavo Gayer (PL) e Silvye Alves (UB) protagonizaram uma discussão na Câmara dos Deputados. Em sessão na última terça-feira, 14, Gayer divulgou uma lista com os deputados goianos que votaram a favor da aprovação do Projeto de Lei 8889/17, que regulamenta a oferta do serviço de conteúdo audiovisual por demanda, como Netflix, Hulu, Vimeo e Now. Entre os votos positivos, estava o de Silvye, que veio a público dizer que Gayer mentiu e distorceu os fatos.

    “Ao senhor que ama esparramar fake news, eu vou dizer uma coisa muito sincera: o senhor encontrou uma mulher à sua altura, meu filho. Esse cara acabou de mentir para o todo o estado de Goiás que eu votei a favor de aumentar a Netflix. Isso não aconteceu! Isso é uma fake news”, disse a deputada no Plenário. Em resposta, o deputado bolsonarista disse que Silvye “está reduzida a quase nada no estado de Goiás” e que sente pena dela.

    Apesar de não ter votação, Gayer divulgou votos antigos dos deputados | Foto: X

    O Projeto de Lei seria votado na sessão de terça-feira, 14, mas foi retirado de pauta. Mesmo assim, Gustavo Gayer publicou no “X” (Twitter) a relação de deputados goianos que teriam votado SIM pra taxação do streaming. A votação que ele se referia, no entanto, era de agosto de 2023, quando foi votada a urgência pra tratar o projeto. De lá pra cá, o texto sofreu alterações e foi levado ontem ao plenário.

    Antes de ser retirado de pauta, a deputada Silvye Alves e outros colegas de partido chegaram a gravar vídeo mostrando que votariam NÃO a taxação do streaming (veja abaixo). “Em agosto do ano passado era um projeto totalmente diferente. Aprenda a dizer a verdade e pare de gravar vídeos para a sua comunidade que acha que você está falando a verdade”, declarou Silvye.

    A parlamentar explicou que em uma votação da urgência, o voto SIM pela urgência não significa necessariamente apoio ao projeto. “Votar pela urgência é querer que o congresso ande e que os projetos saiam para aprovação ou desaprovação”.

    “Votou a favor da urgência do PL da Globo. Está revoltada, porque eu divulguei. Ela não gosta quando eu divulgo os votos dela. É só não votar dessa forma. É só não votar dessa forma”, declarou Gayer. Após o fim da sessão, os dois deputados ainda protagonizaram mais uma discussão. Veja abaixo.

    Ontem seria votado o mérito do projeto, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira, tirou de pauta a votação da medida.

    O que propõe o Projeto de Lei?

    O Projeto de Lei 8889/17 propõe a implementação de cotas de conteúdo nacional nas plataformas de vídeo sob demanda (VoD), como Netflix, Hulu, Vimeo e Now. Em análise na Câmara dos Deputados, a proposta estipula que entre 2% e 20% do total de horas do catálogo de filmes e séries dessas plataformas devem ser títulos produzidos por produtoras brasileiras, com metade desse percentual destinado a obras de produtoras brasileiras independentes.

    A porcentagem específica dependerá da receita bruta anual da empresa, aplicando-se a cota mínima de 2% para empresas com receita bruta anual de até R$ 3,6 milhões e a cota máxima de 20% para aquelas com receita bruta anual superior a R$ 70 milhões.

    Além disso, o projeto prevê o pagamento da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional) por essas empresas. No imposto, elas teriam que desembolsar até 4% do seu faturamento anual no país. Esse montante poderia ser abatido em até 30% com a aquisição de direitos ou a realização de projetos feitos por produtoras independentes.

    Chamado pela oposição de “PL da Globo”, foi apresentado em 2017 pelo então deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), hoje ministro do Desenvolvimento Agrário do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O projeto estava parado desde 2021, quando foi aprovado por uma comissão. Em agosto, os deputados aprovaram o regime de urgência, acelerando a tramitação.

    Outro ponto do Projeto de Lei 8889/17 determina que as plataformas de streaming invistam, anualmente, o equivalente a pelo menos 10% de seu faturamento em conteúdos brasileiros. Desse montante, 50% devem ser destinados a conteúdos de produtoras independentes, 30% a produtoras das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e 10% a produtoras identitárias — aquelas cujo controle majoritário pertença a mulheres, negros, indígenas, quilombolas, povos indígenas ou comunidades tradicionais.Este item é considerado o mais polêmico da proposta e tem gerado críticas da oposição.

    Condecine

    O projeto institui contribuição progressiva das empresas para a Condecine, iniciando em 0% para as empresas com receita bruta anual até R$ 3,6 milhões e tendo como limite 4% para as com receita bruta anual acima de R$ 70 milhões.

    O texto fixa ainda que 30% do valor recolhido serão destinados a produtoras brasileiras estabelecidas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.Ainda segundo a proposta, as empresas poderão descontar até 30% do valor devido à Condecine para a aquisição de direitos sobre obras brasileiras de produção independente ou para projetos de produção ou co-produção dessas obras.

    Classificação indicativa e Libras

    Os provedores de vídeo por demanda devem explicitar ao usuário a classificação indicativa dos conteúdos por ele fornecidos, bem como disponibilizar aos usuários meio eletrônico que permita o bloqueio de conteúdos de acordo com as faixas etárias. Além disso, os conteúdos disponibilizados por essas plataformas deverão ter tradução em Libras (Linguagem Brasileira de Sinais), conforme regulamentação da Agência Nacional do Cinema (Ancine).

    Em um vídeo, é possível ver o momento em que Gayer filmava o plenário da Casa quando a deputada se aproxima.

    Gayer, então, diz: “Fala, Sylvie”. Em seguida, ela tenta interromper a gravação e toca no celular do deputado, que reage: “Você vai me agredir? Olha a Sylvie querendo me agredir aqui no plenário. Ô, presidente. Agressão, aqui, olha. Ela veio para cima de mim. Que palhaçada é essa? Essa mulher tá surtada, gente”.

    https://www.youtube.com/watch?v=iEXJ8Q8hL2A

    fonte: Jornal Opção

  • TSE multa Lula em R$ 10 mil por impulsionar propaganda negativa contra Bolsonaro na eleição 2022

    TSE multa Lula em R$ 10 mil por impulsionar propaganda negativa contra Bolsonaro na eleição 2022

    O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) multou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em R$10 mil por impulsionar propaganda negativa contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as eleições de 2022. Na sentença, que foi publicada nesta segunda-feira, 13, os ministros também decidiram, por unanimidade, aplicar uma multa de R$ 10 mil para a Coligação Brasil da Esperança, que tinha o petista como candidato à Presidência da República.

    A decisão foi tomada após análise de uma representação feita por Bolsonaro e pela Coligação Pelo Bem do Brasil. No documento, Bolsonaro argumenta que houve divulgação de desinformação e ofensas contra ele por meio do impulsionamento de um vídeo na página oficial de Lula no Facebook durante a campanha eleitoral de 2022.

    “A informação veiculada foi gravemente manipulada e distorcida, evidenciando a estratégia eleitoral de obtenção de vantagens por meio de fake News, desqualificação e ofensa à imagem do candidato”, diz trecho da representação.

    No julgamento, o ministro Azevedo Marques, relator do caso, destacou que a legislação eleitoral proíbe o impulsionamento da chamada campanha negativa, na qual propagandas são utilizadas para atacar adversários. A Justiça Eleitoral só permite o impulsionamento de publicações pela internet para a promoção do próprio candidato ou campanha.

    O vídeo em questão reproduzia trechos de pronunciamentos de Bolsonaro, incluindo um momento em que o então presidente, durante uma live em 2021, simulou um paciente com falta de ar, fazendo alusão a um dos principais sintomas da Covid-19. Além disso, o conteúdo continha declarações de entrevistados com críticas ao ex-presidente.

    TSE analisou representação feita por Bolsonaro e pela Coligação Pelo Bem do Brasil e condenou Lula e sua coligação Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO
    TSE analisou representação feita por Bolsonaro e pela Coligação Pelo Bem do Brasil e condenou Lula e sua coligação Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO © Fornecido por Estadão

    “A partir da análise do conteúdo do vídeo publicado, verifica-se que, embora se refira à reprodução de trechos de pronunciamentos do então candidato Jair Messias Bolsonaro, o caráter negativo pode ser extraído das falas das pessoas entrevistadas, que foram incluídas de forma intercalada no vídeo como forma de crítica às falas do aludido candidato, além do texto de descrição das postagens, que denotam repúdio e combate ao adversário político”, pontua Azevedo Marques.

    No julgamento, os ministros apontaram ainda que o material publicitário estava irregular, já que não continha informações sobre o CNPJ ou CPF do responsável pelo impulsionamento, além de não conter a expressão “propaganda eleitoral”, conforme exigido pela legislação.

    Já a defesa de Lula argumenta que o vídeo divulgado não representa uma campanha difamatória porque reproduzia “fielmente as falas do então candidato Jair Messias Bolsonaro, demonstrando seu pensamento sobre violência, armas e sensibilidade à pandemia”.

    “O vídeo se refere a conteúdo informativo, pois se limitou à exposição da realidade dos fatos, sem qualquer emprego de artifícios para convencimento de forma negativa em relação ao então candidato representante. A fala imitando uma pessoa enferma de Covid-19 em tom de zombaria não consiste em conteúdo inverídico, pois foi veiculada pelo próprio representante em live realizada semanalmente e noticiada em diversos jornais tradicionais”, diz a defesa.

    Bolsonaro também já foi condenado pelo TSE por lançar mão do mesmo artifício nas eleições de 2022. No caso do ex-presidente, a multa foi de R$ 70 mil.

    Estadão

  • RS: após dizer que doações podem impactar o comércio local, Eduardo Leite pede desculpas

    RS: após dizer que doações podem impactar o comércio local, Eduardo Leite pede desculpas

    Nesta quarta-feira (15), Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, publicou um vídeo nas redes sociais, no qual se desculpa por uma resposta dada em entrevista a uma rádio na tarde de ontem (14).

    Na ocasião, o governador disse que “quando você tem um volume tão grande de doações físicas chegando ao estado, há um receio sobre o impacto que isso terá no comércio local. O reerguimento desse comércio fica dificultado à medida que você tem uma série de itens vindos de outros lugares do país”.

    A declaração foi dada em entrevista a rádio BandNews FM.

    “Antes de mais nada, o meu agradecimento a todos pela gigantesca mobilização e solidariedade em favor do povo Gaúcho. Peço que entendam, entre tantas preocupações que a tragédia nos traz, tem também a situação dos nossos pequenos comerciantes. Ao falar sobre essa situação, acabei misturando com a questão das doações. O impacto no comércio local vai ser uma preocupação para outro momento e não durante essa onda de solidariedade”, continuou Eduardo Leite.

    Leite ainda fala que o desafio do governo é lidar com a logística das inúmeras doações, que não param de chegar no estado, e como fazer com que esses itens cheguem até quem realmente precisa.

     

    vn

    Enchente atingiu estoque de supermercado na cidade de Canoas, na Grande Porto Alegre (RS)-Crédito: Gustavo Mansur/Palácio Piratini – 06.mai.2024

    CNN

  • Quem é Magda Chambriard, indicada para substituir Prates na presidência da Petrobras

    Quem é Magda Chambriard, indicada para substituir Prates na presidência da Petrobras

    A engenheira e ex-diretora geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Magda Chambriard foi indicada pelo Ministério de Minas e Energia para presidência da Petrobras após a demissão de Jean Paul Prates. A confirmação foi feita na noite desta terça-feira (14) em comunicado aos investidores da estatal.

    O ex-senador estava no comando da estatal desde o início do terceiro mandato de Lula, em janeiro de 2023. Um comunicado ao mercado foi divulgado informando sobre o “encerramento antecipado de seu mandato como Presidente da Petrobras”.

    Prates teve uma gestão marcada por polêmicas envolvendo o pagamento de dividendos extras aos acionistas.

    Hoje diretora da assessoria fiscal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e sócia da Chambriard Engenharia e Energia, Magda Chambriard se formou em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1979.

    É mestre em Engenharia Química pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa (Coppe) e foi aluna do setor de ensino do Rio da Petrobras em 1980, ano em que entrou pela primeira vez na estatal.

    Chambriard trabalhou pouco mais 22 anos na Petrobras. Foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre 2012 e 2016, durante os governos dos ex-presidentes Dilma Roussef e Michel Temer.

    O órgão regulador da Petrobras monitora a cadeia das indústrias de biocombustíveis, gás natural e petróleo no Brasil. Antes de chegar à direção, foi assessora, superintendente.

    Foi membro do Conselho de Administração do Pré-Sal entre 2013 e 2016, além de membro do conselho de administração da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) durante 2010 e 2016. Ela também participou como consultora em energia da Fundação Getúlio Vargas por pouco mais de cinco anos, entre 2017 e 2023.

    Como diretora geral da ANP, Magda esteve à frente da abertura de leilões para licitação de exploração de petróleo e gás natural, como em 2015, quando o Estado ofertou. Na época, afirmou que os investimentos poderiam favorecer a redução das desigualdades regionais no país.

    Foram oferecidos mais de 200 blocos para exploração em 12 estados brasileiros na 13ª rodada de licitações — para Magda, a expansão permitiria que os investimentos fossem descentralizados.

    “O que nós construímos até aqui marca nosso país como um dos ambientes regulatórios mais confiáveis e estáveis do setor petróleo, o que para nós é um bom indicativo aos investidores que acreditarem no nosso país”, declarou na época.

    Uma das principais pautas durante sua gestão na ANP foi a nova distribuição dos royalties do petróleo. A divisão reduziu parte do volume da União de 50% para 40%.

    Em 2016, reuniões do então ministro de Minas e Energia Eduardo Braga com a ex-diretora tinham como objetivo “discutir ações regulatórias que podem impactar na desoneração do custo de produção e na atratividade do investimento” no setor de petróleo e gás.

    Sob supervisão de Guilherme Niero

    CNN

  • Encontro de empresários, em NY, reúne a nata da direita brasileira

    Encontro de empresários, em NY, reúne a nata da direita brasileira

    Presidente do Congresso, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou, em um vídeo gravado ao grupo Lide e exibido ao público de um congresso, em Nova York (NY-EUA), que o Rio Grande do Sul precisa do Congresso neste momento em que o Estado enfrenta cheias históricas. O senador participaria, presencialmente, do encontro promovido pela organização empresarial que reúne a nata da direita brasileira, mas precisou ficar no Brasil por conta da situação de calamidade pública vivida no Sul.

    — Os últimos acontecimentos no Brasil, sobretudo a situação calamitosa no Estado do Rio Grande do Sul, me impuseram, como chefe do Poder Legislativo, a permanência no Brasil para a realização de medidas legislativas em torno desse tema — acrescentou Pacheco.

    Na sede da reunião promovida pela empresa do ex-governador de São Paulo e empresário João Doria, nesta manhã, ex-presidente de facto Michel Temer (MDB), por sua vez, acusou a oposição atual no Brasil de não cumprir o seu papel e, em vez disso, ter incorporado a ideia errônea de que, em vez de ajudar o governo por meio de críticas, deve tentar destruí-lo.

    Crítica

    A declaração foi precedida de outros discursos, pronunciados por uma série de nomes do setor público e privado brasileiros, todos ligados aos segmentos mais conservadores da sociedade.

    — Vocês sabem que no geral o sistema democrático existe situação e oposição. A oposição existe para ajudar a governar, e ajuda quando critica, observa, contesta. Eu lamento dizer que não é isso que se aplica ao nosso país. Isso não é de agora. Incorporou-se ao nosso sistema que, se perder a eleição, o dever é destruir quem ganhou — pontuou Temer.

    Falando pouco depois, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL), respondeu aos comentários do ex-presidente, e observou que o papel da oposição estaria correto e criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por não conseguir se comunicar com os eleitores.

    — Comparo muito o que acontece no Brasil hoje com o retorno de Getulio Vargas. Getulio tinha sido um grande presidente, mas, quando voltou, voltou fora da sua época. Não conseguia mais se comunicar com a população — disse Nogueira.

    Clima

    O ex-ministro manteve o tom ao afirmar que espera a vinda de “um grande novo presidente” à frente, como Juscelino Kubitschek veio após Getulio. Citando alguns nomes presentes no seminário, ele apontou os governadores Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Jr (Paraná). Ambos foram aplaudidos pela plateia de empresários ligados à direita.

    Temer também abordou a tragédia Rio Grande do Sul. Ele sugeriu a criação de secretarias estaduais e uma nacional para a prevenção de incidentes climáticos. O emedebista disse que gostaria de ter criado o sistema em seu governo, mas não foi possível, e recomendou aos governadores presentes no evento que consideram a proposta.

    Em razão do desastre no Sul, o seminário do Lide, que integra uma série de eventos relacionados ao Brasil que ocorrem nesta semana em Nova York, acabou desfalcado. Na semana passada, uma comitiva de políticos bolsonaristas foi criticada por estar em Washington enquanto ocorria a tragédia no Brasil.

    O programa também reproduziu um vídeo com imagens da destruição no RS com dois QR codes ao final para os presentes fazerem doações em dinheiro ou não financeiras. Um cartão com um QR code também foi distribuído aos participantes.

    Correio do Brasil

  • “Ditadura de esquerda”: Governistas e bolsonaristas celebram desfecho de audiência nos EUA

    “Ditadura de esquerda”: Governistas e bolsonaristas celebram desfecho de audiência nos EUA

    Bolsonaristas e governistas viram um saldo “positivo” na audiência “Brasil: uma crise de democracia, liberdade e estado de direito?” da última terça-feira (7), proposta a partir de desinformação sobre a democracia brasileira, no Congresso dos Estados Unidos (EUA). Articulado por representantes da extrema direita brasileira com o intuito de pregar a existência de uma falsa “ditadura de esquerda” no país, o encontro terminou com atuação forte dos democratas norte-americanos, que puseram em evidência os atos do dia 8 de janeiro em Brasília. No entanto, parlamentares de esquerda e de direita usaram o marco para comemorar a ação das duas comitivas que estiveram em Washington para influenciar e mobilizar congressistas norte-americanos para que participassem da discussão, que tem como pano de fundo a relação entre os dois países.

    A audiência, realizada em um subcomitê do Comitê de Assuntos Internacionais da Câmara, estava esvaziada, mas contou com presença de mais democratas do que republicanos. Os primeiros contestaram a falsa narrativa dos organizadores do encontro, de que o Brasil viveria uma ditadura, defendida pelo republicano Chris Smith, presidente do subcomitê.

    Por que isso importa?

    • É a primeira vez que uma audiência em outro país é realizada para discutir a tese bolsonarista, calcada em desinformação
    • Comitiva de progressistas também foi ao país norte-americano buscar democratas para contrapor o discurso reproduzido pelos republicanos
    • A participação dos democratas foi articulada semanas antes por parlamentares brasileiros progressistas que foram aos Estados Unidos. A iniciativa, segundo a líder do grupo, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), visou “desconstruir a ideia errada, que o campo da extrema direita no Brasil tem tentado pregar mundo afora, de que o Brasil está passando por uma censura e caminhando para uma ditadura”, como afirmou a parlamentar em entrevista à Agência Pública. Ela avalia que a ação teria mudado o curso da audiência. “Acho que acabou sendo frustrante para eles [bolsonaristas]”, disse.

    Quando a comitiva progressista foi a Washington, entre 29 de abril e 2 de maio, a audiência ainda não estava confirmada, mas sua provável realização já havia sido divulgada pela imprensa. Os parlamentares então aproveitaram a ocasião para tentar municiar democratas com “explicações da condição brasileira”, como explicou o deputado Rogério Correia (PT-MG).

    O senador Humberto Costa (PT-PE) e os deputados Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Rafael Brito (MDB-AL) também integraram o grupo, que teve agendas com a sociedade civil, a embaixada do Brasil nos Estados Unidos e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

    Rogério Correia e Humberto Costa se reuniram com assessores das parlamentares que compareceriam à audiência. “A gente explicou pra eles que no Brasil [o conceito de liberdade de expressão] é diferente. Aqui no Brasil, por exemplo, você não pode fazer discurso a favor do racismo e dizer que é liberdade de expressão. Você não pode defender ideias nazistas. Você não pode defender crimes. Não dá pra fazer essa comparação da legislação brasileira com a legislação americana. Essas pessoas estão sendo processadas e estão tendo as suas redes sociais bloqueadas porque estão cometendo crimes no Brasil”, afirmou Costa.

    Alguns integrantes da comitiva conservadora que estiveram em Washington em março voltaram à capital norte-americana na primeira semana de maio para acompanhar a audiência, entre eles os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Gustavo Gayer (PL-GO) e Bia Kicis (PL-DF), que, nas duas ocasiões, foram acompanhados pelos comentaristas Paulo Figueiredo e Allan dos Santos, que moram nos EUA.

    O grupo contou ainda com os parlamentares Nikolas Ferreira (PL-MG), Filipe Barros (PL-PR), Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), Cabo Gilberto (PL-PB), Marcos Pollon (PL-MS), além do senador Eduardo Girão (Novo-CE) e do ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo-PR).

    Quem colhe planta

    O argumento da diferença entre conceitos de liberdade de expressão foi o mesmo utilizado pela democrata Susan Wild, líder da minoria no subcomitê de Saúde Global, Direitos Humanos Globais e Organizações Internacionais.

    “O Brasil, tal como a França, a Alemanha e outros países da Europa ocidental, cujas credenciais democráticas provavelmente não seriam questionadas por ninguém nesta sala, tem uma concepção de liberdade de expressão diferente da que temos aqui nos Estados Unidos. A abordagem do Brasil à liberdade de expressão, embora ampla, inclui barreiras de proteção”, disse Wild em seu discurso durante a audiência.

    Também discursaram na ocasião democratas como o deputado Joaquin Castro, representante do Texas, e a congressista Sidney Kamlager-Dove, integrante do comitê e presidente do “Brazil Caucus”, grupo que discute as relações entre Brasil e EUA no Congresso estadunidense. Ela, cuja assessoria também se reuniu com parlamentares brasileiros, fez questionamentos sobre o 8 de janeiro e sobre o período da ditadura militar de 1964.

    Em nota à Pública, Kamlager-Dove definiu a audiência como uma tentativa dos Republicanos de “minar” a democracia brasileira, disse que o evento buscou “interferir no processo judicial do Brasil” e ofereceu “uma plataforma aos indivíduos que espalham mentiras sobre as eleições”.

    A congressista ainda acrescentou que os deputados republicanos “só estão interessados ​​no debate em torno da luta brasileira contra a desinformação porque isso lhes permite se fazerem de vítimas enquanto enfrentam a responsabilização por suas próprias ações antidemocráticas e se protegerem por terem permitido a revolta do dia 6 de janeiro”.

    A audiência foi realizada na Comissão de Assuntos Internacionais dois meses após a primeira tentativa de uma comitiva bolsonarista junto ao Congresso dos EUA. O plano inicial foi frustrado pelo deputado democrata Jim McGovern, que divide a presidência da Comissão Tom Lantos de Direitos Humanos com Chris Smith e vetou o evento na comissão em março.

    A comitiva progressista também se reuniu com McGovern, que não compareceu à audiência na última terça, mas enviou uma declaração. No texto, acessado pela Pública, o deputado classifica a audiência como um “uso vergonhoso” do Congresso dos Estados Unidos pela extrema direita brasileira “para amplificar seu ataque à democracia no Brasil, auxiliado e encorajado por membros do Partido Republicano”.

    Ditaduras, planos frustrados e novo pedido de sanção 

    Do lado republicano, além de Smith, apenas a deputada Maria Elvira Salazar, representante da Flórida, compareceu à audiência. No estado norte-americano, a articulação bolsonarista é forte e Salazar, inclusive, foi uma das congressistas que receberam a comitiva de parlamentares liderada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em março. Em seu discurso, Salazar exibiu foto de Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o chamou de “totalitário” e reproduziu o discurso bolsonarista de que o ministro estaria censurando opositores do governo. A imagem foi amplamente compartilhada nas redes sociais.

    Eduardo Bolsonaro compartilhou foto de Maria Elvira Salazar© Fornecido por Agência Pública

    Chamado para testemunhar na audiência, o comentarista Paulo Figueiredo inicialmente se apresentou como neto de João Figueiredo e depois foi questionado se repudia o período de 1979 a 1985, governo de seu avô, último presidente da ditadura militar, mas se negou a responder. Ele alegou falar em nome dos parlamentares brasileiros quando convidou os norte-americanos a visitar o Brasil.

    Em relação ao Brasil, ele também pediu “sanções severas” e “retenção de recursos e fundos” pelos Estados Unidos, semelhante às demandas do movimento já apresentado pela Pública. “Com esta ajuda, garanto que as instituições do meu país reagirão e devolverão as nossas liberdades. É isso que peço em nome de milhões de brasileiros”, discursou Figueiredo.

    No testemunho escrito enviado pelo comentarista – lido parcialmente por falta de tempo –, ele citou uma transmissão ao vivo realizada pelo argentino Fernando Cerimedo em novembro de 2022 com supostas provas de fraude eleitoral nas eleições brasileiras. O vídeo se baseou em informações falsas e foi retirado do ar, já que o tribunal decidiu, em 2021, que discursos que disseminam mentiras sobre as eleições não são protegidos pela liberdade de expressão. Em 2023, a Pública revelou que, pouco antes da transmissão ao vivo, Eduardo Bolsonaro pagou, com recursos de campanha, um funcionário de Cerimedo no Brasil e viajou à Argentina “patrocinado” pelo consultor político durante o segundo turno.

    Procurado, Figueiredo não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre sua participação na audiência. O comentarista, no entanto, questionou a cobertura e o financiamento da Pública, informações disponíveis em nossa página de transparência no site da agência.

    Além de Figueiredo, o Partido Republicano também indicou para a lista de testemunhas Michael Shellenberger, responsável por compartilhar documentos do Twitter Files Brasil, e Chris Pavlovski, fundador da rede social de vídeos Rumble.

    Pavlovski criticou a atuação dos Estados Unidos, hoje governado pelo democrata Joe Biden, por supostamente “permanecer em silêncio” e não “defender a liberdade de expressão e proteger as empresas americanas”. Fundada no Canadá e com sede nos EUA desde 2022, a empresa deixou de atuar no Brasil, de onde quem tenta acessar o site lê que a rede está “indisponível” no país “devido às exigências do governo brasileiro para remover criadores de nossa plataforma”. O pedido de remoção de conteúdos, no entanto, partiu do Judiciário, não do Executivo.

    Como são minoria na Comissão de Assuntos Internacionais, os democratas indicaram apenas uma das quatro testemunhas ouvidas. Escolheram Fabio de Sá e Silva, advogado e professor de estudos brasileiros da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos.

    Silva começou seu depoimento definindo o 8 de janeiro como “o resultado de um longo processo em que políticos, influenciadores e outros, que dependem fortemente de plataformas de mídia social, trabalharam para desacreditar as instituições eleitorais brasileiras e espalhar duas ‘grandes mentiras’”: que as eleições foram fraudadas e que os militares poderiam intervir.

    Em entrevista à Pública, o professor afirmou que um dos focos de seu depoimento foi explicar o “contexto golpista” vivido pelo Brasil nos últimos anos e “remover dessa confusão toda a noção de que juiz não pode suspender conta ou perfil porque isso seria um abuso em si”, já que a remoção de conteúdos proibidos é prevista na legislação brasileira.

    Para Silva, “Chris Smith ficou um pouco abandonado”. “Ele estava visivelmente irritado no final. Eu acho que ele percebeu que perdeu totalmente o controle do evento, que foi tomando direções que não eram as direções que coincidiam com o enquadramento que ele atribuiu para a reunião”, avaliou.

    Após a audiência, os parlamentares bolsonaristas, liderados por Eduardo Bolsonaro, participaram de uma coletiva de imprensa promovida pelo grupo de lobby The Conservative Caucus. “O Brasil é o único caso no mundo que a censura está vindo pelas mãos do Judiciário. E eles estão exportando isso através de reuniões em Londres, Paris, Nova Iorque, enquanto todos olhamos”, propagou Eduardo Bolsonaro. Já Nikolas Ferreira aproveitou a oportunidade para elogiar Elon Musk, proprietário do X [antigo Twitter]: “ele coloca a liberdade de expressão no mundo”, disse.

    Em março, o The Conservative Caucus realizou uma recepção para os deputados. Em nota à Pública dias depois, o presidente da iniciativa, Jim Pfaff, disse que Alexandre de Moraes “se comporta como um ditador do Brasil” e que sua organização estaria comprometida “em expor essas violações dos direitos humanos e em incentivar nosso próprio governo a fortalecer sua determinação em ser um farol de esperança para os cidadãos oprimidos”.

    Todos os lados cantaram vitória 

    Não há consenso sobre o saldo final da audiência e a quem ela teria beneficiado. Enquanto os políticos da esquerda brasileira ressaltam que o evento teria terminado de forma positiva devido à atuação dos democratas, que teriam defendido a democracia brasileira, os bolsonaristas também comemoram publicamente pela oportunidade de denunciar a “ditadura da toga” supostamente vivida no Brasil.

    Gabriela Ritter, presidente da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav), esteve presente no evento e considera que a audiência cumpriu com seu “objetivo”, ainda que “a esquerda americana tenha tentado desvirtuar a pauta da audiência tentando direcionar ao ex-presidente [Bolsonaro]”. A Asfav nega que a invasão aos prédios públicos tenha sido uma tentativa de golpe de Estado e defende as pessoas condenadas. O grupo protocolou um documento no Congresso dos EUA no qual diz que os réus estão “submetidos a condições desumanas e a um julgamento injusto e tendencioso”. Ritter disse ainda que teve reuniões com parlamentares estadunidenses após o evento, mas não deu detalhes.

    David Nemer, antropólogo e professor na Universidade da Virgínia, que também acompanhou os depoimentos, avaliou o evento como “totalmente inexpressivo”: “Aqui nos Estados Unidos nem se sabe o que aconteceu, nem mesmo no Congresso americano”.

    O deputado Chris Smith defendeu a relevância da audiência: “Nós ouvimos testemunhos poderosos sobre o uso da censura política e da perseguição que foi imposta ao povo do Brasil pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e pelo regime Lula”. Ele agradeceu aos parlamentares brasileiros por terem procurado o Congresso dos EUA e reafirmou que apresentará um projeto de lei sobre o Brasil.

    AGÊNCIA PÚBLICA

  • Ministro Dias Toffoli nega pedido de prisão de Alexandre de Moraes

    Ministro Dias Toffoli nega pedido de prisão de Alexandre de Moraes

    O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, negou seguimento a uma representação que pedia a prisão de Alexandre de Moraes.

    Protocolada pela família do empresário Cleriston da Cunha, conhecido como “Clezão”, que morreu no presídio da Papuda, a queixa-crime assinada pelo advogado Tiago Pavinatto acusava Moraes de abuso de autoridade, maus-tratos, tortura e prevaricação, com penas que poderiam chegar a 31 anos de prisão.

    Cleriston foi detido durante os eventos de 8 de janeiro e morreu aos 46 anos na Papuda, em novembro de 2023, após passar mal. A família destacou que a Procuradoria-Geral da República havia emitido um parecer favorável à sua soltura dois meses antes de sua morte, além de laudos médicos que indicavam problemas de saúde. No entanto, a manifestação da PGR não foi apreciada por Moraes, relator da ação dos atos antidemocráticos.

    A queixa-crime acusava Moraes de “omissão dolosa”. Ao analisar o caso, Toffoli argumentou:

    “O juízo hipotético que se realiza (se A tivesse acontecido, então B não teria acontecido) deve ser rigoroso, sob pena de se incorrer responsabilização criminal a partir de nexo causal especulativo. Ora, mesmo que tivesse sido apreciado o pedido de liberdade provisória, (1) não necessariamente teria sido revogada ou concedida a prisão domiciliar e, ainda, (2) não necessariamente teria sido evitado o falecimento de Cleriston.”

    Outro ponto abordado por Pavinatto foi a falta de reavaliação da prisão de Cleriston após 90 dias, conforme determina o Código de Processo Penal (CPP). Sobre isso, Toffoli afirmou:

    “Quanto à alegação de que a prisão não teria sido reavaliada no prazo de 90 dias, o Plenário desta Corte, nos autos do Suspensão de Liminar 1.395, firmou entendimento no sentido de que a falta de reavaliação da prisão preventiva, a cada 90 dias, nos termos do artigo 316, parágrafo único, do CPP, não gera direito à revogação automática da prisão preventiva.”

    Toffoli concluiu que a petição contra Moraes era “amparada unicamente em ilações e acusações infundadas, com breves intersecções com a realidade e despida de fundamentação jurídica correlata aos fatos e provas”, classificando a representação como “panfletária”.

    Além deste caso, Toffoli também é relator de um episódio envolvendo o empresário Roberto Mantovani no aeroporto internacional de Roma, na Itália. Moraes afirmou que seu filho, Alexandre Barci, foi agredido por Mantovani, que nega a acusação e pede que as imagens da confusão, já repassadas pelas autoridades italianas ao STF, sejam liberadas ao público. Toffoli determinou que o vídeo permaneça sob sigilo.

    Jetss

  • Lira promete analisar nesta semana proposta que suspende pagamento da dívida do Rio Grande do Sul

    Lira promete analisar nesta semana proposta que suspende pagamento da dívida do Rio Grande do Sul

    O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anunciou em suas redes sociais a análise ainda nesta semana do projeto de lei complementar do governo federal que suspende o pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União. “Participei de videoconferência hoje à tarde com os demais chefes de Poderes e o governador Eduardo Leite, no esforço concentrado para mitigar o sofrimento da população gaúcha”, informou.

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta segunda-feira (13) a decisão de suspender o pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União pelo período de 36 meses. Além disso, os juros que corrigem a dívida anualmente, em torno de 4%, serão perdoados pelo mesmo período. O estoque da dívida do estado com a União está em cerca de R$ 100 bilhões atualmente e, com a suspensão das parcelas, o estado disporá de R$ 11 bilhões a serem utilizados em ações de reconstrução.

    O Rio Grande do Sul é um dos estados que participa de um regime de recuperação fiscal com a União, assinado em 2022, e enfrenta efeitos devastadores das enchentes que atingem a região há cerca de duas semanas.

    O anúncio da suspensão da dívida foi feito em reunião com as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do governador gaúcho, Eduardo Leite – que participou de forma remota -, dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, do vice-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, além de outros ministros do governo federal, como Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Comunicação Social).

    Segundo Haddad, a suspensão da dívida e renúncia dos juros está prevista em proposta de lei complementar que será enviada ao Congresso Nacional, que precisa aprovar o texto. O projeto de lei prevê que os recursos que o Rio Grande do Sul deveria pagar à União sejam depositados em um ‘fundo contábil’ com aplicação exclusiva em ações de reconstrução da infraestrutura do estado.

    Haddad explicou que o perdão dos juros que incidem sobre a dívida, de 4% ao ano, gerará uma economia de cerca de R$ 12 bilhões para o estado em 36 meses, superior ao valor das parcelas que ficarão suspensas durante o período. “Ao final dos 36 meses, os juros sobre o estoque de todo o período estarão sendo perdoados, o que é superior à soma das 36 parcelas”.

    Quitação
    Em resposta, o governador Eduardo Leite agradeceu a interlocução do governo federal, explicou que o estado chegou a pleitear um pedido de quitação da dívida, mas classificou como “passo muito importante” a suspensão de pagamento do débito por três anos.

    “Nesse tema da dívida, acho que damos um passo muito importante nessa definição, nessa decisão. Nós fizemos essa demanda. A nossa demanda inclui um pedido de quitação desses valores, mas entendemos que é um passo, sem prejuízo de tantos outros que serão necessários”, afirmou o governador. Segundo Leite, antes mesmo da catástrofe climática que se abateu sobre o estado, a dívida dificultava a vida da administração estadual.

    O presidente Lula ainda reafirmou o compromisso de seguir apoiando a recuperação do estado e pediu que o governador mantenha as demandas que achar necessárias para a recuperação total.

    “Não deixem de reivindicar aquilo que vocês entendem que pode ajudar o Rio Grande do Sul. É uma catástrofe que a gente não estava preparado, para algo dessa magnitude. Tivemos outras enchentes, mas não dessa magnitude”, disse.

    Em suas redes sociais, a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) considerou a medida importante, mas disse que vai seguir trabalhando pela anistia total da dívida do estado.

    Da Redação – GM
    Com informações da Agência Brasil

    Fonte: Agência Câmara de Notícias