Categoria: Política

  • Governo Lula resiste à pressão de servidores públicos por reajuste salarial em 2024

    Governo Lula resiste à pressão de servidores públicos por reajuste salarial em 2024

    A decisão do governo vem sendo criticada por entidades representativas dos servidores, que alegam que o congelamento salarial prejudicará o poder de compra dos trabalhadores e a qualidade dos serviços públicos.

    O governo federal, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantém sua posição de não conceder reajustes salariais aos servidores públicos federais em 2024.

    A decisão do governo vem sendo criticada por entidades representativas dos servidores, que alegam que o congelamento salarial prejudicará o poder de compra dos trabalhadores e a qualidade dos serviços públicos.

    Em uma contraproposta apresentada ao governo na semana passada, o Fórum Nacional Permanente das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) sugeriu um reajuste salarial em três parcelas: 9% na primeira e 7,5% nas duas subsequentes, a serem implementadas nos meses de maio de 2024, 2025 e 2026, respectivamente.

    No entanto, a equipe econômica do governo está determinada a resistir a esses pedidos. Fontes do Ministério da Fazenda afirmam que o reajuste em 2024 é improvável devido às restrições orçamentárias e ao esforço para atingir a meta de zerar o déficit fiscal.

    Segundo cálculos do Ministério do Planejamento e Orçamento, seriam necessários R$ 168 bilhões em receitas adicionais para cumprir essa meta. Um reajuste para servidores federais neste ano fiscal aumentaria as despesas, afetando os planos do governo em direção ao equilíbrio fiscal.

    O governo propôs para 2024 um aumento nos auxílios, efetivo a partir de 1º de maio. Os ajustes incluem elevar o auxílio-alimentação para R$ 1.000,00, o auxílio-saúde para R$ 215,00 e o auxílio-creche para R$ 484,90, representando um reajuste de 51,06% nestes benefícios.

    Além disso, o governo planeja implementar um aumento salarial de 9% para 2025 e 2026, dividido em duas parcelas de 4,5% em maio de cada ano.

    O governo Lula também lembra que, no ano passado, concedeu um aumento salarial linear de 9% aos servidores do Executivo, uma medida que exigiu autorização do Congresso e recursos adicionais no Orçamento. Houve também um aumento de 43% no auxílio-alimentação, de R$ 458 para R$ 658 mensais.

    As demandas dos servidores continuam a ser analisadas em reuniões da Mesa Nacional de Negociação Permanente, com a próxima reunião prevista para a segunda quinzena de fevereiro, após o Carnaval. A Mesa é coordenada pelo secretário de Relações de Trabalho do MGI, José Lopez Feijóo.

    Jetss
  • Jatos dos EUA interceptam e derrubam míssil de rebeldes do Iêmen no Mar Vermelho

    Jatos dos EUA interceptam e derrubam míssil de rebeldes do Iêmen no Mar Vermelho

    Ofensiva frustrada acontece em meio a tensões dos Houthis na região; ataques atrapalham navegação internacional e fazem navios desviarem da área estratégica para o comércio

    Aviões de combate dos EUA derrubaram um míssil de cruzeiro antinavio disparado de áreas militantes de rebeldes do Iêmen em direção a um contratorpedeiro americano, que opera no Mar Vermelho do Sul, os militares dos EUA disseram no domingo (14).

    A intercepção no ar é o mais recente incidente no Mar Vermelho, onde os Houthis têm atacado a navegação internacional no que dizem ser uma campanha para apoiar os palestinos sob ataque israelense na Faixa de Gaza.

    A tensão é registrada após uma série de ataques aéreos americanos e britânicos contra alvos Houthis no Iêmen que atraíram ameaças de uma resposta “forte” da milícia apoiada pelo Irã.

    Não houve feridos ou danos relatados no último incidente, de acordo com o Centro de Comando dos EUA (CENTCOM), que divulgou a notícia em um comunicado postado na plataforma de mídia social X.

    A CENTCOM disse que o míssil foi abatido perto da cidade portuária de Hodeidah, no Iêmen.

    Mais cedo no domingo (14), os rebeldes relataram que aeronaves dos EUA foram observadas voando perto do espaço aéreo iemenita e áreas costeiras.

    O porta-voz houthi Mohamed Abdulsalam descreveu a atividade de aeronaves “inimigas” como uma violação flagrante da soberania nacional.

    A Reuters não conseguiu determinar imediatamente se os incidentes faziam parte da mesma situação. A CENTCOM não respondeu imediatamente a um e-mail buscando mais detalhes sobre a interceptação.

    A crise do Mar Vermelho aumentou os temores de um conflito mais amplo no Oriente Médio além de Gaza, que Israel está reduzindo a escombros no que diz ser uma campanha para aniquilar o grupo militante palestino Hamas, que governa a o território e, como os Houthis, é apoiado por Teerã.

    Também no domingo (14), ativistas pró-palestina protestaram em frente a uma base da Força Aérea Britânica no Chipre, irritados com o fato de o local ter sido usado como plataforma de lançamento para ataques contra o grupo rebelde.

    “Estamos aqui porque condenamos a cumplicidade do governo do Reino Unido e o uso de terras cipriotas em sua agenda para apoiar Israel em seu ataque a Gaza”, disse Natalia Olivia, da organização baseada no Chipre, Unidos pela Palestina.

    CNN

  • Chuvas no Rio: Ministério do Desenvolvimento vai liberar R$ 800 por pessoa desabrigada

    Chuvas no Rio: Ministério do Desenvolvimento vai liberar R$ 800 por pessoa desabrigada

    Auxílio será inicialmente liberado apenas para quem já teve a situação de emergência reconhecida pelo governo federal

    O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome vai liberar um auxílio de R$ 800 por pessoa desabrigada após as chuvas que atingiram a cidade do Rio de Janeiro.

    Conhecido como “auxílio desabrigado”, o Serviço de Proteção em Situação de Calamidades Públicas e Emergências será, inicialmente, liberado apenas para quem já teve a situação de emergência reconhecida pelo governo federal. No caso, a capital fluminense.

    A expectativa, no entanto, é que ainda nesta segunda-feira (15) outros municípios do estado do Rio de Janeiro decretem estado de emergência para ter acesso a esse e outros benefícios.

    À CNN, o ministro da Integração, Waldez Góes, falou sobre a ajuda do governo federal às cidades atingidas pelas chuvas.

    “Estou hoje de plantão para receber os decretos municipais e fazermos o procedimento de reconhecimento e iniciarmos os planos de trabalho”, afirmou.

    Até agora, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros confirmaram a morte de pelo menos 12 pessoas. Uma mulher está desaparecida.

    CNN

  • Empresa chefiada por sobrinho de Haddad movimenta bilhões sem pagar imposto

    Empresa chefiada por sobrinho de Haddad movimenta bilhões sem pagar imposto

     Enquanto o governo federal se desdobra para aumentar a arrecadação e reduzir o déficit das contas públicas, uma companhia movimenta bilhões no país sem pagar imposto por suas operações.

    É a Binance, maior corretora de criptomoedas do mundo, cuja operação no Brasil é chefiada por Guilherme Haddad Nazar, sobrinho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

    A empresa está no centro das atenções desde o fim do ano passado no Brasil e no mundo. Lá fora, depois que o CEO Changpeng Zhao (conhecido por CZ) renunciou ao cargo no fim de novembro em meio a investigações por suspeita de infringir regras de prevenção à lavagem de dinheiro e descumprir sanções do governo americano. Ele confessou e aguarda sentença de prisão.

    No Brasil, o escrutínio se dá sobretudo desde a CPI das Pirâmides Financeiras, em que a Binance foi caracterizada como a plataforma preferida para aplicar golpes e terminou com pedido de indiciamento tanto de Nazar, sobrinho de Haddad, quanto do ex-CEO CZ.

    Corretoras estabelecidas no país pagam ISS (Imposto Sobre Serviço, municipal) sobre as taxas de corretagem (valor que a empresa cobra para intermediar negociações) e reportam à Receita as transações dos usuários, para que paguem imposto de renda sobre o ganho de capital.

    Mas a Binance escapa dessa taxação sob o argumento de que é uma operadora internacional e não tem sede no Brasil —a companhia nunca revelou onde fica de fato sua sede; em dezembro, o novo CEO, Richard Teng, chegou a indagar um repórter do Financial Times que o questionou sobre o tema: “Por que você se sente tão no direito de ter essas respostas?”.

    Mesmo sem oficialmente ter sede no Brasil, a companhia conta com operação robusta. Além do sobrinho do ministro da Fazenda no comando, o ex-ministro e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles faz parte do conselho consultivo da companhia. A empresa tem cerca de 200 funcionários no país, afirmou à CPI das Pirâmides Financeiras da Câmara e patrocina o Campeonato Brasileiro de Futebol (masculino e feminino) e o time do Santos.

    Além disso, a CPI identificou sete CNPJs pelos quais a companhia atua no Brasil —segundo a empresa, para registro de funcionários e funções administrativas, pelas quais paga impostos.

    “A atividade de compra e venda de criptoativos é feita por empresas não brasileiras”, repetiu diversas vezes Guilherme Nazar quando depôs na CPI, em setembro, justificando o não recolhimento de tributos.

    Em nota, a empresa disse à Folha de S.Paulo que “atua em total conformidade com o cenário regulatório do Brasil” (leia abaixo).

    É impossível saber exatamente quanto a companhia deveria pagar de impostos no país porque não há informações públicas de quanto fatura, mas a CPI calculou que a empresa deveria pagar entre R$ 300 e R$ 400 milhões em tributos anualmente.

    O valor foi calculado em cima de informação que veio a público em 2022 de que a Binance movimentou em 2021 R$ 40 bilhões em uma única conta no banco Acesso, instituição de pagamentos que processava os valores negociados pela corretora no Brasil.

    O montante veio à tona porque o Banco Central notificou o Acesso sobre o alto risco de lavagem de dinheiro nas operações da Binance e exigiu o envio de informações detalhadas sobre os clientes. O banco Acesso deixou de aceitar o uso de uma única conta, não individualizada, para os clientes, e a Binance decidiu romper a parceria. As duas empresas ainda estão em litígio e disputam R$ 450 milhões na Justiça.

    Além de não recolher ISS sobre a taxa de corretagem no comércio de bitcoins, a corretora não reporta à Receita a movimentação de seus clientes, que poderia assim cobrar imposto de renda dos usuários.

    “Nós salientamos a todos os nossos clientes, usuários, em diversas comunicações, que é de responsabilidade deles fazer o devido reporte à autoridade, no caso, a Receita Federal. Nós não damos aconselhamento fiscal, porém, aconselhamos e sugerimos que eles busquem um tributarista competente que os ajudem com essa responsabilidade”, disse Guilherme Nazar à CPI.

    À Folha de S.Paulo a Receita Federal afirmou que investiga “eventuais fraudes” em operadoras estrangeiras que atuam no Brasil sob intermédio de terceiras sem pagar impostos, mas não especificou se a Binance está na mira (veja abaixo).

    Na Câmara, representantes da Acesso e de outras empresas que operavam com a Binance, como a Capitual, afirmaram também haver indícios de lavagem de dinheiro.

    Em nota à reportagem, a corretora afirmou que foi uma das primeiras grandes corretoras fora dos EUA a exigir verificação de identidade dos usuários. Disse que colaborou “ativamente para os trabalhos da CPI”, mas que rechaça “veementemente, porém, quaisquer tentativas de transformar a Binance em alvo, ou ainda expor seus usuários e funcionários, com alegação de más práticas sem nenhuma comprovação, em meio a disputas concorrenciais dada a posição de liderança da empresa no Brasil e no mundo.”

    Concorrentes costumam acusá-la de obter vantagem ao não jogar as “regras do jogo”. Como não recolhe impostos, por exemplo, sua operação fica mais barata para o usuário final do que em outra plataforma que o faz.

    “A gente não quer criar barreiras para que clientes de fora venham para o Brasil. Pelo contrário, se o Estado entender que vale a pena não ter tributação e controles, que isso seja concedido para as empresas que estão estabelecidas aqui também”, diz Reinaldo Rabelo, CEO da concorrente Mercado Bitcoin.

    Bernardo Srur, diretor-presidente da ABCripto (Associação Brasileira de Criptoeconomia), à qual a Binance não é vinculada, afirma defender que “as leis e regras sejam aplicáveis a todos da mesma forma”, a fim de evitar “assimetrias no ambiente competitivo”.

    Guilherme Haddad Nazar é filho de uma irmã do ministro Fernando Haddad e foi anunciado como diretor da empresa em dezembro de 2022, após o atual governo vencer a eleição presidencial. Ele já esteve envolvido em outra polêmica pela proximidade com o tio.

    Em 2016, quando Haddad era prefeito de São Paulo e regulamentou o Uber na cidade, Guilherme Nazar ocupava cargo de gestão na companhia. Na época, o Ministério Público chegou a abrir um inquérito, que concluiu não haver ilegalidade.

    A reportagem não encontrou registros de que Nazar tenha tido reuniões com autoridades do governo federal ou Banco Central.

    As acusações que a empresa enfrenta no Brasil são similares às de outros lugares do mundo. “A Binance se tornou a maior corretora de criptomoedas do mundo em parte por causa dos crimes que cometeu”, afirmou no fim do ano o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, quando a empresa pagou US$ 4,3 bilhões em acordo que encerrou investigação do governo americano.

    A secretária do Tesouro, Janet Yellen, foi ainda mais dura: “A Binance fechou os olhos para suas obrigações legais em busca de lucro. Falhas intencionais permitiram fluxo de dinheiro para terroristas, cibercriminosos e abusadores de crianças por meio da plataforma”, afirmou. Changpeng Zhao aguarda a sentença e pode pegar até 18 meses de prisão nos Estados Unidos.

    No Brasil, o ex-CEO teve seu indiciamento pedido pela CPI sob alegação de violação da lei de crimes contra o sistema financeiro nacional e de operar instituição financeira sem autorização. Guilherme Haddad Nazar também teve indiciamento pedido sob as mesmas alegações, além de gestão fraudulenta.

    EMPRESA DIZ QUE CUMPRE REGRAS; GOVERNO AFIRMA HAVER FISCALIZAÇÃO

    Em nota, a Binance afirmou que “atua em total conformidade com o cenário regulatório do Brasil e seguirá cumprindo as determinações fiscais e legais pertinentes às suas operações no Brasil.” A empresa ressaltou ainda que está em processo de aquisição de uma corretora no país, a Sim;paul, anunciado em março de 2022, hoje em análise pelo Banco Central.

    Disse ainda que “apoia a regulação e acredita que um ambiente regulatório estável pode apoiar a inovação e é essencial para estabelecer confiança no setor e crescimento de longo prazo.” Segundo a empresa, nenhuma outra corretora tem tantas licenças e registros como a Binance, com autorização para orar em 18 países.

    Sobre o processo nos EUA, a empresa disse que “assumiu total responsabilidade pela sua conduta, realizou esforços significativos para melhorar as suas iniciativas de conformidade e construiu uma plataforma mais forte e segura.” Além disso, ressaltou que, “nas resoluções consagradas, as agências americanas não alegam que a Binance apropriou-se indevidamente de fundos de usuários e não alegam que a Binance participou de qualquer manipulação de mercado.

    “A Binance vem atuando de forma contínua para ajudar proativamente autoridades de aplicação da lei ao redor do mundo e no Brasil para detectar atividades suspeitas e combater crimes e ilícitos financeiros envolvendo o ecossistema de criptomoedas”, diz, citando workshops para investigadores de Polícia Federal, Promotoria e polícias civis de diferentes estados.

    Procurado pela Folha de S.Paulo, o Ministério da Fazenda acionou Receita Federal e Banco Central para esclarecer “as devidas informações relacionadas às ações desenvolvidas pelos órgãos competentes.”

    A Receita afirmou que “atuou intensamente ao longo de 2023, e continuará em 2024, para regular e fiscalizar novos mercados, como os de critptomoedas, criptoativos, remessas internacionais e comércio eletrônico” e que o Brasil “é referência na captação de dados de exchanges (corretoras), de pessoas físicas e jurídicas que operam no exterior.”

    “Em meados de 2023, a Receita iniciou investigação em relação a eventuais fraudes identificadas em exchanges estrangeiras que operam com consumidores brasileiros, sem instalar-se formalmente no país. A fraude se dá por meio de uma empresa intermediária que, valendo-se de instituições financeiras, atua como operadora informal da exchange estrangeira sem o devido recolhimento de tributos”, caso similar ao da Binance. O órgão não informou, no entanto, se Binance foi ua dessas empresas investigadas.

    “Houve operações de fiscalização específicas, sujeitas a sigilo, além de reuniões durante o segundo semestre de 2023 com exchanges nacionais e estrangeiras, antecipando uma ação específica de conformidade a ser lançada em breve pela Receita Federal do Brasil, para regularização desse mercado (antes de estabelecer a ação punitiva).”

    O Banco Central, por sua vez, disse ser “o órgão competente para regular, autorizar e fiscalizar o mercado de prestação de serviços de ativos virtuais (criptoativos)” e que lançou consulta pública para seguir com a regulamentação do setor no país.

    O órgão ressaltou ainda que, apesar de “não se manifestar em casos específicos de entidades porventura reguladas, é cediço que a Binance possui pedido de autorização para aquisição de corretora de valores mobiliários, em curso no âmbito do BC. Tal pedido encontra-se em estágio de análise, não tendo por enquanto desfecho.”

    Folha de São Paulo

  • Toffoli abre inquérito contra Moro por suspeita de fraude em delação

    Toffoli abre inquérito contra Moro por suspeita de fraude em delação

    O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a abertura de um inquérito contra o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR), a partir de pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), por suspeita de fraude em uma delação premiada anterior à Operação Lava Jato.

    O caso trata do empresário de Curitiba e ex-deputado estadual Antônio Celso Garcia, conhecido como Tony Garcia, que diz ter sido obrigado a gravar pessoas de forma ilegal a pedido de procuradores e de Moro após firmar acordo de colaboração premiada em 2004.

    A abertura da investigação foi revelada pela GloboNews e confirmada pela Folha de S.Paulo. O processo está sob sigilo e a decisão de Toffoli é de 19 de dezembro, um dia antes do recesso do Judiciário.

    Os investigadores pretendem apurar suspeitas da prática de crimes como fraude processual, organização criminosa e concussão (crime contra a administração pública).

    As supostas ilegalidades, segundo Garcia, foram informadas à juíza federal Gabriela Hardt em 2021. Em novembro de 2022, a magistrada rescindiu o antigo acordo de delação, atendendo a um pedido do MPF (Ministério Público Federal) de 2018.

    Segundo ele, seu relato foi feito durante uma audiência em 2021 e o conteúdo foi enviado ao STF somente em abril deste ano, por decisão do juiz Eduardo Appio, que atuou na vara da Lava Jato no ano passado.

    Em 2004, Garcia foi preso pela PF, acusado de gestão fraudulenta do Consórcio Nacional Garibaldi. Ele concordou em fazer uma colaboração premiada, no fim daquele ano, com procuradores da força-tarefa do caso Banestado junto à 2ª Vara Federal de Curitiba (atual 13ª Vara).

    Em nota, Moro afirma que “sua defesa não teve acesso aos autos e reafirma que não houve qualquer irregularidade no processo de quase vinte anos atrás”.

    “[O senador] Nega, ademais, os fatos afirmados no fantasioso relato do criminoso Tony Garcia, a começar por sua afirmação de que ‘não cometeu crimes no Consórcio Garibaldi’”, diz a nota.

    A Polícia Federal, que também apontou a necessidade de investigação do caso, pediu a Toffoli que sejam ouvidos no inquérito a esposa de Moro, a deputada federal Rosângela Moro, e procuradores e ex-procuradores da República que atuaram na Lava Jato, como Deltan Dallagnol.

    Em relato à PF, Tony disse que o acordo de colaboração foi “utilizado, por longo tempo, como um instrumento de constrangimento ilegal”.

    Garcia disse que Moro “o orientou a se encontrar com uma pessoa que se dizia agente da Abin (Agenda Brasileira de Inteligência), que se nominava como Wagner, porém, ostentava outros documentos com nomes diferentes”.

    Segundo ele, o objetivo era “cumprir missões” dadas pelo então juiz, “entregando números de telefones de pessoas a serem investigadas, as quais seriam objeto de interceptação telefônica”.

    “Tony Garcia alegou que, em determinadas ocasiões, a pessoa que se apresentou como Wagner reproduzia trechos de áudios de telefonemas interceptados, para que o declarante esclarecesse o contexto dos diálogos”, disse a PF.

    “De acordo com o declarante, a todo momento havia intimidações de que, caso ele não colaborasse da maneira exigida, o acordo seria rescindido, com a consequente prisão de Tony Garcia e de seus familiares, além da expropriação de seus bens”, acrescenta o documento.

    O empresário disse ainda que houve uma colaboração supostamente fraudulenta que envolveu “a perseguição de desafetos de Sergio Moro” no Judiciário e no Ministério Público Federal.

    Segundo a PGR, os relatos de Tony Garcia à PF “noticiam a hipotética prática de crimes” no âmbito da Lava Jato envolvendo medidas invasivas como a determinação de tarefas ilícitas ao empresário, como a “determinação para realização de escutas ambientais e a exigência de entrega de gravações clandestinas”.

    Também além da “existência de supostas negociações espúrias visando à homologação de acordos de colaboração premiada direcionados” e “eventual existência de chantagens, coações, ameaças e constrangimentos para manutenção do acordo de colaboração”.

    Em sua decisão, Toffoli autorizou a abertura do inquérito, determinou a juntada de documentos apresentados por Tony Garcia aos autos e expediu ofícios solicitando documentos da Justiça Federal em Curitiba e do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).

    Ele também ordenou “que seja mantido o regime restritivo de publicidade dos autos para que não haja prejuízo para as diligências solicitadas”.

    Folha de São Pulo

  • Lula é investigado após filiação a partido de Bolsonaro com dados falsos

    Lula é investigado após filiação a partido de Bolsonaro com dados falsos

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve o nome tornado alvo de investigação pela Polícia Federal, sob determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a fim de constatar um possível crime no caso em que uma pessoa se passou por ele, para filiá-lo ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

    De acordo com informações do jornal O Globo, em registros do TSE, o líder do Executivo estava formalmente desvinculado de seu partido, e filiado ao partido de seu adversário político, desde julho de 2023.

    O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, então, determinou que o caso seja investigado pela PF, visto que, devido à falsa filiação feita, o nome de Lula passou a constar nos registros do partido em São Bernardo do Campo, São Paulo.

    “Considerando a existência de indícios de crime a partir da inserção de dados falsos em sistema eleitoral, encaminhem-se cópia dos presentes autos ao diretor-geral da Polícia Federal para adoção de todas as providências cabíveis que deverão, oportunamente, ser informadas a este Tribunal Superior Eleitoral”, escreveu Moraes, na decisão em questão.

    Jetss Entretenimento

  • Ataques no Mar Vermelho podem abalar economia global

    Ataques no Mar Vermelho podem abalar economia global

    Os ataques de rebeldes Houthi no Mar Vermelho fecharam uma das principais rotas comerciais do mundo à maioria dos cargueiros.

    Um encerramento prolongado da via, que se liga ao Canal de Suez, poderia complicar as cadeias de abastecimento globais e fazer subir os preços dos bens manufaturados num momento crucial na batalha para derrotar a inflação.

    O Canal de Suez é responsável por 10-15% do comércio mundial, incluindo as exportações de petróleo; e por 30% dos volumes globais de transporte de contêineres.

    Os combatentes Houthi, baseados no Iêmen e apoiados pelo Irã, dizem que estão se vingando da guerra de Israel contra o Hamas em Gaza.

    Em meados de dezembro, os Estados Unidos anunciaram uma operação internacional para reforçar a segurança no Mar Vermelho. Contudo, os Houthis continuam na ofensiva – 21 mísseis e drones foram abatidos na terça-feira (9).

    As forças dos EUA e do Reino Unido “subiram a banca” na quinta-feira (11), ao realizar um bombardeio no Iêmen para atingir alvos Houthi.

    O presidente norte-americano Joe Biden classificou o ataque como uma resposta direta à ameaça representada à “liberdade de navegação numa das vias marítimas ​​mais vitais do mundo”.

    E à medida que a crise aumenta, as ramificações para a economia global também se expandem.

    Impacto no mercado

    A Tesla está interrompendo a maior parte da produção de sua fábrica de carros elétricos na Alemanha, uma vez que os ataques interromperam o fornecimento de peças.

    Soa pelo mundo um alerta para atrasos nas remessas e encarecimento do custo do transporte marítimo.

    Os preços do petróleo também estão em alta – o Brent e o petróleo dos EUA subiram cerca de 4% na sexta-feira (12) – devido ao receio de uma guerra mais ampla no Oriente Médio que possa afetar o abastecimento.

    Os mercados de energia já estavam nervosos depois que o Irã apreendeu um navio petroleiro no Golfo de Omã na quinta-feira.

    Em relatório divulgado na terça-feira, o Banco Mundial alertou que a interrupção das principais rotas marítimas estava “corroendo a folga nas redes de abastecimento e aumentando a probabilidade de ‘estrangulamentos’ inflacionários”.

    Seis das 10 maiores empresas de transporte de carga – como Maersk, MSC, Hapag-Lloyd, CMA CGM, ZIM e ONE – estão evitando em grande parte ou completamente o Mar Vermelho devido à ameaça dos Houthi.

    O perigo para a tripulação, a carga e os navios forçou os transportadores a redirecionar os navios ao redor do Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, resultando em atrasos de até três semanas.

    O CEO da Maersk, Vincent Clerc, disse ao Financial Times na quinta-feira que o restabelecimento da passagem segura através do Mar Vermelho pode levar “meses”.

    “Isso poderia ter consequências bastante significativas no crescimento [econômico] global”, acrescentou.

    O comércio global caiu 1,3% entre novembro e dezembro, informou na quinta-feira o Instituto Kiel para a Economia Mundial da Alemanha, citando “as consequências dos ataques a navios de carga no Mar Vermelho”.

    Os custos de envio já aumentaram, o que poderá, em última análise, refletir nos preços ao consumidor.

    “Quanto mais tempo persistirem as perturbações, mais fortes serão os efeitos estagflacionários para a economia global”, escreveu o economista-chefe da Allianz, Mohamed A. El Erian, na semana passada no X, referindo-se a uma combinação de crescimento econômico baixo ou nulo e inflação elevada.

    Se a guerra entre Israel e o Hamas se transformar num conflito regional mais amplo ou se os Houthis decidirem redirecionar os seus ataques para petroleiros e graneleiros, – que transportam matérias-primas cruciais como minério de ferro, cereais e madeira – as consequências para a economia global seriam totalmente mais severas.

    “Num cenário de conflitos crescentes, o fornecimento de energia também poderá ser substancialmente perturbado, levando a um aumento nos preços da energia”, acrescenta o relatório do Banco Mundial. “Isso teria repercussões significativas nos preços de outras commodities.”

    A ameaça aos preços da energia é o maior risco, segundo a Capital Economics.

    “Embora as atuais perturbações no transporte marítimo não sejam suscetíveis de perturbar a tendência global de queda da inflação, uma escalada acentuada do conflito militar subjacente poderia aumentar os preços da energia, o que seria transferido para os consumidores”, escreveram Simon MacAdam e Lily Millard, economistas da empresa de consultoria em uma nota na semana passada.

    A Oxford Economics também espera que a inflação continue a diminuir, mas ainda vê um risco ascendente para os preços.

    Se os custos do transporte de contêineres se mantiverem em torno dos níveis atuais, – quase o dobro do registrado no início de dezembro – isso poderá aumentar a inflação mundial em cerca de 0,6 pontos percentuais, escreveu Ben May, diretor de investigação macroeconômica global da empresa, numa nota de 4 de janeiro.

    Atrasos na entrega e preços mais altos

    Algumas montadoras europeias redirecionaram suas remessas para o Cabo da Boa Esperança. “Isto implicou custos mais elevados e atrasos de cerca de duas semanas”, disse um porta-voz da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis.

    Varejistas como a empresa sueca de mobília Ikea alertaram para atrasos nos envios e possível escassez de determinados produtos.

    Da mesma forma, a empresa de vestuário britânico Next disse na semana passada que “as dificuldades de acesso ao Canal de Suez, se continuarem, poderão causar alguns atrasos nas entregas de estoque no início do ano”.

    A Crocs também disse que os itens destinados à Europa estão demorando duas semanas a mais do que o normal para chegar. A empresa não espera um “impacto material” nos seus negócios por enquanto, mas disse à CNN que “continuaria a monitorar a situação de perto”.

    As empresas em todo o mundo estão em suspense, esperando que a perturbação termine em breve, mas começando a tirar o pó dos planos de contingência implementados pela última vez durante a pandemia, caso isso não aconteça.

    A Abercrombie & Fitch planeja usar frete aéreo sempre que possível para evitar atrasos, de acordo com um e-mail enviado a fornecedores visto pela Bloomberg.

    “Mudamos os modos de transporte e/ou rotas de navegação quando necessário para manter o fluxo de mercadorias”, disse um porta-voz da empresa à CNN.

    A situação pode piorar nas próximas semanas, à medida que os transportadores correm para retirar os pedidos da China antes que as fábricas fechem para o feriado do Ano Novo Lunar do país.

    “As próximas cinco semanas que antecedem o Ano Novo Chinês, em 10 de fevereiro, serão muito difíceis para os transportadores e para o transporte marítimo”, disse Philip Damas, chefe da Drewry Supply Chain Advisors, em comentários gravados publicados online na segunda-feira (8).

    Ele observou, no entanto, que o excesso de capacidade de transporte significa, de forma mais ampla, que as taxas à vista – o preço de remessas únicas de carga, em oposição aos preços acordados antecipadamente – “diminuirão novamente após o Ano Novo Chinês”.

    Crise total

    Além do aumento nas taxas de frete devido aos ataques no Mar Vermelho, as transportadoras estão aplicando sobretaxas de emergência.

    Os “preços totais” de US$ 5.000 (R$ 24.374) a US$ 8.000 (R$ 38.998,40) por contêiner para as principais rotas comerciais com origem na Ásia são 2,5 a 4 vezes os “níveis normais” para esta época do ano, de acordo com estimativas de Judah Levine, chefe de investigação da empresa de logística Freightos.

    No entanto, isso ainda está 45%-75% abaixo do “pico pandêmico” no final de 2021, observou Levine.

    À época, a crescente procura de bens por parte dos consumidores domésticos colidiu com estrangulamentos de abastecimento, que iam desde a escassez de contêineres até ao congestionamento dos portos.

    O desastre do Canal de Suez soma-se aos problemas existentes no transporte marítimo, com o tráfego através do vital Canal do Panamá já restrito devido a uma seca.

    “Para as empresas que tentam transportar mercadorias em todo o mundo, há uma crise total neste momento – não se pode confiar no Canal do Panamá [e] não se pode confiar no Canal de Suez”, disse Carolina Klint, diretora comercial para a Europa da Marsh McLennan, uma empresa de serviços profissionais.

    Algumas transportadoras marítimas que normalmente transitam pelo Canal do Panamá foram redirecionadas para o Canal de Suez antes da escalada dos ataques no Mar Vermelho, segundo a empresa de logística CH Robinson.

    Matthew Burgess, vice-presidente de serviços oceânicos globais da empresa, disse que a capacidade global de transporte marítimo ainda será limitada por um tempo.

    “Haverá uma escassez de espaço entre a Ásia e a Europa, no mínimo, nas próximas oito semanas devido ao tempo adicional necessário para utilizar a rota do Cabo da Boa Esperança”, disse ele à CNN.

    “Como vimos em interrupções anteriores no transporte global, a escassez de equipamentos vazios provavelmente ocorrerá rapidamente, o que aumenta ainda mais os atrasos porque as empresas podem precisar esperar duas a três semanas adicionais por um contêiner vago.”

    Pelo menos por agora, os principais portos da Europa e dos Estados Unidos – incluindo o Porto de Roterdã, o Porto de Los Angeles e o Porto de Nova Iorque e Nova Jersey – tiveram um impacto limitado da crise do Mar Vermelho. Mas eles estão em alerta máximo para possíveis consequências.

    “É mais uma interrupção na cadeia de abastecimento”, disse Gene Seroka, diretor executivo do Porto de Los Angeles, à CNN. “Isso não vai desaparecer em três ou quatro semanas.”

    E mesmo que os ataques parassem hoje, permitindo que a maioria dos navios transitassem pelo Mar Vermelho, os impactos anteriores ainda poderiam repercutir durante algum tempo, de acordo com Burgess da CH Robinson.

    “As interrupções e atrasos já existentes levarão um tempo significativo para serem resolvidos.”

  • Lai, do partido governista de Taiwan, vence eleições presidenciais

    Lai, do partido governista de Taiwan, vence eleições presidenciais

    Lai Ching-te, candidato presidencial pelo partido governista de Taiwan, venceu neste sábado (13) uma eleição que a China definiu como uma escolha entre a guerra e a paz.

    O candidato do principal partido da oposição de Taiwan, o Kuomintang (KMT), Hou Yu-ih, admitiu a derrota nas eleições.

    O Partido Democrático Progressista de Lai, que defende a identidade separada de Taiwan e rejeita as reivindicações territoriais da China, procurava um terceiro mandato, algo sem precedentes no atual sistema eleitoral de Taiwan.

    Lai enfrentava dois oponentes à presidência: Hou, do KMT, e o ex-prefeito de Taipei, Ko Wen-je, do pequeno Partido Popular de Taiwan, fundado apenas em 2019.

    Falando aos repórteres na cidade de Tainan, no sul, antes de votar, Lai encorajou as pessoas a votarem.

    “Cada voto é valorizado, pois esta é a democracia conquistada com dificuldade por Taiwan”, disse ele em breves comentários.

    No período que antecedeu as eleições, a China denunciou repetidamente Lai como um separatista perigoso e rejeitou os seus repetidos apelos para negociações. Lai diz que está empenhado em preservar a paz através do Estreito de Taiwan e em reforçar as defesas da ilha.

     

  • Ministro admite ‘erro formal’ em envio de dinheiro público para custear ‘carnaval’ de servidores

    Ministro admite ‘erro formal’ em envio de dinheiro público para custear ‘carnaval’ de servidores

    O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, admitiu nesta quinta-feira, 11, que houve um “erro formal” na emissão de passagens e diárias pagas com dinheiro público para três dos seus servidores que o acompanharam em um carnal fora de época no fim do ano passado. Macêdo negou que tenha autorizado a viagem dos funcionários e disse que não sabia que eles haviam ido para Aracaju, onde aconteceu o evento, com verbas da Presidência. O Portal da Transparência, contudo, registra que os recursos foram entregues aos assessores “por ordem do ministro”.

    “Houve um erro formal do meu gabinete, erro de procedimento, que isso nunca mais se repetirá”, declarou o ministro em entrevista nesta quinta-feira, 11, no Palácio do Planalto. “Houve um erro onde três assessores foram para Aracaju e utilizaram as passagens com recursos públicos”.

    Macêdo disse também que viajou para o Pré-Caju — nome do carnaval fora de época da capital sergipana — com passagens pagas com recursos próprios. Segundo o ministro, a festa não era uma agenda constitucional e os gastos de dinheiro público por parte dos servidores foi descoberto por ele há dois dias.

    “O fato concreto do erro é que teve passagens que foram emitidas para funcionários irem a uma atividade que não teve agenda institucional. Isso não pode acontecer”, afirmou o ministro. “Eu sabia que eles estavam lá, mas não sabia que foram gastos recursos públicos sem ter agenda institucional. Descobri há dois dias.”

    O fotógrafo Bruno Fernandes da Silva, conhecido como Bruno Peres, o assessor Yuri Darlon Góis de Almeida e a gerente de projetos Tereza Raquel Gonçalves Ferreira receberam R$ 3.656 em diárias do total. O restante se refere às passagens. Bruno foi quem fotografou o ministro durante a agenda particular. As imagens publicadas nas redes sociais de Macêdo são creditadas a ele. O fotógrafo tem um salário de R$ 11.306,90. É o mesmo valor recebido por Yuri, que é assessor da Secretaria Nacional da Juventude da pasta, e por Tereza, que é gerente de projetos.

    Para justificar as viagens dos assessores, a Secretaria-Geral alegou que, por ordem de Márcio Macêdo, eles iriam participar de uma visita ao Instituto Renascer Para Vida uma ONG cuja sede, segundo dados da Receita Federal, fica em um município vizinho a capital de Sergipe. No entanto, a agenda oficial do ministro não registrou nenhuma missão no período. Além disso, ele não postou sequer uma foto do encontro em suas redes sociais – ao mesmo tempo em que publicou 28 imagens e um vídeo na folia. Aracaju é o reduto eleitoral de Macêdo.

    Registro no Portal da Transparência diz que servidores iriam para Aracaju acompanhar visita em ONG e que passagens e diárias foram solicitadas por "ordem do ministro" Foto: Reprodução/Portal da Transparência

    Registro no Portal da Transparência diz que servidores iriam para Aracaju acompanhar visita em ONG e que passagens e diárias foram solicitadas por “ordem do ministro” Foto: Reprodução/Portal da Transparência© Fornecido por Estadão

    Estadão questionou a Secretaria-Geral da Presidência desde a quarta-feira, 10, sobre se a agenda na ONG havia sido realizada, mas não obteve respostas por parte da pasta.

    De acordo com Macêdo, tal procedimento descrito como “de ordem do ministro” — presente na justificativa para o Portal da Transparência — é um “procedimento padrão” do ministério, “Essa é uma decisão do gabinete que é feita corriqueiramente”, acrescentou.

    Servidores terão que devolver dinheiro usado para passagens e diárias ao Carnaval fora de época

    O ministério de Macêdo, por meio de uma nota publicada nesta quinta-feira, 11, informou que os três servidores da Pasta terão que devolver o dinheiro público destinado às passagens e diárias e que o ato será oficiado para o Tribunal de Contas da União (TCU). A pasta afirmou também que uma sindicância foi aberta nesta para apurar a viagem dos funcionários.

    Nesta quarta, 10, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) pediu que o presidente do TCU, ministro Bruno Dantas, investigue se a pasta de Macêdo usou dinheiro público para bancar as passagens dos funcionários para o evento. Segundo a coluna de Lauro Jardim, em O Globo, a festividade bancada pelo erário teria custado o cargo de Maria Fernanda Ramos Coelho, secretária-executiva de Macêdo e ex-presidente da Caixa Econômica Federal entre 2006 e 2011, que se recusou a aprovar a ida de servidores e foi exonerada nesta terça-feira, 9.

    Na representação, o subprocurador-geral do MPTCU Lucas Rocha Furtado pede que, caso seja confirmada a irregularidade, o dinheiro utilizado para as viagens seja ressarcido aos cofres públicos e que o Tribunal de Contas encaminhe para o Ministério Público Federal (MPF) uma denúncia de improbidade administrativa.

    “A compra de passagens pelo Ministro Márcio Macêdo para ‘curtir’, com seus apaniguados, as folias de carnaval fora de época no seu reduto eleitoral, atenta contra a moralidade administrativa e constitui evidente desvio de finalidade no uso de recursos públicos. No caso noticiado, não houve interesse público a ser satisfeito, mas apenas o interesse privado do ministro e de seus apadrinhados, que veio a ser custeado com o suado dinheiro do contribuinte”, escreveu o subprocurador-geral.

    Estadão procurou Maria Fernanda, mas não obteve retorno. A Secretaria-Geral da Presidência afirmou que “nunca houve tratativa sobre quaisquer passagens nem diárias de viagem entre a ex-secretária e o ministro Márcio Macêdo”. A pasta também disse que a servidora foi quem pediu a sua exoneração por “motivos pessoais”.

  • O que diz o preferido do PT para o Ministério da Justiça sobre indicação de Lewandowski

    O que diz o preferido do PT para o Ministério da Justiça sobre indicação de Lewandowski

    Preferido por setores do PT para a vaga no Ministério da Justiça e Segurança Pública, Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, afirma que o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, escolhido pelo presidente Lula para a pasta, terá seu “total apoio”.

    O coordenador do Prerrogativas disse ao Estadão estar “honrado com os apoios que recebeu”, mas opina que Lewandowski é “um grande nome e tem todas as condições de fazer uma grande gestão”.

    Marco Aurélio acrescenta que os desafios do novo ministro “não são pequenos”. Entre os temas mais urgentes para a gestão, ele chama a atenção para o enfrentamento do racismo estrutural e dos problemas no sistema carcerário.

    Quem apoiava Marco Aurélio de Carvalho para o Ministério

    A mobilização de integrantes do PT pela indicação de Marco Aurélio se intensificou a partir da aprovação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal. Como mostrou a Coluna do Estadão, o nome de Carvalho tinha apoio da maioria do partido em todas as suas correntes internas.

    Grupos fora do PT também avalizavam o nome do advogado. A frente ampla de apoios ia desde petistas históricos, como o deputado estadual Emídio de Souza (PT-SP) e o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), até setores evangélicos, como o Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (Fenasp), que emitiu nota interna elogiando a “capacidade de diálogo” de Marco Aurélio.

    O ex-ministro de Lula e Dilma, Edison Lobão, também tinha apreço pela indicação do advogado. “Grande jurista”, afirmou Lobão à Coluna do Estadão, destacando que, a escolha seria a de um nome “de confiança do presidente Lula”. Durante as férias de fim de ano, Carvalho, já cotado para o ministério, acompanhou o presidente em um passeio no Quilombo da Marambaia, no Rio de Janeiro.

    Grupo Prerrogativas no Ministério da Justiça

    O Prerrogativas é um grupo de juristas, advogados e acadêmicos de Direito que se notabilizou pelas críticas contra a Operação Lava Jato e pela atuação judicial contra a prisão em segunda instância.

    Antonio Mariz de Oliveira, Alberto Toron e Marco Aurélio Carvalho em jantar do grupo Prerrogativas em 2019 Foto: Silvana Garzaro/Estadão

    Antonio Mariz de Oliveira, Alberto Toron e Marco Aurélio Carvalho em jantar do grupo Prerrogativas em 2019 Foto: Silvana Garzaro/Estadão© Fornecido por Estadão

    Se a indicação de Marco Aurélio de Carvalho prevalecesse, ele não seria a primeira pessoa próxima à entidade a integrar a pasta de Justiça, pois Augusto de Arruda Botelho e Wadih Damous, secretários de Flávio Dino, mantêm relação com o Prerrogativas.

    ‘Mais do que preparado’, diz Carvalho sobre Lewandowski

    Ao Estadão, Marco Aurélio de Carvalho já havia clamado pela indicação de Ricardo Lewandowski, que seria, na perspectiva do advogado, “um nome de consenso”. “(Lewandowski) Está mais do que preparado para enfrentar as mazelas do sistema de segurança e do nosso sistema de Justiça”, disse Carvalho ainda em dezembro de 2023.

    Marco Aurélio de Carvalho e Ricardo Lewandowski estavam no páreo para a indicação à pasta de Justiça e Segurança Pública ao lado de nomes como Jorge Messias, advogado-geral da União, Ricardo Cappelli, número dois de Dino, e Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento.

    Estadão