Categoria: Segurança e Justiça

  • Rússia está desenvolvendo laços com a Coreia do Norte em todas as áreas

    Rússia está desenvolvendo laços com a Coreia do Norte em todas as áreas

    Ministra das Relações Exteriores da Coreia do Norte se reuniu com o presidente Vladimir Putin em Moscou

    A Rússia está desenvolvendo relações com a Coreia do Norte em todas as áreas, incluindo as “sensíveis”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta quarta-feira (17).

    A ministra das Relações Exteriores da Coreia do Norte elogiou os laços de camaradagem com a Rússia na terça-feira e, em seguida, manteve raras conversas com o presidente Vladimir Putin, no Kremlin, em Moscou.

    Putin foi convidado por Kim Jong Un para visitar a Coreia do Norte.

    Questionado sobre as conversas em Moscou, Peskov disse que a situação na península coreana foi discutida, mas que o foco principal foi o desenvolvimento de relações bilaterais.

    “A República Popular Democrática da Coreia é nosso parceiro muito importante, e estamos focados no desenvolvimento de nossas relações em todas as áreas, inclusive em áreas sensíveis”, disse Peskov aos repórteres.

    Putin estreitou os laços com a Coreia do Norte desde que enviou tropas para a Ucrânia em 2022, e os Estados Unidos e seus aliados condenaram o que dizem ter sido entregas significativas de mísseis norte-coreanos à Rússia para ajudar em seu esforço de guerra.

    Tanto a Rússia quanto a Coreia do Norte rejeitaram repetidamente as críticas. Moscou afirma que desenvolverá laços com os países que desejar e que sua cooperação com Pyongyang não viola os acordos internacionais.

    A Rússia fez o possível para divulgar a retomada da relação, incluindo os laços militares, com a Coreia do Norte, que foi formada em 1948 com o apoio da então União Soviética.

    Para Putin, que diz que a Rússia está envolvida em uma batalha existencial com o Ocidente por causa da Ucrânia, cortejar Kim permite que ele alfinete Washington e seus aliados asiáticos e, ao mesmo tempo, garanta um grande suprimento de artilharia para a guerra na Ucrânia.

    CNN

  • PF vai chamar Eduardo Cunha para depor sobre o caso de Sérgio Moro

    PF vai chamar Eduardo Cunha para depor sobre o caso de Sérgio Moro

    No caso do ex-presidente da Câmara, a PF apura suspeita apontada por Tony Garcia em depoimento prestado no ano passado, no Supremo Tribunal Federal (STF), de que teria sido dada a ele a “missão” de falar com Cunha que Marcelo Odebrecht e seus parentes estavam sob investigação.

    A Polícia Federal (PF) planeja ouvir, nos próximos dias, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e o ex-executivo da Odebrecht Fernando Reis no âmbito da investigação que apura denúncias de irregularidades no acordo de colaboração premiada do empresário e ex-deputado estadual do Paraná Tony Garcia, homologado pelo ex-juiz parcial e incompetente, hoje senador, Sergio Moro (UB-PR), em 2004. As supostas fraudes podem ter afetado também os acordos de colaboração fechados pela Operação Lava Jato, anos mais tarde.

    No caso do ex-presidente da Câmara, a PF apura suspeita apontada por Tony Garcia em depoimento prestado no ano passado, no Supremo Tribunal Federal (STF), de que teria sido dada a ele a “missão” de falar com Cunha que Marcelo Odebrecht e seus parentes estavam sob investigação na Lava Jato. Investigadores federais sugerem que seja tomado o depoimento de Cunha e de Fernando Reis, que foi um dos executivos das empresas do grupo de Marcelo Odebrecht .

    Ao todo, Tony Garcia depôs por mais de cinco horas no ano passado às autoridades que, a partir dos relatos, listaram uma série de episódios prontos a ser investigados, incluindo o uso de escutas ambientais e investigação de pessoas por parte de Tony, como agente infiltrado, envolvendo pessoas que foram investigadas na Lava Jato.

    Oitivas

    Em face destes episódios, a PF e a Procuradoria-Geral da República (PGR) querem ouvir também a advogada e mulher de Sergio Moro, deputada Rosângela Moro (UB-SP), e seu sócio Carlos Zucolotto Junior; além dos ex-integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol, Carlos Fernando dos Santos Lima e Januário Paludo.

    A abertura do inquérito foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, na véspera. Para a PF e para a PGR, os episódios relatados por Tony Garcia podem ser enquadrados em crimes como concussão (quando o funcionário público exige vantagem indevida), fraude processual, organização criminosa e lavagem de capitais.

    “Nesse quadro, infere-se dos relatos prestados por Tony Garcia, caso sejam eventualmente comprovados, apontam para um desvirtuamento das decisões tomadas no âmbito da Operação Lava Jato”, afirma a PGR no pedido encaminhado ao ministro Toffoli.

    Agente da Abin

    Ainda segundo o relato de Tony, que foi acompanhado por uma série de documentos entregues às autoridades e que embasaram o pedido de abertura de inquérito, seu acordo de colaboração premiada previa a realização de 30 tarefas. Destas, porém, os investigadores da PF constataram que somente duas tinham relação com o episódio que envolvia o Consórcio Garibaldi, empresa de Tony que faliu na década de 90 prejudicando várias pessoas em um episódio que o levou a ser preso por ordem de Moro. Foi a partir dessa prisão que Tony fechou um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF) no Paraná, homologado em 2004.

    Apesar de ter sido fechado bem antes da Lava Jato, segundo o ex-delator, seu acordo foi marcado por intimidações e chantagens por parte das autoridades que o levaram a realizar várias atividades como “agente infiltrado” e que podem ter afetado pessoas que acabaram sendo investigadas pela Lava Jato anos mais tarde.

    Delação

    Ainda nesta terça-feira, o Tony Garcia utilizou sua conta na rede X (ex-Twitter) para confrontar Moro, a quem acusa de “covardia”. Na mensagem, o ex-delator chamou o ex-juiz a assumir responsabilidade por supostos crimes cometidos. Em sua declaração, Garcia sugeriu que Moro, Rosangela Moro e Deltan Dallagnol considerassem uma delação premiada, diante da abertura di inquérito no STF.

    A defesa de Moro negou irregularidades e afirmou desconhecer a decisão do STF, ressaltando que o instituto da colaboração premiada não tinha o mesmo regramento à época dos fatos.

  • Adolescente é morto por facção após falsa acusação de estupro, diz polícia

    Adolescente é morto por facção após falsa acusação de estupro, diz polícia

    Um adolescente de 17 anos, morto por facção criminosa após ser vinculado a um possível caso de estupro na cidade de Deodápolis (MS), a 249 quilômetros de Campo Grande, foi vítima de falsa acusação. As informações são da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul.

    Boato de estupro foi inventado pelo pai de uma jovem que, supostamente, se relacionava com a vítima. O homem não aceitou o relacionamento da filha e planejou o crime, conforme explicou o delegado responsável pelo caso, Anderson Guedes de Farias.

    Inconformado, o pai da jovem e mais quatro homens executaram o adolescente. “Um dos executores, pai de uma adolescente, ao descobrir um suposto relacionamento de sua filha com o rapaz de 17 anos, passou a acusar o rapaz falsamente do crime de estupro”, afirmou o delegado.

    Suspeitos gravaram o crime e publicaram as cenas nas redes sociais. O caso ocorreu no sábado (13).

    Adolescente teve o pescoço cortado e foi esfaqueado no coração. Os suspeitos capturaram o jovem em sua casa, em Deodápolis, montaram um “tribunal do crime” e o levaram para a zona rural do município. Após o crime, eles fugiram.

    Familiar da vítima denunciou o caso na polícia e suspeitos foram presos no domingo (14). Equipes da Polícia Civil, por intermédio da Delegacia de Deodápolis e em ação conjunta com a Polícia Militar, prenderam os cinco suspeitos. A arma do crime também foi localizada.

    Todos confessaram o crime. No momento da prisão, a polícia verificou que três eram egressos do sistema penitenciário. “Trata-se de um crime bárbaro que comoveu a população do município, mas que teve uma resposta rápida e contundente das forças policiais que retiraram do convívio social indivíduos com alto grau de periculosidade”, afirmou o delegado Farias.

  • CGU multa em R$ 3,8 milhões empresa responsável pela vacina Covaxin

    CGU multa em R$ 3,8 milhões empresa responsável pela vacina Covaxin

    A Controladoria-Geral da União (CGU) multou a empresa Precisa Medicamentos em R$ 3,8 milhões por fraudes no processo de venda da vacina Covaxin, contra a covid-19, ao Ministério da Saúde, em 2020. A decisão foi publicada na segunda-feira (15) no Diário Oficial da União (DOU).

    Segundo a decisão, a empresa “apresentou documentos com montagens, com tradução indevida, além de uma procuração forjada e falsa. Além disso, a empresa entregou uma carta de fiança falsa e fraudou contrato mediante a apresentação de faturas com informações de cobrança em desacordo com os termos pactuado”.

    O caso remonta à compra pelo Ministério da Saúde de 20 milhões de doses da Covaxin, fabricada pela indiana Bharat Biotech International Limited. O contrato relativo a essa transação, no valor de R$ 1,6 bilhão, foi alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, após denúncias de um servidor sobre “pressões incomuns” para liberar a transação.

    Pela decisão da CGU, além da multa, a Precisa foi classificada como empresa inidônea, ficando inapta a firmar contratos com a administração pública. A sentença determina ainda que a empresa publique a decisão na íntegra em jornal de grande circulação por 75 dias, e também no seu site.

     ISTOÉ DINHEIRO.

  • Rua em Goiânia desaba e prédio fica com estrutura comprometida

    Rua em Goiânia desaba e prédio fica com estrutura comprometida

    Um engenheiro de uma obra que fica ao lado do prédio, trabalhou junto com os bombeiros para evacuar as famílias do local em segurança

    O Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO) informou que moradores de um prédio precisaram ser evacuados após uma rua desabar na madrugada desta segunda-feira (15) e a estrutura do prédio ficar comprometida, no Setor Marista, em Goiânia.

    Parte da rua 1128, no Setor Marista, desabou próximo ao prédio residencial. Um engenheiro de uma obra que fica ao lado do prédio, trabalhou junto com os bombeiros para evacuar as famílias do local em segurança.

    A Defesa Civil Municipal afirma ter assumido o controle e iniciado operações para garantir a segurança e assistência da população.

    O HOJE

  • Jatos dos EUA interceptam e derrubam míssil de rebeldes do Iêmen no Mar Vermelho

    Jatos dos EUA interceptam e derrubam míssil de rebeldes do Iêmen no Mar Vermelho

    Ofensiva frustrada acontece em meio a tensões dos Houthis na região; ataques atrapalham navegação internacional e fazem navios desviarem da área estratégica para o comércio

    Aviões de combate dos EUA derrubaram um míssil de cruzeiro antinavio disparado de áreas militantes de rebeldes do Iêmen em direção a um contratorpedeiro americano, que opera no Mar Vermelho do Sul, os militares dos EUA disseram no domingo (14).

    A intercepção no ar é o mais recente incidente no Mar Vermelho, onde os Houthis têm atacado a navegação internacional no que dizem ser uma campanha para apoiar os palestinos sob ataque israelense na Faixa de Gaza.

    A tensão é registrada após uma série de ataques aéreos americanos e britânicos contra alvos Houthis no Iêmen que atraíram ameaças de uma resposta “forte” da milícia apoiada pelo Irã.

    Não houve feridos ou danos relatados no último incidente, de acordo com o Centro de Comando dos EUA (CENTCOM), que divulgou a notícia em um comunicado postado na plataforma de mídia social X.

    A CENTCOM disse que o míssil foi abatido perto da cidade portuária de Hodeidah, no Iêmen.

    Mais cedo no domingo (14), os rebeldes relataram que aeronaves dos EUA foram observadas voando perto do espaço aéreo iemenita e áreas costeiras.

    O porta-voz houthi Mohamed Abdulsalam descreveu a atividade de aeronaves “inimigas” como uma violação flagrante da soberania nacional.

    A Reuters não conseguiu determinar imediatamente se os incidentes faziam parte da mesma situação. A CENTCOM não respondeu imediatamente a um e-mail buscando mais detalhes sobre a interceptação.

    A crise do Mar Vermelho aumentou os temores de um conflito mais amplo no Oriente Médio além de Gaza, que Israel está reduzindo a escombros no que diz ser uma campanha para aniquilar o grupo militante palestino Hamas, que governa a o território e, como os Houthis, é apoiado por Teerã.

    Também no domingo (14), ativistas pró-palestina protestaram em frente a uma base da Força Aérea Britânica no Chipre, irritados com o fato de o local ter sido usado como plataforma de lançamento para ataques contra o grupo rebelde.

    “Estamos aqui porque condenamos a cumplicidade do governo do Reino Unido e o uso de terras cipriotas em sua agenda para apoiar Israel em seu ataque a Gaza”, disse Natalia Olivia, da organização baseada no Chipre, Unidos pela Palestina.

    CNN

  • Chuvas no Rio: Ministério do Desenvolvimento vai liberar R$ 800 por pessoa desabrigada

    Chuvas no Rio: Ministério do Desenvolvimento vai liberar R$ 800 por pessoa desabrigada

    Auxílio será inicialmente liberado apenas para quem já teve a situação de emergência reconhecida pelo governo federal

    O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome vai liberar um auxílio de R$ 800 por pessoa desabrigada após as chuvas que atingiram a cidade do Rio de Janeiro.

    Conhecido como “auxílio desabrigado”, o Serviço de Proteção em Situação de Calamidades Públicas e Emergências será, inicialmente, liberado apenas para quem já teve a situação de emergência reconhecida pelo governo federal. No caso, a capital fluminense.

    A expectativa, no entanto, é que ainda nesta segunda-feira (15) outros municípios do estado do Rio de Janeiro decretem estado de emergência para ter acesso a esse e outros benefícios.

    À CNN, o ministro da Integração, Waldez Góes, falou sobre a ajuda do governo federal às cidades atingidas pelas chuvas.

    “Estou hoje de plantão para receber os decretos municipais e fazermos o procedimento de reconhecimento e iniciarmos os planos de trabalho”, afirmou.

    Até agora, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros confirmaram a morte de pelo menos 12 pessoas. Uma mulher está desaparecida.

    CNN

  • Empresa chefiada por sobrinho de Haddad movimenta bilhões sem pagar imposto

    Empresa chefiada por sobrinho de Haddad movimenta bilhões sem pagar imposto

     Enquanto o governo federal se desdobra para aumentar a arrecadação e reduzir o déficit das contas públicas, uma companhia movimenta bilhões no país sem pagar imposto por suas operações.

    É a Binance, maior corretora de criptomoedas do mundo, cuja operação no Brasil é chefiada por Guilherme Haddad Nazar, sobrinho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

    A empresa está no centro das atenções desde o fim do ano passado no Brasil e no mundo. Lá fora, depois que o CEO Changpeng Zhao (conhecido por CZ) renunciou ao cargo no fim de novembro em meio a investigações por suspeita de infringir regras de prevenção à lavagem de dinheiro e descumprir sanções do governo americano. Ele confessou e aguarda sentença de prisão.

    No Brasil, o escrutínio se dá sobretudo desde a CPI das Pirâmides Financeiras, em que a Binance foi caracterizada como a plataforma preferida para aplicar golpes e terminou com pedido de indiciamento tanto de Nazar, sobrinho de Haddad, quanto do ex-CEO CZ.

    Corretoras estabelecidas no país pagam ISS (Imposto Sobre Serviço, municipal) sobre as taxas de corretagem (valor que a empresa cobra para intermediar negociações) e reportam à Receita as transações dos usuários, para que paguem imposto de renda sobre o ganho de capital.

    Mas a Binance escapa dessa taxação sob o argumento de que é uma operadora internacional e não tem sede no Brasil —a companhia nunca revelou onde fica de fato sua sede; em dezembro, o novo CEO, Richard Teng, chegou a indagar um repórter do Financial Times que o questionou sobre o tema: “Por que você se sente tão no direito de ter essas respostas?”.

    Mesmo sem oficialmente ter sede no Brasil, a companhia conta com operação robusta. Além do sobrinho do ministro da Fazenda no comando, o ex-ministro e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles faz parte do conselho consultivo da companhia. A empresa tem cerca de 200 funcionários no país, afirmou à CPI das Pirâmides Financeiras da Câmara e patrocina o Campeonato Brasileiro de Futebol (masculino e feminino) e o time do Santos.

    Além disso, a CPI identificou sete CNPJs pelos quais a companhia atua no Brasil —segundo a empresa, para registro de funcionários e funções administrativas, pelas quais paga impostos.

    “A atividade de compra e venda de criptoativos é feita por empresas não brasileiras”, repetiu diversas vezes Guilherme Nazar quando depôs na CPI, em setembro, justificando o não recolhimento de tributos.

    Em nota, a empresa disse à Folha de S.Paulo que “atua em total conformidade com o cenário regulatório do Brasil” (leia abaixo).

    É impossível saber exatamente quanto a companhia deveria pagar de impostos no país porque não há informações públicas de quanto fatura, mas a CPI calculou que a empresa deveria pagar entre R$ 300 e R$ 400 milhões em tributos anualmente.

    O valor foi calculado em cima de informação que veio a público em 2022 de que a Binance movimentou em 2021 R$ 40 bilhões em uma única conta no banco Acesso, instituição de pagamentos que processava os valores negociados pela corretora no Brasil.

    O montante veio à tona porque o Banco Central notificou o Acesso sobre o alto risco de lavagem de dinheiro nas operações da Binance e exigiu o envio de informações detalhadas sobre os clientes. O banco Acesso deixou de aceitar o uso de uma única conta, não individualizada, para os clientes, e a Binance decidiu romper a parceria. As duas empresas ainda estão em litígio e disputam R$ 450 milhões na Justiça.

    Além de não recolher ISS sobre a taxa de corretagem no comércio de bitcoins, a corretora não reporta à Receita a movimentação de seus clientes, que poderia assim cobrar imposto de renda dos usuários.

    “Nós salientamos a todos os nossos clientes, usuários, em diversas comunicações, que é de responsabilidade deles fazer o devido reporte à autoridade, no caso, a Receita Federal. Nós não damos aconselhamento fiscal, porém, aconselhamos e sugerimos que eles busquem um tributarista competente que os ajudem com essa responsabilidade”, disse Guilherme Nazar à CPI.

    À Folha de S.Paulo a Receita Federal afirmou que investiga “eventuais fraudes” em operadoras estrangeiras que atuam no Brasil sob intermédio de terceiras sem pagar impostos, mas não especificou se a Binance está na mira (veja abaixo).

    Na Câmara, representantes da Acesso e de outras empresas que operavam com a Binance, como a Capitual, afirmaram também haver indícios de lavagem de dinheiro.

    Em nota à reportagem, a corretora afirmou que foi uma das primeiras grandes corretoras fora dos EUA a exigir verificação de identidade dos usuários. Disse que colaborou “ativamente para os trabalhos da CPI”, mas que rechaça “veementemente, porém, quaisquer tentativas de transformar a Binance em alvo, ou ainda expor seus usuários e funcionários, com alegação de más práticas sem nenhuma comprovação, em meio a disputas concorrenciais dada a posição de liderança da empresa no Brasil e no mundo.”

    Concorrentes costumam acusá-la de obter vantagem ao não jogar as “regras do jogo”. Como não recolhe impostos, por exemplo, sua operação fica mais barata para o usuário final do que em outra plataforma que o faz.

    “A gente não quer criar barreiras para que clientes de fora venham para o Brasil. Pelo contrário, se o Estado entender que vale a pena não ter tributação e controles, que isso seja concedido para as empresas que estão estabelecidas aqui também”, diz Reinaldo Rabelo, CEO da concorrente Mercado Bitcoin.

    Bernardo Srur, diretor-presidente da ABCripto (Associação Brasileira de Criptoeconomia), à qual a Binance não é vinculada, afirma defender que “as leis e regras sejam aplicáveis a todos da mesma forma”, a fim de evitar “assimetrias no ambiente competitivo”.

    Guilherme Haddad Nazar é filho de uma irmã do ministro Fernando Haddad e foi anunciado como diretor da empresa em dezembro de 2022, após o atual governo vencer a eleição presidencial. Ele já esteve envolvido em outra polêmica pela proximidade com o tio.

    Em 2016, quando Haddad era prefeito de São Paulo e regulamentou o Uber na cidade, Guilherme Nazar ocupava cargo de gestão na companhia. Na época, o Ministério Público chegou a abrir um inquérito, que concluiu não haver ilegalidade.

    A reportagem não encontrou registros de que Nazar tenha tido reuniões com autoridades do governo federal ou Banco Central.

    As acusações que a empresa enfrenta no Brasil são similares às de outros lugares do mundo. “A Binance se tornou a maior corretora de criptomoedas do mundo em parte por causa dos crimes que cometeu”, afirmou no fim do ano o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, quando a empresa pagou US$ 4,3 bilhões em acordo que encerrou investigação do governo americano.

    A secretária do Tesouro, Janet Yellen, foi ainda mais dura: “A Binance fechou os olhos para suas obrigações legais em busca de lucro. Falhas intencionais permitiram fluxo de dinheiro para terroristas, cibercriminosos e abusadores de crianças por meio da plataforma”, afirmou. Changpeng Zhao aguarda a sentença e pode pegar até 18 meses de prisão nos Estados Unidos.

    No Brasil, o ex-CEO teve seu indiciamento pedido pela CPI sob alegação de violação da lei de crimes contra o sistema financeiro nacional e de operar instituição financeira sem autorização. Guilherme Haddad Nazar também teve indiciamento pedido sob as mesmas alegações, além de gestão fraudulenta.

    EMPRESA DIZ QUE CUMPRE REGRAS; GOVERNO AFIRMA HAVER FISCALIZAÇÃO

    Em nota, a Binance afirmou que “atua em total conformidade com o cenário regulatório do Brasil e seguirá cumprindo as determinações fiscais e legais pertinentes às suas operações no Brasil.” A empresa ressaltou ainda que está em processo de aquisição de uma corretora no país, a Sim;paul, anunciado em março de 2022, hoje em análise pelo Banco Central.

    Disse ainda que “apoia a regulação e acredita que um ambiente regulatório estável pode apoiar a inovação e é essencial para estabelecer confiança no setor e crescimento de longo prazo.” Segundo a empresa, nenhuma outra corretora tem tantas licenças e registros como a Binance, com autorização para orar em 18 países.

    Sobre o processo nos EUA, a empresa disse que “assumiu total responsabilidade pela sua conduta, realizou esforços significativos para melhorar as suas iniciativas de conformidade e construiu uma plataforma mais forte e segura.” Além disso, ressaltou que, “nas resoluções consagradas, as agências americanas não alegam que a Binance apropriou-se indevidamente de fundos de usuários e não alegam que a Binance participou de qualquer manipulação de mercado.

    “A Binance vem atuando de forma contínua para ajudar proativamente autoridades de aplicação da lei ao redor do mundo e no Brasil para detectar atividades suspeitas e combater crimes e ilícitos financeiros envolvendo o ecossistema de criptomoedas”, diz, citando workshops para investigadores de Polícia Federal, Promotoria e polícias civis de diferentes estados.

    Procurado pela Folha de S.Paulo, o Ministério da Fazenda acionou Receita Federal e Banco Central para esclarecer “as devidas informações relacionadas às ações desenvolvidas pelos órgãos competentes.”

    A Receita afirmou que “atuou intensamente ao longo de 2023, e continuará em 2024, para regular e fiscalizar novos mercados, como os de critptomoedas, criptoativos, remessas internacionais e comércio eletrônico” e que o Brasil “é referência na captação de dados de exchanges (corretoras), de pessoas físicas e jurídicas que operam no exterior.”

    “Em meados de 2023, a Receita iniciou investigação em relação a eventuais fraudes identificadas em exchanges estrangeiras que operam com consumidores brasileiros, sem instalar-se formalmente no país. A fraude se dá por meio de uma empresa intermediária que, valendo-se de instituições financeiras, atua como operadora informal da exchange estrangeira sem o devido recolhimento de tributos”, caso similar ao da Binance. O órgão não informou, no entanto, se Binance foi ua dessas empresas investigadas.

    “Houve operações de fiscalização específicas, sujeitas a sigilo, além de reuniões durante o segundo semestre de 2023 com exchanges nacionais e estrangeiras, antecipando uma ação específica de conformidade a ser lançada em breve pela Receita Federal do Brasil, para regularização desse mercado (antes de estabelecer a ação punitiva).”

    O Banco Central, por sua vez, disse ser “o órgão competente para regular, autorizar e fiscalizar o mercado de prestação de serviços de ativos virtuais (criptoativos)” e que lançou consulta pública para seguir com a regulamentação do setor no país.

    O órgão ressaltou ainda que, apesar de “não se manifestar em casos específicos de entidades porventura reguladas, é cediço que a Binance possui pedido de autorização para aquisição de corretora de valores mobiliários, em curso no âmbito do BC. Tal pedido encontra-se em estágio de análise, não tendo por enquanto desfecho.”

    Folha de São Paulo

  • Justiça ordena retirada de vídeo em que filho de ministro do STJ aparece ostentando roupas de luxo

    Justiça ordena retirada de vídeo em que filho de ministro do STJ aparece ostentando roupas de luxo

    A juíza Flávia Babu Capanema Tancredo, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou que o vídeo no qual empresário Felipe Brandão ostenta artigos de luxo seja removido da internet. Brandão é filho de Benedito Gonçalves, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, no entender da juíza, a divulgação do vídeo, além de ridicularizar o próprio Felipe, pretendia também atingir terceiros – no caso, o ministro Gonçalves.

    Benedito Gonçalves integrou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até novembro de 2023. Na Corte Eleitoral, foi relator da ação que deixou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. A gravação em que Felipe Brandão figura ostentando artigos de luxo circulou nas redes sociais como forma de atacar a conduta do ministro contra o ex-presidente.

    Publicado no dia 7 de janeiro, o vídeo acumulava mais de 2,8 milhões de visualizações e 167 mil curtidas até o despacho da Justiça do Rio de Janeiro.

    Filho de ministro ostenta artigos de luxo

    A gravação foi feita pelo influenciador Anthony Kruijver em uma rua de Amsterdã, na Holanda, famosa pela presença de lojas de luxo. Kruijver costuma questionar os participantes dos vídeos quais marcas de roupa eles estão vestindo.

    Felipe Brandão, filho do ministro do STJ eTSE Benedito Gonçalves, aparece em vídeo ostentando relógio de R$ 1,07 milhão. O carioca trabalha com venda de artigos de luxo na internet. Foto: @anthonykruijverfashion via TikTok

    Felipe Brandão, filho do ministro do STJ eTSE Benedito Gonçalves, aparece em vídeo ostentando relógio de R$ 1,07 milhão. O carioca trabalha com venda de artigos de luxo na internet. Foto: @anthonykruijverfashion via TikTok© Fornecido por Estadão

    Brandão se identifica no vídeo como empresário do ramo de artigos de luxo. Ele tem sociedade em cinco empresas com CNPJ ativos, relacionadas com divulgação de atividades na internet, marketing, produções artísticas, serviços empresariais e uma franquia de açaí. O filho do ministro não possui nenhum cargo público ou político.

    Não há irregularidades em ostentar artigos de moda, mesmo que os valores sejam milionários. O Estadão tentou contato com Brandão para comentar a repercussão do vídeo, mas ele não foi localizado.

    O influenciador Anthony Kruijver pergunta, inicialmente, sobre o tênis vermelho usado por Brandão. O modelo Air Force foi produzido pela Nike em parceria com a Louis Vuitton e, em sites brasileiros de produtos importados, custa pouco mais de R$ 30 mil.

    Em seguida, o destaque é para o item mais caro do “outfit”: um relógio Richard Mille RM-011. O autor do vídeo diz que o modelo custa mais de € 200 mil (cerca de R$ 1,07 milhão atuais). Brandão veste uma calça preta com elementos brancos da Denim Tears, que no site da marca custa R$ 1.027.

    O valor da jaqueta da marca Prada não foi informada, nem o modelo. Mas no site oficial da grife, um tipo similar é vendido por cerca de R$ 14 mil. Além do relógio, Brandão exibe outro acessório: uma pulseira da marca Cartier. No site oficial, o modelo Juste un Clou, feito em ouro branco com 32 diamantes lapidados, custa R$ 96,5 mil.

    Não é possível afirmar que se trata exatamente do mesmo modelo, que se assemelha a um prego torcido. Outro espécie desse bracelete, mas com 374 diamantes lapidados, custa R$ 349 mil no site oficial da marca.

    Estadão

     

  • Toffoli abre inquérito contra Moro por suspeita de fraude em delação

    Toffoli abre inquérito contra Moro por suspeita de fraude em delação

    O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a abertura de um inquérito contra o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR), a partir de pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), por suspeita de fraude em uma delação premiada anterior à Operação Lava Jato.

    O caso trata do empresário de Curitiba e ex-deputado estadual Antônio Celso Garcia, conhecido como Tony Garcia, que diz ter sido obrigado a gravar pessoas de forma ilegal a pedido de procuradores e de Moro após firmar acordo de colaboração premiada em 2004.

    A abertura da investigação foi revelada pela GloboNews e confirmada pela Folha de S.Paulo. O processo está sob sigilo e a decisão de Toffoli é de 19 de dezembro, um dia antes do recesso do Judiciário.

    Os investigadores pretendem apurar suspeitas da prática de crimes como fraude processual, organização criminosa e concussão (crime contra a administração pública).

    As supostas ilegalidades, segundo Garcia, foram informadas à juíza federal Gabriela Hardt em 2021. Em novembro de 2022, a magistrada rescindiu o antigo acordo de delação, atendendo a um pedido do MPF (Ministério Público Federal) de 2018.

    Segundo ele, seu relato foi feito durante uma audiência em 2021 e o conteúdo foi enviado ao STF somente em abril deste ano, por decisão do juiz Eduardo Appio, que atuou na vara da Lava Jato no ano passado.

    Em 2004, Garcia foi preso pela PF, acusado de gestão fraudulenta do Consórcio Nacional Garibaldi. Ele concordou em fazer uma colaboração premiada, no fim daquele ano, com procuradores da força-tarefa do caso Banestado junto à 2ª Vara Federal de Curitiba (atual 13ª Vara).

    Em nota, Moro afirma que “sua defesa não teve acesso aos autos e reafirma que não houve qualquer irregularidade no processo de quase vinte anos atrás”.

    “[O senador] Nega, ademais, os fatos afirmados no fantasioso relato do criminoso Tony Garcia, a começar por sua afirmação de que ‘não cometeu crimes no Consórcio Garibaldi’”, diz a nota.

    A Polícia Federal, que também apontou a necessidade de investigação do caso, pediu a Toffoli que sejam ouvidos no inquérito a esposa de Moro, a deputada federal Rosângela Moro, e procuradores e ex-procuradores da República que atuaram na Lava Jato, como Deltan Dallagnol.

    Em relato à PF, Tony disse que o acordo de colaboração foi “utilizado, por longo tempo, como um instrumento de constrangimento ilegal”.

    Garcia disse que Moro “o orientou a se encontrar com uma pessoa que se dizia agente da Abin (Agenda Brasileira de Inteligência), que se nominava como Wagner, porém, ostentava outros documentos com nomes diferentes”.

    Segundo ele, o objetivo era “cumprir missões” dadas pelo então juiz, “entregando números de telefones de pessoas a serem investigadas, as quais seriam objeto de interceptação telefônica”.

    “Tony Garcia alegou que, em determinadas ocasiões, a pessoa que se apresentou como Wagner reproduzia trechos de áudios de telefonemas interceptados, para que o declarante esclarecesse o contexto dos diálogos”, disse a PF.

    “De acordo com o declarante, a todo momento havia intimidações de que, caso ele não colaborasse da maneira exigida, o acordo seria rescindido, com a consequente prisão de Tony Garcia e de seus familiares, além da expropriação de seus bens”, acrescenta o documento.

    O empresário disse ainda que houve uma colaboração supostamente fraudulenta que envolveu “a perseguição de desafetos de Sergio Moro” no Judiciário e no Ministério Público Federal.

    Segundo a PGR, os relatos de Tony Garcia à PF “noticiam a hipotética prática de crimes” no âmbito da Lava Jato envolvendo medidas invasivas como a determinação de tarefas ilícitas ao empresário, como a “determinação para realização de escutas ambientais e a exigência de entrega de gravações clandestinas”.

    Também além da “existência de supostas negociações espúrias visando à homologação de acordos de colaboração premiada direcionados” e “eventual existência de chantagens, coações, ameaças e constrangimentos para manutenção do acordo de colaboração”.

    Em sua decisão, Toffoli autorizou a abertura do inquérito, determinou a juntada de documentos apresentados por Tony Garcia aos autos e expediu ofícios solicitando documentos da Justiça Federal em Curitiba e do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).

    Ele também ordenou “que seja mantido o regime restritivo de publicidade dos autos para que não haja prejuízo para as diligências solicitadas”.

    Folha de São Pulo