O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), criticou o uso das câmeras corporais por policiais militares e sinalizou que preferia colocar câmeras em pessoas que estão sob o regime semiaberto e utilizando tornozeleira eletrônica. Ele disse também que usaria câmeras nas celas dos presídios de Goiás.
“Quem tem que ter câmera é aquele que está, exatamente, naquele sistema ali em que ele usa uma tornozeleira, e que sabe forjar aquela tornozeleira, no tal do semiaberto. É nesse que eu vou botar câmera”, disse o governador. “Eu vou botar câmera dentro das celas, nas minhas penitenciárias”, completou.
A fala ocorreu nesta quinta-feira, 6 de junho, durante o Seminário Internacional de Segurança Pública, Direitos Humanos e Democracia, em Brasília. A afirmação foi direcionada ao secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo, que havia feito uma apresentação sobre as câmeras antes da fala do governador. No final de maio, o Ministério da Justiça publicou uma portaria que recomenda a gravação ininterrupta de câmeras policiais usadas pelos agentes. Na época, o governador já havia criticado o uso de câmeras.
“Em Goiás, eu não vou botar câmera [corporal]. No meu estado, policial meu não vai usar câmera”, disse Caiado.
“Não é a visão deste governo [gestão Lula] uma visão de que segurança pública se faz matando […] Eu efetivamente respeito, mas foi frontalmente contrário”, disse Sarrubbo à Agência Pública em reação ao comentário de Caiado.
O secretário apontou que Goiás é um dos estados com maiores índices de letalidade policial. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023 mostram que o estado ocupa o sexto lugar na lista de maiores taxas de letalidade policial do país, atrás apenas de Amapá, Bahia, Rio de Janeiro, Sergipe e Pará.
Foram 7,6 mortes por 100 mil habitantes em 2022. Ao todo, 538 pessoas morreram em intervenções de policiais militares e civis no período, uma queda de 5,8% em relação ao ano anterior. O número de mortes supera o registrado em São Paulo, estado com população seis vezes maior que Goiás e o mais populoso do país, que contabilizou 419 óbitos no mesmo intervalo.
À Pública, Sarrubbo ponderou: “Precisamos ter a coragem de olhar qual é o recorte dessa letalidade: quem é que nós estamos matando? São realmente os líderes do crime organizado ou aquelas pessoas que são vítimas do contexto social de hoje e instrumento do crime organizado?”.
A Pública