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  • Rogério Cruz anuncia 6ª Mutirão da Prefeitura entre 6 e 7 de julho

    Rogério Cruz anuncia 6ª Mutirão da Prefeitura entre 6 e 7 de julho

    O prefeito Rogério anunciou o 6° Mutirão da Prefeitura durante o iniciou o segundo dia do 5º Mutirão de Goiânia em 2024, na manhã deste domingo (23/6).

    Como resultado, o prefeito visitou os estandes montados na Rua JC-1, esquina com a Avenida do Povo e Rua da Divisa, entre os bairros Jardim Curitiba e Vila Mutirão. O 6° mutirão ocorre entre os dias 6 e 7 de julho, no Jardim Abaporu, na Região Leste.

    “Mas já adianto que começo a despachar no local do mutirão no dia 1º ao dia 5 de julho. Vou receber os moradores da região com suas demandas”, disse. Cruz ainda disse que não precisa de agendamento no Mutirão da Prefeitura

    Ao mesmo tempo, o prefeito informou: “Basta me procurar no local que eu atenderei a todos”. Ele também afirmou que não poderá participar da abertura oficial, no dia 6 de julho. “Mas os nossos secretários atenderão a comunidade presente no mutirão”. O motivo: regras eleitorais. Ele é pré-candidato à reeleição ao Paço, destacou, finalmente.

    Região Noroeste recebe 5º Mutirão da Prefeitura

    Por fim, ao fazer um balanço, após participar do Podcast Tô no Mutirão, no início da tarde de hoje, o prefeito Rogério disse que alcançou seu objetivo de oferecer 200 serviços à comunidade pelo Mutirão da Prefeitura.

    O HOJE

  • OAB define PL do Aborto como “inconstitucional” e “ilegal”

    OAB define PL do Aborto como “inconstitucional” e “ilegal”

    Em parecer, a Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB, se manifestou contrário à PL do Aborto na semana passada por considerá-la “inconstitucional, inconvencional e ilegal”.

    Primeiramente, o polêmico projeto equipara o aborto após a 22ª segunda semana de gestação ao homicídio.

    Em seguida, a OAB aprovou o documento que crítica à PL do Aborto em equipe formada por 81 membros do Conselho.

    O parecer afirma também que a proposta legislativa é desproporcional, falta com bom senso e tem perversas questões de misoginia, ou seja, tem teor de desprezo a mulheres, além de racismo.

    Eduardo compara Lula a Hitler após críticas ao PL do aborto

    O documento considera ainda que o projeto de lei remonta à Idade Média, sendo, entre outros, “atroz e degradante” a meninas e mulheres.

    O documento lembra que a PL do aborto “obriga meninas e mulheres” a duas opções. “Prisão pelo crime de aborto, cujo tratamento será igual ao dispensado ao crime de homicídio simples, ou gerar o filho do estuprador”, diz o texto.

    O Conselho votou o documento produzido por uma comissão formada por cinco representantes da OAB, todas mulheres. A conselheira Silvia Virginia Silva de Souza, atual presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos, liderou a construção do texto.

    A OAB quer, ainda, que o Supremo analise a PL do Aborto.

    O HOJE

  • Concurso cartórios: CNJ valida sorteio das serventias extrajudiciais; Carlos França outorga delegação dos cartórios

    Concurso cartórios: CNJ valida sorteio das serventias extrajudiciais; Carlos França outorga delegação dos cartórios

    O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) julgou improcedente o procedimento que questionava o sorteio realizado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) para definição das serventias que seriam destinadas às pessoas com deficiência no 2º Concurso Unificado para Outorga das Delegações de Notas e de Registro do Estado de Goiás. Na mesma decisão, a Conselheira restabeleceu os efeitos do sorteio realizado no dia 19 de março de 2024 e autorizou o TJGO a prosseguir com as fases seguintes do concurso.
    “O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás sempre se pautou pela transparência e igualdade de oportunidades em seus processos seletivos. A decisão do CNJ reafirma nosso compromisso com a inclusão e o respeito às normas legais vigentes”, destacou o presidente do TJGO, desembargador Carlos França.
    Delegação dos cartorários
    Com a decisão do CNJ, o chefe do Poder Judiciário, assinou o Decreto Judiciário n° 2.709/2024, concedendo a outorga da delegação dos serviços extrajudiciais aos candidatos (as) devidamente habilitados (as) no certame de ingresso e remoção, observando a escolha das serventias pelos aprovados no concurso em audiência realizada no último dia 14, conforme constante dos anexos daquele decreto.
    Legalidade
    A conselheira Daiane Nogueira de Lira, relatora do procedimento no CNJ, entendeu que o método de sorteio utilizado pelo TJGO não trouxe nenhum prejuízo aos candidatos do provimento geral e de cota racial, com o retorno de seis serventias sorteadas aos candidatos PCD e mais de 90 vagas da remoção.
    “O fato de o tribunal ter reservado as delegações para os candidatos com deficiência apenas no critério provimento originário não configura ilegalidade, pois o caso em análise apresenta peculiaridades que justificam e, mais do que isso, denotam que esta conduta era o único caminho a ser trilhado”, argumentou a relatora.
    Segundo a conselheira, “o sorteio das serventias reservadas aos cotistas neste concurso realizado pelo TJGO ocorreu após a divulgação da lista de aprovados e, em razão disso, o tribunal sabia de antemão que não houve candidatos com deficiência aprovados no critério remoção e apenas oito na forma de ingresso pelo provimento originário.”
    Quanto ao questionamento sobre a forma de arredondamento do número de serventias reservadas, a relatora observou que a área técnica não visualizou irregularidades.
    A conselheira concluiu que o TJGO agiu em conformidade com a Resolução CNJ n° 81/2009 e o edital do concurso.
    Investidura
    A investidura na delegação, perante o Corregedor-Geral da Justiça, será realizada *na próxima segunda-feira, às 17h, na sede da Corregedoria*, podendo ser prorrogada por 30 dias, a requerimento do interessado.
    Entrada em exercício
    Após a investidura, os novos delegatários deverão agendar junto às Diretorias de Foro das respectivas Comarcas a entrada em exercício, que deverá ocorrer no prazo de 30 dias.
  • Suspensão de perfis por Moraes vira caixa-preta com sigilo e exclusão de PF e PGR

    Suspensão de perfis por Moraes vira caixa-preta com sigilo e exclusão de PF e PGR

    As decisões do ministro Alexandre de Moraes que não envolvem pedidos da Polícia Federal ou pareceres da PGR (Procuradoria-Geral da República), além do sigilo imposto a inquéritos, têm impossibilitado o acompanhamento global de quantos perfis de redes sociais foram suspensos por ele –e por quais motivos.

    A determinação de retirar do ar uma entrevista da Folha de S. Paulo com a ex-mulher do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se soma a outras decisões do integrante do STF (Supremo Tribunal Federal) de censurar perfis em redes sociais.

    O ministro recuou da censura à Folha de S. Paulo na última quarta-feira (19), um dia após determinar a retirada do vídeo do ar.

    O relatório do Congresso dos EUA com decisões sigilosas do magistrado para suspender perfis de redes sociais também revelou casos que não partiam da PGR ou da PF nem passavam por esses órgãos.

    Esse fato, atrelado ao sigilo de inquéritos, faz com que somente o ministro tenha condições de saber quantas contas já mandou suspender e por quais motivos.

    Uma das investigações mais polêmicas, a de fake news, aberta por Dias Toffoli, tem todos os documentos físicos, não digitalizados, sendo que sua totalidade só pode ser acessada por Moraes.

    A falta de transparência nas decisões tem sido um dos motivos das críticas recebidas pelo ministro.

    Em alguns casos, ao longo de cinco anos de investigações comandadas por ele, nem PGR nem PF tiveram acesso ao conteúdo antes da ordem de providência enviada às plataformas, até mesmo em determinações envolvendo quebras de sigilo.

    Como mostrou a Folha de S. Paulo, o ministro também derrubou perfis e conteúdos apenas com base em relatório da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, órgão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), grupo que ele chefiou.

    O modelo de comunicação de Moraes com as plataformas para dar as ordens judiciais foi exposto no material divulgado pela comissão do Congresso dos Estados Unidos comandada pelo deputado republicano Jim Jordan, ligado ao ex-presidente Donald Trump –ídolo do bolsonarismo.

    O documento elenca decisões de Moraes em inquéritos em andamento no STF e decisões relacionadas à atuação do ministro no TSE.

    No caso da corte eleitoral, as 22 decisões reveladas são fundamentadas e detalham os motivos da suspensão das contas ou de postagens. Nelas, alguns pedidos partem da assessoria do próprio ministro.

    As notificações às plataformas via STF, no entanto, não são acompanhadas das respectivas decisões fundamentadas.

    Essas decisões, apontam os documentos, são relacionadas a casos como o inquérito das fake news, 8 de janeiro e milícias digitais –todos relatados por Moraes.

    O ministro, nesses casos, apenas cita no documento que uma decisão foi tomada, mas é mantida em sigilo, e determina que a ordem de derrubada também seja mantida em sigilo.

    Em nota, o STF afirmou que todas as decisões tomadas “são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação”. Sobre o que foi revelado pela comissão do Congresso americano, a corte informou que não se tratam de decisões, mas de “ofícios enviados às plataformas para cumprimento da decisão”.

    “Fazendo uma comparação, para compreensão de todos, é como se tivessem divulgado o mandado de prisão (e não a decisão que fundamentou a prisão) ou o ofício para cumprimento do bloqueio de uma conta (e não a decisão que fundamentou o bloqueio).”

    A ausência das decisões tem sido criticada nos bastidores pelas plataformas. Do lado de Moraes, o entendimento é que como as plataformas são apenas o meio de divulgação, não precisam ter acesso aos documentos que fundamentam a decisão.

    Advogados que representam essas empresas de tecnologia afirmam, sob reserva, que as decisões nesse sentido se acumularam durante as eleições de 2022 e logo após o pleito. Depois, o ritmo diminuiu, mas ordens judiciais desta natureza seguem ocorrendo.

    Profissionais que atuam nos casos afirmam que o STF é o único tribunal do país a dar ordens do tipo sem estar acompanhada de uma fundamentação.

    Pessoas com conhecimento dos processos afirmam que na minoria dos casos houve decisão posterior para autorizar a retomada de perfis. A maioria, portanto, segue fora do ar.

    O relatório traz decisões relacionadas ao X (ex-Twitter), mas que também determinam a derrubada de links de outras plataformas –como TikTok, YouTube, Instagram e Telegram.

    O relatório indica que foram ao menos 77 decisões tomadas no âmbito do STF pela derrubada de perfis em 2022 -em alguns casos, as contas dizem respeito à mesma pessoa, mas em diferentes plataformas.

    No ano seguinte, foram suspensas das redes sociais 136 contas por ordem de Moraes nas apurações em curso no Supremo. Do total, 107 perfis foram derrubados entre janeiro e março, o que demonstra que a atuação do ministro se intensificou logo após os ataques golpistas de 8 de janeiro.

    O debate sobre a atuação do magistrado em relação às plataformas voltou à tona após o dono do X, Elon Musk, fazer ataques a Moraes e ameaçar publicar tudo o que é exigido pelo ministro e “como essas solicitações violam a legislação brasileira”.

    O ministro iniciou sua atuação no combate às ofensivas contra o tribunal quando foi designado pelo então presidente da corte, Dias Toffoli, para ser relator do inquérito das fake news, que nasceu para apurar ataques aos membros do STF.

    A instauração do caso foi criticada porque se baseou em um artigo do regimento interno do Supremo que permite abertura de inquérito caso ocorra “infração à lei penal na sede ou dependência do tribunal”.

    Toffoli fez uma interpretação ampliativa do texto para afirmar que ataques às contas de emails dos ministros e ameaças em meios digitais validam a decisão, uma vez que um membro do STF seria ministro em “qualquer hora e em qualquer lugar”.

    Nessas situações, o regimento prevê que o presidente escolha o relator, em vez de haver sorteio entre todos, como acontece geralmente.

    Inicialmente, a decisão foi muito criticada, inclusive por ministros da corte. Com o passar do tempo, no entanto, os ataques ao STF durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) se avolumaram e o apoio ao inquérito cresceu, levando à sua validação pelo plenário.

    Depois, outras investigações foram abertas, também sob relatoria de Moraes, por terem conexão com a primeira.

    Além disso, o magistrado se tornou integrante do TSE e assumiu a presidência da corte nas eleições de 2022. Ele mantém um discurso sobre a necessidade de o Judiciário atuar para impedir a circulação de fake news que atentem contra a democracia.

    Folha de São Paulo

  • São João, recesso e eleições devem esvaziar Congresso pelos próximos meses

    São João, recesso e eleições devem esvaziar Congresso pelos próximos meses

    Os plenários do Congresso Nacional devem ter um ritmo de votações menos agitado pelos próximos meses.

    Com a chegada das festas de São João, do recesso parlamentar e das eleições municipais, a tendência é de que deputados e senadores se dediquem à votação de pautas consensuais, e deixem os temas mais polêmicos para o fim do ano.

    Na próxima semana, Câmara e Senado terão apenas sessões semipresenciais.

    Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidentes das Casas, dispensaram os parlamentares de marcarem presença fisicamente nos plenários entre segunda (24) e sexta-feira (28). As sessões poderão ser acompanhadas pelo aplicativo InfoLeg.

    A “folga” se deve à celebração de São João, que ocorre na segunda. A data é considerada feriado em cidades como João Pessoa e Recife e em estados como Alagoas e Bahia.

    Durante os festejos juninos, parlamentares nordestinos costumam retornar às suas bases eleitorais para participar dos eventos. Neste ano, as visitas serão marcadas pelo clima de pré-campanha para as eleições municipais.

    Recesso

    Após a semana de São João, os parlamentares terão aproximadamente duas semanas, entre os dias 1º e 17 de julho, para votar pautas prioritárias. Isso porque o tradicional recesso parlamentar tem início no dia 18, e vai até o dia 31.

    A prioridade de Lira antes do recesso será a regulamentação da reforma tributária. Os dois grupos de trabalho (GTs) criados para discutir o tema devem apresentar até o dia 3 de julho os relatórios finais para apreciação.

    A avaliação é que com a votação antes do recesso parlamentar na Câmara, o texto tem tudo para ser votado no Senado ainda esse ano. O cronograma definido por Lira prevê a votação em plenário no dia 11 de julho, uma semana antes das “férias” dos deputados

    No Senado, as propostas analisadas serão de temas já acordados entre as bancadas. Há intenção de terminar a votação do projeto de lei do marco legal do hidrogênio verde.

    Pautas polêmicas ficam para depois

    Com o fim do recesso em agosto, a expectativa é de que parte dos parlamentares se dediquem às campanhas eleitorais em suas bases. Deputados que pretendem concorrer ao cargo de prefeito devem passar mais tempo fora da Câmara, se dedicando às campanhas.

    Depois das eleições, o Congresso deve retomar a análise de pautas consideradas polêmicas. Propostas como a limitação de delações premiadas de presos e anistia a partidos que descumpriram cotas de mulheres e negros devem ficar para o segundo semestre.

    A definição foi tomada, segundo líderes, para tentar amenizar as críticas sofridas por Lira com relação ao projeto de lei (PL) 1904/24 que equipara o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio. A discussão dessa matéria também ficou para o segundo semestre.

    CNN

  • Eixo Anhanguera: 93% aprovam segurança da nova plataforma

    Eixo Anhanguera: 93% aprovam segurança da nova plataforma

    A aprovação dos usuários quanto à segurança da nova plataforma do Eixo Anhanguera, em Goiânia, chega a 93%, índice considerado alto para a substituição das estruturas de embarque e desembarque.

    O número consta em pesquisa realizada pela Redemob, consórcio de empresas que operam o transporte coletivo na região metropolitana de Goiânia, contratada pelo Instituto Mova-se e apresentada ao Governo de Goiás. Foram ouvidas 470 pessoas, dos dias 28 a 31 de maio e 3 de junho.

    Além do quesito segurança, a maioria dos passageiros também classificou como ótimos os quesitos limpeza (73%), acessibilidade (66%) e conectividade wi-fi (54,4%).

    Os itens avaliados como “mais relevantes” foram: catracas (37,1%); câmeras de monitoramento (27,1%), presença dos funcionários (23,2%); sinalização (7,3%) e iluminação (5,2%). No que diz respeito à aparência da plataforma, 86% dos entrevistados deram “nota 10”.

    “Ela foi a primeira obra entregue e muitas outras ainda estão por vir, neste mesmo padrão de excelência, com reforço dos padrões de segurança, tecnologia e acessibilidade”, destaca o secretário-geral de Governo, Adriano da Rocha Lima.

    Para o subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte da SGG, Miguel Angelo Pricinote, as obram demonstram que o transporte “é prioridade para o governo”. “O usuário merece conforto e qualidade do serviço”, frisa.

    Do total de usuários, 66% afirmaram passar pela plataforma diariamente; 19% raramente; 8% passam por ela três vezes na semana; 4% uma vez na semana e 3% duas vezes na semana. Outras quatro estações do Eixo estão em obras: Anhanguera, Bandeirante, Lago das Rosas e Universitária, além do Terminal Novo Mundo.

    A revitalização das plataformas integra o cronograma do Projeto Nova Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (Nova RMTC).

    Segundo o órgão, existe a previsão de investimentos de R$ 1,7 bilhão até 2026. Com isso, devem passar por reformas as 19 estações e cinco terminais do Eixo Anhanguera, nova frota de ônibus, conclusão do BRT Norte-Sul e melhorias em todos os cerca de 7 mil pontos de parada do sistema.

    O Terminal da Praça da Bíblia será o próximo a passar por reforma, prevista para iniciar em julho.

    O Hoje

  • Confira como votou cada ministro do STF em julgamento sobre porte de drogas

    Confira como votou cada ministro do STF em julgamento sobre porte de drogas

    Na  quinta-feira (20), o Supremo Tribunal Federal (STF) avançou no julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal, com o ministro Dias Toffoli apresentando um voto que abriu uma nova vertente na discussão. Toffoli afirmou que a Lei de Drogas, desde sua promulgação, já descriminalizou o porte para uso próprio, tratando-o como uma infração administrativa com sanções educativas e de prestação de serviços à comunidade, e não como um crime. A análise será retomada na próxima terça-feira, dia 25 de junho.

    Voto de Dias Toffoli

    O ministro Dias Toffoli votou pela constitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas, argumentando que, desde sua criação, a lei não impõe penalidades criminais para o porte de drogas para consumo pessoal, mas sim sanções com fins educativos e de tratamento. Toffoli também sugeriu que o Congresso Nacional e órgãos competentes, como a Anvisa, definam critérios objetivos para diferenciar usuários de traficantes. Além disso, propôs que o fundo de políticas antidrogas não seja contingenciado e sugeriu campanhas de conscientização sobre o consumo de drogas, semelhante àquelas feitas contra o cigarro.

    Panorama dos votos dos ministros

    Até o momento, cinco ministros já se posicionaram pela inconstitucionalidade do enquadramento do porte de maconha para uso pessoal como crime. Três ministros, por outro lado, consideram válidas as sanções previstas na Lei de Drogas. A votação ainda aguarda os votos do ministro Luiz Fux e da ministra Cármen Lúcia para ser concluída. O ministro Flávio Dino não participa da votação, pois sua antecessora, a ministra Rosa Weber, já havia votado antes de se aposentar.

    Histórico e contextos da votação

    O julgamento teve início em agosto de 2015, quando o ministro Gilmar Mendes, relator do caso, votou pela descriminalização do porte de qualquer tipo de droga para uso próprio. Posteriormente, ajustou seu voto para restringir a descriminalização apenas à maconha, sugerindo também a fixação de parâmetros para distinguir o tráfico de uso pessoal.

    O ministro Edson Fachin, em setembro de 2015, votou pela inconstitucionalidade da criminalização do porte de maconha, mas deixou a definição de parâmetros para diferenciar traficantes de usuários a cargo do Congresso Nacional. O ministro Luís Roberto Barroso, na mesma sessão, defendeu a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal, propondo um limite de 25 gramas da substância ou a plantação de até seis plantas fêmeas.

    O julgamento foi interrompido após o pedido de vista do falecido ministro Teori Zavascki, sendo retomado em agosto de 2023 com a participação do ministro Alexandre de Moraes, que sugeriu um limite de 60 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas para presumir que a pessoa é usuária.

    Divergências e sugestões dos ministros

    Os ministros que se opõem à descriminalização apresentam argumentos variados. O ministro Cristiano Zanin, por exemplo, defende que a alteração do artigo 28 da Lei de Drogas, feita pelo Legislativo em 2006, visava à despenalização, e não à descriminalização. Ele propôs um critério adicional de 25 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas para diferenciar usuários de traficantes.

    O ministro André Mendonça acredita que cabe ao Congresso Nacional definir critérios objetivos para diferenciar usuários de traficantes, propondo um prazo de 180 dias para a criação de uma lei nesse sentido. Enquanto isso, sugere um critério transitório de posse de até 10 gramas de maconha para caracterizar uso pessoal. O ministro Nunes Marques acompanhou o voto de Cristiano Zanin.

    O Hoje

  • Com Vilmar fora, Leandro Vilela é pré-candidato do UB em Aparecida

    Com Vilmar fora, Leandro Vilela é pré-candidato do UB em Aparecida

    O ex-deputado federal Leandro Vilela (MDB) é o nome da base do Palácio das Esmeraldas para a disputa pela prefeitura de Aparecida de Goiânia.

    A informação passou a circular, e foi confirmada pelo até então pré-candidato governista, atual prefeito Vilmar Mariano (União Brasil).

    Após conversa com o governador Ronaldo Caiado no Palácio das Esmeraldas na tarde desta sexta-feira (21), as mudanças foram tomadas.

    Carreira de Leandro Vilela

    Figura experiente e com forte base eleitoral, Leandro possui um histórico em cargos públicos, tendo sido deputado federal pelo estado entre 2003 e 2015 e vereador em Jataí de 1997 a 2002. Sobrinho do ex-governador Maguito Vilela, Leandro se consolida como um nome de crescimento no campo político.

    O Hoje

  • Sessão especial destaca trabalho social da Igreja Fonte da Vida

    Sessão especial destaca trabalho social da Igreja Fonte da Vida

    Em sessão especial do Senado pelos 30 anos da Igreja Fonte da Vida nesta sexta-feira (21), oradores destacaram as ações sociais e o perfil acolhedor da igreja. A Fonte da Vida é uma igreja pentecostal fundada em 1994, em Goiânia, pelo casal César Augusto Machado de Sousa e Rúbia de Sousa. Seus primeiros trabalhos, segundo o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), foram o acolhimento e a evangelização de crianças em situação de rua.

    Hoje a igreja tem mais de 800 templos no Brasil e em países da América do Sul, América do Norte, Europa e África e também possui o Sistema Fonte de Comunicação, composto pela Fonte TV, Fonte FM e por meio do canal 584 na SKY TV, além des redes digitais pela internet.

    A homenagem atende a requerimento (RQS 388/2024) aprovado em Plenário em 29 de maio. O autor do requerimento, Kajuru  — que presidiu a sessão especial —, avaliou que a homenagem é a maior já feita pelo Senado ao público evangélico. Ele associou a obra social da Fonte da Vida ao exemplo de Martinho Lutero, iniciador da Reforma Protestante, e salientou que o amor ao próximo e o amor a Deus têm movido a humanidade e inspiraram o Estado democrático de direito.

    — Lutero deixou uma mensagem bem clara: para ser bom, não basta ser religioso; precisa praticar o bem. Disso deriva a vocação social da Igreja Fonte da Vida. Ser bom sem praticar o bem, além de não beneficiar ninguém, não forma o espírito altruísta que tanto valorizamos nas igrejas cristãs.

    A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) elogiou a integridade dos líderes da igreja e lembrou que, no tempo em que morava no interior de São Paulo, as igrejas evangélicas já voltavam os olhos para Goiânia e as realizações da Fonte da Vida.

    — Eles nos influenciaram no trabalho de assistência social no Brasil, eles nos influenciaram com um Evangelho com uma cosmovisão, vendo o homem de forma integral, eles nos influenciaram com suas ações.

    Por sua vez, o senador Izalci Lucas (PL-DF) cumprimentou a Fonte da Vida pelo apoio material e espiritual às vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul e saudou a missão da igreja de “lutar e orientar”.

    — Crianças, jovens e adultos têm na Fonte da Vida a ajuda, o acalento e o futuro.

    Fundador da igreja, o apóstolo César de Sousa homenageou todos os pastores e bispos presentes. Ele definiu a Fonte da Vida como uma igreja acolhedora e profética, pacificadora e instrumento da cura e da restauração de Jesus.

    — Digo […]: deixe seu diploma, deixe seus bens, deixe seu título de celebridade na porta. Aqui todos nós somos iguais; somos uma só família que depende de Deus todo-poderoso.

    A bispa Rúbia de Sousa, cofundadora da Fonte da Vida, destacou o trabalho com crianças e adolescentes, iniciado ainda antes da fundação da igreja, e seu empenho em levar ajuda ao Brasil e ao exterior.

    — Somos simplesmente canais do amor de Deus. Sem a graça de Deus sobre a nossa vida, não teríamos condição para tudo isso.

    Também o ex-deputado Fábio Sousa, pastor da igreja, definiu que a Fonte da Vida faz parte da história do Brasil nas últimas três décadas; O deputado distrital Joaquim Roriz Neto (PL-DF) deu seu testemunho de livramento do alcoolismo, uma “segunda chance” que atribuiu à ação da Fonte da Vida; e o vereador de Goiânia Dr. Gian destacou a missão de “justiça e ética” da igreja.

    Fonte: Agência Senado

  • Superar o analfabetismo segue como meta inalcançada do PNE

    Superar o analfabetismo segue como meta inalcançada do PNE

    Após mais de 20 anos como meta de duas edições do Plano Nacional de Educação, a superação do analfabetismo é uma barreira ainda não transposta, incompatível com a nona maior economia do mundo. São 11,4 milhões de brasileiros analfabetos — o equivalente à população do município de São Paulo ou de um país como a Bélgica — cerceados em sua liberdade e dignidade por não saberem ler e escrever. Os dados do Censo Demográfico de 2022 apontam desigualdades que permeiam esse grupo, com recortes etário, regional, econômico e racial bem pronunciados.

    Apesar de o número ser bem menor do que na década de 1940 (quando a taxa de analfabetos na população acima de 15 anos chegava a 56%) e ter caído de 9,6%, em 2010, para 7%, em 2022, o analfabetismo continua sendo um sério problema estrutural no país. O Estado — por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) —, universidades públicas e privadas e ações comunitárias tentam atacar o problema, que ainda parece longe de ser superado.

    Em entrevista à Agência Senado, a secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação, Zara Figueiredo, diz que, quanto à taxa de não alfabetizados, “não estamos regredindo, mas não temos conseguido melhorar esse dado”.

    — Quando se pega a taxa de 1940, nós melhoramos, com redução significativa. Mas numa sociedade da informação, numa sociedade tecnológica, numa sociedade do conhecimento, você conviver com 11 milhões de pessoas não alfabetizadas é inaceitável. Porque isso tem efeito sobre a economia, sobre a democracia, sobre a cidadania. Nos últimos anos, nós não tivemos uma redução significativa desses indicadores de analfabetismo — afirma Zara.

    Dos 11 milhões de não alfabetizados, pouco mais de 1 milhão tem entre 15 e 39 anos.

    — Imagina hoje o que é para pessoas jovens, que estão no mercado de trabalho ou deveriam estar, não ler ou escrever. O WhatsApp, só usam por meio de áudio. Elas precisam de ajuda para usar o caixa automático, elas criam estratégias principalmente para saber qual ônibus pegar, porque têm vergonha de não serem alfabetizadas. Então, esse é um dado sério — diz a gestora.

    Às vésperas de perder a vigência e com a maioria das metas não cumpridas, o PNE 2014-2024, que finda neste mês de junho (com possibilidade de ser prorrogado caso seja aprovado o PL 5.665/2023, recém-encaminhado à Câmara pelo Senado), tem como meta 9 “erradicar o analfabetismo absoluto” e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional (quando a pessoa sabe ler ou escrever, mas não consegue compreender textos simples ou fazer operações matemáticas). Também prevista na edição 2001-2010 do PNE, a superação do analfabetismo inevitavelmente continuará a ser meta a perseguir no próximo plano, que o governo federal deve encaminhar ao Congresso em breve.

    Turma de Educação de Jovens e Adultos em Palmeira dos Índios, Alagoas, tem como lema “Nunca é tarde para começar” Prefeitura de Palmeira dos Indios-AL

    Professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, Soraya Maria Romano Pacífico é categórica em afirmar que não dá mais para pensar a alfabetização estritamente como uma questão pedagógica ou linguística.

    — É uma questão sócio-histórica e ideológica, porque a gente não tem uma divisão social de saber, e ela não é a mesma para todos. Até hoje não se conseguiu pensar que a educação é a base de uma sociedade. Não se colocou a educação como prioridade. Ela está no discurso, aparece nos documentos, mas fica lá. Não é colocada em prática — diz a professora.

    Não por acaso, a Comissão de Educação e Cultura (CE) do Senado, presidida pelo senador Flávio Arns (PSB-PR), acaba de aprovar a criação de uma subcomissão permanente para monitorar as políticas da EJA, voltada àqueles que não conseguiram o diploma do ensino fundamental ou médio na faixa etária correspondente. A CE também instalou neste ano a Subcomissão Permanente da Alfabetização na Idade Certa.

    Eleito presidente do colegiado da Alfabetização na Idade Certa, o senador Cid Gomes (PSB-CE), representante de um dos estados que têm os melhores índices educacionais, definiu como plano de trabalho fortalecer o regime de colaboração com foco na alfabetização.

    — É fundamental envolver prefeituras, estados e governo federal, e nós temos um ambiente propício, nunca tivemos um ambiente tão propício para isso como agora — avalia o senador.

    O plano de trabalho prevê ainda, entre outras ações, engajar o Senado na agenda da alfabetização das crianças e propor projetos de lei que visem ao fortalecimento das políticas públicas com esse fim.

    Para a senadora Janaína Farias (PT-CE), que propôs a subcomissão permanente para acompanhar as políticas da EJA, há dois grandes desafios: de um lado, superar o analfabetismo; de outro, qualificar a educação de jovens e adultos, aumentando os anos de escolaridade do público-alvo, hoje estimado em 68 milhões de pessoas que não concluíram a educação básica.

    “A alfabetização não é apenas um conhecimento fundamental para a comunicação e a compreensão do mundo; é também um pilar indispensável para a inclusão social e a cidadania plena. O acesso à educação e ao conhecimento possibilita a inserção no mercado de trabalho, o exercício dos direitos civis e a participação ativa na sociedade. Portanto, o combate ao analfabetismo entre jovens, adultos e idosos é uma tarefa essencial para o desenvolvimento social e econômico do Brasil”, justifica a senadora.

    O analfabetismo atinge a população brasileira de forma desigual. Ele é maior entre os mais velhos — a taxa entre as pessoas idosas acima de 65 anos chega a 20,3%, de acordo com o Censo Demográfico 2022: Alfabetização. Mas o percentual quase caiu à metade, se comparado ao ano 2000, quando 38% desse grupo eram analfabetos. O grupo mais jovem, dos 15 aos 19 anos, tem o menor índice (1,5%).

    Mulheres que sabem ler e escrever são 93,5%, um ponto percentual acima dos homens. Elas são minoria apenas na faixa etária dos 65 anos ou mais, quando os homens alfabetizados chegam a 79,9%, contra 79,6% delas. A maior diferença registrada entre os gêneros é para o grupo de 45 a 54 anos, com 2,7 pontos percentuais a mais de alfabetização para o público feminino.

    Municípios menores, com população entre 10.001 e 20.000 habitantes, têm a maior taxa média de analfabetismo: 13,6%, percentual pelo menos quatro vezes superior ao dos municípios com mais de 500 mil habitantes (3,2%), o que, de alguma maneira, reflete o poderio econômico das cidades e suas populações.

    As piores taxas de analfabetismo foram registradas na Região Nordeste (14,2%), que tem vários municípios com percentuais acima de 30% — caso de Floresta do Piauí (PI), com 34,7%. Mas o pior índice municipal do país está mesmo é no Norte, em Alto Alegre (RR), que somou 36,8%. Na contramão, está a Região Sul, onde a alfabetização alcança 96,6% da população. Em São João do Oeste (SC), não chega a 1% o percentual de habitantes que não sabem ler e escrever.

    As discrepâncias de raça/cor e socioeconômicas também afetam a alfabetização. Enquanto entre as pessoas de raça branca e amarela os índices de analfabetismo são de 4,3% e 2,5%, respectivamente, as de raça preta e parda amargam percentuais mais do que duas vezes maiores: 10,1% e 8,8%. Entre os indígenas, são 16,1%, ou seja, quase quatro vezes mais do que entre brancos.

    Na comparação entre 2010 e 2022, a diferença percentual entre brancos e pretos sofreu queda de 8,5 para 5,8 pontos percentuais, e de 7,1 para 4,3 pontos entre brancos e pardos.

    Segundo a diretora executiva do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra), Cristina Lopes, há várias razões para essa desigualdade, e a primeira delas é o racismo institucional, que de uma forma geral “trata pior pretos e pardos do que os brancos em qualquer nível socioeconômico”.

    — Também é importante mencionar as próprias discrepâncias socioeconômicas entre esses grupos. No que diz respeito à trajetória escolar, os alunos negros apresentam mais atraso do que os alunos brancos, seja por reprovação ou abandono. E a escola não tem como compensar todos esses efeitos. Um dado que ilustra bem essa desigualdade é a distorção idade/série, que é um atraso de pelo menos dois anos em relação à idade/série adequada. Essa distorção é maior entre os alunos negros do que entre os alunos brancos — afirma Cristina.

    A diretora do Cedra lembra que no passado o Estado proibiu as pessoas negras de estudar. Além disso, afirma, “promoveu a imigração europeia com o intuito de branquear o Brasil”.

    — Então, o Estado brasileiro, que não foi neutro no passado, precisa agora ser proativo em políticas de promoção de equidade racial. É importante aperfeiçoar a política de cotas, investir mais na educação, desde a básica até o ensino superior. A desigualdade racial não é um fato isolado, não está só no setor público, ela é um problema de todas as áreas da vida social brasileira. As instituições e organizações da sociedade precisam se envolver no combate ao racismo nas várias dimensões em que ele se apresenta, considerando que o racismo é estrutural na sociedade brasileira — conclui Cristina.

    Já existe uma compreensão no setor privado, mas é preciso expandir essa compreensão, mostrando que o racismo atrasa o desenvolvimento brasileiro, diz a especialista. A luta contra a desigualdade racial precisa ser uma questão de toda a sociedade brasileira, combinada também com a promoção da equidade de gênero, o que, sustenta Cristina, possibilitará promover o desenvolvimento socioeconômico brasileiro.

    Especialista em políticas educacionais, o professor José Marcelino de Rezende Pinto, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP em Ribeirão Preto, afirma que os números do analfabetismo do Brasil só não são mais graves “porque os velhinhos vão morrendo”, e é entre as pessoas idosas que estão os piores índices. Mas ter analfabetos na idade escolar é um grande nó.

    O problema todo é estrutural, segundo o professor da USP. Pinto enfatiza que ainda não se conseguiu incorporar no sistema educacional uma política para realmente enfrentar o analfabetismo. Para o acadêmico, a EJA — por muito tempo conhecida como supletivo — é tradada como “uma educação pobre para pobre, onde qualquer pessoa pode dar aula, pode alfabetizar”.

    Além de defender concursos específicos para professores da educação de jovens e adultos — a maioria hoje atua na área regular e acaba complementando horas nessa modalidade —, Pinto afirma que a atual política de financiamento da EJA é um grande complicador. Para ele, seria preciso apostar em uma política de fomento, com valores por aluno além do previsto no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

    O professor destaca que, na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024, a subfunção EJA tem R$ 287 milhões, dez vezes mais do que o empenhado em 2022, mas ainda muito longe do que seria necessário.

    — É 0,2% do orçamento da função Educação. A gente vê um início de movimento, mas ainda é dinheiro “de pinga”. Quem banca a educação básica são os estados e municípios, que estão no limite. Com a municipalização da EJA, está sobrando para os mais pobres — afirma Pinto.

    A meta 10 do atual PNE, que estipula a oferta mínima de 25% das matrículas da EJA, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional é, para o professor da USP, a mais estratégica, por não ser “alfabetizar por alfabetizar”, e sim fazer com que a educação tenha sentido na vida do cidadão.

    — Não é a pessoa aprender a escrever o nome. A alfabetização tem que entrar na vida daquela pessoa, seja como conscientização política, seja para o mundo do trabalho. E essa meta, que é 25% (quer dizer, já é baixa), está em apenas 1,6%. Piorou ao longo do tempo — alerta o professor.

    A secretária Zara Figueiredo, Soraya Maria Romano Pacífico, Cristina Lopes e José Marcelino de Rezende Pinto. Roque de Sá/Agência Senado, A Língua tem Museu/USP Ribeirão Preto, Cedra dados raciais/Instagram, Pedro França/Agência Senado

    A professora Soraya Pacífico complementa que a escola tradicional, que se baseia no discurso autoritário, em que o aluno apenas repete, acaba por excluir a muitos. O letramento, diz a professora, se dá tanto pela oralidade quanto pela escrita. Uma criança que saiba produzir textos por meio do oral, quando chega no ensino fundamental só precisa aprender a escrever, enquanto uma que só reproduz o que está na lousa, “desenhando letras”, não sabe o que está escrevendo, “porque elas não leem, apenas copiam”.

    — Infelizmente, a escola ainda funciona como um aparelho ideológico de Estado. A escola não sabe olhar para todos, não sabe lidar com a diversidade. Diversidade, nem estou falando só de gênero, de necessidades especiais, e tudo isso que ela não está mesmo preparada para a inclusão. Mas a necessidade de diversidade de interpretações, diversidade de sujeitos que vão produzir esses ou outros sentidos. Ela [a escola] se engessa e quer engessar os alunos. E hoje eu acho que os alunos não cabem nessa forma tão rígida como nós coubemos — diz a pedagoga, que há 40 anos acompanha o ambiente escolar.

    As falhas do letramento, ressalta a professora da USP, fazem com que hoje muitas pessoas se vejam reféns da desinformação e das fake news, o que mostra que é preciso muito mais do que apenas alfabetizar.

    — As pessoas realmente acreditam cegamente no que elas recebem, não conseguem virar a chave e refletir. Muitas vezes, nem o próprio professor tem segurança de deixar as crianças interpretarem sentidos diferentes. Essa criança, esse jovem, esse adulto crescem achando o quê? “Tudo que está escrito, é daquele jeito. Não vou duvidar, está escrito” — alerta a professora.

    Apesar de a EJA ser uma das principais fontes de ação na superação do analfabetismo e estar incluída em três metas do PNE, o número de alunos e escolas que ofertam as turmas (geralmente no período noturno) vem caindo há um bom tempo. Há dez anos, 36,7 mil unidades escolares ofereciam esse tipo de educação, número 17,5% menor em 2023, quando havia 30,3 mil unidades.

    Da mesma forma, em 2014 foram 3,65 milhões de matrículas, enquanto no ano passado os matriculados na EJA eram 2,58 milhões, uma diferença a menor de 29,11%.

    Para a secretária Zara Figueiredo, o trabalho do colegiado do Senado que vai acompanhar a educação de jovens e adultos “é vital” e trará uma contribuição imensa à EJA. Ela lembra que superar o analfabetismo e melhorar os anos de estudo das pessoas são metas em uma política multifacetada.

    — A EJA nasce subfinanciada. Desde que o Fundeb foi criado, a primeira vez na história que a EJA teve um aumento de recurso de 0.8 para 1.0 foi no final do ano passado — ressalta a secretária do MEC.

    Isso quer dizer que um aluno da EJA representava 80% do valor de um aluno do ensino fundamental I — o que não fazia sentido, segundo Zara, já que essa modalidade precisa de muito mais recursos por abranger turmas maiores, que precisam de pedagogia diferenciada, currículo diferenciado e que, para melhorar a qualidade, precisa acontecer integrada ao ensino técnico.

    — Há poucos incentivos para as redes fazerem um movimento para qualificar a EJA. Há poucos incentivos em políticas públicas. Não há monitoramento eficaz como no ensino fundamental I, na alfabetização de crianças. Todos esses elementos mostram para nós que, de fato, historicamente a EJA vem sendo assumida como uma política de segunda classe. E também há pouco incentivo para que o estudante venha se alfabetizar na rede ou fora da rede.

    Por isso, a ação não deve ser restrita à oferta, mas deve atingir também a demanda. A evasão, por exemplo, é alta. Entre 2018 e 2023, houve perda de 27% de matrículas da EJA.

    Assim, uma das apostas do governo federal é o chamado Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação da Educação de Jovens e Adultos, que passará a oferecer, pela primeira vez, a formação continuada para 10 mil professores, de forma que passem a ter mais elementos para trabalhar com esse público diferenciado.

    Dados elaborados pelo Cedra apontam que as escolas predominantemente negras (com mais de 60% dos alunos declarados negros) têm 33% dos professores com formação adequada, ou seja, aqueles que lecionam na área em que se formaram. Já nas escolas predominantemente brancas, essa proporção era o dobro em 2019.

    Outra ação governamental é atuar com o Programa Dinheiro Direto na Escola (PPDE-EJA) para um conjunto de redes com mais necessidades, que deverá beneficiar 792 mil alunos, a partir de salas de acolhimento para atender, por exemplo, filhos de adolescentes que muitas vezes abandonam a escola por não terem com quem deixar seus pequenos.

    Recentemente também foi anunciado o Programa Pé-de-Meia EJA, que deverá atender, em um primeiro momento, 135 mil matrículas no EJA ensino médio, em um incentivo financeiro para que os estudantes não abandonem as salas de aula. Outra iniciativa agregada ao pacto é o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Pro-Jovem), que acolhe alunos em áreas urbanas e rurais. Para o programa, deverão ser ofertadas até o fim da gestão 100 mil vagas, sendo 28 mil já este ano.

    Fonte: Agência Senado