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  • Notificação extrajudicial causa protesto do senador Amin: há cinco anos projetos de julgamento de ministros do STF estão na gaveta

    Notificação extrajudicial causa protesto do senador Amin: há cinco anos projetos de julgamento de ministros do STF estão na gaveta

    Como a informação está contida no site do Senado Federal, com documentos comprobatórios, não há como se considerar Fake News um protesto apresentado ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, pelo combativo e atuante senador catarinense Esperidião Amin. Ele encaminhou ofício pedindo posição oficial da Advocacia do Senado, sobre notificação extrajudicial que recebeu, dirigida a todos os 81 senadores, de um escritório de advocacia (não citou o nome), exigindo explicações para o fato dos membros do Poder não colocarem em pauta votação sobre impeachment de ministros do STF. É mais um rolo da nossa política, que envolve medidas extremas do Supremo Tribunal e principalmente do ministro Alexandre de Moraes, que têm causado reações em parte importante da sociedade brasileira, enquanto o Senado continua silente. No ofício enviado a Pacheco, o ex-governador de Santa Catarina cobra “reposta ou manifestação à reclamação contida na Notificação Extrajudicial recebida, que aponta a omissão dos 81 senadores no descumprimentos de artigos constitucionais e do Regimento Interno do Senado, que determina como competência privativa do Senado em processar e julgar ministros do STF nos crimes de responsabilidade”. A notificação aos senadores, explica, é, por simplesmente, se omitirem perante os procedimentos monocráticos dos Presidentes do Senado, quando este arquivar um pedido de impeachment em desfavor de um Ministro do Supremo”.

    Em suas redes sociais, o senador catarinense (que é grande amigo pessoal e parceiro político do rondoniense Jaime Bagattoli, a quem trata como se fosse também um senador de Santa Catarina) cobrou: “me sinto constrangido por receber isso individualmente, identificado e com vários apoios. Mas ao solicitar que a Advocacia do Senado aprecie isso coletivamente, eu não posso deixar de dizer que, nos últimos cinco anos, nenhum desses requerimentos de impeachment, alguns com milhões de assinaturas, tiveram tramitação”. Na análise da situação, por fim, o parlamentar fez mais um pedido ao presidente Rodrigo Pacheco. “Nesse sentido, tenho, insistentemente, desde 2019, reiterado a Vossa Excelência que coloque em votação o PRS número 11, de 2019, do nobre senador Lasier Martins, que cria procedimentos para apreciação de denúncias aos ministros do Supremo e do Procurador Geral da República, evitando a decisão monocrática sobre essas denúncias”. Até esta quinta, Rodrigo Pacheco não havia respondido. Quem conhece a história sabe que é daqueles temas que irão diretamente para a gaveta. Rodrigo Pacheco quer tudo na vida, menos enfrentar o STF. Por que será?

    Newsrondonia

  • PSOL questiona lei de Goiás obriga gestante a ouvir batimentos cardíacos do feto antes do aborto

    PSOL questiona lei de Goiás obriga gestante a ouvir batimentos cardíacos do feto antes do aborto

    O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) ajuizou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7597, no Supremo Tribunal Federal (STF), contra lei que institui a Campanha de Conscientização contra o Aborto para as Mulheres no Estado de Goiás. A ação foi distribuída ao ministro Edson Fachin.

    Entre outros pontos, a Lei estadual 22.537/2024 estabelece a data de 8 de agosto como o “Dia Estadual de Conscientização contra o Aborto” e prevê diretrizes para a campanha, tais como a realização de palestras e seminários sobre os riscos da prática, a prestação de assistência psicológica e social às mulheres grávidas que queiram abortar, priorizando a manutenção da vida do feto, e o oferecimento a mulher de exame de ultrassom com os batimentos cardíacos do nascituro.

    Segundo a legenda, a lei tem o objetivo de impedir o acesso de gestantes ao procedimento de aborto, mesmo nas hipóteses legais, desencorajando-as a obter os serviços previstos em lei, bem como “as submete à tortura mediante a visualização do exame de ultrassonografia”. Para o PSOL, a lei viola os atuais entendimentos sobre justiça reprodutiva, que impõem ao Estado o dever de garantir todas as condições necessárias para que as mulheres exerçam suas escolhas.

    Princípios constitucionais

    O partido político alega que a norma atenta contra o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana e os direitos de mulheres à autonomia, à liberdade, à igualdade, à saúde e a não serem submetidas à tortura nem a tratamento desumano ou degradante. Sustenta, ainda, que a lei estadual disciplinou matérias de direitos civil e diretrizes e bases da educação, cuja competência legislativa privativa é da União.

    Processo relacionado: ADI 7597

    Rota Jurídica

  • Perícia sobre fuga em Mossoró deve ser concluída até sexta, diz secretário de Políticas Penais

    Perícia sobre fuga em Mossoró deve ser concluída até sexta, diz secretário de Políticas Penais

    Além da recaptura dos foragidos, a força-tarefa tem como missão ‘tornar esse fato irrepetível’, como afirmou André Garcia

    A perícia revelando a dinâmica da fuga de dois presos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) deve ser finalizada até esta sexta-feira (16), afirmou o secretário Nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça, André Garcia, em coletiva de imprensa desta quinta-feira (15). De acordo com Garcia, além da recaptura dos foragidos, a força-tarefa tem como missão “tornar esse fato irrepetível”.

    “Adotar todas as medidas necessárias para que o evento como esse se encerre com a recaptura dos dois foragidos é prioridade número um. A partir da solução do problema imediato, partimos concomitantemente com a mesma energia para tornar esse fato irrepetível. Essa é a determinação. Não há a possibilidade que a gente saia daqui com alguma fragilidade ou alguma chance de um evento dessa natureza ocorrer no sistema penitenciário federal”, detalhou o secretário.

    Por questões de segurança e estratégia, Garcia não quis confirmar a forma com que os dois homens fugiram do local e se houve, de fato, facilitação por parte de servidores da própria carceragem. Segundo ele, a dinâmica será precisa “na medida que houver a conclusão da perícia”. “Todos os policiais estão esperançosos em ter algo mais claro, nos próximos dias, nas próximas horas, e que nos permita um desfecho desse episódio. Tudo o que falar em relação ao que está sendo feito pode atrapalhar nosso trabalho”, completou.

    Apesar de não entrar em detalhes, na avaliação do secretário, houve falha na segurança. “Não há possibilidade de se ter em uma unidade prisional uma fuga se os procedimentos de segurança forem observados”. A força-tarefa também conta com revisão dos procedimentos em todas as unidades de prisões federais, além de uma instauração de um processo administrativo para apurar responsabilidades.Mais cedo, a direção do Sistema Penitenciário Federal suspendeu as visitas sociais e os banhos de sol dos presos no presídio federal de Mossoró (RN). Além disso, o texto limita o acesso às dependências prisionais, incluindo as áreas de inclusão. Como justificava para a ação, o governo cita “a necessidade de esclarecimento dos fatos” que resultaram na fuga, além dos procedimentos internos. Na prática, a unidade passa a funcionar no nível dois de segurança.

    Fuga

    A fuga ocorreu durante a madrugada de quarta-feira (14). É o primeiro incidente na história do sistema penitenciário federal, que engloba cinco presídios de segurança máxima. Os fugitivos foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, de 33 anos, também conhecido como “Tatu” ou “Deisinho”. Ambos são naturais do Acre e estavam detidos no local desde 27 de setembro de 2023.

    Segundo fontes, ambos os indivíduos têm vínculos com o Comando Vermelho, uma facção liderada por Fernandinho Beira-Mar, que também está preso na mesma unidade. Eles foram transferidos para o presídio federal de Mossoró após sua participação em uma rebelião ocorrida no presídio de segurança máxima Antônio Amaro, em Rio Branco. Esse ato resultou na morte de cinco detentos, sendo três deles decapitados.

    A Polícia Federal enviou ao local um avião com drones para ajudar nas buscas pelos prisioneiros. Em nota, as secretarias de Segurança Pública e Administração Penitenciária do Rio Grando do Norte informaram que entraram em contato com as secretarias de segurança pública dos estados vizinhos (Ceará e Paraíba), para realizar ações integradas de reforço policial nas divisas entre os estados.

    R7

     

  • 125 toneladas de leite em pó estão a caminho de Cuba enviadas pelo Brasil

    125 toneladas de leite em pó estão a caminho de Cuba enviadas pelo Brasil

    O Brasil despachou para Cuba um primeiro carregamento de 125 toneladas de leite em pó, produzido internamente, como parte de uma iniciativa para fortalecer a segurança alimentar e nutricional na América Latina. Essa ação foi acordada entre os governos do Brasil, Emirados Árabes Unidos e Cuba durante a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) realizada em Dubai no ano passado.

    A entrega do lote de leite em pó aconteceu na segunda-feira (12) em Cuba. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro informou que envios adicionais, incluindo arroz, milho e soja, serão realizados nas próximas semanas.

    A ação conjunta tripartite, acordada durante a COP28 entre 30 de novembro e 13 de dezembro de 2023, está alinhada com a proposta da presidência brasileira do G20 de estabelecer uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, de acordo com o comunicado do Itamaraty.
    O SBT News questionou o Itamaraty sobre os detalhes da aquisição e transporte dos alimentos enviados a Cuba no contexto desta iniciativa, bem como se os custos são compartilhados pelos governos do Brasil e Emirados Árabes Unidos. A reportagem será atualizada com as informações quando disponíveis.
    Com informações de SBT News
  • Fotos de prédio de 19 andares que foi evacuado no litoral de SP após colapso

    Fotos de prédio de 19 andares que foi evacuado no litoral de SP após colapso

    Edifício com 133 apartamentos na Praia Grande sofreu um colapso estrutural em colunas do subsolo

    Um prédio residencial com 133 apartamentos na Praia Grande, litoral paulista, foi evacuado no início da tarde desta terça-feira (13) depois que técnicos da Defesa Civil identificaram um colapso estrutural em três colunas da edificação. O problema foi constatado no subsolo.

    Como ação emergencial, as equipes responsáveis pela obra colocaram inúmeras estacas de ferro na garagem do prédio, que vão do chão ao teto, e auxiliam na sustentação do edifício.

    Em entrevista à CNN, o tenente-coronel Maxwell de Souza, porta-voz da Defesa Civil do Estado de São Paulo, disse que o edifício “não corre risco de desabar”.

    “Ao longo das últimas horas, não houve novos abalos. Nenhum novo dano em outra estrutura, em outra coluna. Então, é uma situação segura”, explicou o porta-voz.

    Segundo o porta-voz, moradores relataram ter ouvido “barulhos como se fossem de explosões”.

    Na edificação, aconteceu um cisalhamento, que causou a explosão do concreto que cerca as ferragens nas colunas. “Voa concreto para todo lado e as vigas ficam à mostra”.

    Coluna danificada em prédio localizado na Praia Grande, litoral de São Paulo Crédito: Divulgação/Defesa Civil

    Segundo o tenente-coronel, apenas um laudo “vai poder apontar o que de fato causou esse abalo nessas colunas”.

  • Dengue: quais remédios são contraindicados e quais podem ser usados para tratar sintomas

    Dengue: quais remédios são contraindicados e quais podem ser usados para tratar sintomas

    O Brasil vive uma explosão de casos de dengue, com 408.351 casos prováveis registrados e 62 mortes confirmadas.

    Outros 279 óbitos causados pela doença seguem em investigação, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.

    Além de dor de cabeça, dor no corpo, dor atrás dos olhos, febre, enjoos, vômitos e manchas vermelhas, a dengue pode causar outros sintomas como sonolência, irritabilidade e confusão mental.

    A doença é dividida em dois grupos: a dengue clássica e a hemorrágica, quando a infecção começa a destruir plaquetas responsáveis pela coagulação, e o paciente passa a ter sangramentos na gengiva ou nas fezes.

    Não há um medicamento específico para o tratamento da dengue. Os remédios disponíveis para amenizar os sintomas devem ser indicados por um médico, já que muitos deles, usados no dia a dia e vendidos sem a necessidade de prescrição médica nas farmácias, podem aumentar o risco de sangramento.

    A BBC News Brasil conversou com três infectologistas que explicam quais medicamentos não são indicados para tratar os sintomas da dengue — e quais podem ser usados com segurança.

    Vale lembrar que a automedicação é desaconselhada em todas as situações.

    Dengue: quais medicamentos você não deve tomar

    Aspirina e AAS

    A classe farmacêutica dos salicitatos, da qual fazem parte aspirina e AAS, não devem ser usada por pacientes que estão com suspeita de dengue ou que foram diagnosticados com a doença.

    Esas medicações têm efeito analgésico e antitérmico — por isso, ajudam no alívio de dores e da febre. No entanto, eles podem afetar a coagulação de pacientes com o vírus da dengue, o que leva ao aumento do risco de sangramentos e o agravamento da doença.

    Por isso, pacientes saudáveis que estejam com a doença ou com suspeita dela não devem fazer o uso desses medicamentos.

    No entanto, há ressalvas para o caso de pacientes em tratamento de algum problema cardíaco, que precisam tomar aspirina periodicamente.

    “Pessoas que possuem doenças crônicas, que sofreram infarto ou tiveram trombose, e estão fazendo uso de medicamentos desse grupo para tratar o problema, ao suspeitarem que estão com dengue não devem interromper o tratamento por conta própria, pois pode agravar o problema cardíaco já existente. O recomendado é procurar um médico imediatamente para analisar o que deverá ser feito, como trocar o medicamento ou fazer o uso monitorado”, explica a infectologista Mirian Dal Bem, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

    Além da AAS e da aspirina, outros medicamentos que fazem parte desta categoria são os derivados do ácido acetilsalicílico, como diflunisal, salicilato de sódio e metilsalicilato.

    Ibuprofeno e nimesulida

    Medicamentos que integram a categoria chamada de anti-inflamatórios não esteroidais também aumentam as chances de sangramento e não devem ser usados no tratamento dos sintomas da dengue.

    Os mais conhecidos e usados são: indometacina, ibuprofeno, diclofenaco, piroxicam, naproxeno, nimesulida, sulfinpirazona, fenilbutazona e sulindac.

    Eles são comumente encontrados nas farmácias e podem ser comprados sem receita médica.

    Aedes aegypti
    GETTY IMAGES Legenda da foto, O Brasil já teve mais de 400 mil casos prováveis de dengue em 2024

    “Esses medicamentos prejudicam o funcionamento das plaquetas e, quando um paciente está com dengue, ele já tem as plaquetas afetadas pelo vírus. Sendo assim, ao fazer uso desses remédios, há um aumento no risco de sangramentos e ter a dengue hemorrágica”, explica o médico Paulo Abrão, vice-presidente da Sociedade Paulista de Infectologia e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

    Prednisona e hidrocortisona

    Medicamentos como prednisona, prednisolona, dexametasona e hidrocortisona são conhecidos como corticoides — e também são contraindicados em caso de dengue ou de suspeita da doença.

    Assim como os anteriores, eles podem aumentar o risco hemorrágico da doença e agravar a situação do paciente.

    Ivermectina

    Nos últimos dias, passou a circular nas redes sociais informações que a ivermectina seria um medicamento indicado para combater o vírus da dengue.

    Tal situação fez com que o Ministério da Saúde emitisse uma nota alertando que “não há nenhum dado ou fonte que comprove a afirmação” e o órgão “não reconhece qualquer protocolo que inclua o remédio para o tratamento da dengue”.

    “Esse medicamento é única e exclusivamente para combater vermes, não há nenhum estudo que mostre sua eficácia contra vírus. Ele não deve ser usado em nenhum caso a mais”, diz o médico Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

    Durante a pandemia de covid-19, a ivermectina foi defendida como parte de um tratamento precoce de combate à doença — também sem nenhuma eficácia comprovada.

    Posteriormente, estudos realizados ao redor do mundo demonstraram a ineficácia do medicamento no combate à covid-19.

    Paracetamol e dipirona são indicados

    Segundo os infectologistas ouvidos pela BBC News Brasil, os dois medicamentos mais indicados para amenizar os sintomas causados pela dengue são o paracetamol e a dipirona, pois eles não aumentam os riscos de sangramento.

    Ambos podem ser usados com segurança e ajudam a amenizar as dores e mal-estar provocados pela dengue.

    Apesar da medicação aliviar certos sintomas, os especialistas são unânimes em dizer que manter uma boa hidratação é um dos fatores mais importantes para tratar a doença.

    A dengue provoca inflamação e faz o líquido “escapar” dos vasos sanguíneos.

    “A hidratação deve ser muito rigorosa. Além de água, é importante ingerir soros, encontrados em farmácias e postos de saúde, para repor os sais perdidos pelo corpo. O recomendado é que o paciente ingira 60 ml de líquido para cada quilo que possui”, calcula Dal Ben.

    BBC

  • O que é o ‘arrebatamento’, a doutrina da volta de Cristo que ganhou destaque no Carnaval

    O que é o ‘arrebatamento’, a doutrina da volta de Cristo que ganhou destaque no Carnaval

    Uma das definições do dicionário para o termo “arrebatamento” é “estado de profundo êxtase e enlevo espiritual”. Para religiosos, sobretudo os evangélicos pentecostais, a palavra está muito atrelada à ideia de fim dos tempos e da volta triunfal de Jesus.

    No último domingo (11/2), no Carnaval baiano, a cantora Baby do Brasil — que também é pastora evangélica e já se autoproclamou “popstora” — declarou que todos precisam estar atentos “porque nós entramos em Apocalipse”.

    “O arrebatamento tem tudo para acontecer entre cinco e dez anos”, disse ela durante apresentação da cantora Ivete Sangalo em um bloco em Salvador.

    Passagens da Bíblia, mais especificamente a primeira das cartas escritas pelo apóstolo Paulo de Tarso (5-67 d.C.) aos cristãos de Tessalônica, hoje parte da Grécia, sugerem esse cenário.

    “Porque o Senhor em pessoa, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao toque da trombeta de Deus, descerá do céu; então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; em seguida nós, os vivos que tivermos ficado, seremos arrebatados com eles sobre as nuvens, ao encontro do Senhor, nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”, diz o trecho.

    Em outras palavras, o texto bíblico descreve o que acontecerá quando ocorrer a aguardada volta de Jesus pelos cristãos, com a ressurreição dos mortos e o arrebatamento, aos céus, dos vivos.

    “Essa passagem [da carta de Paulo] é alvo de muitas interpretações”, pontua à BBC News Brasil o historiador, teólogo e filósofo Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

    Assim como toda leitura bíblica, ele adverte que é preciso observar o contexto histórico do texto.

    ‘Continuem vivendo’

    “Paulo estava vivendo um problema específico com essa comunidade de Tessalônica. A comunidade entrou num marasmo de esperar a volta de Cristo, as pessoas estavam simplesmente abandonando suas atividades, seus afazeres… O apóstolo tentou de alguma maneira dizer: continuem vivendo, porque ninguém sabe quando isso vai acontecer. Aí ele escreve essa passagem falando desse suposto encontro entre os que estiverem vivos e Jesus”, contextualiza Moraes.

    Algumas informações sobre o que se dizia na época são necessárias para que a leitura não seja feita com anacronismos.

    “A primeira coisa a ser pontuada é que Paulo esperava de maneira confiante e com uma certeza inabalável que Cristo voltaria enquanto ele ainda estivesse vivo”, lembra o teólogo. “E isso não aconteceu. Quase 2.000 anos depois, gerações sucessivas, e Cristo não voltou.”

    O segundo ponto foi o papel de liderança do apóstolo.

    “Paulo estava, de alguma maneira, tentando tratar de um problema: uma comunidade que resolveu simplesmente aguardar a volta, como uma seita. E Paulo diz que não é bem assim. E afirma que quando acontecer, o que nós veremos é que será ouvida a voz do arcanjo, ressoada a trombeta, e descerá dos céus o Senhor, os mortos ressuscitarão e depois os vivos se encontrarão com Jesus: este é o suposto arrebatamento”, explica.

    Líder do Grupo de Estudos do Protestantismo e Pentecostalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde também é professor, o sociólogo Edin Sued Abumanssur afirma que, na carta, Paulo “tentava explicar aos cristãos de Tessalônica o que iria acontecer no final dos tempos”.

    “A igreja dessa cidade estava muito preocupada com o que viria depois. E Paulo tentou esclarecer. Interessante é que outras cidades da época onde havia igrejas cristãs, onde o cristianismo estava começando, não tinham o mesmo problema, as mesmas preocupações”, atenta Abumanssur.

    Ele ressalta que, “na ideia de Paulo, os cristão que permanecerem firmes na fé serão arrebatados e vão se encontrar com Cristo nas nuvens”.“A questão do arrebatamento é uma doutrina muito polêmica, muito disputada, absolutamente não consensual: a doutrina da volta de Cristo”, diz o sociólogo.

    Pregador cristão em rua de Toronto, Canadá, com vestes que citam escrituras bíblicas
    Pregador cristão em rua de Toronto, Canadá, com vestes que citam escrituras bíblicas

    Significados do arrebatamento

    Explicada a ideia, é hora de entender como essa passagem bíblica acabou sendo interpretada ao longo dos séculos — e como é entendida por grupos contemporâneos, que tendem a expressar frases como a proferida pela cantora Baby do Brasil.

    “Fica a pergunta: o que significa esse encontro com Jesus nos ares? Porque supostamente você flutuar e se encontrar com ele, quando mortos estão ressuscitando, isso me parece uma coisa até trivial tendo em vista o que está acontecendo. O fenômeno é que, de repente, uma divindade vem ao encontro de seu povo, mortos estão ressuscitando e ganhando novamente seus corpos e os vivos estão sendo elevados”, comenta Moraes.

    O teólogo acrescenta que toda essa narrativa é “miraculosa”. Ele diz que a determinados setores do neopentecostalismo é cara a “ideia de flutuar, de encontrar nos ares. Por isso se fala tanto desse ideal de arrebatamento”.

    E quando vai ser o arrebatamento?

    Mas é preciso mergulhar um pouco mais nas escrituras para vislumbrar o entendimento do tempo do fim do mundo, conforme cada interpretação.

    Pois se Baby do Brasil diz que esse arrebatamento está prestes a acontecer, isso configura seu pensamento dentro de uma das linhas interpretativas de outro livro bíblico, o último do cânone, o livro do Apocalipse.

    Ela se situa naquilo que se entende como pensamento pré-milenismo. Ou seja: entende, como é comum dentre a maioria dos cristãos pentecostais e neopentecostais, que um tempo de tragédias indica a volta de Jesus que, então, chegará para estabelecer seu reino de paz e justiça na Terra.

    Aquecimento global, pandemia de covid-19, guerras na Ucrânia e em Israel, enchentes, terremotos: tudo isso seriam indicativos dessa ideia para alguns religiosos.

    A narrativa está no capítulo 20 do Apocalipse. Descreve um anjo que desce do céu e aprisiona um dragão “que é o Diabo e Satanás”, “para que não seduzisse mais as nações até que se completassem os mil anos”.

    Depois de tal período, o demônio novamente seria solto para a batalha final.

    “Essa passagem é uma espécie de complemento teológico da visão do arrebatamento”, comenta Moraes.

    O teólogo lembra, contudo, que há, na história do cristianismo, três interpretações para essa alegoria bíblica: os pré-milenistas, os pós-milenistas e o amilenistas.

    “A maioria dos chamados pentecostais, sejam os clássicos ou os neopentecostais, acabam adotando o princípio [do pré-milenismo]”, explica Moraes.

    Nesse sentido, eles entendem que haverá a volta de Jesus, com o arrebatamento, e isto estaria atrelado ao estabelecimento de um reino de justiça na Terra, por mil anos.

    “Guerras, terremotos ou epidemias são encarados como prenúncio da volta de Cristo, como sinais de que este tempo está chegando e seremos arrebatados, que Cristo vai governar a Terra durante mil anos”, observa o teólogo Moraes.

    “E eles entendem que este governo de Jesus Cristo será em Jerusalém, a Jerusalém que conhecemos hoje. Há a ideia de um reino político de Jesus”, diz o teólogo.

    A outra visão, a dos pós-milenistas, entendem que primeiro será estabelecido um tempo de paz e justiça e, só então, Jesus voltará.

    Segundo Abumanssur, esta corrente normalmente é defendida por “correntes teológicas mais envolvidas com transformações sociais”, pois pressupõe uma melhoria da qualidade de vida do mundo antes do retorno de Jesus. “Neste caso, o período de mil anos de paz e justiça precede a volta de Cristo”.

    Por fim, há a leitura dos amilenistas, que rejeitam essa crença em um reinado físico terreno literal de Jesus.

    “O Apocalipse é de um gênero literário surgido em um ambiente de perseguição, o que implicava uma necessidade de literatura cifrada, enigmática, que somente os iniciados entendiam”, explana Moraes.

    “Não é necessariamente a descrição de fim do mundo. É um gênero literário e tem por finalidade trazer consolo aos perseguidos, como se eles dissessem que a situação estava muito ruim mas ‘veja só no que nós acreditamos: no final venceremos’.”

    BBC

  • Como justificar 53 bilhões em emendas parlamentares?

    Como justificar 53 bilhões em emendas parlamentares?

    O presidencialismo é vulnerável à chantagem parlamentar – um problema não apenas brasileiro. Que tal mudar para o parlamentarismo, em que o chefe do Executivo tem necessariamente a maioria para governar?

    Arthur Lira, o todo-poderoso chefão da Câmara dos Deputados, teve um Carnaval mais do que especial. No Sambódromo do Rio de Janeiro, ele desfilou pela Beija-Flor, que homenageou a cidade de Maceió, parte do “reino de Lira”. Para isso, o prefeito maceioense, João Henrique Caldas, conhecido como JHC, um amigo político de Lira, mandou 8 milhões de reais para a escola de samba carioca. Parte dessa grana, segundo o prefeito (conforme comunicado da prefeitura), viria de emendas parlamentares.

    As emendas parlamentares são recursos aplicados conforme a vontade de cada parlamentar, privilegiando suas bases eleitorais. E tais emendas fazem a festa no “reino de Lira”. Para o atual ano de 2024, o Congresso aprovou o valor recorde de 53 bilhões de reais em emendas parlamentares, um grande aumento sobre os já bem gordos 37,3 bilhões de reais do ano passado. O aumento do valor reflete o poder cada vez maior do Congresso sobre o orçamento. Em nenhum outro país do mundo, os parlamentares conseguem interferir tanto no orçamento como aqui no Brasil.

    As emendas se fortaleceram em 2015, quando a fraqueza do governo Dilma acordou a fome dos congressistas. Desde então, tal fome dos parlamentares só aumentou. Eles sabem que o presidente Lula precisa da cooperação do Congresso para conseguir realizar suas políticas – fato inerente do presidencialismo brasileiro. O que culminou no mensalão do governo Lula (2005) uma mesada paga a deputados para votarem a favor de projetos de interesse do Poder Executivo. Hoje, o governo procura garantir os votos de forma mais institucionalizada e legalizada.

    Mas o problema, no fundo, continua o mesmo. Tanto o presidente quanto os parlamentares foram eleitos de forma direta pelo povo. A ideia era aplicar o sistema de freios e contrapesos, quer dizer: em uma divisão dos poderes, um poder fiscaliza o outro. Mas, na realidade, deixa o sistema vulnerável a bloqueios, que só se resolvem através de barganhas. Pois o partido do presidente não tem maioria no Congresso.

    Vemos um cenário semelhante atualmente na Argentina, onde o novo presidente Javier Milei não tem uma maioria para transformar suas ideias libertárias em leis. Partiu, portanto, para a fase 2, que é o xingamento dos parlamentares como “traidores da pátria”. E ameaça governar por plebiscitos. Só que eles não são vinculativos quando a iniciativa vem do presidente e não do Congresso. Assim, Milei pode logo virar um lame duck, ou seja, carta fora do baralho da política argentina.

    Impasse semelhante se vê nos Estados Unidos, onde partes do Partido Republicano no Congresso bloqueiam os pacotes de ajuda financeira do governo de Joe Biden à Ucrania, Israel, Palestina e Taiwan. Resta ao presidente Biden apenas fazer apelos. Brasil, Argentina e Estados Unidos – três exemplos que mostram como o presidencialismo dificulta a capacidade do Executivo de botar em prática suas políticas.

    Diferente do parlamentarismo, em que a maioria do Parlamento elege o chefe do Executivo. Para manter o governo vivo, a maioria parlamentar precisa prevalecer. Pois quando ela se perde, o governo cai. Assim, garante-se que o governo tenha a maioria necessária para tocar o barco da governabilidade.

    Sei que a ideia de trocar o presidencialismo pelo parlamentarismo é um tema antigo no Brasil, discutido e votado há trinta anos, quando uma maioria optou pelo presidencialismo. Escuto muitas vezes que o parlamentarismo não funcionaria no Brasil, devido à má qualidade dos partidos, que, muitas vezes, não têm ideologia, mas seguem os lemas do fisiologismo. Quero dizer: as trocas de favores em detrimento do bem comum.

    Se isso é verdade, me parece mais um argumento para o parlamentarismo. Pois só a disciplina exigida para manter a base governamental neste sistema pode enfraquecer o fisiologismo – que, no sistema do presidencialismo, corre solto. Ou, melhor dizendo: nestes tempos de Carnaval, samba solto na cara dos brasileiros.

    Thomas Milz saiu da casa de seus pais protestantes há quase 20 anos e se mudou para o país mais católico do mundo. Tem mestrado em Ciências Políticas e História da América Latina e, há 15 anos, trabalha como jornalista e fotógrafo para veículos como a agência de notícias KNA e o jornal Neue Zürcher Zeitung. É pai de uma menina nascida em 2012 em Salvador. Depois de uma década em São Paulo, mora no Rio de Janeiro há quatro anos.

    O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

    Autor: Thomas Milz

  • Bolsonaro pede ao STF devolução de passaporte para ir a evento nos EUA com Trump

    Bolsonaro pede ao STF devolução de passaporte para ir a evento nos EUA com Trump

    O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a devolução do seu passaporte para que ele possa participar de um evento conservador nos Estados Unidos na próxima semana que terá a presença do ex-presidente dos EUA Donald Trump.

    O advogado Paulo Amador da Cunha Bueno, que representa Bolsonaro, disse à Reuters que o pedido foi apresentado ao Supremo para que Bolsonaro possa participar da Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês), que ocorrerá de 21 a 24 de fevereiro. Trump, que deve concorrer a um novo mandato presidencial em novembro, é anunciado na página do evento como a principal estrela do encontro.

    Bolsonaro teve o passaporte apreendido em operação da Polícia Federal na semana passada, por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, no âmbito de inquérito sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado orquestrada durante o seu governo.

    O ex-presidente também foi proibido pelo Supremo de manter contato com os demais investigados na operação, como os ex-ministros da Defesa Walter Braga Netto e Paulo Nogueira Batista; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno.

    Quatro pessoas foram presas na operação, incluindo o ex-assessor especial de Bolsonaro Filipe Martins.

    Alvo de uma série de investigações pelo STF e inelegível de concorrer até 2030 por uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro recentemente fez uma convocação pública pelas redes sociais para um ato em sua própria defesa para o dia 25 deste mês, domingo, na Avenida Paulista.

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  • Relembrando….Arquivado na Justiça Eleitoral, mensalinho do PT no Twitter entra no foco da CPI das Fake News

    Relembrando….Arquivado na Justiça Eleitoral, mensalinho do PT no Twitter entra no foco da CPI das Fake News

    A investigação do esquema de pagamento de influenciadores de redes sociais para propagação de notícia para políticos do PT não tem avançado na Justiça Eleitoral nos estados, mas o chamado “mensalinho do PT no Twitter” será uma das frentes de apuração da CPI das Fake News

    A investigação do esquema de pagamento de influenciadores de redes sociais para propagação de notícia para políticos do PT não tem avançado na Justiça Eleitoral nos estados, mas o chamado “mensalinho do PT no Twitter” será uma das frentes de apuração da CPI das Fake News.

    O comando da comissão deve pedir que a Polícia Federal e os tribunais regionais eleitorais entrem no caso e ainda auxiliem com dados e investigações. A O Antagonista, o presidente da CPI, senador Angelo Coronel, do PSD da Bahia, disse que não descarta indiciamentos sobre o caso a depender do resultado das apurações.

    Empresas ligadas ao ex-deputado federal Miguel Corrêa, do PT de Minas Gerais, teriam fechado contratos milionários com pelo menos uma dezena de políticos nas eleições de 2018 que pagaram para participarem de um espécie de game. Para ganhar pontos no jogo, os influenciadores convidados a baixar o aplicativo deveriam compartilhar conteúdo positivo sobre os candidatos nas redes sociais.

    A Justiça Eleitoral em Minas rejeitou uma ação contra Corrêa sob argumento de que, como ele não chegou a ser eleito ao Senado, não haveria como prosseguir com o processo porque a única sanção aplicável seria a cassação ou rejeição do diploma, portanto, a punição não poderia ser aplicada.

    Em outra ação que poderia provocar a inelegibilidade de Corrêa, o TRE mineiro julgou se o caso poderia se enquadrar em abuso de poder econômico, além de arrecadação e gastos ilícitos de recursos. Os desembargadores avaliaram que não há provas nos autos de que o aplicativo alcançou um número expressivo de eleitores a ponto de desequilibrar o pleito. Uma perícia informou que o aplicativo foi baixado por ao menos 1.000 pessoas.

    Em relação aos influenciadores, os magistrados consideraram que não ficou evidenciado o benefício ao ex-deputado. Isso porque ele não foi citado em e-mails dirigidos supostamente a influenciadores digitais, contendo o resumo das matérias que deveriam ser divulgadas em suas redes sociais, referentes às pautas políticas de esquerda, havendo referência a certos candidatos (Wellington Dias, Fernando Haddad, Manuela D’Ávila, Luiz Marinho, Lindbergh Farias, Décio Lima e Gleisi Hoffmann).

    O Ministério Público Eleitoral recorreu e o processo ainda está em fase de admissão pelo TSE.

    A falta de provas também foi a justificativa da Justiça Eleitoral no Piauí para rejeitar uma ação contra o governador Wellington Dias (PT). O mensalinho do PT no Twitter estourou justamente pelo caso de Dias, sendo que a  jornalista Paula Holanda, militante de esquerda e influenciadora digital, revelou no Twitter ter sido convidada, em troca de dinheiro, pela Lajoy a promover em seu perfil conteúdo de esquerda. Ela, porém, disse que se recusou a fazer postagens sobre Dias.

    O juiz auxiliar Geraldo Meneses considerou que “não há prova idônea de que a coligação e/ou o candidato representados contrataram influenciadores digitais ou a Lajoy a fim de expandir a audiência de conteúdos no twitter”.

    A situação da campanha de Dias ainda é discutida em outra ação no TRE.

    O caso de Luiz Marinho, que concorreu ao governo de São Paulo pelo PT, também foi encerrado, mas por questão processual. Não houve discussão sobre o mérito do caso.
    O Antagonista , publicado em 16.02.2020