Para garantir o ingresso de novos médicos, a Prefeitura assinou contratos de Pessoa Jurídica com sete empresas para fornecimento de serviços médicos na rede de atenção à saúde. Medida foi alternativa encontrada após vários processos seletivos sem o preenchimento das vagas oferecidas
Depois que a Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), formalizou Contrato de Pessoa Jurídica com sete empresas para fornecimento de serviços médicos na rede de atenção à saúde, novos médicos já começaram a atender. A medida foi uma alternativa encontrada pela Prefeitura após vários processos seletivos sem o preenchimento das vagas oferecidas.
“Não dava mais para ver as unidades de saúde lotadas e pessoas aguardando atendimento por horas. Tínhamos que fazer algo e esse modelo de contratação foi o mais eficaz que encontramos para mudar essa triste realidade. Sabemos que vivemos uma situação um pouco diferente com grande demanda de pacientes com suspeita de dengue e outras viroses, portanto, a busca por atendimento nas unidades de saúde vai continuar, mas agora o paciente terá a garantia de um atendimento mais rápido e, claro, sem perder a qualidade. É um momento de muita felicidade para todos nós”, ressalta o prefeito Rogério.
O secretário de Saúde, Wilson Pollara, reforça a questão da qualidade dos atendimentos. “As empresas terão que cumprir metas de atendimento de qualidade e serão avaliadas a cada trimestre. Caso haja algo errado, serão advertidas, podendo até mesmo serem descredenciadas. Portanto, não vamos só contratar e entregar o serviço para que elas executem, mas vamos cobrar pelo bom desempenho”, afirma.
Um dos compromissos assumidos pelas empresas é fazer a imediata substituição do profissional que, por algum motivo, não puder comparecer ao local de trabalho, garantindo, assim, o atendimento de quem buscar as unidades de saúde. “Não vamos ter mais aquele sufoco de ter quatro, cinco médicos escalados e somente dois comparecerem e precisarem se desdobrar para atender todas as pessoas que aguardam atendimento”, avalia Pollara.
Inicialmente, as empresas irão apenas complementar os déficits de médicos nas unidades de saúde, tanto da urgência quanto da Atenção Primária, respeitando a característica de cada uma. Para o médico que já trabalha na unidade, possui produtividade e tem interesse em manter o contrato vigente com o município, nada mudará. Mas, caso deseje, poderá migrar para a nova forma de contratação.
Para os médicos, por exemplo, vai haver melhoria salarial. Atualmente, o clínico geral contratado para atuar nas unidades de urgência como pessoa física recebe R$ 1,4 mil por plantão de 12 horas e paga 27% de imposto de renda. Pelo novo modelo de contratação, ele passa a receber R$ 1, 68 mil e pagará 15% de imposto de renda.
O metapneumovírus humano (hMPV) é potencialmente tão contagioso quanto a COVID-19, quanto o vírus sincicial respiratório e quanto a gripe, mas poucos de nós ouvimos falar dele. Na verdade, a maioria das pessoas que pegou a doença provavelmente nem sabe que teve. Pessoas doentes geralmente não são testadas para isso fora de um hospital ou pronto-socorro. Além do mais, não há vacina ou medicamentos antivirais para combater esse agente patogênico. Então, que vírus assassino é esse que teve um pico no inverno e na primavera passados na Europa e nos Estados Unidos? Os médicos já alertaram para seus efeitos na saúde humana…
Na galeria, entenda as respostas e conselhos sobre como evitar contrair esta doença respiratória pouco conhecida.
O que é o metapneumovírus humano?
A doença em questão é o metapneumovírus humano (hMPV), um vírus respiratório que causa doenças respiratórias superiores (rinite e sinusite, por exemplo, entre outros) e inferiores (pneumonia, bronquite, etc.).
Doença sazonal
É uma doença sazonal que geralmente ocorre no inverno e início da primavera, semelhante ao vírus sincicial respiratório (VSR) e à gripe.
Um vírus potencialmente assassino
Assim como o VSR, o metapneumovírus humano (hMPV) pertence à família Pneumoviridae, o que o torna um vírus potencialmente mortal.
Quem está mais em risco?
Qualquer pessoa pode ser infectada com hMPV, porém ele é mais comum em crianças, adultos mais velhos e pessoas com sistema imunológico enfraquecido.
Crianças e hMPV
A maioria das crianças que se infectam com hMPV tem cinco anos ou menos. Destes, um pequeno número (5-16%) de infectados desenvolverá uma infecção do trato respiratório inferior, como pneumonia.
Idosos e hMPV
Idosos infectados com metapneumovírus humano também estão propensos a desenvolver pneumonia ou outros distúrbios respiratórios, como bronquiolite ou bronquite, de acordo com a American Lung Association.
Sistema imunológico enfraquecido
Outros que estão em risco de contrair hMPV são aqueles com sistema imunológico enfraquecido, talvez como resultado de quimioterapia ou em recuperação de um transplante de órgão. Além disso, qualquer pessoa com uma doença pulmonar subjacente sempre estará suscetível ao hMPV.
Sinais e sintomas
Os sintomas comuns do metapneumovírus humano incluem tosse, dor de garganta, febre, congestão nasal e falta de ar – os mesmos sinais da gripe ou de COVID-19. E aí está o dilema. O patógeno hMPV é frequentemente ignorado devido à sua semelhança com esses distúrbios respiratórios mais familiares.
Uma condição médica pouco conhecida
O metapneumovírus humano foi descoberto em 2001, mas, embora o uso de testes de diagnóstico molecular tenha aumentado a identificação e a conscientização sobre o hMPV, a doença em sua maior parte permaneceu desconhecida do público.
No entanto, estudos nos últimos quatro anos mostraram que o hMPV era tão comum quanto o vírus sincicial respiratório (VSR) e quanto a gripe em pacientes internados no hospital, de acordo com o jornal britânico Mirror.
Além disso, o hMPV foi a segunda causa mais comum de infecções respiratórias em crianças, atrás do VSR nos últimos 25 anos.
Casos de hMPV estão em crescimento
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos registraram recentemente um pico de casos de hMPV no país, embora poucos cidadãos pareçam estar cientes da natureza exata do vírus.
Mas o que é mais preocupante é que a maioria das pessoas parece ignorar o quanto este vírus é potencialmente perigoso e, até mesmo, fatal.
Testes para o vírus
Mas o CDC também relatou uma disposição do público em geral para aprender mais sobre o hMPV e seu efeito sobre a saúde.
Transmissão
A transmissão do hMPV, provavelmente, acontece de uma pessoa infectada para outras através de secreções de tosse e espirros.
O metapneumovírus humano também pode ser transmitido através do contato pessoal próximo com pessoas infectadas, como tocar ou apertar as mãos.
A propagação do vírus também é promovida pelo contato com objetos e superfícies contaminadas por secreções dos contaminados, que com frequência tocam a boca, o nariz ou os olhos.
Período de circulação
O metapneumovírus humano circula em ciclos anuais distintos, iniciando-se no inverno e prolongando-se até a primavera. De forma confusa, o VSR e a influenza podem circular simultaneamente durante a temporada dos vírus respiratórios.
Quando ir ao médico
Sintomas leves do hMPV podem ser tratados com medicamentos de venda livre para controlar a dor, a febre e a congestão. A recuperação geralmente leva cerca de 10 dias.
Sintomas mais severos
No entanto, pacientes com sintomas mais graves, como chiado no peito ou falta de ar, devem marcar uma consulta com o médico. Inalador temporário e esteroides podem ser prescritos.
De acordo com o CDC, atualmente não há terapia antiviral específica para tratar o hMPV e nenhuma vacina para prevenir a doença. Os cuidados médicos são puramente de apoio.
A Prevenção
Os métodos de prevenção da propagação do hMPV são conhecidos de todos nós, já que os procedimentos seguem de perto os que fizemos durante o confinamento de COVID-19. Em primeiro lugar, evite tocar em pessoas infectadas e lave as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos.
Independentemente de estar com os sinais do vírus ou não, evite tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
É importante evitar contato próximo com pessoas que estejam doentes ou que apresentem sinais de terem contraído o hMPV.
Adquira o hábito de limpar possíveis superfícies contaminadas, coisas como tampos de mesa e maçanetas. Isso pode ajudar a evitar a propagação do vírus.
Associação com pneumonia
Esteja ciente de que o hMPV está associado a um risco aumentado de desenvolver pneumonia bacteriana. Esta condição é tipicamente tratada com antibióticos.
Pessoas com doenças pulmonares crônicas, como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica e fibrose pulmonar, devem sempre tomar precauções para se proteger do hMPV, da gripe e de outras doenças contagiosas.
Um vírus relativamente novo
O fato do hMPV ser um vírus respiratório reconhecido só recentemente significa que os profissionais de saúde podem não considerar ou testar rotineiramente a doença.
Maior conscientização
“[Porém] há uma atenção muito maior para identificar a causa (das infecções) do que já tivemos antes”, garante o Dr. Rick Malley, especialista em doenças infecciosas do Hospital Infantil de Boston, durante uma entrevista ao USA Today.
Carolina Biscaia Carminatti, de 35 anos, pode ser indiciada por estelionato, lesões corporais e falsificação de documento particular. Inquérito está em fase avançada
A Polícia Civil do Paraná investiga 22 queixas feitas contra a médica Carolina Biscaia Carminatti, de 35 anos, que atua na cidade de Pato Branco e é acusada por pacientes de aplicar golpes informando falsos diagnósticos de câncer de pele, na intenção de lucrar com a realização de procedimentos cirúrgicos sem efeito. Só uma das vítimas, contam os investigadores, teria sido lesada em cerca de R$ 13 mil — além do trauma e das cicatrizes. Caso indiciada, ela poderá responder pelos crimes de estelionato, lesões corporais e falsificação de documento particular.
A polícia recebeu uma série de denúncias dos pacientes que haviam descoberto, só depois de toda a exposição física e psicológica sofrida, que os diagnósticos de câncer entregues por Biscaia seriam falsos. Com a repercussão do caso, o número de supostas vítimas só aumentou: pessoas que dizem ter perdido de R$ 5 mil a R$ 13 mil em procedimentos falsos. Os investigadores cumpriram mandado de busca e apreensão no consultório da médica e foram recolhidos computadores, celulares e documentos, que passam por perícia.
— As vítimas contam que procuravam a médica para uma consulta dermatológica por conta de algum problema e, já na primeira consulta, a médica olhava pintas, manchas na pele e indicava que podia ser câncer. Com isso, ela recolhia o material para mandar para exame e, na sequência, marcava uma nova consulta onde mostrava um laudo supostamente falsificado onde constava que aquela pessoa estava com câncer — conta o delegado Helder Andrade Lauria, à frente das investigações. — Nesse mesmo momento ela já realizava procedimentos cirúrgicos para retirada dessas manchas e cobrava os valores. Algumas vítimas procuraram outro laboratório, onde acabaram recebendo um laudo original, onde não constava nenhuma doença. Ao contrário do que havia dito a médica, elas não tinham câncer.
Goiás ultrapassou a marca de 50 mil casos confirmados de dengue em 2024, atingindo 51.628 registros, segundo o painel da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). Já são 112.245 casos notificados. No mesmo período em 2023, o total de casos confirmados era de 20.309.
Já são 45 óbitos confirmados no Estado em razão da dengue só neste ano, enquanto outros 72 estão em investigação. A cidade de Anápolis registra o maior número: 9 mortes confirmadas e 12 suspeitas; seguida por Luziânia, com 7 mortes confirmadas e uma suspeita. Ao todo, 138 municípios goianos declararam situação de emergência por conta do avanço de casos de dengue.
A capital do Estado declarou emergência nesta terça-feira (12/3), acumulando 5.724 casos confirmados, um óbito e outros 10 em investigação. No cenário nacional, já são 391 mortes e o número de casos prováveis atinge 1.538.183.
Minas Gerais é o Estado com mais casos registrados no Brasil: 513.538, seguido por São Paulo (285.134) e Paraná (149.134). A Redação
Jake Lloyd ficou famoso por atuar em ‘Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma’ aos 10 anos de idade
A imagem de Jake Lloyd quando criança foi eternizada pelos fãs da franquia Star Wars. Isso porque o ator, que hoje tem 35 anos, ficou famoso por dar vida ao jovem Anakin Skywalker quando tinha apenas 10 anos. De lá para cá, ele enfrentou diversas questões de saúde mental e, recentemente, precisou ser internado em uma clínica de reabilitação nos Estados Unidos.
A informação foi dada na última segunda-feira, 11, pela mãe de Jake, ao portal americano Scripps News. Lisa Lloyd contou que o quadro de saúde mental do filho vem preocupando há bastante tempo. No entanto, ela afirma ter esperanças de uma melhora significativa com a nova tentativa de tratamento.
Jake Lloyd está internado em uma clínica de reabilitação há cerca de 10 meses. Durante esse tempo, ele tem apresentado melhoras sociais, além de seguir o cronograma de medicações sem resistência.
Diagnóstico e tratamento conturbados
Em entrevista, Lisa Lloyd relembrou o momento em que acendeu o alerta para o comportamento do filho. De acordo com ela, o ator passou a confundir a realidade e inventar cenários fantasiosos ainda no ensino médio, por volta de 2006.
“Jake começou a ter alguns problemas no ensino médio. Ele começou a falar sobre ‘realidades’. Ele não sabia se estava nesta realidade ou em uma realidade diferente”, lembrou Lisa.
Isso aconteceu bem depois da estreia do seu trabalho mais aclamado, como o Jovem Anakin em Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma, lançado em 1999. Apesar do sucesso com o filme de George Lucas, ele preferiu deixar a carreira de ator em 2003, antes dos primeiros casos de confusão mental.
Preocupada, Lisa levou o filho para se consultar com médicos para que, talvez, ele tivesse um diagnóstico e tratamento adequados. Porém, o que aconteceu inicialmente foi uma enorme confusão. Isso porque Jake teve o diagnóstico errado de bipolaridade. Os resultados certos vieram pouco depois: ele convive com esquizofrenia paranoica.
Jake Lloyd tinha 10 anos quando fez o Jovem Anakin Foto: Reprodução
“Quando eles finalmente contaram sobre a doença, ele caiu em uma depressão ainda pior. Foi muito difícil. Ele achava que não precisava tomar remédios porque não estava doente. Não queria ir ao terapeuta, porque não havia nada de errado com ele”, contou Lisa.
O diagnóstico de esquizofrenia paranoica obrigou o ator a deixar o Columbia College Chicago, instituição que começou a frequentar em 2007. Com a mudança na rotina e a falta de aceitação de Jake com a questão, o tratamento foi conturbado. O ator frequentemente parava de tomar os medicamentos e buscava drogas ilícitas.
Uma das piores notícias para a mãe de Jake veio em 2015. O artista foi preso na Carolina do Sul enquanto viajava sozinho da Flórida para o Canadá. Os policiais encarregados pelo caso afirmaram que Jake tentou fugir durante uma perseguição em várias cidades antes de bater com o carro e ser preso.
Todas as tentativas de contato de Lisa com o filho foram ignoradas. Ele não atendia ligações e o pedido dela para que ele fosse internado não foi para frente. “Eu conversei com as pessoas na prisão e tentei explicar que ele tinha parado de tomar a medicação, mas eles não lhe deram os remédios. Como mãe, você arranca os cabelos porque seu filho precisa de ajuda”, explicou.
Com a insistência da mãe, Jake foi transferido para um hospital na Califórnia, mas ainda resistia quanto à ingestão de medicamentos para o tratamento. Ele ficou em liberdade 10 meses depois, mas os quadros de alucinação continuaram. Lisa lembrou que o filho, depois de ser solto, chegou a ligar para ela e dizer que tinha sido baleado por um invasor de seu apartamento, mas era tudo uma criação da sua mente.
Surto psicótico
Lisa Lloyd afirma que o filho teve um ‘surto psicótico total’ em março de 2023, depois que sua irmã mais nova, Maddison, faleceu aos 26 anos. Os dois voltavam para a casa da família quando Jake desligou o carro no meio de uma rodovia com três pistas.
“A polícia chegou lá e fez algumas perguntas a Jake. Ele estava conversando com eles, mas nada disso fazia sentido. Era uma salada de palavras”, lembra o momento. Por conta do seu quadro mental, Jake foi internado ao invés de ser preso. Alguns meses depois, ele foi transferido para um centro de reabilitação de saúde mental, onde permanece até hoje.
Para a mãe, a evolução do filho é nítida. “Ele está muito melhor do que eu esperava. Ele está se relacionando melhor com as pessoas e se tornando um pouco mais sociável, o que é muito bom. É como ter o velho Jake de volta, porque ele sempre foi incrivelmente sociável até se tornar esquizofrênico”, opina.
Sobre Star Wars, Lisa conta que Jake é fã da franquia até hoje. “As pessoas acham que Jake odeia, mas ele ama. Ele adorou filmar e se divertiu muito. Eu adoraria que ele ficasse bom o suficiente para poder fazer alguma coisa, e tenho certeza que ele talvez gostaria de fazer. Veremos”, disse.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve ir a Brasília nesta quarta-feira (13) “dar o pontapé inicial” junto do governo Luis Inácio Lula da Silva (PT), seu rival político, para a consulta pública do túnel que ligará Santos a Guarujá.
Após se desentenderem sobre a paternidade de um investimento bilionário da Toyota no estado, Tarcísio falou em “relação republicana” em evento nesta segunda-feira (11) e trocou afagos com um membro do governo Lula e correligionário do governador, o ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).
“A gente está trabalhando bem, a gente vai ter uma relação republicana, o interesse de São Paulo está em primeiro lugar, não tem como ser diferente. Se governo do estado e União trabalharem juntos, a gente tem condição de se ajudar mutuamente”, afirmou o governador na saída do CNN Talks, evento organizado pela emissora com representantes da infraestrutura em São Paulo.
Segundo Tarcísio, a consulta pública dá início ao projeto do túnel, que havia sido apresentado em fevereiro, com obra estimada em cerca de R$ 6 bilhões, dividido entre estado e governo federal. A ideia é que o leilão seja feito até novembro, afirmou.
“Eu quero agradecer publicamente ao governador Tarcísio pela construção política que foi feita com o presidente Lula em relação ao túnel de Santos”, disse Silvio Costa Filho. “Uma obra que demorou mais de 100 anos. E se Deus quiser, na próxima quarta-feira, às 15 horas, nós estaremos juntos lá em Brasília para anunciar essa obra tão importante”.
O ministro também destacou outras parcerias bilionárias entre governo Lula e Tarcísio –o governador paulista é próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e os afagos públicos ao presidente Lula costumam gerar críticas entre expoentes da direita.
Silvio, porém, destacou outras obras em conjunto entre São Paulo e União, como os investimentos da ordem de R$ 21,28 bilhões no Porto de Santos nos próximos cinco anos, anunciado nesta segunda.
O ministro também ressaltou o investimento de R$ 2 bilhões feito pela Aena, concessionária do Aeroporto de Congonhas, na modernização do terminal.
Relembrou, por fim, a ideia de construir um novo aeroporto na região metropolitana de São Paulo, entre as cidades de Cajamar e Caieiras.
“Abrimos, sob orientação do presidente Lula, um diálogo com o governador Tarcísio de Freitas, para sonharmos com um novo aeroporto na cidade de São Paulo”, afirmou ele.
Tarcísio, por sua vez, defendeu as privatizações que tem feito em São Paulo e afirmou que ao final desta semana deve ser publicado o edital da venda da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), concessionária de energia.
O governador afirmou que esta deve ser “uma privatização bastante badalada, com muito sucesso, bastante concorrida”.
Sobre o principal projeto de sua agenda privatista, a venda da empresa de saneamento Sabesp, o governador negou que haja decisão sobre a fatia que o governo deve manter das ações da companhia –a lei aprovada permite que o governo se desfaça dos 50,3% das ações que tem e as mantenha entre 15% e 35%.
Tarcísio defendeu ainda a concessão de todas as linhas do Metrô, como já havia feito, além da CPTM. Após o leilão do trem intercidades que ligará a capital a Campinas, o governador voltou a falar em trens para São José dos Campos e a Baixada Santista.
Prefeitura de Goiânia, Governo de Goiás e Saneago lançam obras que promovem integração entre os sistemas João Leite e Meia Ponte, serviços de reforço e modulação de rede na Região Noroeste, duplicação de adutora na Região Sudoeste e ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto do Parque Atheneu
A Prefeitura de Goiânia, em parceria com o Governo de Goiás e a Saneago, lançou nesta sexta-feira (8/3) obras para a ampliação e reforço dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário de Goiânia. Os investimentos de R$139,3 milhões alavancam o crescimento e o desenvolvimento da Capital.
“Goiânia sai à frente com o desenvolvimento desse trabalho com a Saneago e o Governo de Goiás. Trabalhamos para que cada cidadão goianiense, ou aqueles que escolheram Goiânia para viver, tenham acesso a saneamento básico, água tratada com garantia, sem medo de que venha faltar água na cidade de Goiânia”, afirmou o prefeito Rogério.
O prefeito também destacou que Goiânia tem, atualmente, 98% de água potável já tratada, e a menor perda no país, chegando a quase 12%. “Nós temos saneamento básico, hoje está com mais de 80%, esse é o tratamento que Goiânia recebe por meio do contrato firmado com a Saneago.
Dentre as obras lançadas, estão a Conexão Cristina (com investimento da ordem de (R$ 72,3 milhões), que promove a integração total entre os sistemas João Leite e Meia Ponte; serviços de reforço e modulação de rede na Região Noroeste (R$ 9,3 milhões); duplicação de adutora na Região Sudoeste (R$ 13,9 milhões); e ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto do Parque Atheneu (R$ 43,8 milhões).
O governador Ronaldo Caiado fez um agradecimento público à Goiânia e Região Metropolitana pela manutenção do contrato com a Saneago, pois graças aos contratos com as cidades maiores as cidades menores de Goiás recebem investimentos e têm acesso à tarifa social. “A Saneago só é capaz de ter a taxa social porque nós temos a garantia da Prefeitura de Goiânia, que manteve o contrato conosco, e, como tal, é o mais importante contrato para subsidiar água nos 245 municípios do estado de Goiás”, explicou.
A Conexão Cristina possibilitará suprir, pelo Sistema Mauro Borges, a extensa região de Norte a Sudoeste de Goiânia, Noroeste de Aparecida de Goiânia, além das cidades vizinhas de Goianira e Trindade, hoje abastecidas pelo Sistema Meia Ponte. Atualmente, 64% da Capital é abastecida com água proveniente do Ribeirão João Leite, enquanto 36% tem origem no Rio Meia Ponte.
Investimentos
O presidente da Agência de Regulação de Goiânia (AR), Hudson Novaes, lembrou, durante o evento, que em 2019 foi assinado o contrato de concessão do município de Goiânia, que é titular dos serviços de saneamento, com a Saneago para o serviço de água e de esgoto. “Esses serviços são executados mediante um plano de gestão do prestador para atender a todas as necessidades de Goiânia em um período de, no mínimo, 30 anos. Então, tudo o que a Saneago executa já foi, de certa forma, planejado pelo município de Goiânia, que deu a concessão à empresa”, concluiu.
O diretor-presidente da Saneago, Ricardo José Soavinski, por sua vez, destacou que os investimentos permitem a expansão do atendimento não só em Goiânia, mas na Região Metropolitana. “São obras para dar segurança hídrica e acompanhar o crescimento das cidades. A parte econômica-financeira da companhia, mesmo fazendo investimentos recordes nesses anos, tem todas as condições de fazer mais investimentos daqui pra frente”, assinalou.
Há dois anos, os médicos alemães se depararam com notícias de um homem que estava sendo investigado por ter recebido dezenas de vacinas contra o coronavírus sem nenhuma explicação médica. Em seguida, houve uma enxurrada de especulações sobre o que ele estava fazendo. Os promotores começaram a investigar se ele estava recebendo tantas doses extras como parte de um esquema para coletar cartões de imunização carimbados que pudesse vender mais tarde para pessoas que queriam burlar as exigências de vacinação.
Mas, para os médicos, o homem era uma anomalia médica, alguém que havia desafiado as recomendações oficiais e se transformado em uma cobaia para medir os limites externos de uma resposta imunológica.
No ano passado, eles pediram aos promotores que estavam investigando seu consumo excessivo de vacinas que fizessem um pedido: o homem gostaria de participar de um projeto de pesquisa? Quando os promotores encerraram a investigação de fraude sem acusações criminais, ele concordou.
Quando os médicos o atenderam pela primeira vez, o homem de 62 anos já havia recebido 215 doses de vacina contra o coronavírus, segundo eles. Ignorando seus apelos para que parasse, ele recebeu mais duas vacinas nos meses seguintes, expandindo seu estoque imunológico para um total de 217 doses de oito tipos diferentes de vacina contra a covid-19 ao longo de dois anos e meio.
Depois de meses estudando-o, os médicos, liderados por Kilian Schober, imunologista da Universidade de Erlangen-Nuremberg, no estado alemão da Baviera, relataram suas descobertas esta semana na revista médica The Lancet Infectious Diseases.
Aparentemente, o homem nunca havia sido infectado pelo coronavírus. Ele não relatou nenhum efeito colateral da vacina. E, o mais interessante para os pesquisadores, seu repertório de anticorpos e células imunológicas era consideravelmente maior do que o de uma pessoa tipicamente vacinada, mesmo que a precisão dessas respostas imunológicas permanecesse efetivamente inalterada.
Os pesquisadores descobriram que até mesmo a 217ª dose impulsionou a resposta imunológica do homem. E, embora estivessem procurando cuidadosamente por sinais de enfraquecimento progressivo das reações imunológicas ao longo do tempo – um tipo indesejável de tolerância imunológica que às vezes se desenvolve durante infecções virais de longo prazo – eles relataram que não observaram nenhuma queda nas respostas.
“Isso indica realmente o quão robusta é a resposta do sistema imunológico a essa imunização repetitiva”, disse Schober. “Mesmo 200 vacinas não são um desafio tão grande para o sistema imunológico quanto uma infecção crônica.”
Os pesquisadores disseram que o homem era de Magdeburg, uma cidade no centro da Alemanha, mas forneceram poucos outros detalhes e disseram que seus motivos para a onda de vacinação eram particulares. Os promotores haviam coletado evidências de 130 vacinações ao longo de nove meses, escreveram os pesquisadores. A primeira vacinação do homem, com uma injeção feita pela Johnson & Johnson, ocorreu em junho de 2021. A maioria de suas vacinas subsequentes foram de mRNA feitas pela Moderna ou Pfizer-BioNTech. Ele também recebeu várias das vacinas atualizadas da Pfizer-BioNTech.
Além de seus próprios testes, os cientistas contaram com os exames médicos de rotina do homem antes e durante a pandemia. Mas, como não tiveram acesso a outros acumuladores de vacinas, os pesquisadores disseram que suas descobertas não poderiam ser usadas para prever como outras pessoas reagiriam a inoculações repetidas.
Outros pacientes que recebem tantas doses podem sofrer efeitos colaterais, disse Schober, tornando imprudente que as pessoas desafiem a orientação médica para receber mais do que o número recomendado de vacinas.
E, embora o estudo tenha sugerido que as vacinas são, em geral, muito seguras e podem continuar a aumentar as respostas imunológicas, os benefícios de ser vacinado repetidamente não necessariamente superam o pequeno risco de uma dose adicional. Por exemplo, disse Schober, os níveis de anticorpos do homem caíram nos períodos após as vacinas registradas mais recentes, como geralmente ocorre em pacientes que recebem o número normal de doses.
A descoberta sugeriu que a resposta imunológica elevada do homem só poderia ser mantida em alta se ele fosse revacinado o tempo todo. “Esses níveis superaltos não são sustentáveis”, disse Schober. “Eles cairiam para o nível normal”.
Ainda assim, a farra de vacinas que durou dois anos e meio criou um tipo de teste de estresse do sistema imunológico que os médicos nunca teriam permitido que acontecesse em seu turno. E, embora os resultados estivessem longe de ser conclusivos, pelo menos o sistema imunológico desse homem parecia notavelmente resistente.
“Duzentas vacinas podem parecer muito”, disse Schober. Mas as células imunológicas capazes de reagir a vírus crônicos, acrescentou ele, “estão basicamente rindo” das partículas virais de imitação com as quais têm de lidar, mesmo ao longo de centenas de vacinas.
Quase 15 mil aposentados mineiros estão com pagamentos suspensos. Mas a partir desta sexta-feira (8/3), os beneficiários do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), que não realizaram o Censo Previdenciário em 2023, poderão atualizar os dados para restabelecer o benefício. O processo de recenseamento será reaberto, e o prazo é até o dia 6 de abril deste ano.
De acordo com dados, divulgados nesta segunda-feira (4/3) pelo Ipsemg, 14.908 nomes, de pensionistas, aposentados ou afastados preliminarmente do Poder Executivo, não realizaram o Censo Cadastral Previdenciário em 2023 e também não regularizaram a situação em 2024. Eles terão o pagamento do benefício suspenso a partir de março. A lista foi publicada em 20 de fevereiro, no Diário Oficial do Estado.
O presidente do instituto, André Luiz Moreira dos Anjos, alerta que quem não realizar o cadastramento pode ter a suspensão do pagamento de outros meses. “Com a suspensão dos pagamentos também terão o serviço de assistência à saúde suspenso, bem como de seus dependentes”, reitera.
André Luiz também explica que a data da regularização do pagamento influencia na data de recebimento do pagamento, ou seja, os beneficiários que realizarem o procedimento no período de 8 a 15 de março terão o benefício creditado em abril.
Já aqueles que regularizarem de 16 de março a 6 de abril terão o benefício creditado em maio.
Em uma sociedade construída para que as pessoas se sintam culpadas por coisas que não podem controlar, acreditar que não existe o livre arbítrio poderia ser libertador.
É isso que pensa o neurologista americano Robert Sapolsky, professor de Biologia e Neurologia da Universidade de Stanford, nos EUA. Para ele, o livre arbítrio é uma ilusão.
Considerado um dos cientistas mais venerados da atualidade pela revista New Scientist, Sapolsky passou três décadas estudando babuínos selvagens no Quênia, o que lhe permitiu descobrir interações sociais complexas.
Suas pesquisas ajudaram a compreender aspectos do comportamento humano e o impacto do estresse na saúde.
Mas sua posição é minoritária entre pensadores contemporâneos.
Sapolsky é autor de vários livros, entre eles de Comporte-se: A biologia humana em nosso melhor e pior (Cia das Letras) e de Determined: A Science of Life Without Free Will (Determinado: A ciência da vida sem livre arbítrio, em tradução livre), lançado no final do ano passado nos EUA e ainda sem edição em português.
No livro mais recente, Sapolsky afirma que “detrás de cada pensamento, ação e experiência há uma cadeia de causas biológicas e ambientais, que se estende desde o momento em que surge o neurônio até o início de nossa espécie e mais além. Em nenhuma parte desta sequência infinita há um lugar onde o livre arbítrio pode desempenhar um papel”.
Sapolsky conversou com a BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, sobre o livro.
O que é livre arbítrio?
Segundo o pesquisador, a melhor forma de explicar o livre arbítrio é explicando o que não é livre arbítrio.
“É onde as pessoas cometem o maior erro. Circunstâncias onde tomamos uma decisão existem todos os dias, por exemplo, onde escolher o que comer. Mas não é disso que falamos quando falamos em livre arbítrio”, explica.
“Para tomar uma decisão, estamos conscientes, temos uma intenção e agimos em conformidade. Sabemos qual será o resultado provável, sabemos também o que temos ou o que não temos que fazer, temos alternativas e, para a maioria das pessoas, intuitivamente isso seria ter livre arbítrio.”
“Nos Estados Unidos, todo o sistema jurídico é baseado na ideia de que as pessoas têm escolhas e, conscientemente, poderiam ter tomado outra decisão.”
Mas, segundo Sapolsky, sua perspectiva vai muito além disso.
“Como você se tornou o tipo de pessoa que tende a ter esse tipo de intenção ou a tomar certo tipo de decisão? Como isso aconteceu? E aqui é onde o livre arbítrio simplesmente não existe, aí é onde ele evapora.”
Outra área onde as pessoas tendem “emocionalmente e intuitivamente” a ver o livre arbítrio está em grandes conquistas, diz Sapolsky.
Por exemplo, quando você olha para alguém que talvez não fosse tão talentoso em determinadas áreas e, ainda assim, com muito trabalho e autodisciplina, se destacou.
“Quando a pessoa poderia estar curtindo a vida com os outros, ela ficou estudando. E isso é muito inspirador. Talvez ela não tivesse uma ótima memória ou uma grande mente lógica ou analítica, mas teve muita tenacidade.”
Quando alguém tem muito talento mas os outros consideram que a pessoa “os disperdiçou”, também tendem a pensar em livre arbítrio – a pessoa teria escolhido não agir.
“Essas são duas áreas onde as pessoas simplesmente decidem que é onde está o livre arbítrio, mas ele não está lá. Não acho que esteja em lugar nenhum.”
Sapolsky propõe que quando o nosso cérebro gera um comportamento particular, ele é determinado por algo que aconteceu pouco antes, que por sua vez é determinado por algo que existia antes disso, numa longa cadeia.
“Para mim, é como se cada momento fosse resultado do que veio antes”, afirma ele, explicando o que é determinismo. “Este é um mundo em que não há nada que aconteça sem explicação, sem um precedente.”
“O que aconteceu, aconteceu por causa do que aconteceu antes e isso se aplica a todos os mecanismos que nos tornam quem somos.”
Sapolsky parou de acreditar no livre arbítrio quando era adolescente.
“Tem sido um imperativo moral para mim ver os humanos sem julgá-los e sem acreditar que alguém merece algo especial. Isso é viver sem odiar e sem acreditar que mereço privilégios”, escreve ele no livro.
“Se você aceita que não existe livre arbítrio, que somos nada mais nada menos que a soma da biologia e do meio ambiente, se você realmente acredita nisso, a culpa e a punição não fazem sentido, a menos que você os entenda em termos instrumentais”, explica ele à BBC Mundo.
Por exemplo, diz ele, se pegarmos a aplaysia, um caracol marinho que tem sido objeto de extensos estudos no campo da neurociência, sabemos que se batermos na cabeça dele, isso causará uma reação.
“Você faz isso para entender o comportamento. Você não bate nele porque acha que ele é mau”, explica.“Da mesma forma, elogios e recompensas não têm sentido em si. Eles podem ser usados instrumentalmente, mas não são virtudes em si.”
“E se for esse o caso, ninguém tem o direito de ter as suas necessidades consideradas mais importantes do que as necessidades dos outros. E odiar alguém faz tanto sentido quanto odiar o coronavírus.”
“Algo precisa ser feito sobre o fato de que todos nós fomos criados para aceitar que algumas pessoas são tratadas muito melhor do que outras por coisas sobre as quais elas não tiveram nenhum controle”, afirma.
“Da mesma forma, alguns são tratados de forma muito pior por coisas sobre as quais não tiveram controle. O maior problema é que tratamos isso com naturalidade na maior parte do tempo.”
Teias de Aranha
Na discussão sobre o livre arbítrio, há uma questão que para Sapolsky é fundamental: de onde vêm nossas intenções?
Não se fazer essa pergunta – diz ele – é como acreditar que tudo o que é preciso para avaliar um filme é ver apenas os últimos três minutos.
Para me explicar o significado dessa pergunta, ele pega uma caneta e diz que está fazendo esse ato conscientemente, que o ato de segurá-la é “cheio de intenção”.
“É inconcebível para mim imaginar todas as coisas que levaram a este momento, seria muito difícil fazê-lo”, afirma.
Além disso, “nossa intenção ao fazer algo parece tão poderosa que não podemos imaginar que não podemos tomar não tomar aquela decisão se não quisermos”.
Ou em, outras palavras: nosso desejo de fazer algo é tão forte que não passa pela nossa cabeça que não podemos não desejar o que desejamos.
O pesquisador descreve outro cenário: imagine um homem que assassinou um grupo de pessoas.
Aos 10 anos, esse indivíduo havia sofrido um acidente de carro que destruiu 75% de seu córtex frontal, área do cérebro importante para a interpretação, expressão e regulação das emoções.
“Por que essa pessoa se tornou quem é? Um único acontecimento [o acidente] foi como um terremoto” em sua vida, diz ele. “Agora olhe para o resto de nós. Imagine que existem milhões e milhões de teias de aranha invisíveis, pequenos fios, que trouxeram você até este momento e fizeram de você quem você é.”
O acidente de trânsito no caso do criminoso ou a altura do corpo de um astro do basquete são “causas únicas” e são “muito fáceis de entender”.
Os problemas surgem – explica o especialista – quando abordamos a “causalidade distribuída”.
“Quando falamos sobre quem somos, na maioria dos casos são milhões desses pequenos fios invisíveis Juntos, isso é tão determinístico quanto ter seu córtex frontal destruído em um acidente de carro.”
O argumento científico
Sapolsky explica que qualquer neurônio (célula do sistema nervoso) funciona como resultado do que os outros milhares de neurônios ao seu redor estão fazendo.
“Ele poderia ter conexões com até 50 mil outros neurônios, não é uma ilha. O que quer que esteja fazendo se enquadra nesse contexto.”
Como argumento em defesa de sua tese, ele pede que lhe seja mostrado “um neurônio (ou um cérebro) cuja geração de comportamento é independente da soma de seu passado biológico”.
O professor nos convida a pensar na nossa adolescência, na nossa infância, em quando estávamos no útero.
“Os seus neurônios são compostos pelos genes com os quais você começou quando era uma célula.”
E muito antes disso: “Os seus antepassados eram pastores ou agricultores? Viveram numa floresta tropical ou no deserto? Porque isso será transmitido século após século e o trabalho de cada geração é esculpir o cérebro dos seus filhos para que eles tenham os mesmos valores culturais”.
O mesmo vale para outros mecanismos de funcionamento do corpo.
O trifosfato de adenosina (ATP), por exemplo, é uma molécula que as células utilizam para obter energia.
Se você não dormiu bem na noite passada ou não comeu, certas células apresentarão menos ATP do que o normal.
“Anos atrás, meu laboratório mostrou que se você estiver sob estresse enquanto dorme, acumulará menos ATP no cérebro do que se não estivesse estressado.”
Outro exemplo são os hormônios. Se tivermos um nível mais elevado de um determinado hormônio, isso pode influenciar se, por exemplo, nos sentiremos mais irritados ou mais abertos a correr riscos, e também o quão sensível será o nosso cérebro a determinados estímulos externos.
Sapolsky nos lembra que os hormônios regulam os genes e que, por sua vez, os genes têm muito a ver com a encruzilhada da tomada de decisões.
Com tudo isso em mente, ele coloca o desafio: “vá e mude todos esses fatores. Se o neurônio fizer exatamente a mesma coisa, isso é livre arbítrio.”
“Mostre-me que seu cérebro apenas produziu um comportamento independente de tudo isso, e se você fizer isso, estará demonstrando livre arbítrio”, diz ele.
Para o neurobiólogo, no século 21 temos muito conhecimento científico que tem mostrado o quão importante são os genes, a parte hormonal, o meio ambiente como peças que, juntas, nos tornam quem somos.
“Não me cabe provar que livre arbítrio não existe. Acho que o ônus da prova recai sobre as pessoas que insistem que existe livre arbítrio”, diz ele. “Mostre-me hormônios que fazem o oposto do que normalmente fazem. Mostre-me que você acabou de mudar sua sequência de DNA. Faça isso e depois vamos falar sobre livre arbítrio.”
Visão pessimista
Mas essa não seria uma visão um pouco pessimista? Afinal, qual seria o sentido de nos esforçarmos para tomar as melhores decisões se no final, como ele diz em seu livro, “não somos nem mais nem menos do que a soma do que não podemos controlar”: a nossa biologia, o nosso ambiente e a interação entre os dois.
Ele diz que é essa visão, na verdade, que é pessimista – mas esclarece que não é a pessoa certa para responder essa pergunta.
“Porque tive sorte na vida, as coisas correram bem para mim por motivos que não controlo.”
Ele afirma que muitas pessoas não tiveram a mesma sorte e que a culpa não é delas ou que lhes falta autocontrole. Por exemplo, “se o seu córtex frontal se desenvolveu desta forma e não daquela, não é que você seja preguiçoso”.
“Para a maioria das pessoas, isso deveria ser uma ótima notícia, porque é toda uma sociedade que foi construída em torno da ideia de que você deveria se sentir muito mal consigo mesmo ou com coisas sobre as quais não tem controle”.
Na verdade, ele acredita que a ideia de que não somos os donos do nosso destino pode ser uma visão bastante “libertadora e humana”.
Reações
Embora ao longo da história tenha havido alguns céticos do livre arbítrio, também há muitos que, dentro e fora da academia, defendem a sua existência.
O livro de Sapolsky gerou reações distintas.
Adam Piovarchy, pesquisador da Universidade de Notre Dame, escreveu um artigo no site de notícias científicas The Conversation intitulado: “Professor de Stanford diz que a ciência prova que o livre arbítrio não existe. Veja por que ele está errado.”
Piovarchy sustenta que Sapolsky comete o erro de assumir que as questões sobre o livre arbítrio “são respondidas simplesmente observando o que a ciência diz”, e ele acrescenta que o livre arbítrio é também uma questão metafísica e moral, algo que os filósofos vêm estudando há muito tempo.
John Martin Fischer, filósofo e professor da Universidade da Califórnia, especialista em livre arbítrio, também questiona a abordagem do neurocientista.
“Sapolsky deseja abrir nossos olhos para o que ele considera nossas falsas crenças de que somos livres e moralmente responsáveis, e até mesmo agentes ativos, três aspectos centrais e fundamentais da vida humana e de nossa navegação através dela”, escreveu Fischer em uma resenha publicada pela Universidade de Notre Dame. Segundo ele, o cenário é muito diferente se o problema é abordado pela perspectiva da filosofia. “A ciência, claro, é relevante; mas isso não torna o livre arbítrio uma questão científica.”
Sapolsky não vê as coisas dessa forma: “de certa forma, só a ciência tem algo a dizer sobre isso”, ele me diz, pois é o que nos ajuda a “entender como você se tornou a pessoa que é agora”.
Para o escritor Oliver Burkeman, o autor demonstra em sua obra que enfrentar a inexistência do livre arbítrio “não precisa nos condenar à amoralidade ou ao desespero”.
Em resenha do livro, publicada no The Guardian, Burkeman afirma que quando o cientista aborda como deveríamos viver sem livre arbítrio, sua “visão de mundo humanista vem à tona”.
“Alguns argumentam que perceber que nos falta liberdade pode nos transformar em monstros morais. Mas ele argumenta de forma comovente que é na verdade uma razão para viver com perdão e compreensão, para ver ‘o absurdo de odiar alguém por qualquer motivo’.”
Keiran Southern escreveu no The Times que “se as ideias de Sapolsky fossem amplamente aceitas, elas levariam a mudanças sociais profundas, principalmente no sistema de justiça criminal”.
Talvez Sapolsky queira convencer de que o livre arbítrio não existe, mas se não conseguir, pelo menos convida a pensar que é possível que haja menos livre arbítrio do que se supõe.
“Já sabemos o suficiente para compreender que o número infinito de pessoas cujas vidas são menos afortunadas que as nossas não merecem ser ignoradas”, escreveu o cientista.