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Parlamentares cobram devolução de MP da reoneração

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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ainda busca um meio termo para evitar desgaste maior com o Planalto sobre a medida provisória que reonera a folha de pagamento de diversos setores da economia.

Pacheco ainda tenta negociar. Tem dito que é melhor não aprovar o texto do que devolver. Mas tem sido pressionando. Uma reunião de líderes foi convocada para tratar do tema nesta terça-feira (9).

Nove frentes parlamentares ligadas ao setor produtivo enviaram nesta segunda-feira (8) um novo ofício pedindo a devolução da MP ao executivo.

O documento é assinado pelas frentes do Empreendedorismo (FPE); do Comércio e Serviços (FCS); da Agropecuária (FPA); pelo Livre Mercado; pelo Brasil Competitivo; para o Desenvolvimento da Indústria Elétrica e Eletrônica; da Mulher Empreendedora; da Contabilidade Brasileira; e da Indústria de Máquina e Equipamentos.

A reoneração de forma gradual da folha de pagamento faz parte de um pacote anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nos últimos dias do ano passado para tentar cumprir a meta fiscal de déficit zero em 2024.

Na prática, porém, a medida bate de frente com o entendimento do Congresso Nacional, que derrubou o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à prorrogação da desoneração para 17 setores até dezembro de 2027.

De acordo com a nova proposta do governo, a reoneração ocorrerá de forma gradual. As regras já têm força de lei, mas respeitam a chamada “noventena”. Com isso, só passam a valer a partir de 1º de abril de 2024. Até lá, seguem valendo as normas promulgadas pelo Congresso.

CNN

Explosões e sequestro de policiais marcam estado de emergência no Equador

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Lula erra sobre urna eletrônica e suas candidaturas ao exaltar sistema eleitoral

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O presidente Lula (PT) cometeu uma sequência de erros sobre a implementação da urna eletrônica e os próprios pleitos que concorreu ao exaltar o sistema eleitoral brasileiro nas redes sociais nesta segunda-feira (8), na esteira do aniversário de um ano dos ataques golpistas de 8 de janeiro.

Ele afirmou disputar eleições desde 1989, que não houve “ninguém que disputou tantas eleições” como ele, e que todos os pleitos presidenciais em que participou havia a utilização da urna eletrônica.

A primeira candidatura do petista, entretanto, ocorreu em 1982, quando tentou o Governo de São Paulo e perdeu para Franco Montoro, do então PMDB, hoje MDB. Quatro anos depois, pleiteou vaga na Câmara dos Deputados e venceu, tornando-se constituinte.

A partir de 1989, passou a disputar eleições presidenciais, quando perdeu para Fernando Collor, então no PRN. Em 1994 e em 1998 concorreu novamente ao Palácio do Planalto, derrotado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Já sobre as urnas eletrônicas, a primeira disputa na qual elas estiveram presentes foi em 1996, em 57 cidades. Lula só disputou eleições sob esse sistema em 1998, quando FHC tentava a reeleição –naquele ano, o voto eletrônico foi utilizado em cidades com mais de 40 mil habitantes, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A urna eletrônica só foi universalizada no país nas eleições municipais de 2000.

Reportagem da série “Os segredos do 8/1” revelou que no dia seguinte aos ataques, Lula repetia a ministros, auxiliares e aos presidentes dos outros Poderes que havia perdido as eleições muitas vezes e que não entendia por que os que haviam sido derrotados em outubro não aceitavam o resultado.

“Ele dizia: eu fui derrotado, entendi que fui derrotado e parti para outras disputas. Ele dizia isso muito. Nós vencemos. E por que os que foram derrotados não compreendem isso e não esperam o passar do tempo para depois disputar?”, relata o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), que estava como presidente interino do Senado na ausência de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Folha de São Paulo

2023 foi o ano mais quente já registrado no Brasil

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O ano de 2023 foi o mais quente já registrado no Brasil, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). De acordo com o órgão oficial da previsão do tempo no país, a média do ano passado chegou a 24,92°C, superando 2015 e 2019.

A média de temperatura do Brasil é 24,23°C, segundo a série histórica do instituto, iniciada em 1961. Também no ano passado foi registrada a máxima histórica do país, de 44,8°C, em Araçuaí, Minas Gerais. A marca foi atingida em novembro, no último dia da oitava onda de calor a atingir o Brasil em 2023.

O ano passado foi marcado por extremos de chuva, como em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, secas históricas na Amazônia e sucessivas ondas de calor, que podem dar o tom do verão em parte do país neste ano.

A situação, no entanto, não é restrita ao Brasil. O observatório Copernicus, da Agência Espacial Europeia, afirmou nesta terça-feira (9) que 2023 foi o ano mais quente desde o começo da série histórica, em 1850.

Com temperaturas excepcionalmente altas em diversos pontos do planeta, inclusive nos oceanos, o ano passado registrou média global de 14,98°C, superando em 0,17°C o recordista anterior, 2016.

O ano passado foi também o primeiro em que todos os dias superaram em 1°C os níveis pré-industriais (1850-1900). Em novembro, pela primeira vez na séria histórica, houve dois dias em que os valores foram superiores em 2ºC.

Com meses de temperaturas muito mais altas do que a média, antes mesmo de dezembro chegar, pesquisadores já vinham apontando que 2023 seria o mais quente dos últimos 125 mil anos.

Com registros nas três primeiras semanas daquele mês cerca de 1°C acima da média histórica para o período, as previsões ganharam mais força.

Além disso, uma análise publicada no final de novembro pela OMM (Organização Meteorológica Mundial) indicava que o ano atual deveria registrar uma média de temperatura 1,4°C acima dos níveis pré-industriais –somando-se a “uma cacofonia ensurdecedora” de recordes climáticos quebrados.

2024 PODE SER UM DOS ANOS MAIS QUENTES DA HISTÓRIA

A combinação de oceanos e planeta mais quentes com os efeitos do El Niño pode causar ondas de calor e possíveis recordes de temperatura neste verão. É nessa toada que seguirá o clima no primeiro de 2024 no Brasil, cada vez mais sujeito a efeitos da mudança climática.

Embora as análises meteorológicas não tenham alcance para além do primeiro semestre, a chance de um arrefecimento do El Niño, caracterizado pelo aquecimento acima da média das águas do oceano Pacífico equatorial, poderia ajudar numa trégua.

Justiça do Rio de Janeiro condena Lindberg Farias, e outros, por improbidade administrativa

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O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou a apelação do deputado federal Lindberg Farias, ex-prefeito de Nova Iguaçu, e outros onze réus, condenados por improbidade administrativa. A 9ª Câmara de Direito Privado do tribunal concluiu que as ações do ex-prefeito resultaram em prejuízos às finanças públicas, destacando que o ex-vereador de Nova Iguaçu, José Agostinho de Souza, se beneficiou ilicitamente, obtendo vantagens econômicas indevidas às custas do poder público.

Farias e Souza foram condenados a pagar uma multa civil de R$ 640 mil cada, devolver os valores recebidos pela prefeitura e tiveram seus direitos políticos suspensos por cinco anos.

De acordo com o Ministério Público, entre janeiro de 2005 e abril de 2007, Lindberg Farias nomeou dez familiares de José Agostinho para cargos comissionados em diversas Secretarias Municipais, como Desenvolvimento, Saúde e Planejamento. Estes familiares, que incluem Ana Claudia Franco Campos de Souza, Denise Cristina Cabral de Souza, Devani Anizio de Andrade Souza, Gelson Inácio de Souza, entre outros, recebiam salários como funcionários públicos, mas na realidade trabalhavam em um centro social privado de José Agostinho. Em troca, Agostinho supostamente desistiu de abrir uma comissão parlamentar de inquérito contra Lindbergh e o apoiou na captação de eleitores. Após a derrota eleitoral de Agostinho em 2008, todos os familiares foram exonerados.

O Tribunal também determinou que os dez servidores devolvessem os salários recebidos indevidamente e pagassem uma multa civil proporcional aos seus vencimentos.

Hora Brasília

Flávio Dino finaliza gestão no Ministério da Justiça com taxa de transparência inferior à de Moro, Mendonça e Torres

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Sob a gestão do ministro da Justiça Flávio Dino, a pasta registrou um recorde em negativas de pedidos de acesso a informações públicas, com base em sigilo de informações, segundo dados da Controladoria Geral da União (CGU). Esta taxa superou a de ex-ministros dos governos Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB), bem como da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

“A Lei de Acesso à Informação (LAI) exige transparência dos gestores públicos. Quando vemos um órgão que deveria garantir o correto andar da Justiça e da Segurança Pública negando tantas informações, já podemos pensar sobre qual é o comprometimento desse ministério específico com a causa e a pauta da transparência e também com as políticas de incentivo aos direitos”, declara Júlia Rocha, coordenadora de Acesso à Informação e Transparência da Artigo 19.

Em 2023, a pasta de Dino negou 16,6% dos pedidos via LAI, atribuindo a alta em negativas a requisições sobre os ataques de 8 de janeiro. Durante a gestão de Anderson Torres, 7,7% foram negadas, enquanto com André Mendonça e Sérgio Moro, as taxas foram 12,2% e 6,7%, respectivamente. No governo Temer, a negativa foi de 3,5% e na gestão Dilma Rousseff, 3,7%.

Das recusas de Dino, 45,3% foram consideradas como informações sigilosas. Outros percentuais envolveram dados pessoais e solicitações consideradas desproporcionais.

O Ministério da Justiça, em resposta ao Estadão, justificou que o alto número de recusas está ligado a investigações dos ataques de 8 de janeiro. “Tais atos geraram a abertura de investigações policiais e outros procedimentos, razão de muitos pedidos que foram indeferidos”, explicou o ministério, afirmando que a LAI foi bem aplicada em 2023, e que as informações não repassadas estão protegidas por sigilo, conforme legislações específicas.

Hora Brasília

Otoni de Paula protocola pedido para incluir perfil CHOQUEI no inquérito das fake news

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O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), conhecido por sua posição política de direita, encaminhou nesta sexta-feira (29/12) um pedido formal ao Supremo Tribunal Federal (STF) para incluir o perfil “CHOQUEI” no inquérito que investiga a disseminação de notícias falsas. O pedido ocorre após o responsável pelo perfil CHOQUEI comparecer à polícia na quinta-feira (28) para esclarecimentos sobre a morte de Jéssica Vitória Canedo, ligada à propagação de uma fake news que a associava a um suposto relacionamento com o humorista Whindersson Nunes. Segundo o administrador do Choquei, outros perfis de fofoca também estão na mira das autoridades para depoimentos futuros. Ele admitiu a publicação da notícia falsa e informou que vários outros perfis semelhantes também publicaram.

Em declaração, o administrador do Choquei esclareceu que foi até a polícia de Minas Gerais com evidências relevantes ao caso. Ele explicou que a notícia falsa foi inicialmente divulgada por outro perfil e, depois, replicada pelo Choquei. A declaração incluiu: “Foram fornecidas provas sobre o fato gerador da notícia falsa – que foi publicada originalmente por um outro perfil e republicada posteriormente pela Choquei — e foram disponibilizadas imagens de diálogos que mostram os procedimentos adotados assim que a falsidade foi descoberta, como a retirada imediata do conteúdo falso republicado.”

O perfil Choquei é investigado sob suspeita de indução à morte de Jéssica Canedo. O delegado Felipe Monteiro, da Polícia Civil de Minas Gerais, responsável pelo inquérito, solicitou a quebra de sigilo das páginas do perfil nas redes sociais e está ouvindo outras plataformas que compartilharam a notícia falsa. Raphael Souza, dono do perfil Choquei, prestou depoimento à polícia, levando o delegado Monteiro a confirmar que a Polícia Civil aguarda autorização para analisar os perfis envolvidos, considerando a possibilidade de condenação dos responsáveis.

Hora Brasília

Governo publica MP que propõe reoneração gradual da folha de pagamento

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O governo federal publicou nesta sexta-feira, 29, a Medida Provisória 1.202, que trata do conjunto de medidas anunciadas na quinta, 28, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para manter o orçamento de 2024 equilibrado, ou seja, em linha com a meta de déficit primário zero.

São três propostas que estão sendo encaminhadas ao Congresso Nacional que, segundo o ministro, não criam receita adicional, mas repõem recursos em renúncia que não estavam inicialmente previstos no projeto de lei orçamentária enviado pelo governo em 31 de agosto, já aprovado pelo Legislativo.

A MP trata da reoneração gradual da folha de pagamentos, que foi prorrogada pelo Congresso para 17 setores até 2027; prevê a limitação das compensações tributárias decorrentes de decisões judiciais; e trata da retomada da tributação sobre o setor de eventos, beneficiado no início da pandemia com o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).

Reoneração da folha de pagamento

Com relação à reoneração da folha, a MP prevê um retorno gradual da tributação, com alíquotas diferenciadas setor a setor. A regra prorrogada pelos parlamentares permite às empresas o pagamento de alíquotas de contribuição previdenciária sobre a receita bruta de 1% a 4,5%, conforme o serviço prestado, em vez de 20% sobre a folha salarial.

A proposta do governo com a medida editada nesta sexta é a reoneração parcial, não mais diferenciada por setores, mas sim, por atividade econômica. A MP traz dois anexos com a divisão dos grupos e a forma como será retomada a tributação.

O primeiro grupo inclui as empresas das seguintes atividades:

    • Transporte ferroviário de carga
    • Transporte metroferroviário de passageiros
    • Transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, municipal e em região metropolitana
    • Transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, intermunicipal, interestadual e internacional
    • Transporte rodoviário de táxi
    • Transporte escolar
    • Transporte rodoviário coletivo de passageiros, sob regime de fretamento, e outros transportes rodoviários não especificados anteriormente
    • Transporte rodoviário de carga
  • Transporte dutoviário
  • Atividades de rádio
  • Atividades de televisão aberta
  • Programadoras e atividades relacionadas à televisão por assinatura
  • Desenvolvimento de programas de computador sob encomenda
  • Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador customizáveis
  • Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador não customizáveis
  • Consultoria em tecnologia da informação
  • Suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da informação

Para esse grupo, a regra prevê que a alíquota da contribuição previdenciária será retomada da seguinte forma: será de 10% em 2024; 12,5% 2025; 15% em 2026; e 17,5% em 2027.

O segundo grupo engloba as seguintes atividades:

    • Curtimento e outras preparações de couro
    • Fabricação de artigos para viagem, bolsas e semelhantes de qualquer material
    • Fabricação de artefatos de couro não especificados anteriormente
    • Fabricação de calçados de couro
    • Fabricação de tênis de qualquer material
    • Fabricação de calçados de material sintético
    • Fabricação de calçados de materiais não especificados anteriormente
    • Fabricação de partes para calçados, de qualquer material
    • Construção de rodovias e ferrovias
    • Construção de obras de arte especiais; Obras de urbanização – ruas, praças e calçadas
    • Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações
    • Construção de redes de abastecimento de água, coleta de esgoto e construções correlatas
    • Construção de redes de transportes por dutos, exceto para água e esgoto
    • Obras portuárias, marítimas e fluviais
    • Montagem de instalações industriais e de estruturas metálicas
    • Obras de engenharia civil não especificadas anteriormente
    • Edição de livros
    • Edição de jornais
    • Edição de revistas
    • Edição integrada à impressão de livros
    • Edição integrada à impressão de jornais
  • Edição integrada à impressão de revistas
  • Edição integrada à impressão de cadastros, listas e de outros produtos gráficos
  • Atividades de consultoria em gestão empresarial

Para essas atividades, a retomada das alíquotas será feita de acordo com esse cronograma: 15% em 2024; 16,25% em 2025; 16,5% em 2026; e 18,75% em 2027.

Conforme o ministro Haddad anunciou na quinta, as alíquotas previstas na MP serão aplicadas sobre o salário de contribuição do segurado até o valor de um salário mínimo, aplicando-se as alíquotas padrão sobre o valor que ultrapassar esse limite, de 20%.

Minipacote de Haddad para aumentar arrecadação já nasce sob desconfiança

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Ministro da Fazenda anuncia MP com três medidas para reverter perdas de receitas por conta de leis aprovadas pelo Congresso, mas setores atingidos podem judicializar iniciativa

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na quinta-feira, 28 de dezembro,
um conjunto de medidas para compensar o chamado “gasto tributário”.

As três medidas, anunciadas em entrevista coletiva em Brasília, incluem a limitação
das compensações tributárias feitas pelas empresas e a revogação gradual da
renúncia fiscal do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse),
baixado durante a pandemia.

A terceira medida é uma resposta à derrubada do veto do Congresso à desoneração
da folha de pagamento: o governo propõe a isenção, da cota patronal, do primeiro
salário mínimo dos trabalhadores celetistas.
De acordo com Haddad, as três propostas serão enviadas por meio de um Medida
Provisória (MP) ao Congresso, que deve analisá-las apenas após o recesso de início
de ano. Mas já há indícios de que o governo deverá enfrentar resistências políticas e
também por parte dos setores atingidos.
“Após a entrevista, percebe-se que o Governo continuará sua busca frenética pelo
aumento de arrecadação em 2024, além do que já foi feito até 2023: reforma
tributária, alteração da tributação de fundos, subsídios tributários, mudanças nos
juros sobre capital próprio (JCP), entre outros”, afirma o tributarista Henrique
Erbolato, sócio do escritório Santos Neto Advogados.

Segundo ele, porém, muitas das medidas anunciadas são questionáveis
juridicamente. “Portanto, ao invés de gerarem o aumento de receita pretendida,
poderão somente fomentar ainda mais o contencioso administrativo e judicial”,
adverte.

“Nosso esforço continua no sentido de equilibrar as contas por meio da redução de
gastos tributários”, aponta o ministro, lembrando que o governo realizou o
pagamento de 100% dos precatórios (R$ 90 bilhões), dívidas do governo transitadas
em julgado para as quais não cabem mais recursos.
“O gasto tributário no Brasil foi o que mais cresceu, subiu de cerca de 2% do PIB para
6% do PIB”, afirma Haddad, reforçando o compromisso do governo de perseguir a
meta fiscal prevista no Orçamento de 2024, de déficit zero.
Mas ele admitiu dificuldades para o ano que vem: “Teremos um primeiro trimestre de
2024 que vai inspirar cuidado depois de dois trimestres com perda de arrecadação”.

Meio trilhão de reais
Das três medidas, Haddad afirmou que a mais relevante é a que trata das
compensações tributárias feitas pelas empresas. Na prática, referem-se a impostos
que não serão recolhidos nos próximos anos para “compensar” tributos pagos
indevidamente em anos anteriores e já reconhecidos pela Justiça.
“São causas que envolvem meio trilhão de reais, que o governo vem devolvendo
desde 2017”, afirma o ministro. A saída proposta impõe um limite sobre o que pode
ser compensado de um ano para o outro de 30%.
“Vamos adotar um critério similar à compensação de prejuízo de empresas, que uma
limitação a um determinado percentual”, explica. “Há empresas que estão há anos
sem pagar imposto, e isso nos dá condições de planejamento.”
A segunda medida diz respeito ao Perse, programa criado para beneficiar o setor
cultural e prorrogado pelo Congresso, em maio, até 2026.

As empresas foram beneficiadas com alíquota zero do Imposto de Renda Pessoa
Jurídica (IRPJ), da Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e da
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

De acordo com a lei, a previsão de isenção fiscal para o setor era de R$ 4 bilhões
anuais. Neste ano, no entanto, os contribuintes informaram uma renúncia de R$ 16
bilhões, o quádruplo do proposto por ano e 80% do valor total nos cinco anos do
programa.

Segundo Haddad, a ideia é retomar a cobrança de tributos. As mudanças serão
realizadas gradualmente nos próximos dois anos. “O pacote de R$ 20 bilhões de
renúncia por cinco anos será compensado em dois anos, se esgotando em 2024”,
explica, ressaltando que “uma renúncia total de R$ 100 bilhões com o Perse não teria
justificativa”.
Desoneração da folha
A medida mais aguardada era a que pudesse compensar a renúncia fiscal da
desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia. O veto do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi barrado no Congresso, e por isso a
desoneração foi prorrogada até 2027.
“Estamos encaminhando ao Congresso uma reoneração gradual, setor a setor, não
necessariamente uma volta a 20% da cota patronal original”, enfatiza. Até a
derrubada do veto, as empresas pagavam 20% na contribuição previdenciária. Já
com a regra diferenciada, que volta a valer, pagam de 1% a 4,5% incidido na receita
bruta.
Como contrapartida para o tema reoneração, Haddad anunciou que o governo vai
testar um “ingrediente novo”. A medida prevê a desoneração parcial para os
empregadores do “primeiro salário mínimo” recebido por cada trabalhador com
carteira assinada.
“Se o funcionário ganha 10 salários mínimos, não paga cota patronal de 1 salário
mínimo”, diz. “É um caminho interessante para formalização do mercado de trabalho,
diminuindo o ônus do emprego para o trabalhador que ganha menos e para quem
emprega”, acrescenta.

neofeed

O ano da IA: como a tecnologia dominou os investimentos em 2023 e o que esperar para 2024

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Gastos globais em inteligência artificial atingirão US$ 154 bilhões ainda neste ano, um aumento de 26,9% sobre o valor gasto em 2022, segundo projeções da consultoria global IDC; a tecnologia também ficou na mira de investidores e deve seguir em expansão no próximo ano, avaliam analistas do mercado

inteligência artificial (IA) dominou o mundo em 2023. Não só foi protagonista das discussões no setor de tecnologia — a ONU, por exemplo, realizou um evento totalmente dedicado ao tema –, como também atraiu boa parte dos investimentos e engrossou gastos corporativos. Embora a tecnologia esteja em desenvolvimento há décadas, a “corrida da IA” ganhou celeridade em janeiro, quando o ChatGPT, chatbot de IA generativa da OpenAI, atingiu 100 milhões de usuários ativos dois meses após seu lançamento.

O marco alcançado pelo chatbot parece ter reorganizado o mercado todo em torno da IA. Não houve uma empresa grande que não tenha feito algum movimento nesse sentido: a Microsoft, que já era uma investidora da OpenAI, atualizou seu mecanismo de busca Bing para incluir o GPT-4; o Google, por sua vez, lançou o Bard para rivalizar com o ChatGPT; a Amazon lançou o “Q”, chatbot de IA para empresas, e há relatos de que esteja investindo milhões de dólares no treinamento de um “ambicioso” projeto de IA generativa. A Apple, que tem se mantido mais discreta, aumentou seus investimentos em P&D em pelo menos US$ 3 bilhões, impulsionados pelos trabalhos também em IA generativa.

“De fato, o ano é marcado pela IA, não tem como dizer outra coisa. Se você for ver a performance do [índice da Bolsa dos EUA] S&P 500 e tirar as sete maiores empresas de tecnologia, você vai ver que [a performance] não foi tão boa este ano. Isto é, mais de 50% do rali do S&P 500 está relacionado à IA este ano. É um tema que realmente vem muito forte, especialmente no mercado norte-americano”, aponta Thomas Monteiro, analista da Investing.com.

“A verdade é que hoje estamos diante de uma revolução, e não vai ter volta”, acrescenta Monteiro. “A gente pode chamar de buzz? Na minha visão, não. É exagerado considerar a IA simplesmente um hype. Por outro lado, ainda que de fato a gente espere um potencial muito grande de lucros corporativos, não só no segmento de tecnologia, mas em todo o espectro produtivo — incluindo bancos, serviços e outros setores –, existem ainda muitas empresas que não geram lucros em relação à IA. Outras estão em fase inicial, outras diversas ainda não chegaram ao patamar de inovação de fato. As duas coisas coexistem. Então, o investidor tem a tarefa de separar o joio de trigo”, observa.

Para Bruno Batavia, diretor de Tecnologias Emergentes do Valor Capital Group, o cenário prova que a IA deixou de ser uma promessa futurista para se tornar “uma realidade prática”. “O mercado de IA experimentou um salto no volume de investimentos em 2023, uma tendência que provavelmente persistirá no próximo ano. Esse salto é evidência clara de um mercado em expansão, apesar de dois terços desse crescimento serem atribuídos a poucas, mas significativas, transações, como a parceria entre a Microsoft e a OpenAI”, diz.

Brasil, mais consumidor que desenvolvedor

Uma projeção da consultoria global International Data Corporation (IDC) mostra que os gastos globais com inteligência artificial, incluindo software, hardware e serviços para sistemas centrados em IA, atingirão US$ 154 bilhões ainda neste ano, um aumento de 26,9% ante o valor gasto em 2022. O valor engloba não apenas o segmento de tecnologia — os dois setores com maiores investimentos em IA no ano, segundo o IDC, são financeiro e varejo.

“Acredito que os próximos anos vão seguir sendo de investimentos e aperfeiçoamento. Sem dúvidas as grandes empresas devem seguir investindo pesado na área”, observa Pedro Henrique Accorsi, analista e consultor de investimentos na Benndorf Research.

Sobre o mercado brasileiro, ele acredita que ainda há uma certa defasagem. “O Brasil sempre reage de forma um pouco atrasada aos grandes eventos globais quando eles demandam mão de obra altamente especializada. Em geral, os maiores interessados da IA em nosso país são os próprios consumidores, e não as empresas desenvolvedoras — até porque elas quase não existem em solo nacional. É claro, existem exceções, mas nosso mercado é muito mais consumidor do que desenvolvedor”, observa.

Um estudo divulgado recentemente pelo IDC aponta que as plataformas de IA devem crescer 38% na América Latina em 2024, ao mesmo tempo em que as empresas vão sofrer uma maior pressão nos custos relacionados a gastos com infraestrutura de rede. A consultoria estima que, até 2028, 35% dos serviços de empresas da região incluirão entregas já habilitadas para IA generativa.

Startups de IA em alta

Outro sinal que demonstra a força da IA na atração de investimentos vem do ecossistema de inovação — em meio ao “inverno das startups”, aqueles negócios que de alguma forma estão pautados por IA têm animado os investidores. No Web Summit Lisboa, um dos maiores eventos de inovação do mundo, uma sondagem feita com 111 investidores de capital de risco mostrou que, para 62,2%, a IA e o aprendizado de máquina têm o maior potencial de inovação entre as tecnologias emergentes. No ano anterior, essa fatia era de 29%.

“Soluções que utilizam IA têm uma demanda crescente. Por isso, apesar de todos os problemas macroeconômicos que atingiram os aportes nas startups nos últimos anos, como a alta dos juros, por exemplo, as empresas disruptivas que ofertem esse tipo de solução continuarão a chamar a atenção dos investidores”, acredita Igor Marinelli, Co-CEO da Tractian, startup brasileira que fornece tecnologia de IA e Internet das Coisas (IoT) para indústrias. A própria Tractian recebeu investimento de R$ 230 milhões em rodada série B, liderada pelo fundo General Catalyst.

Um relatório do PitchBook divulgado em maio sobre avaliação de negócios em estágio inicial apontou que a mediana das avaliações de startups de IA generativa, em rodadas iniciais, aumentou 16% em 2023 na comparação com o ano passado. Enquanto isso, os preços de avaliação de todos os outros segmentos de startups em estágio Série A ou Série B caíram quase 24%.

Na América Latina, o cenário é semelhante. As startups da região captaram durante o mês de novembro US$ 287 milhões, o menor volume mensal registrado desde julho de 2020, segundo relatório da Sling Hub. A maior captação do mês foi feita pela logitech brasileira Logcomex, que auxilia empresas com dados em tempo real sobre importações e exportações, utilizando — justamente — inteligência artificial. Ela levantou US$ 32,5 milhões em uma rodada série B liderada pela Riverwood Capital.

O que esperar para 2024

Em relação ao cenário de investimentos, Thomas Monteiro faz um alerta: “A gente está entrando num momento em que parece haver uma divergência muito grande entre a precificação do mercado e os indicadores macroeconômicos, e isso pode ser um problema. Se você está colocando Venture Capital de maneira desenfreada em empresas que ainda não dão lucros, contando que ano que vem você terá um ambiente de juros mais favorável, caso isso não se materialize poderemos ver a morte de muitas empresas pequenas”, avalia.

Em relação à indústria como um todo, Bruno Batavia acredita em uma ampliação ainda maior do uso de interfaces de usuário baseadas em linguagem, tornando o acesso a produtos e serviços digitais mais inclusivo, especialmente em mercados emergentes como o Brasil. “Uma das tendências para o próximo ano na IA é a redução do custo de criação de conteúdo. As ferramentas de aumento de produtividade baseadas em IA, que lidam com tarefas monótonas usando dados desestruturados, também vão se destacar, transformando o trabalho”, acredita.

Época Negócios

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